Era 14h45min. Estava eu na sala de aula, balançando histérica meu lápis e batendo na mesa com os dedos, totalmente com minha atenção voltada para o relógio. Porque aquilo era tão irritante? Porque àquela hora era a hora mais horrível da minha vida? Por que, faltavam exatamente quinze minutos para tocar o sinal e eu poder sair daquela escola para o “lanche da tarde”. Eu roia minhas unhas pretas, e coçava meus cabelos loiros, do lado de fora do colégio estava tão cheio de gente nova, de famosos, de cantores, de padres vestidos de rosa, queria ver alguém famoso hoje. Minha mãe me disse que uma vez, se encontrou com John Lennon do lado de fora daquele mesmo colégio, e ele era o maior ídolo da minha mãe. Gostaria de ver alguém famoso também, e a hora do lanche era perfeita. Já não agüentava mais esperar, quando o povo começou a sair da sala de aula sem ter tocado o sinal. Fiquei estupefata, o que estava acontecendo?

- Melissa, porque o sinal não tocou? – perguntei frenética, não estava entendendo, o sinal sempre funcionava.

- Também não sei Mary. Mas vamos sair logo daqui, melhor assim que não ouvimos aquele barulho chato! – ela me olhava rindo do barulho, mais eu estava mesmo era duvidosa.

- Ta bom, vamos. – eu disse, pegando meus livros e saindo dali.

No portão principal, eu me despedi de Melissa. Ela sempre ia para um barzinho que ficava ali perto, e eu não gostava daquele lugar; realmente não gostava. Na cantina dentro da escola, comprei meu hot dog e saí pra fora do colégio pra comer. Sentei-me no degrau da escada que dava acesso ao portão principal e lá comi meu hot dog. Assim que terminei, não sabia que horas eram então saí para a rua concretizar meu sonho de ver algum famoso. Andando na calçada, percebi um homem de estilo meio punk, com cabelo pra cima, vindo em minha direção. Incrivelmente, ele não parou ou sequer pediu licença, apenas esbarrou por mim, derrubando meus livros no chão.

- Ei! – apenas falei como instinto. – Ai, desculpa, não vi você passar. – tentei me redimir, mas redimir de que, se foi ele quem esbarrou em mim?

- Desculpe-me, não vi você. – aquela voz doce ecoou pelos meus ouvidos rapidamente, e eu descobri quem era. Não havia reparado antes, mas com aquele cabelo, não sei como não me toquei que era ele.

- Bill Kaulitz? – perguntei assustada, era ele. – É você mesmo? Puxa, meu sonho se realizou.

- Nossa, seu sonho era que eu derrubasse seus livros? – ele riu de canto de boca, mais foi uma risada tão gostosa, que eu ri junto com ele.

- Não, meu sonho era te conhecer. Nunca pensei que fosse dessa forma, mais aconteceu. – meus olhos brilhavam, cada coisa absurda se passava em minha mente naquele momento, que eu me segurava pra não agarrá-lo ali mesmo. – O que faz por aqui?

- Estou aqui com a banda, estamos gravando um clipe. – ele disse me entregando os livros. – Agora se me dê licença, preciso ir. Prazer em conhecê-la...

- Maryanne. Mas pode me chamar só de Mary. – eu estendi minha mão pegando os livros e apertando a sua mão, cumprimentando-o. – Mas já vai? Não, fique mais um pouco, tenho tantas coisas para perguntar, tantas coisas pra dizer e... – fui interrompida pelo seu dedo que estava em meu lábio, cessando minha voz.

- Não fale nada, um olhar e capaz de dizer muito mais coisas que simples palavras. – eu não escutava nada que ele dizia... Meus olhos estavam fitando os dele, incontrolavelmente, sem cessar. Eu senti um arrepio na espinha, não sabia o porquê.

- Hãn, como assim? – me expressei assim que ele soltou meu lábio.

- Vou te explicar de outro jeito...

Ele se aproximou de mim, fazendo com eu deixasse cair os livros novamente. Ele segurou em minha cintura com uma das mãos, enquanto a outra adentrava meus cabelos. Quando meu corpo estava finalmente encostado no dele, ele começou a me beijar. Era um beijo quente, eu podia sentir. Começou bem devagar, com ele acariciando minha nuca com uma das mãos, mas depois foi se intensificando, e suas mão começavam a explorar minhas costas, enquanto eu acariciava seu rosto e o puxava pra mais perto de mim. Aquela sensação era indescritível, eu sentia uma espécie de ‘fogo’ ardendo dentro de mim, e achei que dentro dele também havia esse fogo. Naquela hora, selamos o beijo com um selinho demorado, e ele mordeu e puxou meu lábio inferior com certa força, arrepiando até o último pelinho do meu corpo.

- O que foi isso? – perguntei desnorteada, ainda ofegante pela intensidade do beijo.

- Sabe que eu também não sei? – ele riu, tentando disfarçar algo. – Bom, agora vou comprar uma água, porque aqui esquentou bastante.

- É mesmo. – soltei um “ufa” por dentro e peguei meus livros do chão, quando o vi voltando com a água. – Agora você vai embora, e nunca mais aparece. – era o que os homens sempre faziam, com ele não deveria ser diferente.

- Eu vou voltar Mary. – nisso ele me deu outro selinho e saiu andando. – Até outro dia. – de longe, ele acenava pra mim sorrindo, colocando seus óculos, ficando ainda mais sexy do que já era.

- Até.

Foi quando ouvi o sinal tocar, peguei meus livros e saí correndo. Nisso eu sacudi a cabeça e estava dentro da sala de aula novamente. No relógio eram 14h59min, e ainda nem tinha dado a hora do lanche. Nessa hora abaixei a cabeça e comerei a rir. Tudo não tinha passado de um devaneio. Mais se foi mesmo um sonho, porque eu sentia um gosto de hortelã na boca, que não sentia antes?

FIM!