Marcas de Parabatai escrita por Gucas


Capítulo 2
Selos, Amor e Lembranças....




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/524685/chapter/2

As luzes da manhã atravessam a cortina branca e entram no quarto 199. Levanto e vou caminhando até a janela, prendo a cortina e me apoio. Abro a janela e o vento entra em meu quarto. O céu já com sua cor do amanhecer. Pássaros já cantam. Caminhões com mercadorias e os comerciantes trabalhando lá em baixo, carros buzinando, com inicio de engarrafamento. Os mundanos como são chamadas as pessoas normais, não veem como é realmente o Mercado Municipal. Bellatriz disse que no guarda-roupa tem minhas roupas, todas pretas e estão todas no cabide.

Tomo banho com água fria,depois de pronto, sigo as orientações. Vou ao elevador e mais três adolescentes estão diante dele, todos conversando. Quando me aproximo percebo que são duas garotas e um rapaz, todos vestidos de preto com muitas tatuagens. Acho que nesse lugar as pessoas não cultuam muitos as cores além do preto.

A porta vermelha do elevador com um símbolo abre e entramos. Um menino com aparência de 15 anos, cabelos negros penteados para o lado, calça e blusa preta e encaro o meu reflexo. Meu braço! A tatuagem havia sumido. Os adolescentes trocaram olhares e risadinhas abafadas, estão me observando. O menino loiro ergueu uma sobrancelha e pergunta:

–É verdade que não se lembra de nada?-No inicio não percebo que ele fala comigo.

– Sim, de nada. -Respondo olhando pra baixo.

–Que pena Gustavo.- falou uma menina de pele morena escura e cabelos negros. -O que a Clave e a Braw pretendem fazer?

–Eu também não sei.

A porta do elevador abre fazendo um terrível barulho e saímos no refeitório. Um salão com paredes de concreto e janelas vitrais. O vento entra pelas janelas, bagunçando os cabelos do caçadores. Tinha música clássica vindo de caixas de som. Ontem Lucas tinha dito que o refeitório era o maior lugar no Instituto, eu não tinha imaginado nada assim.

Caçadores de todos os tipos e idades, alguns sentados. Mesas de madeira quadradas são postas com quatro cadeiras. Um cheiro familiar invade a minha narina e vou em direção a cozinha. Sei que é a cozinha por causa do cheiro e a placa. Eu não confio em ninguém daqui. São todos loucos. Então o que me prende a não fugir daqui? pergunto a mim mesmo e logo tenho a resposta. Eles têm comida e camas aconchegantes.

Com gritos e risadas o lugar é com certeza, o mais barulhento do Instituto. Alguém cutuca meu obro direito e viro por reflexo. O bafo de vinho imunda minha cabeça. Biu hoje estava se destacando de todos os outros caçadores, vestia uma camisa amarela justa, mas não era isso que chamava atenção e sim o que estava na camisa. Nela tem a figura de homem bebendo gasolina e a frase em negrito: Fígado Total Flex. Seguro uma risada, mas os outros caçadores não. Ainda segurando uma garrafa de vinho. Esse homem não passa um segundo lúcido. Biu abre a boca e passa 7 segundos para começar a falar:

–Es...esqueci o que ia... o que - faz uma pausa se balançando.- o que ia te perguntar.

Reviro os olhos e dou as costa. Me esbarro novamente em Lucas, que hoje havia feito novas tatuagens. Ergo uma sobrancelha e pergunto com um tom provocativo:

–Você esbarra com as pessoas frequentemente?

–Só quando eu quero.- falou com o sorriso malicioso.

Depois de pegar meu café da manhã, que hoje eram dois pães,queijo,presunto e suco de laranja, sento na mesma mesa que Bellatriz, Lucas e uma menina ruiva chamada Alinne. Enquanto tomo meu suco, eles falam sobre a missão de ir até o parque Ibirapuera na mansão da feiticeira. Me sinto excluído da conversa. Vejo que Bellatriz está praticamente bolando todo o plano. Me concentro no meio do refeitório e vejo Biu, que agora segurava um microfone.

–Atenção, atenção, atenção, atenção, atenção e ...- mais uma pausa.- e atenção.

Uma explosão de risada percorreu todo o refeitório, dessa vez não aguentei e ri também.

–Eu tenho um aviso, um aviso.- cambaleou três passo e se agachou no chão, fazendo todo o liquido que um dia foi vinho ser expulso do corpo pela boca.As meninas fizeram um ''Eca" em uni som e alguns meninos riram. Biu se concentrou no teto e despencou em cima de seu vomito. Ele desmaiou penso. No mesmo tempo em que Marcus estava comendo que jogou o café da manhã na mesa. levantou Biu e deu apoio sobre os ombros- Estou bem, Estou bem.

Ainda com risadas, Marcus levou Biu para o elevador. No caminho pegou outra garrfa de vinho na mesa ao lado da porta do elevador. Com o olhar severo, Alinne disse:

–Ele não toma jeito.

–Não, ele só toma vinho.- disse Bellatriz com tom sarcástico.

Depois do café da manhã, um toque soou pelo o refeitório. Lucas me disse também que os caçadores de sombras tinham aulas, sobre demônios e armas de serafim. Mas como estamos em uma missão, não teremos aulas.

Volto ao me quarto e me jogo na cama. Lembro da minha espada de serafim. Ontem eu ganhei para a missão, que agora estava sobre a cadeira do lado da cama. Levanto e vou até o banheiro, escovo os dentes e tomo outro banho. Fico sentado na cama com meus cabelos pingando sobre a espada. Se isso que dizem for verdade, eu teria que recuperar minha memória. Alguém bate na porta levo um susto e vou abri-la só de toalha, com água escorrendo pelo meu corpo.

Quando abro vejo o mesmo Lucas que me salvou, forte e destemido. Ele olha com uma cara de desconfiado e faz um gesto afirmando que vai me esperar no corredor, com sua bochechas vermelhas. Seco meu cabelo e me visto, quando já estou saindo do quarto, lembro da espada e a pego. Vou até o corredor onde estão escorados à parede, todos de preto. Alinne, Lucas e Bellatriz com cara de poucos amigos, olha para mim e exclama:

–Pensei que a princesinha estivesse em sono profundo.-Meus olhos se enchem de raiva e meu ouvidos tremem.

–Vejo que temos uma fã de contos de fada.- consegui falar calmo e irônico. Ela passa por mim feito um foguete e me pressiona contra a parede, com os olhos azuis refletindo meu rosto.

–Fale algo mais e verá, seu idiota.

Para sair do Instituto só de escada. Quando estávamos descendo as escadas Lucas me puxa, tive um susto na hora. Ele quando percebeu do havia feito e pôs um sorriso malicioso.

–A espada só vai matar demônios, se você batiza-la. Mas tem que ser com nome de anjos. Só precisa dizer o nom...

–Gabriel. -exclamo o nome do anjo antes dele terminar de falar. A espada brilha tão forte que preciso desviar o olhar.

Aline nos chama e voltamos a andar para fora do Instituto. Demora algum tempo até chegarmos ao Parque Ibirapuera. No ônibus guardo minha espada na bainha, assim como os outros.

Com árvores de todos os portes. Pássaros voando. O verde do parque resplandece no cinza da Cidade de Pedras. Andamos um pouco com o sol de meio-dia sobre nossas cabeça. Quando me arrependo de não ter pego uma garrafa térmica.

Andamos sem falar nada. De longe se ver um monumento grande e pontiagudo. Lucas olha para mim e da um sorriso, apontando.

–Praça Ibrahim Nobre.

–Como vamos encontrar uma mansão dentro de um parque natural?-pergunto.

Bellatriz passa por mim se esbarrando e vai até o monumento com cor amarelada. Estende a estela (como é chamado o objeto para fazer as marcas que se parecesse um varinha com uma ponta brilhante. Cada marca lhe dá algo, força, coragem...), ela começa a desenhar. Tudo isso é tão confuso, acho que estou louco. O lugar dentro era de arrepiar os cabelos dos carecas. Grama verdinha até onde consigo enxergar.

Não dava para entender como uma mansão caberia dentro do monumento. Um céu estrelados a cima de nós, uma mansão branca estava a nossa frente. Vento frio percorre e fecho o zíper da jaqueta. Vamos até a entrada e tocamos a campainha. Esperamos, alguns segundos. Esperamos. Alinne exclama passando a mão esquerda nos cabelos cacheados ruivos.

–Que demora, pelo o nome do an...-ela é interrompida pelo um ranger da porta.

Uma mulher usando um vestido de seda branco que vai até os joelhos. Os olhos vermelhos chamam atenção, mas não como os cabelos morenos dela. Usando batom vermelho muito vivo. Com certeza é muito linda e sexy. Ela é morena, mas ao nos ver da para perceber que fica pálida e pergunta:

–O que caçadores de sombras fazem aqui?

Bellatriz que estava quieta, olha para a feiticeira que logo sorrir. A feiticeira abre um sorriso e corre para abraçar Bya (assim como todos a chamam). Não pergunto nada. Bellatriz a solta com as bochechas vermelhas.

–Sou a grande feiticeira de São Paulo Andreza!- exclama.- Entrem, entrem!

+++

A casa de Andreza era um lindo mistério, da ultima vez que estivemos lá era decorado com moveis coloridos, mas agora estava com moveis brancos paredes escuras, um lindo sofá longo se estendia pela sala de estar.

–Sentem-se.-disse a feiticeira apontando para o sofá, cujo era aconchegante. -Faz um tempo que não os vejo, e principalmente você Gus.

–Me desculpe mas não me lembro de você. -Gustavo fala, confuso desde que ele voltara ao instituto.

–Algo apagou a memória dele! -exclama Bya.- E pensamos que talvez você pudesse desfazer o selo de memória.

–Haa, claro vocês parecem que veem me visitar para pedir favores.-Diz a feiticeira com um sorriso malicioso, olhando para cada um de nós.

–Dreza, querida, você é uma grande amiga e sabe disso.-falo sorrindo.

–Lucas, sempre me elogiando....

–Amor? Você vai voltar? -diz um homem saindo de trás das grandes cortinas que cobriam o lado esquerdo sala, ele era moreno, com um arranhão em suas costelas mostrava que era um guerreiro, e estava completamente nu, logo após outro homem surge atrás dele, esse era alto, moreno, parecia normal, ele também estava nu.

–Já vou queridos...-eles dão as costa e somem da nossa visão. Andreza vira-se para nós e fala.

– Sim um deles é lobisomem e o outro mundano, mas é apenas uma diversão. Bem venha cá Gustavo azarado da memória. -sorri e Gus vai até ela. A feiticeira se posiciona colocando as mãos cobre a cabeça de Gustavo fazendo careta, e um brilho vermelho faísca na ponta de seus dedos.

–Admita que você está louco para voltar a ser como era antes.- cochicha Alinne ao meu ouvido ela e Bya eram as únicas que sabiam.

–Confesso, quero que ele lembre.-Falo encarando Gus. -Quero que ele se lembre de cada palavra, cada momento...

–Ahhhh- Andreza cai para trás, se não fosse o sofá macio ela iria ficar desacordada.-Seja lá o que tiver feito esse bloqueio, é muito forte, eu não consegui quebrar,eu vi umas imagens; Veneza, Grécia, Itália e EUA, um Cemitério em nova Orleans e uma praça na escócia se não me engano, eu posso criar um portal para um desses lugares, mas apenas amanhã essa noite durmam aqui.

–Bem, devemos aceitar, Gustavo estará impossibilitado de lutar, depois do esforço mental.-digo olhando para o rosto de meu Parabatai, exausto.

–Pobre Lucas de todos, quem sofre mais é você. -Diz Andreza.

–Como assim? -Pergunta Gus.

–Sabe, antigamente....

–Calada! -Digo apontando minha adaga para o pescoço dela.

–Lucas, você nunca foi assim -diz a feiticeira, sorrindo.- Eu me lembro de você em minhas festas, sempre alegre, más agora vejo ódio, medo, tristeza em você, eu sei que o que você perdeu com o seu Parabatai dói mas isso irá mudar.

–Não quero que mude. -Digo guardando a adaga e saindo da sala.

–Eu to boiando. -Fala Gustavo.

+++

Lucas esperou todos dormirem para voltar a sala e deitar-se ao lado de Gustavo, ele se apoiou em um dos braços e sussurrou: "Volta para mim, Gus, volta eu preciso de você." E acariciou o rosto dele.Ele sonhou com uma vez em que não conseguiu dormir e foi ao quarto de Gus.

A chuva e o vento batiam na janela, naquela noite de inverno,ele bateu na porta e Gus abriu.

–O que houve?-falou, com cara de sono, cabelo todo bagunçado e uma voz baixa.

–Eu não consigo dormir. -Lucas falou. -É ridículo eu sei, sou um caçador de sombras e não posso ter medo de raios, trovões, e blá blá blá. Então eu pensei se....

Gustavo sorriu, segurou a mão de Lucas, puxando-o para dentro do quarto 199.

–Eu sempre vou estar aqui, para proteger você não importa se for do bicho-papão. Minha alma será sua defesa. Lembra?

Lucas sorriu, Gus o envolveu, ele estava tremendo de frio, se aproximou e o beijou. Eles se deitaram na cama, Gus o envolveu e ambos dormiram felizes, sabendo que sempre teriam um ao outro.

Lucas acordou antes de todos, e quando percebeu que havia sido apenas uma lembrança e que Gus não se recordava, levantou-se, foi até a varanda e deixou as lágrimas descerem por seu rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Marcas de Parabatai" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.