Você pra Sempre escrita por Ellen Freitas


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!!
A menos que você não seja uma pessoa, o que eu realmente acho que você seja, mas enfim...

Entre uma fic e outra essa estória veio à minha cabeça e resolvi escrever. E quem me chamar de velha por causa da música, eu vou perseguir durante o sono. #AmeaçoMesmo

Enredo doce, romântico e um pouco dramático, então por que não?!
Espero que gostem!!!



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Lágrimas escorrem pelo meurosto quando fecho a última página de “A Culpa é das Estrelas”, e as enxugo com as costas da minha mão antes que alguém me veja chorando. Às vezes tenho raiva de mim mesma pelo fato de não conseguir conter a idiotas gotas que teimam em molhar meu rosto quando leio algo que me emociona.

Ser emotiva demais é ruim apenas até certo ponto. Deixa você mais vulnerável... Mais sensível... Mas também deixa você mais perceptiva, já que estou atenta a cada detalhe ao meu redor. Como um casal de pardais que se bicam e brincam no alto de um arbusto, a menininha loira que teima com a mãe por não querer sair do balanço e ir embora do parque, o vento que faz o galho mais alto e em destaque do enorme pé de eucalipto se curvar a tocar um dos mais baixos. O mesmo vento que carrega até meu olfato um perfume conhecido. Um perfume que revira meu estômago, não por ser ruim, de modo algum, é um amadeirado delicioso, mas por eu conhecer o dono daquele cheiro.

— Melanie! — ele sussurrou ao meu ouvido com a intenção de me assustar.

— Que susto Renato! — levei a mão ao peito fingindo um choque. Desde que o conheço ele criou essa mania, mas na verdade eu nunca caí em nenhum dos seus sustos infantis, mas já que aquilo fazia ele se achar o ninja, então o deixei pensar assim. Dei espaço para que ele sentasse ao meu lado no banco.

— Estava chorando Mel? — Renato franziu as sobrancelhas analisando meu nariz vermelho e a trilha de lágrimas secas que ficaram em meu rosto. Mas quando ele baixou o rosto para o livro azul fechado sobre meu colo, seu rosto relaxou e um sorriso de lado escapou de seus lábios. — O livro?

— Um rum. — murmurei.

— Por que você ainda lê essas coisas? Só te fazem chorar!

— Se você tem a sensibilidade de uma barata morta a culpa não é minha.

— É das estrelas? — ele perguntou sorrindo e não dando a mínima pras minhas ofensas. — Sério Mel, você está bem? Porque eu ia sair com a Lily, mas posso facilmente desmarcar pra cuidar da minha irmãzinha. — encostei minha cabeça no ombro dele pra que Renato não visse minha careta em reação àquelas duas palavras: “Lily” e “irmãzinha”.

— Não sou sua irmã. — falei baixinho, apesar dos meus documentos de adoção gritarem o contrário.

— Vou tentar não me ofender por você ficar repetindo isso. Posso mesmo...

— Vai pro seu encontro Renato! Sai logo com aquela sua namoradinha e me deixa aqui com meu livro.

— Mel, qual o seu problema com a Lily? Ela é um amor de pessoa e te adora.

— Inveja. — sussurrei para mim mesma.

— O quê? — Droga, ele ouviu! — Você disse inveja? Você sabe que é também linda e não precisa...

— Não é disso que tenho inveja! Fala sério, você é cego? — eu não aguentava mais aquela situação.

— Ahn? — Ok, ele era cego! Mas já era tarde demais pra voltar atrás.

— Tenho inveja porque ela pode estar com você todos dias. Ela pode te abraçar, te beijar. Ela pode amar você sem ser condenada por isso.

— Você também pode. A gente mora na mesma casa, se vê todos os dias.

— Não como eu quero. — me levantei apertando o livro junto ao peito, mas senti quando sua mão me parou antes que pudesse ir mais adiante.

— Do que você tá falando?

— Ah Renato... De nós dois. Juntos. Não como irmãos. Não é possível que você nunca tenha notado como eu te olho nesse ano que a gente mora junto, mas eu não podia falar nada, eu ainda não posso. — respirei fundo antes de continuar, enquanto ele me olhava com a boca aberta. — Você é perfeito. É divertido, brincalhão, inteligente, carinhoso. Seu único defeito é ser meu irmão adotivo! — Ele franziu as sobrancelhas como sempre fazia quando estava confuso ou nervoso.

— Você quer dizer que...

— Estou apaixonada por você. Mas não importa, você é o filho biológico, eu seria jogada fora nessa história. E sei que você não sente o mesmo, então apenas esquece isso e vamos seguir em frente. — tentei fugir dali novamente, mas fui parada por suas mãos que seguraram meus ombros gentilmente nos deixando frente a frente.

— Você está errada.

— Eu repito isso pra mim todos os dias, não preciso da sua confirmação.

— Você está errada em achar que pode ser jogada fora. Nossos pais te amam como a mim! Você não é descartável Mel. — meus olhos se encheram de lágrimas. Lembrar de todos os três lares adotivos que eu passei depois que meus pais morreram em um acidente, e que para eles eu era sim descartável, ainda me fazia chorar.

— Mais um motivo para esquecer isso.

— E você está errada... sobre mim. — Renato mordeu o lábio e encarou a grama entre nossos pés. Aguardei uma explicação com meu coração retumbando a centenas de batimentos por segundos. — Sobre eu não sentir o mesmo. — ele falou com cuidado encarando meus olhos e foi minha vez de ficar de boca aberta.

— Renato, você está dizendo...

— Quando meus pais me disseram que iam adotar uma garota, imaginei uma pestinha que ia quebrar meu celular jogando no aquário, ou sei lá, e não uma garota linda e incrível como você. Tem sido muito difícil me segurar com você dormindo no quarto ao lado, mas eu fiz isso porque eles pareciam felizes e você também. Mas agora... Com você dizendo isso... — ele me olhou profundamente e deu mais um passo a frente. Por causa da nossa diferença de altura, tive que inclinar o pescoço em um ângulo de 45° para cima para poder olhá-lo. — Gosto de você Melanie.

— Como irmão? — perguntei ansiosa.

— Não. Não como irmão. — ele levou a mão direita até meu rosto e com os polegares começou a fazer círculos carinhosos na minha bochecha. Minha respiração começou a se acelerar quando vi ele aproximar seu rosto do meu. — Você já foi beijada Mel? — Renato perguntou com carinho e balancei a cabeça negativamente. — Eu posso beijar você? — soltei um murmuro afirmativo, já que aparentemente tinha perdido o dom da fala e com os olhos dele tão presos aos meus, nem que eu quisesse negaria qualquer coisa.

Renato finalizou a distância entre nossas bocas encostando nossos lábios de leve. O toque era macio e cuidadoso e tive que ficar na ponta dos pés para pode retribuí-lo, mesmo sem ter a mínima noção do que fazer com as mãos ou com a boca. Senti sua mão descer até minha cintura e me puxar mais para perto, colando nossos lábios com mais vigor, e me sustentando, já que minhas pernas também não estavam muito obedientes nessa manhã.

Quando abri minha boca para respirar, senti a língua dele acariciar meu lábio inferior pedindo passagem. Coloquei meus braços em torno do pescoço dele quando a língua quente de Renato encontrou a minha acariciando-a no início com cautela, para logo em seguida começar movimentos mais enérgicos que me davam arrepios e que eu tentava ao máximo repetir. O gosto da bala de menta do meu irmão estava por toda minha boca e eu só queria mais, cada vez mais...

Peraí, meu irmão?!

Usei minhas mãos para distanciá-lo de mim, que deu uma sugada no meu lábio inferior antes de se afastar.

— Seu nome e seus olhos são perfeitos pro seu gosto. Mel. — ele ronronou me arrepiando até a raiz dos cabelos.

— Não. — falei ofegante ainda com os olhos fechados.

— Não? Melanie, olha pra mim. — abri meus olhos quando ele ergueu meu queixo para encará-lo.

— A gente não pode Renato. Nossos pais não permitiriam e eu iria embora. Eu não posso ficar sem eles e sem você. Amo vocês.

— Também amo você. — ele me deu outro beijo, mas dessa vez foi rápido. — E não vou desistir da gente, tá escutando? Melanie, tá escutando? Melanie? — focalizei no presente novamente e lá estava ele me encarando e rindo. — Você viajou de novo. Onde vai essa cabecinha quando sai de órbita hein? Se for em algum cara, como irmão mais velho eu tenho o direito de saber! — ele me fez um cafuné.

— O que você estava dizendo? — desviei o assunto olhando ao redor para atestar que ainda estávamos do banquinho do parque. Soltei um suspiro pesado. Dessa vez tinha sido tão real...

— O livro. Perguntei se foi ele que tinha te feito chorar.

— Foi, foi o livro sim. — o livro e minha imaginação que me torturava diariamente com devaneios sobre meu irmão adotivo.

— Minha maninha tão linda e tão sensível. — ele envolveu seus braços em torno dos meus ombros me aconchegando em seu peito. — Vou te dar uns livros mais alegres, tudo pra te ver sorrir. — olhei para cima para encontrar seus olhos verdes sorrindo para mim.

Um celular começou a vibrar no bolso da calça dele, que me soltou para visualizar a mensagem.

— É a Lily, já está chegando ao cinema. Tem certeza que não quer vir com a gente, ela pediu para insistir até você aceitar.

— Não, pode ir. Vou ler a continuação desse.

— Pensei que esse livro não tivesse continuação.

— Tem sim. — menti.

— Mas qualquer coisa me liga que eu venho te buscar. E para de chorar por esses romances que não existem, ok? — ele beijou o topo da minha cabeça antes de entrar no carro estacionado logo ali.

Romances que não existem... Exatamente!

Quisera eu que minhas lágrimas fossem apenas por Hazel Grace e Augustus Waters. Esses dois estavam presos nas páginas do meu livro, enquanto meu real problema circulava despreocupadamente por minha casa, dormindo no quarto ao lado e ostentando orgulhosamente o título de meu irmão, sem ter a mínima noção do que eu sentia. Dos meus ciúmes da Lily, ou da minha inveja até do vento e do sol que podiam tocá-lo livremente, enquanto eu tinha que me conformar apenas com minha imaginação. Apesar das complicações disso, eu não podia deixar de pensar se eu não ocupava os sonhos ou os pensamentos dele, nem que por um segundo. Eu o queria, muito. Só não sei até quando eu poderia esconder isso.

One-shot baseada namúsica “Você pra sempre (Inveja)” de Sandy e Júnior.

Eu só quero estar, no teu pensamento

Dentro dos teus sonhos

E no teu olhar

*

Tenho que te amar

Só no meu silêncio

Num só pedacinho de mim

*

Eu daria tudo pra tocar você

Tudo pra te amar uma vez

*

Já me conformei

Vivo de imaginação

Só não posso mais esconder

*

Que eu tenho inveja do sol que pode ter aquecer

Que eu tenho inveja do vento que te toca

Tenho ciúmes de quem pode amar você

Quem pode ter você pra sempre.


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Notas finais do capítulo

Ah Sandy e Júnior... Saudades desse tempo!!! #MomentoNostalgia
Espero que tenha gostado!!!
Bjs*



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