^Manson Nightmare 'destransformado^

Mostrei ao Manson boa parte do colégio. Em cada cômodo tentei ser o mais breve possível, para acabar logo com aquilo. Agora estávamos na ponte que ligava um prédio ao outro, já que a Hunters&killers era composto de duas construções interligadas por duas pontes. O céu estava sustentando as milhares de estrelas cintilantes e ao longe pude escutar o som de um uivo alto. A vontade de estar nas caçadas atrás de lobisomens era muito grande, todavia no momento só podia degustar daquela brisa fresca da madrugada.

– Vamos parar o tour por um minuto – Sugeri. Manson concordou e se sentou no parapeito. Será que se eu o empurrar daqui ele morre?

– Vem aqui – Me pediu, fazendo um gesto com o dedo indicador. Suspirei e assim o fiz, parando bem a sua frente. Sentado ali, o vampirinho ficava com o rosto na altura do meu.

– Parece que vou ter de aturar-te por um longo tempo – Comentei, ele riu e enlaçou seus braços em torno do meu pescoço, me deixando totalmente sem jeito – Manson... – Tentei advertir.

– A esta distância, não seria difícil lhe roubar um beijo – Corei instantaneamente e desta vez tive mesmo de segurar as pontas antes de tomar uma de louco e jogá-lo andares a baixo.

– Você é uma peste mesmo... – Abaixei os olhos, enquanto os seus tinham aquele brilho pervertido.

– Já fui considerado coisa pior.

Ele me puxou para perto de si, tentei manter a minha cabeça no lugar, não querendo que aquela distância entre nós diminuísse mais ainda. Todavia acabei por ceder, misturando o ritmo de nossas respirações em uma só. Consegui ver suas presas afiadas perigosamente perto da minha boca. Tentei me afastar, porém seus braços eram fortes demais. Maldito seja quem deu essas forças sobrenaturais aos vampiros! Manson percebeu que eu recusava a continuar aquilo, porém como já era de se esperar, forçou mais ainda.

– Você não me escapa hoje, Demon – Ele murmurou fazendo com que eu sentisse meu sangue subir para minha cabeça, deixando as maçãs de meu rosto avermelhadas. Seu hálito gélido roçou em minha pele causando arrepios.

– Me solta Manson – Pedi, esforçando ao máximo para não gaguejar.

– ‘Nope. Essa noite você é meu! – Olhei abismado para ele. Não tive tempo para pensar ou reunir palavras para formar uma frase; Manson simplesmente fechou seus olhos escarlates e grudou seus lábios nos meus. De início arregalei os olhos com o susto, mas depois relaxei os músculos tensos. Era estranho beijar um garoto. Tá legal. Era muito estranho. Se bem que não era a primeira vez que eu fazia isso... Antes que você pense merda, eu não sou gay! Eu gosto de garotas. Daquelas com o corpo bem definido e ‘tals.

Ele se aprofundou mais e eu realmente não sabia como reagir. Era como se eu estivesse paralisado, incapaz de realizar qualquer ação. Foi quando ele pediu passagem que eu o empurrei com força, cambaleando alguns passos para trás. Cobri minha boca, escondendo uma expressão perplexa.

– Por que se afastou? – Indagou fazendo um biquinho infantil e descendo do parapeito.

– Por que eu me afastei? – Praticamente gritei essa parte – Manson, você é um garoto! E eu tenho cara de menina?

– Não, mas... – Desviou o olhar para o chão, como se ele fosse mais interessante que a nossa conversa – Não vejo o mal em gostar do mesmo sexo. E você também não via quando me beijou pela primeira vez.

– Isso faz muito tempo! Foi antes de tudo aquilo acontecer. Antes de você mentir para mim!

– Pensei que já tivesse superado isso...

– Mas não super... – Seus olhos se levantaram para fitar aos meus, estavam emareados com as lágrimas que se acumulavam. Suspirei pesarosamente, abaixando meu tom de voz – Vamos continuar a andar.

Mas que merda que eu disse?! Agora Manson parece que a qualquer momento iria começar a chorar. O que eu não queria de jeito nenhum, pois ele era muito escandaloso. Na verdade, mais se parecia com uma criança, tanto o corpo como o jeito de ser. Arg! Chega de pensar nele. Tudo que eu queria era uma alma feminina para disfarçar aquele gosto que se recusava a sumir.

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Magias estava escondida um canto escuro da floresta controlando até mesmo a sua respiração, cautelosa e disposta a não causar sequer um movimento errado. Observava suas presas. Três feiticeiros, sendo que duas eram do sexo feminino. O homem parecia ser o mais velho, usava um estranho manto azul-marinho e segurava um cajado de madeira escura e arranhada, sem contar os inúmeros anéis presentes em praticamente todos os dedos de sua mão. Cabelos grisalhos não escondiam sua idade, eram compridos até abaixo dos ombros descendo em cascatas onduladas.

Uma das feiticeiras não deveria ter mais do que a idade de Katherine Megias. Tinha cabelos curtos e escuros, porém o que mais chamava a atenção era a cor de seus olhos. Uma mistura de degrade do vermelho para um tom de roxo.

E por último havia uma mulher na casa dos trinta anos de idade. Pela expressão fechada a jovem aluna da Hunters&killers deduziu que aquela feiticeira era do tipo mal-humorada. Tinha a boca fina em linha reta, levemente inclinada para baixo. Olhos claros e cabelos com cachos grandes. Notara que os três usavam colares parecidos, mas de cores diferentes compostos de: laranja, verde e roxo.

Megias ouviu um baixo cantarolar ao seu lado da música This Is Halloween de Marylin Mason. Olhou irritada para a menor ao seu lado, Halloween Doll entendeu o recado e parou na hora, mesmo que não tivesse notado quando começara a cantarolar. Desviou o olhar, envergonhada; mexendo nos cabelos cor-de-rosa.

– Tem certeza que encontraremos alguém para matar aqui, Trent? – Perguntou a feiticeira de cabelos curtos para o homem.

– Estou te falando. Venho andando por aqui há dias. Já vi muitos caçadores nessa área – Respondeu Trent com sua voz grave.

– Estamos a menos de um quilometro de um colégio para caçadores, é mais que provável que eles cacem por aqui – Disse a outra mulher como se fizesse pouco caso ao assunto.

– De qualquer forma, não podemos nos atrasar para o encontro da Lua Vermelha.

– Esqueça isso Lilith – Trent começou a brincar com os anéis em seus dedos, girando-os em torno destes – É hora de nos divertir, largue por um instante essas preocupações.

Magias se preparava para se revelar, saindo do esconderijo e dando um ataque surpresa e sem piedade, todavia a curiosidade a prendeu por mais um instante. Annie ao seu lado só ficava na espera, deixando a ansiedade dentro de si crescer à medida que os segundos passavam.

– Diana, explica para ele que a Lua Vermelha só ocorre a cada um mês e juramos comparecer a cada evento? – A morena Lilith colocou as mãos na cintura, mirando a feiticeira mais velha.

– Fale você mesma. Tem boca para isso, não? – Respondeu indiferente, prestando atenção em cada mínimo detalhe ao seu redor. A menor bufou – Mas Lilith tem razão, Trent. Juramos comparecer em todos os eventos, selando a promessa com estes colares. Ou acha que eu uso uma coisa dessas por vontade própria?

Halloween Doll não conseguiu esperar mais um segundo sequer, imediatamente começou a atirar bolas de magia na direção do trio. Katherine olhou-a rapidamente, incrédula. Não era do jeito que ela faria normalmente. Uma das bolas da mais nova conseguiu partir uma árvore, fazendo com que esta caísse. O trio de feiticeiros desviou, e começaram a correr em direções diferentes.

– DROGA BLANC! – Magias esbravejou, correndo atrás de Lilith, com a esperança de conseguir alcançá-la para depois encerrar a carreira de feiticeira da morena.

Annie demorou um pouco para processar o que acabara de acontecer, mas não demorou muito para se por em ação, perseguindo a suposta Diana.

Enquanto Katherine tentava não deixar com que a outra escapasse de sua visão periférica, sentia o colar em forma de guepardo dado pela sua prima Jadelynn pular em volta de seu pescoço. Nunca se separara dele desde o dia em que o ganhou.

Até que de repente parou, ofegante. Não importava para onde olhava, não encontrava a maldita feiticeira Effusus. Porém não deixou o desespero de encontra-la transparecer, afinal, queria avistá-la antes que esta a atacasse primeiro. Sabia que Lilith estava a observando escondida naquele instante, sentia isso. Deveria estar nos galhos de alguma árvore em torno dela, fugindo de seus atentos olhos. Para o espanto da morena, Magias gargalhou:

– Eu sei que você está aí. Vamos, apareça para me enfrentar cara a cara!

Escutou um “Tsc!” de deboche vindo de sua rival e isso a alegrou, logo Lilith pulara da copa de alguma árvore, caindo bem em frente a ela.

– Está me desafiando caçadora? – Sibilou a mais baixa, cerrando os punhos.

– Interprete como quiser – Deu de ombros.

Nessa hora Lilith atacou-a com bolas de fogo, Magias desviara de todas as três tentativas fazendo com que as folhas secas do chão e os troncos das árvores entrassem em chamas. Katherine apagou tudo usando os mesmos poderes elementares. Disse com sarcasmo:

– Não lhe ensinaram que devemos cuidar da natureza?

– Tsc! – Lilith não parou por um segundo no mesmo lugar, atirando o que tinha continuamente. Todavia não demorou até que as suas magias se esgotassem temporariamente. Olhou perplexa para suas próprias mãos, que saiam um pouco de fumaça.

– Finalmente apagou o fogo do rabo? Posso mostrar o que eu tenho?

Criara uma ilusão na mente da morena dos olhos chamativos; uma das suas habilidades especiais. Tentou fazer com que a menor visse ser presa por correntes e ficando sem movimentos – Com sucesso. Lilith caiu no chão como se realmente estivesse presa, debatendo sobre a terra úmida com os braços grudados ao corpo. Magias se aproximou da garota, inclinado seu corpo para perto desta.

– Mas que belos olhos você tem... Pena que os mortos não precisam deles. Poderia me dá-los?

Esticou a mão até um de seus globos oculares e o grito de dor de Lilith pôde ser ouvido pela floresta inteira.

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Halloween Doll não conseguia fazer nada sem chamar muita atenção e por todo o lugar que passava em suas caçadas, acabava destruindo a tudo. Porém desta vez... Foi a mesma coisa. Diana era inteligente e experiente, todavia seus poderes não causavam tato dano, deixando as vantagens da mais nova, equilibradas.

Uma bomba em forma de abóbora de Halloween armada por ela não foi o suficiente para matar a feiticeira rival. Já irritada, acabou usando sua foice para decapitar a mais velha. O sangue escuro manchara os tons de marrom e laranja das folhas caídas, tingindo-as.

Imaginou que tivesse tempo de sobra para conseguir caçar Trent. Seguiu rastros deixados por ele, mas não antes de apanhar aquele estranho colar.

No meio da correria, alguém ou algo pulou em cima dela, fazendo com que ambos os corpos rolassem no solo. Halloween deixou que um grito escapasse.

– Annie? Mas que droga! – A voz de Magias fora música para seus ouvidos.

– Droga eu quem digo – Resmungou baixo.

– Rápido! Não podemos deixar aquele Effusus escapar.

Voltaram à trilha juntas, correndo quase que paralelamente. Um único objetivo em ambas as mentes. Após longos e intensos minutos de correria sem fim, Magias parecera desistir; encostando-se a uma árvore para respirar.

– O que foi? – Halloween Doll indagou ofegante.

– O perdemos. E não podemos nos afastar da Hunters&killers mais. São as regras.

A mais nova percebeu que não teria opção. Com um pesaroso suspiro acompanhou a colega de volta ao colégio, porém sempre repetindo a si mesma que mataria o tal feiticeiro da maneira mais dolorosa possível.