Eu Quase Namorei o Ídolo da Minha Irmã escrita por Vlk Moura


Capítulo 15
Casa congelada




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Durante a viagem eu evitava olhar para a janela, tomei remédio para enjoos e torci para que o avião pousasse o mais rápido possível. Eu não aguentava mais ficar preso naquele lugar. Quando finalmente pousamos corri para o banheiro, vomitei tudo o que tinha direito e me encontrei os os empresários e com Richard que parecia cansado. Um carro nos aguardava de fora do aeroporto, o motorista era um brasileiro que trabalhava para Richard desde que ele começou a cantar, pelo que me foi contado no caminho até a casa.

Observei enquanto a cidade sumia dando origem a uma estrada com algumas árvores sem vida e congeladas, minha blusa que era muito par ao clima no Brasil mostrou ser pouco par ao clima do Canadá, encolhi-me com muito frio. Ao chegarmos a casa observei-a por alguns instantes, era grande, de madeira, parecendo as cosas de lago que se via em filmes americanos, apenas aquela estradinha por onde surgimos chegava até a casa, de resto, árvores e gelo. O céu ali era cinzento, me perguntei como os cabos de energia chegavam até ali sendo que não tinha nenhum poste com fios.

Richard me guiou até a casa, eu puxava as duas malas, subimos três degraus grandes, uma varanda que estava congelada, ele abriu a porta e acendeu as luzes, o lugar estava limpo, o que eu não esperava, logo os empresários comentaram que pediram para que limpassem a casa com urgência. O homem que eu ainda não sabia o nome ligou a lareira, o calor do fogo fez com que meu sangue voltasse a correr. A sala era enorme, tinha uma televisão e a lareira, afastado dos sofás tinha uma mesa grande, um balcão separava a sala e a cozinha e uma escada entre os dois comodos.

– Os quartos são lá em cima - o astro falou pedindo para que eu o seguisse - Você ficará nesse quarto - ele abriu uma porta - A chave está pendurada na parede.

– Obrigada.

Entrei, estava limpo, o piso de madeira, as paredes de madeira, tudo de madeira. a janela estava fechada e eu não me atrevi a abri-la. A cama era de casal e tinha uma cocha pesada sobre ela, um armário não muito grande em um canto, fui até lá e o abri, mais cobertores, travesseiros e espaço para a roupa, fui arrumando minhas coisas até encontrar minhas baquetas ao fundo da mala, senti falta da minha bateria que sempre ficava no bar. Perguntei-me, também, se minha irmã estaria trabalhando lá aos finais de semana, no fundo seria bom para ela, mas ir sozinha para um lugar como aquele não seria bom para ela.

– Venha - Richard colocou a cabeça para dentro.

Eu o segui.

Os empresários estavam nos aguardando sentados a mesa, juntei-me a eles.

– Bom - eles esticaram uma papelada na minha direção - Isso aqui é o cronograma de vocês. Duas vezes ao mês você dará noticias aos fãs clubes, três vezes ao mês irá atualizar o site oficial dele, três vezes na semana irão treiná-lo para cantar, duas vezes na semana sairão para fazer exercícios, Ric está bem fora de forma e precisa perder peso - olhei o astro, se ele estava fora de forma eu queria também estar, apenas confirmei movimentando a cabeça - E nos dois dias restantes tentem sair da casa para passear ou algo do gênero.

– Certo - falei pegando os papéis.

– Qualquer dúvida é só nos ligarem. - a mulher falou - Ric, já estamos indo.

– Certo.

Ele levantou e abriu a porta, os empresários apertaram minhas mãos e se retiraram, olhei os papéis e vi que em um mês a banda dele viria nos visitar para já começarmos os ensaios do grupo, eu queria saber se nesse momento eu poderia tocar um pouco, eu precisaria matar a saudade da bateria e provavelmente da minha irmã, por mais que nos últimos dias não estivéssemos tão próximas, nós ainda estavamos juntas todas as noites e saber que ela estava ao meu lado me reconfortava.

– Sentindo falta dela? - eu o olhei, Richard preparava algo quente para beber - Espero que goste de chá.

– Sim, eu gosto - falei me levantando e indo até a bancada - E sim, estou sentindo falta dela.

– Ela é uma boa menina, não é?

– É, acho que é sim - sorri para ele - Mas ela não parecia muito feliz no aeroporto, você disse algo que a magoou?

– Fora ter cortado qualquer laço que tivemos, não nada - eu o olhei surpresa - Por que essa cara?

– Nossa! Ahm... - eu peguei a caneca que ele colocou a minha frente - Ela é muito sensivel, sabe? - ele riu - Não, é sério, ela é meio durona assim, mas se machuca fácil, quero dizer, já a vi dando tapas em garotos, xingá-los e chegar em casa aos prantos.

– Não consigo imaginá-la dessa forma.

– Eu sei - eu ri - Mas não posso falar muito sobre isso, eu nunca a vi tão alegre quanto nos dias que ela passou com você, você a fez passar por coisas que nenhum outro cara nunca teria feito com ela, tipo... - tentei me lembrar de algo.

– Ir a um motel para comer?

– É, isso - rimos - ir a um motel para comer, quer coisa mais maluca?

– Eu dormi quando a convidei para assistirmos a Star Wars, isso é válido?

– Não? - ele confirmou - Caramba, você dormiu antes dela?

– Sim, por quê? - eu ria.

– Ela sempre dorme assistindo Star Wars - ele pareceu confuso - Ela prefere Star Trek - ele abaixou a caneca até a bancada - E ela sempre dorme assistindo Star Wars.

– Por que ela não me falou que ela preferia Star Trek?

– Queria te agradar, provavelmente, valorize isso, ela nunca fez nada parecido anteriormente.

Ele ficou pensativo e então riu. Foi até o sofá e se jogou no maior, eu o segui, sentei no menorzinho.

– Você quer que eu mande algo para os fã-clubes?

– Por enquanto não, amanhã programamos o que vamos fazer.

Confirmei e me deitei, aos poucos nós dois caímos no sono, acordamos, acordei, quando ouvi o som de algo caindo na cozinha, olhei sonolenta e encontrei Richard preparando algo cheiroso, ele me olhou e sorriu simpático.

– Espero que goste de panquecas.

– Gosto.

Ele me serviu duas e pegou três, comemos em silêncio.

– Sua banda, ela sabe sobre o que aconteceu com você? - ele confirmou - Então, daqui um mês você já tem de estar cantando algo, certo? - ele me olhou - Venha, vamos treinar.

– Mas acabei de comer.

– Não ligo. - ele revirou os olhos - Vamos, primeiro respiração e... Ah! - ele me olhou com desdém - Sobre os treinos vocais, isso será todos os dias.

– Mas eles...

– Não me importo, você tem de estar bom daqui um mês e você estará bom daqui um mês.

Ele riu e voltou a treinar a respiração.

Depois de treinar um pouco fomos para a varando, o vento gélido congelava minhas bochechas parecendo que iria cortá-las, ele puxou duas cadeiras nas quais nos sentamos, estiquei os pés para o para-peito e fiquei observando o vento soprar nas árvores secas e poucos pássaros, na verdade, vi apenas dois que passaram cantando desesperados. Richard observava a estrada como que esperando por algo que poderia surgir, mas em minutos desistiu e observou o céu, começou a anoitecer. Entramos, apagamos a lareira e fomos nos deitar, o chuveiro do banheiro que ficava fora do quarto era muito quente, saí com parte do meu corpo super vermelho. Mergulhei entre quatro cochas pesadas e grossas, dormi como uma pedra ou eu era uma pedra.


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