Quando quase Te Perdi escrita por darkeye


Capítulo 1
Quando quase te perdi




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Querida

 

Todo esse tempo que estamos separados,

fez-me pensar na primeira vez que achei que te perderia...

Foi durante as festividades de ano novo...

Se bem me lembro o ocorrido se deu em Bruxelas, em um de seus luxuosos castelos.

Tu estavas como sempre linda... Seu vestido pomposo, negro e vermelho, era como uma extensão de seu corpo.

Ah, e seu busto pálido era um convite ao pecado... lembro que usava uma linda gargantilha cravada de diamantes,

ela escondeu perfeitamente as impressões de minhas presas...

Ao cruzar as ogivas da entrada do palácio a luz dos lustres revelou-te como a criatura mais bela de toda Bélgica...

Lembro que tive de manipular algumas mentes para não chamarmos tanta atenção....

Ah, o baile transcorria tranquilamente. Se não me engano, antes da meia noite tu já tinhas entregue nos braços da morte dois jovens aristocratas... sempre exigente preferia o sangue nobre... dizia:

-Meu senhor, além de fino ao paladar devido ao medo, o sangue desses não merece ser desperdiçado em tão infames criaturas...

Eu mesmo já estava satisfeito por uma noite após uma jovem dama e duas cortesãs... Apenas permanecia por ti. Estava feliz em meio a festividade não?

Vendo todos aqueles que se sentiam superiores aos demais servindo apenas de alimento para nós.

Bailávamos e girávamos no salão, como se estivéssemos a sós, nada mais nos alcançava...

Lembro de sair para tomar um ar, ver a lua que tanto me agradava... tu preferiste permanecer... fatídico momento...

Em meio a noite, senti teu desespero, na velocidade de um pensamento estava em sua frente. Teus olhos pedindo socorro.

Maldito caçador!

Havia apunhalado-te nas costas, uma adaga com o sangue de um morto, veneno para nossa espécie...

Sei que deve tê-lo sentido no último instante antes do golpe, desviando-o do coração.

Mas mesmo assim estava ferida... com o veneno no corpo... maldito caçador, sabia que deveria tê-lo matado à meses...

Por um vacilo meu tu estavas morrendo... Não me perdoaria se acontecesse o pior.

Afastei-o de ti.

Com um empurrão ele havia atravessado todo o salão, sendo parado apenas pelo grande espelho na parede norte... caindo fortemente no chão...

Tirei-lhe a adaga das costas... sangrava muito, tamanho meu desespero que não me preocupei em ocultar-nos ao olhos dos humanos...

Humanos úteis nessas horas... puxei uma donzela pelo braço...

Rasgando a garganta da moça dei-lhe seu doce sangue da vida, e tu sugaste toda a vida da pobre...

-Sim, alimenta-te!

Agora um rapaz forte cedeu o sangue para banhar tua ferida aberta, que logo foi fechando, deixando apenas uma pequena cicatriz, marca do veneno.

Agora que estava salva, era hora da vingança!

Ah, e aquele humano receberia toda minha ira.

Como um anjo da morte cheguei à ele rápido, levando comigo agonia e terror...

Tamanho o ódio que atravessei o lugar partindo em dois qualquer um que estivesse no caminho, pobres humanos, nem sabiam o que acontecera, estavam em transe frente a tamanha brutalidade...

Com um gesto expus as vísceras do caçador... meus olhos agora completamente negros vislumbravam o sangue jorrar...

Mais uma vez arremessado contra a parede e agora com minha mão pesada em seu pescoço ele ouviu um grunhido...

Um som que parecia emanar do próprio inferno. Era minha voz dizendo-lhe:

-Tentaste tirar o que de mais valioso há para mim caçador! Pagarás maldito!

Quase sem forças respondeu-me:

-Pois pode tomar minha vida criatura, filho do demônio! Não temo a morte!

-Não morrerás cão! Viverás em tormento...

Larguei-o e rasguei o pulso, deixando escorrer apenas uma gota de meu sangue...

-Contempla teu destino de dor...

Uma gota foi o que caiu em seu ferimento. Uma gota bastava para amaldiçoa-lo...

Bem sabes que nosso sangue trás a vida eterna. Pois o faz apenas se a quantidade for suficiente, uma gota apenas o impediria de morrer por alguns anos...

-Perdeste mais que a vida hoje caçador... perdeste tua humanidade.

-Saiba que viverás. Saiba que a dor que sente agora se estenderá por décadas. Saiba que tuas feridas não fecharão! E que não sangrarão também! Apodrecerá vivo, escória! Será um morto vivo, um mostro... não, um verme, que rastejará pelas valas alimentando-se de restos e apenas implorando pela morte!

Seu grito ecoou pelo salão, despertando os demais...

Te olhei... já estava recuperada, uma sensação de alívio percorreu meu gélido corpo... já consciente, eu sabia o que deveria ser feito...

Gritei-lhe:

-Matai, matai a todos!

Haviam visto coisas que não pertenciam ao mundo deles, deveriam ser calados...

Então matamos, um após o outro, cabeças separadas dos corpos... membros espalhados pelo chão, que foi do branco e preto ao vermelho intenso num piscar de olhos...

Foi uma chuva de sangue, uma torrente de selvageria e brutalidade...

Ao final estávamos cobertos de sangue... nos amando envoltos de mortos dilacerados por nossas mãos... uma afronta a qualquer senso de civilidade ou racionalidade...

Viramos animais...

Me embriagava teu cio... tuas costas nuas, branco e vermelho... o cheiro da morte... tu, salva, em meus braços.

-Desculpa-me tê-la posto em perigo minha cara...

-Me salvou meu senhor, não peça desculpas.

-Não suportaria te perder assim...

-Sei que me protegerá meu senhor.

-Sim, bem sabes que te amo. Não deixarei a morte levar-te assim...

-Também amo-te, e confiei minha vida e morte a ti naquela noite.

Saímos do castelo sem olhar para trás...mas com dois enormes sorrisos nas faces...

Sim, a selvageria tinha sua beleza.

 


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Notas finais do capítulo





// espero que tenha gostado minha musa...



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