AGOSTO.

A viagem foi incrível. Felipe era totalmente atencioso e carinhoso comigo e sabia como me tirar do sério. Durante esse um mês morando juntos nossas únicas discussões eram sobre o que iríamos comer. Os assuntos noivo e pais quase não foram mencionados e todo esse tempo juntos foi ótimo para nos conhecermos melhor. Agora eu sabia exatamente do que ele gostava, as manias, o jeito, os gestos, os olhares e a grande maioria das coisas sobre ele e ele sabia tudo isso sobre mim. Todos esses dias com ele só serviram para reforçar o nosso amor.

Quando eu voltei meus pais só sabiam falar de uma coisa: Os preparativos para o casamento. Ela dizia que tinhamos que nos programar, pois só tinhamos oito meses para preparar tudo. Eu me casaria na segunda semana de Abril, uma semana depois do meu aniversário. Ela até montou uma lista do que deveríamos decidir. A lista incluia: Flores, decoração, tema, musica, igreja, salão, convidados, cerimonialista, luz, foto e filmagem entre outras coisas.

De volta a escola, minhas notas continuavam boas o suficiente. Vítor tinha finalmente entendido que ele não poderia fazer nada contra os meus pais e meu noivo e meus amigos estavam mais próximos do que tudo. Era bom ter pelo menos algum lugar estável no mundo.

Estávamos eu e Felipe no sofá da casa dele assistindo um filme quando o celular dele tocou. Ele se levantou e atendeu. Depois de alguns minutos conversando no quarto ele voltou:

–Eu consegui um emprego. - Disse ele entrando na sala e encarando o celular. Me levantei e fui até ele.

–Meus parabéns, meu amor. Este escritório escolheu a pessoa certa. - Dei um selinho nele.

–Só tem um problema. Eu vou ter que trabalhar até as seis. Nós não teremos mais tanto tempo juntos.

–Isso não será um problema tão grande. Eu só preciso trabalhar os meus horários. Nós vamos dar um jeito.

–Qualquer coisa pra ficar com você. - Ele segurou na minha cintura e me beijou.

***

No jantar com meu noivo ele se comportou bem. Dessa vez nossas famílias também estavam presentes. Estávamos em um lugar refinado e nossas mães falavam sobre os preparativos para a festa de noivado. Sim, eles decidiram que deveríamos fazer uma grande festa de noivado para nos apresentar como um casal para a sociedade. Elas marcaram a festa para outubro, portanto todos tinhamos muito trabalho a fazer. Elas se encarregaram de tudo na verdade. Eu e Miguel só teríamos que aparecer deslumbrantes no dia da festa.

SETEMBRO

O relacionamento com Felipe ficou mais difícil. Com o novo emprego os horários não batiam mais. Se eu chegasse em casa muito tarde meus pais desconfiariam e se ele saísse mais cedo seria demitido. Nos encontrávamos nos fins de semana. Durante a semana eu me corroía de saudade e ele também. Conversávamos apenas por mensagens durante a noite e ficava cada vez mais complicado inventar desculpas para vê-lo nos fins de semana.

Um dia ele veio acompanhado dos pais jantar em casa. Eu tomei um banho, me arrumei (http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=167994000) e desci as escadas. Apesar de fazerem poucos dias que eu não o via ele parecia diferente. O terno destacava seu corpo definido e ao mesmo tempo dava um ar mais sério. Seu cabelo sempre despenteado agora arrumado com gel para um lado só mudava um pouco sua face e tirava o ar que ainda restava de garoto.

Eu estava desmontada. Quando foi que eu me tornei criança demais para ele? A diferença de idade era pequena, mas naquele momento pesava como uma rocha. Eu estava perdida. Eu precisava do meu Felipe de volta. Eu precisava do meu sustento e aquele a minha frente não parecia querer ser o sustento de ninguém. Se nos colocassem lado a lado neste momento ele pareceria ser muitos anos mais velho. Se me mostrassem uma foto de nós dois neste momento e dissessem que estávamos juntos eu provavelmente não acreditaria. Eu era uma menina e ele era quase um adulto. Como se meu pai pudesse ler meus pensamentos ele se pronunciou:

–Tire este terno, Felipe. Fique a vontade. A casa é sua. - Nunca pensei que fosse concordar com meu pai.

Sem graça, ele tirou o terno e a gravata e abriu o primeiro botão da camisa. Quase o meu Felipe novamente. Enfim adentrei a sala de estar e o campo de visão dos presentes. Depois de alguns minutos de conversa fomos para a sala de jantar. Nos sentamos exatamente como da última vez. Eu e Felipe de um lado, os pais dele a nossa frente e meus pais ocupando as pontas da mesa.

Felipe segurou minha coxa por baixo da mesa e seu toque me fez extintivamente morder o lábio. Coloquei minha mão sobre a sua mão e a acariciei com o polegar. Entrelaçamos nossas mãos e ficamos assim por um longo tempo. Quando terminamos de jantar encontrei uma brecha para ficar um tempo com Felipe:

–Não estou muito bem. Vou até o jardim tomar um ar. - Disse.

–Nós precisamos conversar sobre alguns assuntos. Felipe, por que não acompanha Milena? - Disse Linda. Agradeci mentalmente por ler meus pensamentos.

Fomos até o lado de fora da casa. Felipe logo se pronunciou:

–Você não sabe a vontade que eu estou de te tocar neste momento. - O segurei pela mão e o puxei até duas fileiras paralelas de plantas altas onde ninguém conseguiria nos ver.

–Aqui você pode. - Coloquei a mão em sua nuca e uni nossos lábios com urgência. Seu toque era como ar e eu finalmente podia respirar outra vez.

–Eu preciso te ver, com menos pressa. Preciso olhar cada detalhe do seu rosto, preciso te sentir. -Ele disse assim que nos separamos.

–Shhh… Temos pouco tempo. Eu vou pra sua casa no final de semana. - E o puxei novamente. Ele me prensou contra uma árvore. Nos beijávamos como se nossas vidas dependessem disso.- Senti sua falta. - Disse quando nos faltou ar.

–Eu também senti sua falta, minha princesa.