Masquerade escrita por okayokay


Capítulo 18
Freedom


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora!



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Tiffany Morgenstern

Ainda não acredito que havia contado. Estava me sentindo tão presa, tão sufocada e pressionada. Não consegui segurar. Saiu. Mas revelar que Bash era o pai... isso era demais. Eu não podia ter feito isso. Eu prometi a mim mesma.

Ele tiraria minhas filhas de mim. Madison conviveria com elas. Eu jamais permitiria isso.

– Você não precisa assumir nada - rosno. - Eu não quero nada de você.

– Não tem essa de não assumir - meu pai interfere. - Vai assumir, sim, querendo ou não.

– É claro que eu vou assumir. É meu filho.

– Filha - Ronald o corrige. - Filhas, na verdade.

– Filhas? - Sebastian questiona. A ficha cai. - Deus, filhas...

Noto que Frank sumiu. Penso em falar com ele depois, mas com toda essa gente se intrometendo na minha vida, penso em ir agora mesmo.

– Se vocês me dão licença - me levanto, mas Bash segura meu braço.

– A gente precisa conversar.

– Não agora.

§§§

Sebastian Scotterfield

– Você não pode estar pensando em desistir de tudo por causa dessas meninas, não é mesmo, Bash?

A voz de Madison entra por um ouvido e sai por outro. Tudo o que eu conseguia pensar era que seria pai de duas meninas. Duas! Era surpreendente demais para ele absorver tão rápido.

– De tudo o que, Madison? Não tem nada.

Ela toca o ombro dele.

– Você me pediu em casamento.

– Nós estamos acabados há muito tempo, você sabe disso - falo. - Tentei me aproximar, mas você negou. Tudo bem, por mim. Vamos manter isso que temos, essa relação, por marketing. Quando a banda estiver famosa, não precisaremos mais disso.

– Você chama nós de disso? - ela rosna. - Eu não consigo acreditar.

– Você nega, Madison, e depois me culpa por desistir? - me levanto, exaltado. - Eu não sou um cachorro pra ficar correndo atrás de você.

– Depois de tudo o que você me fez passar - ela fala, se aproximando - é o mínimo que você pode fazer.

– Nós já discutimos sobre isso. Se você não pode me perdoar, sinto muito, mas isso é um sinal de que não podemos ficar juntos.

Ela respira fundo.

– Eu tento, Bash, mas cada dia é algo novo. O caso com Tiffany, as outras, e então um filho... é pesado demais para suportar.

– Você quer acabar de vez?

– Não - ela diz rápido demais. - Claro que não.

E nós acabamos resolvendo o assunto como sempre resolvemos: na cama.

§§§

Madison Hartfold

Depois da aula de música, vou para a de educação física. Me troco no vestiário. Encontro Tiffany. Ela realmente está engordando.

– Você vai precisar faltar - digo - ou vão começar a reparar.

– Eu vou para a Londres com Patrick.

Primeiro Miami. Agora Londres. Se ela pensa que vai embora de Nova York está muito enganada. Não antes de me pagar por tudo o que fez.

– Quando?

– Depois da formatura.

A formatura. É claro.

– A sua barriga vai estar enorme até lá.

– Sim.

– E como você vai esconder?

Tiffany para de ajeitar o cabelo no espelho e me olha pela primeira vez.

– Por que você se importa?

– Você e o pai das suas filhas, que por acaso é meu namorado, são integrantes da banda da qual eu sou a vocalista. Isso interfere na nossa imagem.

– Deus, você só liga para você mesma, não é?

– Eu me preocupo com o futuro de todos vocês.

Porque interfere diretamente no meu, penso.

– Você já mentiu melhor, Madison.

Dou de ombros.

– Você já foi melhor, nem por isso eu digo algo.

– O que você quer dizer com isso? - ela me segura pelo braço.

– Você sabe o que eu quero dizer - puxo meu braço. - A Tiffany de antigamente não dormiria com o namorado da melhor amiga.

– Nós conversamos, Madison. Eu pedi desculpa.

– Desculpa não é suficiente - rosno. - A humilhação...

– Você também trai Bash e ninguém fala nada a respeito.

Como essa demônia sabia disso?

– Eu nunca...

– Eu vi tudo aquele dia na gravadora. Você e Khan. Eu sei como você conseguiu o contrato.

§§§

Adam van der Windsor

Chego em casa no final do dia, cansado por causa do treino. Jogo a bola de basquete em qualquer lugar e subo para tomar banho. Depois desço para a cozinha em busca de alguma coisa pra comer. Me jogo no sofá e procuro algo na Netflix. Decido por Vikings.

– Aslaug é a pior de todas - uma voz familiar me diz. - Destruiu a família do Ragnar.

– Eu prefiro a Lagertha mesmo - falo enquanto Naomi se joga no sofá e rouba o controle da minha mão. - Ela é melhor em tudo.

– Homem é homem.

– E o que isso quer dizer?

– Quer dizer que por mais que a mulher dele seja melhor em tudo, ele sempre vai procurar algo em outros lugares. É natural do homem.

– Você está falando para um homem que homem não presta?

– E é mentira? - ela arqueia a sobrancelha.

– Não - dou de ombros. Pelo canto do olho vejo um sorriso no rosto dela.

– É bom que você não preste - ela fala depois de um tempo.

– Quê? - me viro, distraído. Naomi está perto demais. - Por quê?

– Porque se você prestasse eu não poderia fazer isso - ela sobe em meu colo e me beija.

Fico surpreso no começo. Beijar Naomi era algo que eu queria fazer há muito tempo, só que não me sentia confortável com isso pelo falo de, bom, compartilharmos o mesmo sobrenome.

A afasto um pouco.

– Noms, nós somos irmãos.

– Isso não me importa. Não deveria importar pra você também - ela sorri. - Não temos o mesmo sangue, Adam. Relaxa.

Naomi morde meu lábio. Minha fraqueza.

– Relaxa.

§§§

Três meses depois

Scarlett Wilkins

– Eu não... eu não sei como falar sobre isso.

– Não precisa, se não quiser - Zac me diz, mas sei que ele está curioso.

– Bom - suspiro -, meu pai matou minha mãe. Nós brigamos e... ele se matou. Eu pensei que era por causa da culpa pelo que aconteceu com a minha mãe, mas então descobri que ele estava falido e que devia pra - máfia, pensei - vocês - falei. - Então eu e minha irmã estamos aqui para pagar a dívida dele. Pensamos que em duas juntaríamos dinheiro mais rápido.

– Por isso você não tinha como pagar a dívida.

Concordo com a cabeça.

– Eu tenho uma amiga que me ajudou - sua irmã, pensei - com dinheiro e tal, digo, ela não sabe de tudo. Mas me sinto mal de ficar pedindo, por isso quando ela lembra me dá, mas enquanto isso tenho que juntar dinheiro para...

Paro de falar.

–... para ir embora - Zac completa. - É isso?

Não digo nada, mas vejo magoa em seu olhar. Toco seu rosto.

– Eu não esperava encontrar nada bom no meio disso tudo, mas eu encontrei.

Ele me puxa para si e me beija. Depois coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e olha para mim, com a testa colada a minha.

– Você está livre para ir.

– O quê?

– Eu pagarei a dívida do seu pai assim que sair daqui. Você estará livre para ir para onde quiser.

Olho para ele, sem acreditar. Não era possível que Zac fizesse isso por mim. Hayley disse que se ele gostasse de mim me compraria, não que pagaria minha dívida.

– As dívidas nunca são realmente pagas - ela me disse uma vez. - A pessoa só troca de devedor.

Mas parece que as regras do jogo mudaram. E isso me levava a uma pergunta: e agora?

– E você? - pergunto.

– O que tem eu?

– Hayley me explicou como funciona - digo. - Eu pertenço a você.

– Ah, não. Eu não a comprei - ele fala -, eu a libertei. Você não deve para mais ninguém.

– Sim, eu sei. O que eu estou querendo dizer... - suspiro. - O que eu estou querendo perguntar, na verdade, é como nós ficamos.

Zac parece surpreso.

– Nós? Então você quer que haja um nós?

Dou de ombros, envergonhada.

– Se você quiser.

Zac abre o sorriso mais lindo do mundo. Deus, o que estava acontecendo comigo? Eu não podia estar apaixonada por ele. Não podia. Ele me puxa para si, me posicionando em seu colo.

– É o que eu mais quero nessa vida.

Eu, finalmente, estava livre. O gosto da liberdade nunca me pareceu tão saboroso.

§§§

Madison Hartfold

– Como vocês não conseguem fazer nada direito? - grito. - São todos uns inúteis! Eu não acredito nisso.

– Madison - um garoto que nunca vi na vida chega afoito no refeitório. - A chuva alagou a quadra de basquete.

– E tudo que está ruim pode piorar - suspiro, me levantando. - É nosso último dia aqui, pelo amor de Deus. Precisamos fazer algo.

– Hum, Madison - ele diz -, já são dez horas da noite. O pessoal está cansado.

– Cansado? E vocês acham que eu não estou cansada? Tenho que pensar em tudo sozinha, tenho que organizar cada departamento e...

– Estamos aqui o dia todo. Precisamos ir pra casa dormir.

O olho dos pés a cabeça.

– Me diz uma coisa: quem você pensa que é?

Ele me fala um nome qualquer que entra por um ouvido e sai por outro.

– Eu sou a presidente do cômite de formatura. Eu que mando aqui, está entendendo? E se eu estou dizendo que essa festa vai acontecer é porque vai.

Olho ao redor. Cercada pelos fracassados. Não é de se surpreender que a festa tenha caído em desgraça. Onde estavam todos? Precisava chamar meu esquadrão.

Pego o telefone e aperto o segundo número da discagem rápida.

– Adam? - chamo. - Preciso da sua ajuda.

§§§

Adam resolveu meus maiores problemas de forma rápida: encontrou outro lugar para fazermos a festa. Tinha planejado uma espécie de noite das pegadinhas no colégio, mas meus planos foram destruídos. Tudo bem, porque eu sempre tenho um segundo plano e com um amigo como Adam van der Windsor, festas são rapidamente organizadas. Ele estava acostumado com isso, afinal.

Ele achou um galpão para fazermos a festa. Como e onde eu não fazia ideia. Mas fomos todos para lá. Passei as coordenadas para o pessoal no grupo da sala do Whats e fui de carona com Adam.

– Obrigada - digo no meio do silencioso e tortuoso caminho. - Seria um total desastre ter que cancelar a festa.

– Nós dois sabíamos que você não cancelaria.

– Não tenho tanta certeza assim - sussurro baixo demais, não esperando que ele ouça.

Mas ele ouviu.

– Ah, Maddie! Você é tipo a badass do colégio, daria várias ordens e se eu não estivesse disponível, chamaria outro dos seus contatos. Alguém antes de mim na sua discagem rápida.

– Na verdade, a única pessoa antes de você na minha discagem rápida é o meu pai.

Ele dá risada e eu rio junto. Não tem como não rir. Meu pai vivia me tirando dos problemas, assim como Adam. Não é atoa que eu marquei os dois como meu socorro em momentos de apuro.

Adam para de rir.

– E Bash?

Balanço a cabeça.

– Não dá para contar com ele em momentos difíceis - falo. Ficamos em um silêncio constrangedor por um tempo. - Ainda mais porque meus momentos difíceis são, na maioria das vezes, problemas com festas que acabam comigo na delegacia.

Adam volta a rir. Ele tinha um sorriso lindo.

– Então obrigada - volto a repetir - por ser digno da minha discagem rápida.

O carro para e percebo que estamos no galpão. É enorme. Não havia outra descrição que não fosse essa.

Nossa festa seria a melhor dos últimos anos.

Só percebo que Adam contornou o carro para abrir a porta para mim quando ele já está parado do meu lado. Fiquei tão obcecada com o tamanho do galpão que me esqueci de sair do carro.

Ele fecha a porta atrás de mim e me abraça por causa do frio. Eu estava de manga curta e ali estava congelando.

– Fico feliz por estar na sua discagem rápida - ele diz. Olho para cima para que possa encará-lo. Adam é apenas alguns centímetros mais alto do que eu.

Sorrio.

– Fico feliz por você estar nela.

Juntos, entramos no galpão. O meu esquadrão, como chamo, logo chegou. Uma festa para bombar tinha que ser organizada pelos melhores.

– Frank, Adam, Lett... vamos fazer essas pessoas implorarem por mais.

§§§

Passamos a noite organizando tudo. Eu, Adam, Frank e Lett dando ordens e os nossos voluntários obedecendo. Durante a noite Bash ligou e eu lhe disse que estava ocupada organizando a última festa do ano. Perguntei se ele queria se juntar ao grupo, mas ele negou. Fiz de conta que isso não me incomodou e desliguei.

Quando já estava quase amanhecendo, dei uma olhada. Estava tudo ótimo.

– É isso, pessoal - digo, com um sorriso no rosto. - Obrigada a todos que ajudaram. Com certeza não esquecerei disso. Madison Hartfold sempre recompensa aqueles que estão ao seu lado.

As pessoas se despedem, prometendo umas as outras se encontrarem a noite na festa. Agora eles precisavam ir para casa dormir. Eu também deveria fazer isso, mas apesar do cansaço não sentia vontade de dormir.

– Maddie - Lett me chama e nós nos afastamos do grupo. - Eu queria agradecer, você sabe, pelo dinheiro emprestado. Foi de grande ajuda e agora eu posso te pagar de volta. Vai levar alguns meses, mas eu...

– Lett - pego suas mãos -, não precisa. De verdade. Eu te ajudei porque você precisava, nunca esperei algo em troca.

As palavras soavam irreais demais na minha cabeça, mas ao dizê-las eu sentia a verdade. Me importava com Lett, apesar de tudo. E ajudá-la foi algo que eu tive vontade de fazer.

Ela também parecia impressionada com a minha demonstração de afeto. Madison, a badass, sendo carinhosa. Isso precisava ser concertado.

– Além do mais, não poderia deixar alguém do meu esquadrão com a ralé - digo, sorrindo. - Você sabe como odeio pobres. Minha melhor amiga jamais poderá ser uma.

Lett apenas assente.

– Obrigada, de qualquer jeito.

Ficamos nos encarando em silêncio por algum tempo.

– E então: para onde vamos nas férias?

Engulo em seco, mas sorrio antes que ela perceba.

– Andei pensando em Dubai - digo, a puxando de volta para o nosso grupo.

Adam se apoia no meu ombro, ouvindo a conversa.

– Dubai parece perfeito para mim.

§§§

Uma festa. Era exatamente o que eu estava precisando. Melhor: uma festa neon.

Várias pessoas vieram me parabenizar pela decoração. Foi de última hora, mas realmente havia ficado bom. Peguei as tintas e os pincéis e espalhei pelas mesas para as pessoas irem usando enquanto a música eletrônica fazia as paredes do galpão tremerem.

Bash não apareceu.

Não que isso me surpreenda. Só pensava que ele teria a consideração de passar por lá pelo menos uma hora.

Phillip apareceu. Khan, entre tantos outros, foi. Bash não apareceu, Patrick também não. Porém Phillip veio.

Ele não disse nada, apenas dançou comigo. Era tudo o que eu queria: companhia. Em meio àquele mar de falsidade, alguém ali.

Todos pagariam caro por aquilo.

§§§

Adam van der Windsor

Frank estava emburrado em um canto. Sebastian não tinha vindo. Depois do nosso acerto de contas no colégio, nós três nunca mais falamos sobre Tiffany ou Madison. Conversávamos normal, mas estava estranho do mesmo jeito.

Em uma maneira de tentar fazer nossa amizade voltar a ser a mesma, me aproximei dele no bar e passei discretamente um saquinho para ele.

– Você acha que vai me comprar com isso?

– É de primeira - garanto.

Frank ri e guarda o saquinho no bolso.

– Vou deixar para mais tarde.

– Por quê? Você tem com quem compartilhar?

Ele dá de ombros.

– Talvez.

– Ah, fala sério! - dou uma cotovelada em Frank. - Fala aí.

Ele ri de novo. Pela forma como demora até para rir, percebo que ele já está bêbado. Provavelmente nem vai precisar das drogas.

– Você sabe que eu odeio o meu pai, né?

Concordo com a cabeça. Não era novidade para ninguém. Madison passa pelo bar e eu a cumprimento apenas levantando o meu copo já vazio.

– Então - Frank continua, olhando ao redor. - Ele arranjou uma namorada.

– E?

– E daí que eu - ele aponta para si mesmo - estou dormindo com ela há meses.

§§§

Madison Hartfold

Patrick aparece no final da noite. Na última música.

– Não - digo, enquanto danço com Phillip.

So blame it on the night

Don't blame it on me

– Maddie... é importante.

– Não.

– É sobre Tiffany.

Travo. Sempre essa maldita, penso. Sorrio para Phillip e lhe dou um selinho.

– Obrigada por ter vindo. Não esquecerei isso.

Patrick me leva até a porta do galpão. Saímos. Cruzo os braços em frente ao corpo por causa do frio.

– E então? O que você quer?

– Vamos - ele fala, indo em direção ao carro. - Estamos atrasados.

– Atrasados para quê?

– Aonde você pensa que o seu namorado está?

Quase tenho um ataque epilético.

– Bash e Tiffany estão juntos?

Fervo. Eu não suportaria mais essa. Deus, sinto a raiva correndo pelas minhas veias. Não aguentaria.

– No hospital.

– Hospital?

Patrick respira fundo enquanto coloca o cinto de segurança.

– Por que você acha que eles não estão aqui? As gêmeas estão nascendo.


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Notas finais do capítulo

E aí?



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