O Sugador de Almas escrita por DarkAngelS2


Capítulo 2
Visitante Anônimo


Notas iniciais do capítulo

Este era pra ser o primeiro capítulo.



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Dez anos atrás na vila de Kallar, dia 14 de abril de X872, o terrível incidente que envolveu centenas de vítimas foi traumatizante para todos os moradores da vila, especialmente pelo fato de que as testemunhas naquele dia puderam ver a face do assassino. A casa do senhor Marco havia sido completamente destruída pela nuvem azul que roubou a alma das pessoas. Quando acabou, as pessoas se aproximaram e viram a pequena garotinha de Marco sendo envolvida por todas aquelas almas. A polícia foi chama imediatamente e manteve a garota sobre custódia. Eles obrigaram a mídia a omitir esse ocorrido nos jornais e relatar apenas como um ataque de magos- terroristas afinal, seria aterrorizante se o resto do país soubesse do terrível poder que uma única criança possuía mas mesmo assim o governo se aproveitou dessa oportunidade. Devido a esse “ataque dos magos- terroristas”, o governo ordenou que todas as lojas de magia fossem desfeitas e que só poderia haver apenas uma guilda em cada cidade e estas deveriam ter a permissão dos mesmos para existirem e fazerem seus trabalhos.

Mesmo depois de dez anos da ordem do governo, ainda existiam lugares que vendiam objetos mágicos às escuras e por isso eram muitos difíceis de serem encontrados pela polícia, especialmente em vilas pequenas como a de Ashghard. Nessa vila, Hijia acordava todos os dias bem cedo para ajudar um bondoso casal de idosos que estavam precisando de ajuda com sua pequena fazenda e gentilmente eles permitiram que a garota loira-ruiva de olhos castanhos ficasse na casa deles já de ela estava viajando a pé. A loira-ruiva aparentava ter 15 ou 16 anos e apesar de sua idade não era tão alta. O lado esquerdo de sua franja era castanho, o que não era muito comum por lá mas ela tinha um bom coração, estava sempre sorrindo e gostava de ajudar as pessoas, especialmente os mais velhos. Ela precisava de dinheiro para continuar viajando e por isso se ofereceu para ajudar o velho casal mas ela tinha gosto pelos trabalhos manuais. Ela fazia coisas como cortar lenha, fazer compras, carregar coisas, entre outros trabalhos domésticos também. Ela não parecia ter braços ou pernas tão fortes mas demonstrava sua força ao segurar um machado pesado e carregar grande quantidade de tocos de madeira. Neste momento, ela estava acabando de chegar na casa dos velhinhos carregando vários tocos envolvidos pelos braços, com um grande sorriso no rosto.

– Cheguei! – anunciou.

– Oh, você é rápida! - respondeu a senhora Gripp, era uma idosa alta que gostava de vestir vestidos e saias de cores quentes – Pode deixar isso naquele canto da sala por favor. - sorriu ela enquanto apontava a direção para a garota.

A casa dos velhos Gripp era toda feita de madeira e tinham vários tapetes de peles de animal que o senhor Gripp caçara quando era mais jovem. Além das peles haviam também cabeças empalhadas dos mesmos, dentre eles haviam de alces e um urso. Quanto a senhora Gripp, que era uma artista, adorava pintar quadros e fazer pequenas esculturas de madeira. Ela acabara de terminar de esculpir um pequeno barquinho bem trabalhado que chamou a atenção de Hijia.

– Oh! Vovó, você é realmente incrível esculpindo! – ela gostava de chama-los assim.

– Fico feliz que gostou. – ela respondeu com um pequeno sorriso – Eu irei pedir para nossos amigos que ponham este barquinho no rio desta cidade para que assim o barqueiro possa vir buscar minha alma e a de meu marido quando nós morrermos.

– A senhora ainda tem muito para viver, vovó! Não precisa se preocupar com isso agora!

Mesmo que Hijia dissesse isso com vontade, a velha sabia que não tinha muito tempo ainda mas ficaria muito feliz de poder acreditar que poderia viver por mais alguns anos.

– Aliás, a senhora realmente acredita nos barqueiros? – perguntou a garota.

– Sim, tenho certeza que ele irá levar nossas almas para o outro mundo.

Existe uma antiga mitologia de quando as pessoas morrem, um ceifador vem em um barco e carrega as almas para o outro mundo através dele. Claro, existiam várias ou lendas parecidas como essa como os Shinigamis, os Deuses da Morte encarregados de levar a alma dos mortos para o outro mundo e a velha Gripp parecia acreditar mesmo nisso ao contrário de Hijia.

Após terminar suas tarefas, Hijia foi para o seu quarto pois já estava anoitecendo e ficou deitada em sua cama apenas olhando para o teto. Mesmo sendo tarde, ela não conseguia dormir. Passou horas viajando em seus pensamentos mas em principal sobre o assunto que conversou com a senhora Gripp durante a tarde. “Que tipo de lugar deve ser o outro mundo?”, ela pensava, “Bem acho que nunca irei descobrir”, e assim pôs se a dormir.

Na manhã seguinte, era o último dia da loira-ruiva na casa do casal e logo cedo quando acordou, foi às pressas para a cozinha tomar seu café da manhã. Logo depois fez suas tarefas de costume, cortou lenha, alimentou os animais, arreou a terra, tudo isso até a hora do almoço e então ela partiria a tarde.

Antes de partir, a senhora Gripp pediu um último favor a garota para que fosse até o mercado. Como a garota tinha um bom coração, não se importou em ir até lá. Ela desceu até a vilinha que estava só a alguns passos de distância da casa do casal e alguns pães e frutas. Era estranho comprar estas coisas já que na casa do casal já haviam bastante pães e eles tinham árvores frutíferas que logo, logo iriam florescer, mas a ela imaginou que a bondosa senhora prepararia algo para a viajem dela então continuou as compras. Assim que saiu, viu alguma coisa estranha nas pessoas. Todas estavam olhando para o céu, preocupados. Hijia voltou seus olhos em direção aos céus e viu uma grande nuvem de fumaça vindo da casa do casal. Ela não poderia acreditar que seria um incêndio. Sem perceber soltou o saco de comida no chão e correu em direção a casa do casal.

“Não pode! Não pode estar acontecendo!”, ela pensava.

Assim que chegou, acompanhada de várias outras pessoas, a casa já estava completamente em chamas e não se podia ouvir nada de lá de dentro.

– Tragam água agora! – gritou uma das pessoas.

Hijia não podia esperar pela água. E se esperasse, o senhor e a senhora Gripp provavelmente já estariam mortos, então ela pulou para dentro da casa em chamas e lá dentro gritou pelos nomes do casal mas não recebeu nenhuma resposta. As chamas iam aumentando cada vez mais, Hijia mantinha a blusa sobre o nariz para não desmaiar por causa da fumaça mas não era de grande ajuda, estava muito quente e ela mal conseguia ficar de pé até que ouviu o som de algo caindo no chão. Era o barquinho de madeira que a velha senhora havia esculpido na noite anterior. Ele aparentemente sobreviveu às chamas, só estava um pouco sujo. Hijia se abaixou para pega-lo e assim que levantou conseguiu ver a silhueta de alguém. Não estava tão longe e não parecia ser nenhum dos idosos. Pairando em volta dele haviam dois pontinhos de uma luz azul e brilhante. A silhueta virou o rosto para a jovem garota mas ela não pode ver seu rosto pois alguém do lado de fora a puxou, houve uma grande explosão e muitos caíram no chão. Um cordãozinho de metal saltou pelo ar e foi parar nos pés da garota, Hijia se levantou rapidamente mas ao ver a cena de destruição suas lágrimas começaram a cair de seu rosto, sentindo-se culpada.

­– Por que? ... Por que eu sempre trago azar para as pessoas? ...Mesmo eles sendo pessoas tão boas? Por que?

Os cidadãos finalmente conseguiram apagar o fogo depois de algumas horas, não havia sobrado nada além barquinho de madeira que Hijia segurava em suas mãos, os corpos encontrados estavam completamente carbonizados. Foi uma perda para todos já que os Gripp eram amigos de todos na vila mas foi mais doloroso para a jovem loira-ruiva que se sentia culpada pelo acontecimento. Após umas duas horas, Hijia pegou suas tralhas que sobreviveram ao incêndio e junto com o parquinho e o cordãozinho de metal foi até o rio da vila.

O rio era imensamente grande que chegava a parecer um oceano. Hijia ajoelhou-se na frente do lago pôs o barquinho nele e então abriu o pingente do cordão de metal, mostrando as duas fotos do casal. Com duas moedas de prata sobre o barquinho, Hijia empurrou o objeto de madeira que seguiu com o fluxo da água. As lágrimas da garota seguiram o mesmo rumo quando sentiu que duas mãos encostaram sobre seus ombros.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler :)



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