"Que as noites foram feitas especialmente para dizer coisas

Que não podem ser ditas no dia seguinte

Estou me arrastando de volta para você

Pensou em ligar depois de beber algumas?

Porque eu sempre penso"

As batidas na porta eram incansáveis e isso já estava começando a irritar Draco Malfoy. Ele estava em seu quarto e não estava com a mínima vontade de abrir a porra e encarar seja lá quem fosse. Era melhor a pessoa se tocar disso ou eles teriam sérios desentendimentos.

— Achei que não ia abrir essa porta nunca! —Exclamou Hermione batendo o pé e soltando sua bolsa perto da escrivaninha que havia no quarto. Malfoy levantou a cara do travesseiro e depois enterrou de novo. Não queria ver ninguém. Sem exceções.

— Eu não abri a porta...Como você entrou aqui Granger? — Ele questionou, sua casa era em um bairro trouxa conhecido mas mesmo assim tinha feitiços protetivos contra aparatação e tudo mais.

— Eu arrombei, ao modo trouxa. — Ela falou procurando algo na bolsa e então tocou algo metálico para ele que apanhou no ar. — Você me deu as chaves para uma emergência, esqueceu?
Granger revirou os olhos e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo bem mal feito. Hermione não se considerava tão íntima de Draco mas nesses momentos, ela via o quanto um era dependende do outro, eles eram mais que apenas colegas e isso era um fato porém qualquer coisa que ela estivesse pensando foi interrompida pela voz de Daphne que não sai de sua cabeça...

— Qual é a emergência então? — Ele perguntou se levantando de mal humor. Seus planos de hibernar pelos próximos 100 haviam falhado miseravelmente.

— Quais são as chances das acusações que Daphne GreenGrass fez serem verdade? — Hermione perguntou e se apoiou na cômoda. Ela não estava com ciúmes, apenas estava meio irritada por ter sido chamada de nomes pejorativos e de ter sido ameaçada. Apenas isso.

— Dependendo das acusações...

— Não se faz de tonto. A acusação de ela estar grávida de cinco meses de você. — Cortou ela logo de início e Malfoy a encarou se aproximando e ficando de frente para a castanha. Em outros momentos e em outros casais tudo resolveria-se com sexo e carinho sem a preocupação da suposta gravidez,mas Granger e Malfoy não eram um casal comum, não eram nem um casal.

— Hermione, esse filho é algo que eu sempre quis, Daphne apenas quer dinheiro, sempre quis e eu quero ter um herdeiro. Uni o útil com o agradável.

"Talvez eu esteja muito

Ocupado sendo seu para me apaixonar por outra pessoa

Agora, eu pensei melhor

Estou me arrastando de volta para você

pensando se seu coração ainda está aberto

Então, você criou coragem?

Fico pensando se seu coração ainda está aberto

E se estiver, quero saber que horas fecha "

— Então comprou o bebê? E quanto ao fato dela me chamar de vadiazinha? Você podia ter me dito Malfoy! Não temos nada entre nós, o que custava avisar?! E toda aquela história dela querer assumir o lugar de Astória? — Disse movimentando as sobrancelhas coisa que só fazia quando estava nervosa ou irritada, neste caso, os dois.

Ela tinha razão, ele poderia ter falado mas ele sabia qual seria a reação da castanha.

— Hermione eu...

— Não Malfoy, chega! — Ela disse se afastando quando ele começou a se aproximar.

— Voltamos ao Malfoy, Granger?

— Você é hipócrita demais, se queria um filho com ela poderia ter me dito, não iria ficar no caminho. Não gosto de traição e sabe disso. Você tem uma família agora! — Esbravejou pegando sua bolsa e saindo do quarto. Ela estava confusa, Malfoy fazia isso. Draco a seguiu até a cozinha aonde a viu pegar uma toalha de papel e molhar passando em seguida em sua nuca e em seu decote. Sua bolsa estava tocada em seus pés. — Nunca juramos fidelidade um ao outro Draco mas não é justo isso que fez.

— Todo dia eu acordo sozinho depois de ter uma noite incrível com você, até mesmo quando não fazemos nada além de jantar e dormir abraçados é bom. Eu me sinto em paz depois de tudo que aconteceu. No começo não era nada disso, era diversão, um passa tempo mas algo mudou em mim e sei que mudou em você também.Hermione eu sou quero ter meu filho, não quero Daphne como minha esposa. Nada entre nós mudou. — Malfoy disse se escorando no balcão e passando a mão em seus cabelos. Ele não amava Daphne, nem ao menos a desejava. Ela era aquele estereótipo de menina que ele vivia dormindo durante sua época de escola. Diferente de Astória e de Hermione, Daphne não se importava de ser usada, queria apenas dinheiro e fama. Pobre Astória, ser irmã de um mostro devia ser horrível.
Hermione estava estática perto da pia. Seus lábios eram mordidos e seus dedos eram estrelados. Ela estava pensando. Não podiam continuar com isso, com filhos vem responsabilidades, Daphne terá que ser uma mãe presente pelo menos nos primeiros anos de vida. Malfoy tem dinheiro e não cérebro.

— Acho que acabamos por aqui então. — Ela falou baixo demais.

— Como assim acabamos? — Perguntou Draco com seu semblante preocupado ,por mais que eles não tivessem nada ele não queria que esse nada acabasse.

— Você vai ter uma família Malfoy, família gera responsabilidades e eu não estou incluída nesse seu plano de família feliz.

Quem a visse talvez pensasse que ela estivesse a ponto de chorar, quem a conhecesse saberia que ela não conseguia mais chorar desde o fim da guerra. Tudo para ela era curto e grosso, ele iria realizar um sonho de ter um herdeiro e ela não iria ficar atrapalhando ele.

— Isso é um adeus? — Perguntou ele desesperado a pegando pelos ombros, não, ela não poderia ir embora. Não era essa a intenção dele. Em um ato desesperado ele colou seus lábios ao dela que não correspondeu e apenas o esperou se afastar. — Eu prometi dinheiro a ela, não amor ou um relacionamento.

— Isso é um adeus. — Ela disse por fim pegando sua bolsa do chão e partindo para fora da casa. Ela saiu rápido não dando tempo para que ele a impedisse pois ela sabia que se ele falasse algo a mais ela iria ceder.

Então ela aparatou e essa foi a última vez que Draco Malfoy a viu.