Eu Quase Namorei o Ídolo da Minha Irmã escrita por Vlk Moura
Notas iniciais do capítulo
Yara
Depois que Vlad partiu a casa ficou ainda mais quieta, Richard não estava saindo do quarto, eu levava comida para ele, mas muitas vezes acabava deixando tudo no chão em frente a porta. Aproveitei para treinar um pouco meus péssimos acordes de violão e atualizei as notícias sobre ele. Estava cansada, se nada mudasse eu desistiria de ajudá-lo.
Eu estava sentada tocando quando alguém bateu a porta, me levantei ao perceber que o cantor não sairia, abri a porta e fiquei parada estática, o grupo a minha frente sorriu e começou a invadir a casa carregando vários instrumentos, uma bateria passou pela porta, meus dedos coçaram para não tocá-la naquele instante.
– Certo, cadê a princesa? - o baixista perguntou esticando os dedos.
– No quarto - falei pulando para o sofá e arrumando o violão e voltando a dedilhar.
Os vi subindo a escada, um grito de reprovação e logo o grupo desceu com Richard sendo carregado apenas de samba-canção, a porta foi aberta e ele foi jogado para fora, gritando um enorme palavrão que me fez rir. Eu fui até a porta e a cena dos quatro tacando a terra misturada com neve e orvalho no cantor me fez rir ainda mais até uma bola voar na minha direção e me atingir, todos ficaram em silêncio, eu os encarei.
– Me desculpe, eu não queria... - sai correndo e fiz uma bola acertando o baterista no rosto e fazendo os outros rirem enquanto ele gritava que aquilo era muito gelado.
Entramos todos congelados, Richard se encolhia na samba-canção enquanto os outros o zoavam. Todos pegamos cobertores e nos enrolamos.
– O que vieram fazer aqui? - o astro perguntou.
– No funeral percebemos que você estava muito mal e ficamos sabendo que deixou de praticar - ele me encarou - Resolvemos finalmente vir te fazer uma visitinha e tocar para você. - apontara para os instrumentos.
– Certo - Richard falou - Vou toma rum banho quente porque estou todo congelado e logo venho para ver o que têm para mim.
Fui até a bateria e a encarei, o baterista veio até mim e perguntou se eu sabia tocar, confirmei, ele me entregou as baquetas e comecei a tocar.
– Melhor do que com o violão - o baixista falou rindo - Cantora misteriosa - eu o olhei tentando entender - Não sabemos seu nome.
– Yara Budapeste.
– Sabia! - o baterista gritou - Você é filha do Budapeste, aquele cara era um gênio.
– Eu sei. - falei sorrindo.
– Sabe tocar alguma música do Richard? - o guitarrista perguntou arrumando a guitarra.
Confirmei.
Eu, o guitarrista, o baixista, e o segundo guitarrista nos preparamos e começamos a tocar, o baterista ficou deitado com o violão no colo dedilhando algo que eu percebi ser a cifra simplificada daquela música. Ficamos tocando até Richard descer, ele nos encarou e sorriu ao me ver na bateria, se aproximou de nós e começou a cantar, todos paramos e o deixamos no solo, era lindo vê-lo alegre depois de tanto tempo, depois da morte da irmã e de ele ter prometido a si próprio que não tocaria novamente, e lá estava ele, cantando e sentindo as emoções daquela música.
– Carca, você fez milagre mocinha - um dos guitarristas falou, ele sorriu - Sou JT, ele é o Picasso - eu ri com o apelido o que fez Richard rir, esse era o baixista - Alexander - o baterista - E o chato a sua direita é o Joshua, nosso adotado americano.
– Olá. - ele me cumprimentou.
– É um prazer conhecê-los - falei sorrindo - Alexander, desculpa roubar sua bateria, fazia tanto tempo que eu não tocava, foi ótimo.
– Então, você é baterista? - Alexander me abraçou - É ruiva, agora vai me dizer que gosta de De Volta Para o Futuro?
– Adoro - eu sorri.
– Gente, encontrei a mulher da minha vida.
– A ruiva já tem dono - Richard falou rindo, todos o olharam - Não, não sou eu. O Vlad, a ruivinha é do Vladimir.
– Vladimir? - Alexander riu - Já era, te faço esquecer dele em um minuto.
– Tanto tempo assim? - eu me afastei rindo - Richard fez isso em dez segundos - um "Uhhhh" foi solto pelos outros me fazendo rir - Se esforce um pouquinho mais, bonitão.
O baterista riu.
– Certo, certo, certo, não quero mais ninguém dando cantadas na minha instrutora vocal - Richard me abraçou, senti minhas bochechas corarem, ele ainda não tinha feito algo tão carinhoso - Vocês vieram para tocar comigo, não foi? Então, vamos cantar! - ele gritou, todos gritamos juntos.
Os músicos se posicionaram, eu preparei minha câmera e os filmei tocando e se zoando. Era ótimo vê-los brincando e as vezes sobrava para mim. Eles iam dormir ali, e a noite estava cada vez mais fria, ligamos a lareira. Richard preparou o seu super chocolate quente, todos nos encolhemos na sala enquanto eu passava os vídeos que tinha feito e editava da forma com que eu conseguia entender em meio aos gritos simultâneos. Encolhi ao pé do sofá, a caneca quente em minha mão, Richard havia dormido sentado junto de JT.
– Ei, mocinha - olhei Alexander, ele estava no sofá oposto - Você é muito legal, acho que deveria saber disso. - eu sorri desajeitada - Obrigado por trazê-lo de volta - eu não entendi - Obrigado por trazer nosso Richard ao que ele realmente é.
– Não foi nada. - falei e arrumei a sala para que todos pudessem dormir. Acordei Richard e fomos nós dois para nossos quartos.
Acordei com panelas caindo, gritos histéricos e xingamentos. Desci a escada com minhas meias de sola, Picasso soltou um grito ao me ver descabelada e de rosto inchado.
– Alexander, sua musa já levantou. - ele gritou depois de se recuperar do susto - E se você ainda achá-la linda assim acho que deveria pedi-la em casamento. - eu ri.
– O que estão fazendo? - perguntei observando os ovos mexidos, panquecas, torradas, mistos-quentes, chocolates, cafés, chás - Isso é um banquete.
– E não sobrará nada - Joshua falou com seu sotaque encantador - Somos maquinas de comer.
– Então, estou no grupo certo. - falei me sentando - E o Richard? - perguntei os olhando.
– Já estamos cuidando disso - JT tirou da pia um balde com água e gelo.
– Gente, não. Isso será horrível nesse frio. - falei preocupada.
– Então, prepare a toalha. - Alexander piscou - Ele vai precisar.
Foi o que fiz e os segui até a porta do cantor, eles bateram e abriram, no mesmo momento que uma onda voou até os quatro e os atingiu, eu me encolhi atrás deles ainda recebendo algumas gotas congeladas nas costas e começando a gargalhar do estado estático que o grupo assumiu ao ser atacado.
– Acho que vou precisar de mais três toalhas. - falei rindo e já correndo para o armário.
Os quatro xingavam Richard que não consegui parar de rir e não era diferente comigo. Peguei cobertores térmicos e coloquei nos ombros dos quatro, com Joshua e JT dividindo o mesmo.
Cantamos mais e Alexander me deixou toca rum pouco da sua bateria, até todos irem embora e mais uma vez a casa mergulhar no silêncio profundo. Mas já tinhamos dado mais um passo, Richard já estava sorrindo, e brincando e voltara a preparar chocolate-quente e chá o que era fantástico e meu estomago congelado agradecia enormemente aquilo. Um pouco mais de treino e ele estaria pronto par aos shows, mais algumas visitas da banda e ele estaria recuperado e eu não reclamaria caso resolvessem voltar.
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