Ele estava sendo perseguido.

Samuelapertou o passo na praça aberta. O sol da manhã já calcinava as pedras da praça, e a multidão usual de turistas procurava lugares protegidos do sol ou abarrotava a sorveteria que ficava a sombra da basílica de São Marcos. Porém, o mais grandioso de todos os pontos de referencia em Veneza, com sua altíssima fachada bizantina, cavalos de bronze maciço e cúpulas abobadas, não era o seu destino.

Só havia uma esperança.

Seus passos ficaram mais rápidos depois que ele passou pela basílica. Os pombos da praça se dispersavam à medida que ele tropeçava no meio deles, indiferente ao seu voo agitado. Ele não podia mais se esconder. Já fora descoberto.

Não tivera escolha.

Lágrimas ameaçavam escorrer de seus olhos enquanto ele corria com um soluço preso na garganta.

Não tivera escolha.

Segurando com força o objeto, ele atravesso a rua aos tropeções.

Correu na direção das sombras protetoras, escapando da intensa luz do sol e do clarão do mar ali próximo. Ele precisava perder-se no labirinto do palácio.

Quando entrou embaixo do trecho suspenso da loggia, ele se permitiu um pequeno suspiro de alívio. Conhecia bem o palácio. Era fácil perder-se em seu labirinto de corredores, um lugar oportuno para um encontro clandestino.

Ou era nisso que ele confiava.

Samuel entrou em uma sala escura, que percebeu ser completamente fechada tarde demais.

Ele sacou sua arma, liberando a trava e pronto para atirar.

- Samuel....

Ele se virou e observou o homem. Com olhos verdes espertos e sagazes, Samuel sabia que o homem não o deixaria sair vivo dali.

-Por favor, apenas me entregue isto....- o homem ofegou.

- Me....obrigue...... – ele grunhiu.

-Eu não queria ter que fazer isso, mas você não me dá escolha.

E então, ele puxou o gatilho.