Eu estava deitada na cama com meu celular no meu diario digital na maca um pouco macia e nova, feita de madeira escura,onde meu irmão Will dormia,era um beliche, eu dormia na parte de cima, em certas partes do beliche, havia marcações de dedos, porque eu tinha serias dificuldades para subir, porque a beliche era alta e as paredes eram incrivelmente brancas, meu irmão estava jogando na sala, ele nem sequer ligava se eu estava com uma amiga em casa ou não, ele já estava acustumado com a Jamily.

Enquanto ela arrumava algumas coisas para mim, eu estava pensando no dia de hoje, foi um dia animado, divertido e engraçado, era o primeiro dia mais legal que eu já havia tido nessa volta de ferias, por mais chatas que tivessem sido as matérias do dia, foi muito bom, mas eu não conseguia entender, o motivo de o olhar dele não sair da minha mente, do sorriso que ele deu olhando para mim.

Já fazia meses que eu não via aquele olhar no Rafael, sê é que eu já havia visto alguma vez aquele olhar dele, mesmo na época em que estávamos meio que juntos olhar dele era meio vazio, não dessa vez, dessa vez, tinha algo de especial, algo verdadeiro, e toda que vez que o olhar dele se cruzava com o meu, tudo parecia não sei, se encher de vida, e por dentro, eu sentia algo muito bom, mas na minha mente, eu não sabia se devia mesmo estar sentindo aquilo, parecia um tanto quanto errado.

Dizem que o amor nunca morre, ele desaparece com o tempo, bem, esse era o lema da maioria das minhas amigas e uma das frases favoritas da Jamily, será que mesmo depois de tudo, mesmo depois de tanto tempo ainda existe uma pequena parte do meu coração que bate por ele? Eu não sei... Quem sabe... De repente, a Jamily tirou o diário da minha mão e começou a ler e disse:

–Gay, gay, mais coisa gay, serio?

–Tudo romântico ou que envolva sentimentos para você é gay? –Eu perguntei com um sorriso.

–É... Definitivamente é - Ela disse com um sorriso.

–Pode falar... – Eu disse.

–Falar o que? –Ela perguntou fazendo uma careta.

–Que isso não é certo, que eu não deveria estar tendo esse tipo de pensamentos e enfim... –Eu disse.

–Você já é grandinha, tem certas coisas que a vida vai te ensinar por você mesma, mas pense muito bem antes de agir, porque ao contrario de você, as pessoas não irão te amar para sempre, o amor da maioria das pessoas é como uma bexiga, em um momento esta cheia e linda, e no outro dia já esta murcha, uma semana depois ela já esta vazia – Ela disse olhando para o chão.

–Você esta muito filosófica ultimamente e inspirada - Eu disse sorrindo.

–Pois é... Talvez eu esteja ficando muito você – Ela disse abrindo um sorriso.

–Essa falta de personalidade própria - Eu disse tacando um travesseiro nela que tacou outro em mim.

–Ana... Você já se sentiu estranha? Como se tivesse algo de errado com você? –Ela perguntou.

–Todos os anos, todos os meses, todas as semanas, todos os dias, a cada hora, durante todos os minutos e cada segundo da minha vida - Eu disse sorrindo para ela.

–Isso é normal, você é estranha –Ela sorriu – E sinceramente? Eu acho que você deve fazer o que esse tolo do seu coração manda, mas também deve pensar em tudo o que já aconteceu, pense bem, entre você e o Victor, as coisas estão difíceis agora, porque vocês estão distantes, mas daqui a alguns anos, você vai se formar, vai virar mulher, e vai ir para faculdade, ser dona do próprio nariz, seus pais queiram, ou não, e vocês dois poderão se ver quase todo fim de semana - Ela disse olhando para mim.

– E o rafa? –Eu perguntei.

Por um longo momento, ela olhou para o nada, parecendo estar pensando, e depois se sentou na cama ao meu lado e disse:

–Ana... Eu não sei, eu não sei se o que ele sente é verdadeiro, ou não, e mesmo que seja verdadeiro, será que ele não sente mais nada pela ex ou por outra pessoa? Porque você merece alguém que tenha certeza, você não é qualquer, você é... Infelizmente a pessoa mais amável que eu já conheci, e você merece alguém de alto nível alguém que dedique a própria vida a você, então eu não sei, é complicado - Ela disse olhando nos meus olhos.

Eu a estranhei, ela nunca disse nada do tipo, ela somente dizia que eu tinha que me elevar perante outros, ela nunca me elogiou, sempre disse que eu era muito chatinha e tinha que parar.

Ela tinha razão, mas dentro de mim, alguma coisa parecia querer gritar, dentro de mim, havia um coração estranho e cheio de perguntas, dentro de mim, havia uma garota com medo, e uma garota que queria simplesmente ignorar esses sentimentos estranhos, mas eu não podia, muito menos iria conseguir, mas eu faria de tudo parar tentar, eu olhei para ela e disse:

–Quer saber? Deixemos isso para lá, estou me precipitando com esses sentimentos, vamos ir lá na sala e ver um pouco de Glee filha de Zeus – Eu disse me levantando.

–Essa, é a minha garota – Ela disse sorrindo se levantando e indo para sala eu fui logo atrás, mas ainda sim, havia sentimentos gritantes dentro de mim.