Enquanto colocava seu moletom gigante por cima do pijama se amaldiçoava pensando o quanto era inconveniente á fome que herdara de seu pai. Levantar no meio de uma noite fria atrás de alguma coisa quente quando não sabia nem fazer o mais simples macarrão instantâneo naquele maldito fogão trouxa era simplesmente frustrante, mas mesmo assim já estava na metade do caminho quando viu a luz acesa, franziu o cenho e ao entrar lá na cozinha se deparou com o hospede.

– James? – Falou com um ar incerto para o garoto de cabelos negros desarrumados que mexia no fogão, parecia mexer na chaleira.

– Acordada essa hora Senhorita Weasley? – Ele se virou dando de cara com uma ruiva de olhos azuis que o olhava com um misto de surpresa e curiosidade. – Eu acabei de chegar de uma festa, não pensou que eu fosse dormir cheiroso daquele jeito, não é?

– Por merlin! Eu poderia ter dado uma panelada na sua cabeça! Pensei que fosse um ladrão... – Repreendeu com o olhar e ás mãos na cintura, uma variação de Hermione e Molly em uma só tacada, o garoto não deixou de sorrir.

– Ao menos você encontrou alguma coisa que saiba fazer com a panela, Rosinha. – Corando violentamente ela acabou desfazendo a pose, suas orelhas pegaram fogo, será pecado ser a única a não puxar os dons de sua avó na família? Eles deveriam saber que por conta de sua mãe, sua culinária poderia não ser das melhores, afinal, sempre foi seu pai quem cozinhou na casa.

– Não me chame assim! – Falou e acabou se sentando em uma cadeira tentado espiar o que ele fazia.

– Me lembra quando você tinha nove anos, sempre se levantava de madrugada quando dormia em casa, eu costumava a fazer café pra você, se lembra? – Ah claro, ele estava fazendo café. Aquela bebida amarga que tinha o poder divino de lhe acalmar os nervos. Sorriu. O café dele era ótimo.

– Você me viciou nele Senhor Potter. – Riu apoiando o queixo nas mãos se sentindo novamente no passado, o outro compartilhava desse sentimento enquanto passava o café.

– Ás vezes, eu queria que essa época voltasse, não sabe como é duro ser um galã astro do Quadribol mundial. – Ele sorria presunçoso e ela revirava os olhos, era somente dois anos mais velho que ela.

– Deve ser algo difícil para você, ter toda essa atenção voltada somente e unicamente em sua direção. – Comentou irônica enquanto ele pegava duas xícaras e um pote de biscoitos como se morasse ali, no fim das contas era como, já que seus padrinhos eram os donos da casa e ele passava alguns dias de férias ali constantemente. - Você sempre clamou pelo sucesso James.

– Mas não o que vinha com ele. – Colocando o liquido de cor escura nas xícaras ele se sentou no balcão, sendo levemente repreendido e ignorando a ação, a bebida fumegava em sua mão, e algumas doses de bebida eram curadas rapidamente enquanto sorvia o conteúdo. – Mais que fama, eu preso minha liberdade. E ela parece não ser a mesma, a mídia e a Rita está sempre ali, especulando cada misero passo meu, “O Primogênito Potter.”.

– Acho que deveria ter ser acostumado, ela sempre esteve a nossa espreita mesmo. – Deu de ombros, mas se sentiu incomoda pelo peso que parecia ter nos ombros do primo. – Hei! Você é grandioso na sua carreira, não deixa ela te oprimir, faça o que você sempre fez de melhor e ignore quem tenta por algum obstáculo no seu caminho, ou te impor alguma regra, teimosia combina mais do que Sirius para seu segundo nome, tenha certeza. – Ela piscou apreciando a bebida e comendo deliciosos biscoitos de chocolate. – Ah! E se isso não funcionar, manda se foder.

– Uau! A perfeita pequena Rosie falando palavras sujas? – O garoto ficou tão surpreso que não conseguiu nem esconder, a garota de cabelos enrolados sorriu. – Meu merlin, cadê a Skeeter nesses momentos? – Ele passou a mão no cabelo e olhou com cara suspeita ao redor, ela gargalhou.

– Eu já tenho dezessete anos Jay! – Ela exclamou com um ar um tanto sonolento, porque café parecia ter um efeito completamente oposto sobre ela nas madrugadas? Algo feito pra tirar o sono, constantemente a deixava um tanto zonza, acabando com o liquido levantou coçando os olhos de um jeito infantil, mesmo sem perceber. – Boa noite six.

– Você sempre vai ter nove anos, Rosinha. – “Por Merlin, essa vai ser a frase mais melosa que já disse em vida”. - Você será minha eterna priminha devoradora de livros, e apreciadora do meu café.

– Eu sempre vou ser a devoradora de livros e apreciadora do seu café, com nove, com vinte, até com quarenta. – Ele caminhou até ela e deu um demorado beijo em sua testa depositando todo o carinho que poderia ter com aquela criaturinha extremamente inteligente, sutilmente infantil, era como sua irmãzinha mais nova.

Enquanto isso ela passou os braços pela cintura dele em um abraço firme, aquele ser egocêntrico e muito protetor que sempre viveu em sua casa e esteve presente em seus momentos especiais, era seu irmão mais velho.

– Obrigada pelo conselho tampinha.

– Obrigada pelo café bobão.

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Enquanto isso, alguém observava tudo encostada no batente da porta, se sentindo uma intrusa, mas não conseguia parar de olhar e deixar seus olhos marejarem com a cena, sentindo o amor naquela cozinha, e não era algo malicioso, era puro. Mas que ninguém, Hermione sabia que por vezes Rose acordava de madrugada. Nessas ocasiões sua filha e seu afilhado compartilhavam café, ás vezes, até sonhos, outras, só desabafavam mesmo.