Quando acordei vi que estava na sala assim como Luna e Ella. Levantei-me e decidi tomar uma ducha e colocar uma roupa que eu usaria em um final de semana em casa.

Terminei o banho e coloquei um shorts e uma regata. Fui em direção cozinha preparar algo para mim e para as meninas quando elas acordarem.

Como elas estavam demorando para acordar resolvi dar uma caminhada em uma das trilhas que passava pelo meio da floresta; mesmo que Hayley disse que não era para andar pela floresta sem um dos responsáveis eu queria explorar aquele lugar afinal quando estava me sentindo triste ou coisa do tipo gostava de andar pela mata que existia perto de casa, eu me sentia livre quando estava em contato com a natureza e eu precisava disso nesse momento.

Quando comecei adentrar na floresta o ar começou a ficar mais puro e refrescante. Eu andava como se já conhecesse o lugar. Antes de sair eu peguei meu caderno e o diário com a intenção de desenhar e colocar em dia os meus sentimentos.

Quando cheguei perto de um riacho me sentei próxima as pedras e comecei a escrever enquanto uma brisa fresca batia em meu rosto.

No momento em que abri o diário minha respiração quase parou; a primeira folha onde eu havia começado a escrever estava respingos de sangue e a marca ensanguentada de minha mão, e foi ai que as imagens que aparentemente havia esquecido do acidente vieram a tona à minha mente, “eu abrindo os olhos, o motorista com um corte na cabeça e jogado para cima do volante, minha mãe chorando e segurando meu braço dizendo algo que eu não conseguia compreender, olhei para frente e vi meu pai ensanguentado olhando para mim, seus olhos se focaram nos meus e pude ver sua boca formar as palavras “eu te amo” antes que ele desmaiasse, senti pânico me dominar, virei a cabeça até enxergar o caminhão que estava rodeado de uma densa fumaça e pude ver dois pequenos olhos vermelhos e uma explosão, foi ai que eu apaguei novamente”.

ao retirar minha consciência da cena horrível percebi que lagrimas saiam descontroladas de meu rosto; respirei fundo e lembrei que meus pai estariam num lugar melhor e que era melhor tentar seguir em frente por mais difícil que seja.

Limpei minhas lagrimas, pulei a pagina que continha as más lembranças e comecei a escrever tudo o que havia acontecido comigo até agora.

Estava quase terminando meu relato quando ouvi vozes. Levantei-me apressada lembrando que não deveria estar ali, corri para os arbustos mais próximos e me escondi esperando os donos das vozes passarem. Um movimento do outro lado da margem me chamou atenção quando um grupo de adolescentes com blusas rasgadas saiam da mata, estreitei o olhar e vi Lucas vindo da direção oposta em direção a eles e reparei que Finn, Adam, Matt e Jer estavam entre o grupo.

–fala Lucas – disse Adam – você devia ter ido com a gente, faz tempo que você não corre.

“ ah por que correr deixa parecendo que você foi espancado né ” pensei enquanto os observava.

– A cara você sabe que não to mais me transformando né.

“ se transformando? O que? Que porra é essa”

– desde o acidente você acha que vai se descontrolar e sair decapitando as pessoas – zuou Finn

“acidente?!”

– se liga, eles me prenderam em uma jaula dentro de um caminhão – disse Lucas já se irritando.

– por isso mesmo você se irritou – falou Adam com uma voz de sabe tudo fazendo Lucas fechar a cara – ou seja, você se descontrolou, não significa que tem que parar de correr.

– relaxa povo – disse uma garota loira e esbelta – ele vai correr quando estiver pronto, né Luquinhas?!

Ela saiu andando e deixou todos àqueles babacas que caíram no charme de uma piranha de roupas rasgadas babando.

– Lucas você tem muita sorte cara.

– Como assim sorte?

– ué, daqui a algumas semanas você vai ter que escolher uma noiva, e Clarcke cabo de dar em cima de você.

“ que ótimo o cara com quem eu perdi meu BV vai se tornar noivo e tem chuva de piranha em cima dele.”

– nem me lembre – disse Lucas com uma voz tristonha.

– por que a tristeza cara?

– por quê? – esbravejou Lucas – 1° eu mal consigo me controlar, 2° eu matei 4 pessoas e 3° a menina que talvez fosse aquela que quero ficar por toda minha vida vai me odiar para o resto da vida além de ser errado eu ficar com ela.

Lucas tinha a respiração acelerada e os olhos marejados de tristeza e de ódio, ele abaixou a cabeça enquanto Adam e Finn se desculpavam e seguiam com ele de volta para o acampamento.

Eu ainda estava escondida e minha cabeça estava a milhões.

“como assim ele matou quatro pessoas, e o que o caminhão tem a ver com isso?... não pode ser verdade... não é, tem que não ser... e porque casar se mesmo que esta estampada na cara que não quer...”.

Suspirei e resolvi voltar para o dormitório.

.oo0oo.

Já era hora do almoço; eu e as meninas seguimos para o refeitório.

Chegando lá escolhemos uma mesa e esperamos o resto da cambada chegar. Minutos depois que havíamos sentado Lucas e os meninos chegaram, ele sorriu e acenou e eu fiz o mesmo

O resto do dia, ou melhor, do final de semana foi incrivelmente entediante além de estar chovendo.

.oo0oo.

Para melhorar a minha vida as aulas no acampamento começavam hoje. Nossos uniformes eram básico tanto para as meninas quanto para os meninos, eram calças de estampa militar ou um shorts ciclista preto ou com a mesma estampa, as blusas eram regatas da cor que preferissem.

Eu e as meninas tomamos café e saímos, fomos em direção à um quadro que estava com os nomes e os horários.

– Gente não ficamos nenhuma na mesma sala, que macumba –

Indagou Luna indignada.

– Que pena, mas enfim, acho melhor irmos antes que percamos as aulas.

Cada uma foi em direção à sua respectiva sala, a minha primeira aula era de opinião natural era a aula mais tosca que já tinha visto você fica refletindo sobre a natureza; isso era ridículo por que iriam ensinar essa merda que não ia mudar nada na minha vida.

– Bom dia meus demôninhos – entrou uma mulher alta e robusta, de lábios rubros pele escura e cabelos pretos e seus olhos eram de uma cor meio bege meio mel, não pude identificar direito a cor, mas sei que eram muito bonitos– Hoje vamos ver a capacidade de vocês de se relacionar com os elementos.

Ela nos entregou uma folha e um pequeno estojo para cada aluno, nela estavam escritos os nomes dos quatro elementos, ela também deu uma breve explicação e já tivemos que começar a escrever.

“coloque suas opiniões sobre os respectivos elementos e marque o que mais lhe agrada.”

Comecei a escrever.

“ água: a água é o que nos “dá” a vida e nos mantém vivos sem ela seriamos incapazes de sobreviver, mas ela também pode ser um meio de destruição, sua força pode inundar e retirar a vida que é nos dada.

Ar/vento: é o que nos ajuda á sobreviver e sem ele seriamos nada, mas ele também possibilita a utilização da biologia para a propagação de doenças e sua força também pode acabar com nossa vida.

Terra: é o que nos dá alimentos e sem ela estaríamos flutuando sem rumo ou algo do gênero, e sua força pode também tirar a vida.

Fogo: seu brilho nos ajuda a enxergar e seu calor nos mantém aquecido, muitos não vem mais ele possui beleza em seu brilho e cores, ele parece um elemento vivo por causa de seus movimentos porém sem consciência, como os outros elementos ele também causa destruição e uma das piores, incêndio e queimadas, explosões e outras coisas pelo descuido de como é manuseado.

No geral acredito que o que mais me agrada é o fogo, ele pode ser quente e intocável mas o vejo como uma beleza que não foi totalmente descoberta.”

Quando todos haviam terminado de escrever saímos da sala e fomos para a próxima aula.

.oo0oo.

A semana passou mais rápido do que o esperado, eu conheci melhor minhas colegas , elas são muito engraçadas e com aquela coisa de ironia ; Lucas sumiu, não vi ele desde o final de semana, por um lado achei bom porque não sei se conseguiria segurar minhas perguntas por causa da coisa do acidente e que matou quatro pessoas. Durante a semana Mickael me ligou algumas vezes perguntando se eu estava bem e como estava sendo o acampamento.

Hoje já era domingo de novo, dia do meu aniversário, eu estava completando 18 anos era tipo a melhor coisa que existe você finalmente poder ser responsável por si mesma. Meu celular não parava de avisar que estava recebendo mensagens, praticamente todos que eu conhecia estava me mandando parabéns.

Bateram na porta e eu fui abri-la. Hayley estava lá com seu meio sorriso como de costume.

–Parabéns Clara, muitas felicidades.

– Obrigada –sorri

– Posso entrar?

– Pode sim

Ela entrou e se sentou em um sofá. Eu a as meninas também sentamos e esperamos que ela falasse algo.

– Meninas hoje formarão um grupo com os novatos que estão aqui a menos de um mês. Nós iremos mostrar o objetivo de estarem aqui –todas bateram palmas animadas –faremos uma trilha ao anoitecer e esperamos que se mantenham juntas não importa o que aconteça, ok?

– ok! –respondemos com sorrisos.

.oo0oo.

Já estávamos indo em direção ao local por onde começaríamos a trilha.

Passamos perto da casa de Carlos, e o ouvi conversando com alguém.

– Essa será uma semana difícil para os novatos, será lua cheia e você deve ir como um guia para os novos transformos.

– Mas e se eu perder o controle de novo –reconheci aquela voz, era Lucas –se eu machucar mais alguém não sei o que serei capaz de fazer comigo, nunca iria me perdoar.

– você vai e sem discussão além de que nessa semana teremos a lua de sangue e é o momento de você escolher uma pretendente para te ajudar a comandar.

– essas regras são escrotas, e ser obrigado a seguir elas mais ainda.

De repente silencio. Continuei a andar e minutos depois já estávamos com Hayley iniciando nossa caminhada.