Gritos de desespero ecoam por todo o Distrito. Os titãs se levantam da escuridão encurralando toda a população de Stohess. A Muralha voltou a ser o que era antes.

Um grupo, com número considerável de soldados, segue rapidamente até o Distrito de Stohess. Erwin saíra a algum tempo do Distrito de Karanese junto aos soldados da Tropa de Exploração. Eles não sabiam que agora, nesse instante o Distrito de Stohess está sob a ameaça de enormes titãs.

O grupo de Rivaille ficou em Karanese, até mesmo Eren – apesar de não ter aceitado bem a ideia. A princípio Erwin ainda não estava crente sobre o tamanho do estrago no Distrito próximo, e por motivos de segurança ele tinha medo de apenas ser uma armadilha para Eren ser pego. Erwin se mantem inseguro com a corte Real e estar tão próximo lhe trazia certo receio.

Enquanto o grupo vai em direção ao Distrito caído Rivaille permanece na sala de Erwin sentado em sua cadeira. O mais notável em seu rosto é sua reação de perplexidade enquanto segura os papéis que estavam sobre a mesa de Erwin.

Cada palavra parecia uma afronta à humanidade e o deixava cada vez mais irritado. Seu cérebro ainda não conseguia processar tamanha bobagem que aquilo contém.

– (...) Os titãs deverão ser libertados (...) “muralhas” cairão (...)

– Isso é loucura. – Rivaille disse irritado – Os titãs dentro das muralhas... Estamos rodeados pela nossa maior ameaça.

– COMANDANTE! – Líder de pelotão entra na sala de Erwin.

Rivaille levanta seus olhos, os revelando por cima das folhas que lê.

– Desculpe, mas Erwin saiu tem algum tempo. – sua voz saiu um pouco abafada.

– Rivaille. – o líder aproximou-se – A queda do Distrito Stohess é verdade? – pareceu triste.

– Ao que tudo indica, sim. – coloca as folhas em cima da mesa e olha novamente o homem parado a sua frente – Está com algum problema?

– Meus pais vivem em Stohess. Eu deveria estar aqui quando Erwin partiu. Que merda!

O homem começa a ficar mais apreensivo e Rivaille ainda mantém sua seriedade.

– O Comandante Erwin deve ter lhe deixado na liderança, por favor, me deixe partir para Stohess! – as lágrimas caiam do rosto bruto que o homem possui.

– O que aconteceu em Stohess pode estar prestes a acontecer aqui ou em outro Distrito. É preciso que os soldados estejam prontos e preparados com seus respectivos líderes.

– Rivaille! – o homem mudou sua expressão para a raiva – Você não pode fazer isso, meus pais estão correndo perigo.

– Tenho certeza que muitos outros também estão. Você ficará aqui e quero que prepare seus soldados para qualquer imprevisto.

O líder pareceu corroer-se por dentro com o ódio que começara a sentir pelo pequeno. Ele entendia que não era o único a ter parentes no Distrito, afinal uma de suas soldadas tinha deixado o noivo e filha no Distrito. O homem apenas concordou com a ordem de Rivaille e retirou-se.

Assim que saiu da sala, completamente irritado, a alguns metros de distância da sala de Erwin, trombou-se com uma pessoa. Ele sequer considerou ter a derrubado no chão continuou caminhando para onde é quer que fosse.

“O que aconteceu com você?” pensou.

Levantou-se pegando sua muleta deixada ao lado da mesa, o garoto ajeitou-se com grande raiva no olhar. Ele odiava estar naquela situação e, como Hanji, não via a hora de voltar a movimentar-se como antes. Andou até a porta fechada da sala e ajeitou-se para abri-la. No mesmo instante uma pessoa colocava sua mão para abrir a mesma porta.

Rivaille toca a maçaneta e empurra-a para baixo abrindo a porta. Porém duas forças foram aplicadas na abertura da porta e quem as recebeu foi o pobre garoto que está do lado de dentro, ele perde seu equilíbrio e por um tris não cai de costas ao chão.

A pessoa que empurrou a porta viu a tempo o desequilíbrio do garoto e rapidamente o pegou com a sua mão evitando que algo pior acontecesse, ela então fechou a porta a suas costas.

– Você está bem? – disse com a voz abafada pelo capuz.

– Tsc. – tirou seu braço que estava sendo segurado com certa violência – Não precisa ficar me segurando. – ajeitou sua postura e olhou para a pessoa a sua frente.

– Grosso como sempre. – retira o capuz.

Rivaille muda sua expressão assim que vê o rosto de Hanji. Fazia tanto tempo, a imagem da garota já estava sumindo em sua cabeça. Olhou em seus olhos com grande dúvida se era ela mesma, viu seus cabelos que agora estão soltos e notou seu aconchegante sorriso, esse um pouco mais diferente que os de antes.

Sua cabeça é uma mistura de perguntas e afirmações, desejos e medos. Mas manteve seu olhar sério e indiferente.

– É muita coragem da sua parte aparecer novamente. – disse extremamente frio.

– Sim, eu sei. – arruma o lenço que rodeava a sua cabeça.

– Diga o que você quer.

– Para ser sincera não sei por que estou aqui. – olha para o garoto e vê o estado de seu corpo. – Sinto muito por isso.

– Não é para mim que você deve pedir desculpas. – colocou a mão na sua cabeça. Ele começa a sentir uma incomoda dor de cabeça.

– Levi?! – tentou aproximar-se, mas sentiu receio e permaneceu no seu lugar.

– Já não basta ter coragem de trair toda a Tropa, toda a humanidade, você aparece e me pede desculpas como se nada estivesse acontecendo. – seu tom de voz aumenta – Não continue com essa brincadeira idiota. Recebendo ordens de um maluco como aquele homem e concordando com tudo aquilo. – disse completamente irritado – Se veio contemplar a vitória de vocês sobre a humanidade, está no lugar errado. Lá fora muitos devem estar sofrendo por que vão perder os familiares por conta da queda. – Rivaille sente profundo ódio em seu coração.

Hanji apenas escuta com uma expressão de vazio. O garoto começa a se aproximar dela, ela acompanha seus passos caminhando para trás até ficar encurralada entre a porta da sala e o corpo desajeitado de Levi.

– Eu poderia acabar com você, mas tem sorte por eu estar assim. Tantos homens lá fora querendo saber o motivo da queda de Stohess e sem saber que ela está bem aqui, parada, na minha frente. Hanji você é a pessoa mais desprezível que já conheci. – disse irritado.

O silêncio rodeou os dois parados frente a frente, apenas se escuta a respiração ofegante do garoto e a calma da garota. Ela olha um pouco para baixo e vê Rivaille de cabeça para baixo, ele quase se encostasse ao corpo da garota.

Hanji nunca tinha visto Rivaille se alterar daquela forma. Ele está realmente com muita raiva dela. Ela tentava procurar alguma palavra para acalmá-lo, mas nada vinha a sua cabeça e o medo de dizer algo errado apenas a encurrala para um poço sem fim. Seus pensamentos que antes estavam tão certos sobre seguir o maluco homem agora começaram a transformasse em um turbilhão de dúvidas.

– Saia. – abriu a porta atrás da garota, puxou-a com cuidado e saiu de perto de Hanji – Volte outra vez e será presa.

Hanji obedeceu à ordem do pequeno. Assim que saiu o garoto a fechou com grande violência. Ela encosta-se a porta por alguns minutos até que um pequeno grupo de pessoas começava a se aproximar. Enquanto corre pelos corredores para sair do QG.

“Apesar do seu corpo está ferido você continua ativo e cheio de determinação, isso é muito bom. Ainda é o mesmo Levi apesar do ódio que sente por mim, mas eu entendo, também sentiria. Queria poder te contar tudo o que descobri e aprendi quem sabe aliviar todo o ódio que você está sentindo por mim, confiar a você toda a angústia e raiva que estou passando... É uma pena que a escolha que eu fiz nos afaste, mas espero que traga resultados desejados.

Eu vou salvar todos vocês, é uma promessa.”

O frescor do vento fraco da tarde passa por todo o Distrito de Karanese, enquanto a triste noticia da queda de Stohess é espalhada pela região e aos poucos pelos demais Distritos. O medo retorna até mesmo nos corações mais valentes.