P. O. V. Luna
–Lílian Evans. -Murmurei. Draco permaneceu atônito, o que fez com que eu emendasse: -A mãe do Harry.
O garoto franziu o cenho violentamente e voltou a olhar para o retrato, incrédulo.
–Não é possível. Snape odeia o Potter! -Retruca.
Sinto as bochechas corando com os pequenos furos na minha teoria.
–É, eu sei. Mas eu vi uma foto dessa mulher no escritório do Slughorn, ou de alguém muito parecida. Ela era meio que um prodígio, o que a classifica na prateleira de honra do professor... -Comentei, tentando parecer mais lógica.
Draco permanecia desconfiado, uma sobrancelha erguida enquanto ainda analisava a foto de Snape.
–A garota realmente tem os olhos de Potter. -Concluiu por fim, suspirando. -O que isso significa, caso seja verdade?
–É nisso que devemos pensar. -Soltei pacientemente o ar, desmotivada e com sono.
Draco me encarou por alguns instantes e eu tive tempo para fitá-lo também, desde os cabelos que com o passar do tempo ficavam cada vez mais bagunçados e autênticos até os minúsculos pigmentos cor de safira que salpicavam o cinza de seus olhos ao redor das pupilas.
–Eu acho que Snape é um duas caras mentiroso. -Concluiu por fim Draco, a voz arrastada e cheia de repulsa. -Todo mundo sabe que o Lorde das Trevas matou os pais do Harry.
Isso fez com que uma luz se acendesse dentro da minha cabeça.
–É possível que Snape não seja leal à Você-Sabe-Quem? -Murmurei, me aproximando mais de Draco para ter certeza de que ninguém jamais escutaria nossas conspirações.
Ele encarou meus olhos por alguns segundos antes de anuir com a cabeça.
–Minha mãe e meu pai vivem discutindo a probabilidade de Severo ser um "rato traidor". Afinal, Dumbleodore confia nele plenamente, e o Prof. não é nenhum idiota. -Ele divagava em murmúrios lentamente, como se juntasse as peças de um quebra-cabeça.
–Acho que você devia deixar que Snape te ajudasse a sair dessa. -Conclui fitando os olhos de Draco.
Ele balançou a cabeça com desprezo.
–Esse babaca só quer o reconhecimento.
–Você quer o reconhecimento? -Indaguei irritada.
Draco pareceu constrangido, colocando o braço para trás a fim de afastar a gola da blusa por causa do seu hábito nervoso.
–Luna, eu preciso disso para os meus pais. Eles têm que ficar orgulhosos... -Ele parecia medir as palavras, sem-graça.
–Você não tem que os fazer orgulhosos. Tem que sair dessa sem matar ninguém, ouviu? -Aperto com mais força a mão dele, entrelaçada na minha.
Draco pigarreia com um sorriso amargo no rosto.
–É muito complicado, Lovegood.
–Vá falar com o Snape amanhã de manhã.
–Ou o que? -Ele soltou minha mão e se apoiou na grama para sentar.
–Ou vou eu. -Completei.
Draco franziu o cenho e torceu os lábios. Suas mãos fecharam-se em punhos e eu senti o estômago revirando em cambalhotas quando chutou a relva, fazendo um tufo de grama e terra voar.
–Mas que merda, Luna. -Ele encolheu as pernas e apoiou os antebraços nos joelhos.
–Me desculpe. Eu só quero fazer o que acho que é o melhor e você nunca me escuta! Mas se você quiser servir ao Você-Sabe-Quem, o que eu posso fazer? -Completei, irônica e impaciente. Me ergui e tentei virar seu maxilar para mim: Ele não me encarava.
–Não. -Respondeu, seco.
–Então! Temos alguma chance que implica Snape sendo infiel ao Você-sabe-Quem...
–Eu nunca poderia admitir ao Prof. que não quero servir ao Lorde. -Resmungou Draco, ainda não me fitando.
Bufei alto e me joguei novamente na relva, olhando para o céu em rendimento.
–Se resolva então. -Retruquei fechando os olhos.
Foi quando senti os lábios macios dele no meu nariz e meu fôlego se foi com uma lufada de ar. Por Merlin, eu jamais conseguiria me acostumar com aquilo. Draco partiu então para a minha boca, me beijando suavemente enquanto passeava as mãos por minha cintura e se largava ao meu lado, me puxando para si. O beijo se intensifica com nossa proximidade, Draco prensando o corpo contra o meu e anulando a distância entre nós. Enlacei os dedos nos passadores laterais de sua calça enquanto descansava a cabeça sob seu queixo, minha respiração esquentando seu pescoço.
–Eu prometo te contar tudo, Lovegood. -Murmurou por fim, os dedos dele passeando por minha nuca e brincando com mechas de cabelo. Aquilo me dava arrepios por toda a extensão do corpo, enevoando minha mente e me fazendo arfar.
–Eu não quero só que me conte tudo. Quero que me leve à sério. -Admiti, meus lábios quase tocando seu pescoço enquanto falava. -Apenas considere meus planos também, Malfoy.
Ele suspirou, o movimento em minha nuca se tornando mais lento.

–Tudo bem, eu falo com o Snape amanhã. -Concluiu, contrariado.
Sorri e me encolhi mais no calor de seu corpo.
–Certo. Eu vou pesquisar mais. E você me mantenha informada! -Pedi, minha respiração em seu pescoço o fazendo tremer.
Ele apenas anuiu com a cabeça.
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Um dia havia se passado desde o encontro com Draco na orla do lago e eu ainda conseguia sentir suas mãos por meu corpo. Ainda não sabia como havia sido a conversa dele com o Snape, mas esperava que tivesse sido boa e ele tivesse bastante informação para compartilhar num próximo encontro.
Estava andando pelos corredores de Hogwarts após uma aula particularmente desgastante de Poções quando um Neville eufórico veio marchando na minha direção, me encarando fixamente de longe.
–Luna. -Chamou quando parou a meio metro de mim.
–Sim, Neville? -Mal consegui conter minha felicidade por ele estar falando comigo.
–Me desculpe por agir como um babaca. -Ele olhava para os sapatos. -Ainda quero ser seu amigo. -Completou constrangido.
Alarguei meu sorriso enquanto abraçava Neville.
–Claro. Isso é ótimo. -Disse sentindo seus braços me envolverem.
Quando nos soltamos, ele sustentava uma expressão de alívio.
–Obrigado, Luna.
Franzi a sobrancelha, confusa.
–Não tem que agradecer. Eu te amo. Como amigo. -Emendei a última frase rapidamente.
–Eu sei. Também te amo, Lovegood. -Ele corava violentamente.
Sorri apertando seu ombro carinhosamente.
–É ótimo falar com você de novo.

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