Passado alguns dias após Hanji receber a misteriosa carta e sem nenhuma pista para acusar um dos seus colegas ela decidiu escrever uma carta para seus pais adotivos na esperança deles saberem quem poderia ter a escrito.

Agora. A garota espera sentada em uma sala que se localiza dentro do campo de treinamento. Nessa sala ficam correspondências que os soldados recebem de seus familiares. Hanji esperava ansiosa pela responsável da sala chegar com as novas cartas, fazia algumas horas que ela havia saído para busca-las na cidade.

*Som de porta abrindo*

– A Hanji você ainda está aqui. – a jovem oficial sorri para a garota – Desculpe à demora. Parece que todos os familiares escolheram esse dia para mandarem suas cartas. – joga uma gigantesca bolsa marrom escura sobre a mesa em frente à garota – Ainda tenho mais duas dessas bolsas para trazer, porém nessa aqui está a sua carta então fique a vontade para procura-la. – Oficial saiu correndo ofegante pela porta

– Mas... – encara perplexa a enorme bolsa – Eu vou levar um bom tempo até achar a carta.

Hanji abre a bolsa e dá um largo sorriso pela tremenda sorte que teve. A carta de Marco era uma das primeiras. A garota pegou a carta na mão e antes que pudesse abri-la foi surpreendida pelo toque do almoço, como estava com fome não pode resistir e seguiu para o refeitório.

Refeitório

Desde que entrou para o campo de treinamento Hanji se senta no fundo do salão sempre acompanhada por Rico Brzenska. As duas pouco conversavam e acabaram recebendo alguns apelidos pelo jeito que são, principalmente pela incrível inteligência que ambas possuíam.

Como sendo um costume as duas se sentaram no fundo, mas com a diferença de que agora conversavam exageradamente.

– Como não poderiam ser seus pais Hanji? – Rico comia um pedaço de pão

– Rico eu já te disse mil vezes os motivos... Porque ainda insiste nessa pergunta? – disse Hanji um pouco estressada

– Porque você não quer acreditar que eles estão vivos. Ainda teve coragem de entrar em todos os quartos do campo e bisbilhotar todos os pertences do pessoal só para fugir dessa possibilidade. – deixou sua comida de lado e olhou para Hanji – Qual o seu medo?

– Tem momentos em que você realmente é curiosa. – desviou seu olhar – Eu não tenho medo algum.

– Hanji eu não sei o que eles te escreveram, mas com certeza te deixou bem abalada.

– Rico você quer entrar para a Tropa Estacionária certo? – olhou para a garota

– Sim.

– Humanos poderiam atravessar a Muralha Maria e viverem fora dela?

– Hum... – parecia pensar – Eu li em algum livro que não é impossível atravessar a Muralha, principalmente se a guarda no local estiver menor, mas viver fora delas... Eu não sei te dizer ao certo se poderia ser possível afinal toda a área externa da Muralha Maria é infestada por titãs. Mas porque a pergunta sendo que você também sabe dessa resposta?

– Só queria confirmar que estou certa. Obrigada Rico. – se levanta da mesa

– Você não terminou de comer ainda... – fita a garota – Para onde está indo?

– Preciso dar uma volta. – acena para Rico

Hanji sai do refeitório e caminha por alguns minutos até avistar, na floresta, uma pequena entrada que não está protegida pelas grades em torno do campo. Ela vai em direção ao local que avistou.

– Só preciso ter certeza de que não tem ninguém me vigiando. – olha ao redor do extenso campo e não vê ninguém. Chega próximo à abertura. – Eee?! Isso é muito pequeno para passar. – olha desapontada – Vou ter que abrir mais essa passagem. Só espero que isso não tenha sido feita pelo instrutor.

Após terminar de quebrar a grade e já camuflada entre os arbustos, Hanji levantou sua camiseta e retirou a carta que estava entre sua calça e o quadril. Escrito fora da carta, com as letras de Marco, está – De: Marco Pacha, e logo abaixo, Para: Hanji Zoe.

– A letra é do Marco disso não tenho dúvidas. Então vamos ver o que eles têm para me contar.

–-------------------------------------------------------------------------------------

Hanji sua sem coração. O que aconteceu que não mandou cartas para nós? Por um acaso se esqueceu de que estamos vivos ainda? Sua avó chora quase todo dia dizendo que você nunca vai vir nos visitar. Garota irresponsável será que vou ter que ir atrás de você e te dar uma boa lição? Tudo bem que você saiu de casa brigada com nós dois, mas já nos esquecemos desse momento só que me parece que você não esqueceu. Você realmente é cabeça dura igual seu pai e por ser assim tão idiota eu te obrigo a mandar o retorno dessa carta contando todos os detalhes de como você está. Caso não mande eu mesmo vou atrás de você e posso ter certeza que você não quer se sentir envergonhada quando eu acabar com você na frente dos seus amigos.

"O velho realmente não mudou."

Enfim eu li a carta que me mandou. Você então não está acreditando que eles são seus pais... Se fosse eu também não acreditaria, mas sinto em te informar que a carta é verídica. Sim, seus pais estão vivos Hanji. A carta que você recebeu foi escrita por eles e você não pode negar que eles estão vivos. Recebi uma carta parecida com a sua, pelo menos nos detalhes que você me escreveu, há algumas semanas. Claro que eu e Rose ficamos surpresos quando lemos de quem era, mas não podemos negar que realmente é a letra da sua mãe. Você sabe que tenho ótima memória, porém só confirmei isso quando Rose comparou as letras com um bilhete que sua mãe nos deixou quando foi embora. O que você quer que eu explique é a verdade e finalmente aceitei que está na hora de te contar.

Minha pequena Hanji seus pais partiram por motivos de trabalho, acho que isso sua mãe deve ter te contado. É verdade também que eles não vão voltar mais. Isso é impossível e arriscado. Eles com certeza estão vivendo um inferno lá fora. Sua mãe não deve ter chegado a te contar sobre os experimentos que ela e seu pai faziam... Isso é complicado de dizer principalmente por não estar dizendo isso frente a frente para você.

*O resto está borrado.*

Os experimentos que seus pais participavam são usados desde muito tempo e tem como finalidade aumentar a força de combate de um humano comum.

Hanji essa é a história que deveria ser contada para você.

Essa arma foi iniciada pelos antigos reis e projetada por cientistas da época, ainda quando nem rumores existiam sobre uma possível muralha. A briga entre poder na época era extrema e conseguir criar uma arma de destruição em massa daria uma larga vantagem para a conquista. O único problema era que nenhum humano queria participar das tais experiências. As pessoas no poder tinham tudo para começarem os testes só não tinham os humano. Então eles escolheram os renegados para começarem seus testes. Foi quando aconteceu a primeira chacina humana. Esses testes ficaram em segredo por muitos anos e durante esses anos muitos humanos foram sacrificados em prol da ganância desses homens.

Um dia eles decidiram liberar os monstros que haviam criado para mostrar ao mundo o poder que eles tinham conseguido. Foi então que a pior parte da natureza humana mostrou seu rosto, mostrou que nós humanos somos frios e cegos diante o poder. A natureza humana tinha atingido um nível alarmante de loucura

Quando a noticia sobre esses monstros e quem na verdade eles eram foi a publico grande parte da humanidade se chocou. Por algum tempo eles mantiveram controle sobre esses monstros, mas o teste sobre eles cada vez mais frequentes começaram a piorar o estado humano que ainda possuíam. Eles perderam o controle e o assunto sobre o isolamento humano começou a ser debatido. O que antes era usado como uma arma para os hipócritas e gananciosos se tornou perigoso até mesmo para eles. Acontecia então a segunda maior chacina humana. Quando realmente se convenceram de que estavam errados em controlar a natureza humana, foram covardes e fugiram para o que hoje é a Muralha Sina.

Para alguns, apelidar os pobres humanos que sofreram durante os experimentos de monstros não era certo, os monstros seriam aqueles que fizeram isso com eles. E um novo nome surgiu para essas armas humanas. Atualmente conhecidos como titãs.

Eu sei disso porque essa história é passada de família para família. Além disso, todos que sabem sobre ela estão aliados ao Rei, se escondendo ou mortos. Sua mãe e seu pai sabem disso tudo e só não te contaram para não coloca-la em perigo. Hoje me sinto muito culpado por ter passado essa história para frente. Todo dia que via seus olhos tristes chorando me arrependia profundamente por isso.

Seus pais não tinham esperança de que tudo isso um dia fosse mudar até você chegar à vida deles. O que posso te dizer com toda certeza é que eles desistiram de continuar esses experimentos.

Hanji você é a única responsável pela cura dos seus pais e a razão deles acreditarem na humanidade. Graças a você eles foram capazes de irem contra os ideais da Realeza, eles tiveram coragem de enfrentar a morte que tanto os atormentava. Os dois começaram a estudar a vacina contra essa praga que atormenta a todos nós presos dentro dessa gaiola. E tenho certeza que eles vão continuar lutando por ela até o fim.

Sinto por tudo isso estar acontecendo e torço para que um dia me perdoe e que perdoe também seus pais.

P.S: Não se esqueça de dar notícias!

–-------------------------------------------------------------------------------------

– Eles estão vivos mesmo... – algumas lágrimas escorreram por seu rosto triste – Quer dizer que... Eles estão aqui... Então porque fora da muralha? – Algumas gotas caíram sobre o papel borrado

– ... Essa carta está quase toda borrada. Aquele velho nem para esperar a tinta secar. – fechou seus olhos com força e amassou o papel – Ele tinha que borrar justo essa carta... Será que ele não sabe rever as coisas. Droga. – abre novamente a carta – Não consigo sequer decifrar uma letra depois dessa palavra.

Do outro lado da grade.

– Eu juro que não mexi aqui instrutor... – sussurro de alguém

– Me diga o porquê dessa grade está mais arrebentada? – voz fraca do instrutor – Você é o único que sabe dessa passagem. Melhor me dizer o que está escondendo ali atrás.

– Não é nada eu juro!! – o rapaz parecia estar com medo

– Com certeza é algum tipo de revista que vocês garotos escondem. Acho melhor me dizer logo se é isso.

– Que droga justo agora esse homem teve que aparecer. – sussurrou Hanji

A garota agachou-se e devagar começou a caminhar sem provocar muito barulho ou movimento nos arbustos até sair daquele lugar.

~ Na casa de Marco e Rose ~

– Marco você por um acaso não usou essa tinta preta para escrever a carta não é? – Rose no quarto

– Claro que não. – gritou o homem na cozinha

– Estanho a carta dela não ter chegado aqui ainda. - a carta de Marco~Hanji foi enviada há duas semanas atrás.

– Não se preocupe mulher. Ela ainda deve estar chateada com o que escrevi. Não é fácil para ninguém descobrir tudo aquilo. – ainda gritando

– Mas Marco você tem certeza que não usou essa tinta? Ela não está no mesmo local que eu havia deixado. – disse preocupada

– Você só sabe fazer perguntas. Espere um pouco que já subo ai.

* Marco sobe as escadas e entra no quarto*

– Que tinta Rose? – perguntou curioso

– Essa na minha mão. – aponta a mão para o homem

– Foi essa mesmo, mas porque tamanha preocupação? – ainda curioso

– Marco ... – seu olhar ficou irritado – Essa tinta... Você deixou a carta secar Marco?

– Que eu me lembre, logo que terminei de escrever eu a fechei porque você não parava de gritar comigo para me apressar. – mais curioso – Por quê?

– Marco... – seu olhar ficou furioso – Essa tinta precisa secar para não borrar. Você com certeza borrou toda ela e Hanji provavelmente não leu nada que você escreveu.

– O QUE? E VOCÊ ME DIZ ISSO AGORA MULHER? – desesperado

– MARCO VOCÊ É MUITO BURRO.

– VOCÊ QUE NÃO ME AVISOU MULHER. AGORA ELA DEVE SÓ DEVE ESTAR FALANDO MAL DE NÓS!!! – Furioso

– SÓ SE FOR DE VOCÊ. POR SUA CULPA ELA DEVE ESTAR MAIS ZANGADA COM NÓS DOIS SEU IDIOTA. - se senta na beirada da cama triste

– AAAAAAAAAAA HANJI ME DESCULPEEEEEEEEEE!!!!! – Gritou ainda mais fazendo toda a vizinhança escutar

~ Voltando para o campo de treinamento. ~

Mais um dia estava chegando ao fim. Falta apenas um dia para a graduação de Hanji e tudo já está sendo preparado para a seleção dos melhores alunos e para a escolha da divisão que marcaria o destino de cada um. Sua ansiedade para encontrar um titã aumentava cada dia mais, finalmente dispensaria sua raiva nos seres que havia decidido culpar pela partida de seus pais.