The Color of the Hero escrita por Akanees


Capítulo 1
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente o/ Sei que eu disse que a próxima seria MaryxSeto, mas não pude resistir. ShinAya é vida!
De qualquer forma, como essa história começa no fim da última, é legal lê-la antes, mas não é obrigatório. Como a primeira só tem míseras 604 palavras, eu acho que não custa nada, mas é com vocês.
Bem, espero que gostem! Enjoy it (=w=)/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/523270/chapter/1

Assim que chegou do lado de fora, a garota com o cachecol pegou o celular que haviam lhe dado, discando distraidamente um número.

– Alô, Ayano? - A voz de Shintaro disse do outro lado da linha.

"Espera, Shintaro?" a garota pensou, dando um pulo sozinha, muito vermelha, na noite iluminada pelos postes e também pelas estrelas.

Estava tão distraída que discara o número inconscientemente.

Ela deveria ter ligado para Takane. Espera, ela tinha o número de Takane?

– Alô? Ayano? Alôo? - Repetia Shintaro.

– Ah, ah, desculpa, eu... - A garota gaguejou, vermelha. Então tomou uma decisão, e continuou com a voz mais firme - Tudo bem se eu for na sua casa agora?

– Hã?

*

Na sala onde as três figuras sentadas no sofá se encontravam, a menina terminou de explicar sua história.

– Ah, então a líder e o Kano se acertaram, huh? De algum modo não estou surpresa - Momo riu. - De qualquer forma, você tem sorte. Nossos pais não estão em casa hoje, então é claro que você pode dormir aqui. Vou arrumar um futon no meu quarto agora mesmo... - A garota subiu alegremente cantarolando pelas escadas.

– Ela é tão animada- Ayano sorriu enquanto seu olhar seguia a garota mais nova.

Então, ela se virou para Shintaro.

O modo como o garoto encarava ela desde que havia chegado não exatamente a incomodava, mas talvez, preocupasse um pouco.

– Desculpe pelo incômodo.

O garoto piscou e balançou a cabeça, como se saindo de um transe.

– Hã...? Hã, não, você não me incomoda. - Ele olhou um pouco pra baixo enquanto dizia em volume mínimo - Você realmente... Nunca me incomodou.

Com a garota ainda o encarando, ele balançou a cabeça novamente, com mais força.

– Afinal, por que aqui? Por que você não vai para a sua antiga casa?

A garota evitou o olhar do garoto enquanto falava baixo:

– Eu... estou sem a chave. Eu deixei a chave com eles e estou sem minha cópia...

– QUÊ? - Shintaro usou um tom de reprovação - Como você pode esquecer algo assim? Ayano...

– Não é assim, okay? - A garota choramingou - Eu apenas não pensei... - Ela tentou se defender em vão.

– De qualquer forma, por que você é sempre assim? Você é cruel...

– E você é tão Ayano...!

– Não diga isso como se fosse uma ofensa...!

Um segundo de silêncio onde a garota de bico e o garoto ríspido se encararam.

Então, os dois riram da cena.

– Nada muda de verdade, não é? - Eles riram.

Então, os dois se olharam alguns segundos.

– Ei... - os dois disseram ao mesmo tempo.

– Ah, o que foi? - A garota perguntou.

– Nada... - O garoto desviou o olhar.

Antes que algo a mais pudesse ser dito, uma pulante Momo chegou na sala.

– Bem, tudo pronto! Ei, vamos tomar banho juntas, Ayano! Onii-chan, pervertido, fique longe, okay?~~

– Hey, quando é que eu tentaria algo, sua- O garoto foi interrompido enquanto a irmã puxava a convidada da sala.

– Vamos lá...! ~

– Eu juro, ela é assim por ficar com a Ene por muito tempo... - Ele suspirou sozinho, enquanto se apoiava na cadeira mais próxima. - Ou com a Takane...

Memórias daquele tempo voltaram no rapaz. Um senpai frágil e sorridente, que estava sempre comendo, e sempre acompanhado de uma garota irritante e barulhenta. Uma garota sorridente e que sempre o puxava pela mão...

O garoto solitário apertou a cadeira com mais força.

*

A garota loira agora esfregava o cabelo da outra.

– Massagem, massagem... Seu cabelo realmente vai estar lindo depois disso- A garota sorria.

– Momo, tem certeza de que isso é necessário?

– Os cuidados com a beleza são sempre necessários para uma garota!

As garotas riram.

Mudando o clima de repente, a mais nova chama:

– Hey, Ayano?

– Sim? - A garota respondeu, ainda sem poder virar para ver o rosto da mais nova.

– Sobre o onii-chan...

– Sim? - a garota repetiu.

– Sabe, quando tudo aconteceu... você sabe, quando você...

– Eu sei...

– Bem, o modo como ele lidou com isso... Naquela época, ele realmente...

– Eu sei.

– Naquela época, eu via vocês andando juntos, eu sei como ele a tratava, mas... Mas, por favor...- A garota se atropelava, e parou de massagear o cabelo da primeira o que a fez virar para ver seu rosto. Ela lutava com as lágrimas.

A mais velha rapidamente virou-se, arregalando os olhos enquanto via a outra sentada de joelhos, com as lágrimas caindo com a cabeça abaixada.

– Momo?

– P-por favor, o perdoe por tudo. Por favor, permaneça ao lado do Onii-chan... Não deixe... Não deixe que aquilo aconteça de novo...

– Momo! - Ayano a abraçou.

– Por favor...

– Eu... também costumava pedir desculpas pelo Shintaro antigamente - Ela contou, em tom paciente - Aquele um, será que nunca vai tomar jeito?

– Ayano?

– Eu vou estar aqui. Eu vou estar aqui mesmo se ele não tomar. Eu vou estar aqui e vou continuar tentando. Eu juro... Eu... - Ayano também chorava. - Eu... Tudo que eu queria era poder estar aqui antes... E agora... Finalmente...

Momo acenou com a cabeça, como se entendesse o que a outra gaguejava.

*

Algum tempo depois da cena no banheiro, quando as duas meninas passavam pelo corredor em direção ao quarto quando a figura de um rapaz entrando em seu quarto se fez presente.

Vestido com um pijama formado por uma calça cinza e camiseta preta de algodão, o garoto parecia ter acabado de sair do banho.

– Ah, vocês já estão indo dormir? - O garoto perguntou enquanto secava os cabelos negros com uma toalha. Então, corou de leve.

Mas, sem dúvidas, o rosto mais corado era o da menina de cabelo castanho.

Ela olhou pra baixo.

– Ah, sim, boa noite, onii-chan...- Disse entrando, aparentemente distraída com uma mensagem de celular.

A garota de cabelos castanhos continuou parada, enquanto era encarada pelo rapaz.

Sentia-se cada vez mais embaraçada.

– Ah, a Momo me emprestou isso por hoje... - Ela se referiu ao conjunto curto de pijama de algodão preto, que era formado por basicamente uma blusa simples de alça de renda e um short curto e larguinho. - Mesmo que seja mais curto do que o que eu estou acostumada... -Disse em um tom mais baixo.

Quando o silêncio que se seguiu parecia desconfortável, a menina deu uma risada de nervoso.

– Ah, ah, acho que vou entrar, boa noite... - Ela foi impedida por uma mão que segurava seu braço repentinamente.

– Ayano!

– Ah, o que foi, Shintaro? - A menina perguntou inocentemente.

O garoto desviou o olhar, ainda sem soltá-la, e corou por um instante.

– Não... Não é nada... - Ele soltou seu braço. - Me desculpe.

– Huh? - A menina inclinou um pouco a cabeça- O que você...

– Boa noite, Ayano! - O garoto entrou rapidamente em seu quarto.

– Huh? - A garota ainda continuou na mesma posição por alguns segundos antes de entrar.

A garota entrou em seu quarto, ainda refletindo sobre o que acabara de presenciar, e, envergonhada, não podendo deixar de reparar também, que o garoto tinha um cheiro muito bom assim, recém-saído do banho.

Momo, totalmente fora de sintonia com o clima atual, balançava os pés sentada na cama, ainda segurando o celular.

– Era a Takane. Ela disse que estava com as suas chaves e avisou que ia passar a noite na sua casa. Eu avisei que você passaria a noite aqui, e ela não tinha que te esperar.

– Ah, okay... Eu vou para casa amanhã bem cedo. Quero colocar minha antiga casa em ordem e ver como está a Takane...

– Okay!~~ - Momo parecia alegre.

Enquanto as duas meninas conversavam, o garoto no quarto ao lado estava sentado com sua cabeça entre os joelhos.

*

Sem conseguir dormir, a garota saiu do quarto de Momo em direção ao andar debaixo durante a noite.

Calmamente, serviu-se de uma copo d'água e sentou-se na bancada.

Enquanto isso, o garoto de familiares olheiras entrava na cozinha escura, fazendo o mesmo trajeto, sem, entretanto, perceber sua presença ali.

Enquanto fechava a geladeira com sua Coca, a menina perguntou calmamente:

– Não consegue dormir?

O garoto gritou enquanto derrubava a lata.

– Mais baixo, Shintaro! Você vai acabar acordando sua irmã!

– Então não me apareça assim, Ayano! - Disse num tom pouco controlado, entretanto, num volume mais baixo. - Você quer me matar do coração.

– Eu estava aqui o tempo todo, você que não me viu - A garota riu baixo.

O garoto fez uma careta enquanto abria a lata de refrigerante que havia caído de suas mãos.

Normalmente, você espera que um gênio-prodígio não faça algo assim, mas se deve dar um desconto quando esse alguém está sendo distraído por uma risada daquelas.

Quando o refrigerante atingiu o rosto do garoto, a garota acabou rindo um pouco mais alto.

O garoto ficou inexpressivo encarando a lata na sua mão por um instante, como se perguntasse mentalmente "Você está zoando da minha cara, não está?"

A garota pegou um pano e se aproximou dele.

– Vem cá, deixa eu limpar isso.

– N-não precisa... - O garoto corou enquanto desviava o olhar.

Então, enquanto a menina secava seu rosto, seu olhar se encontrou com o dela por um instante.

– Ah. - A menina derrubou o pano.

O garoto rapidamente apanhou-se para pegar e o colocou em um canto qualquer do balcão, enquanto pegava outra Coca com um suspiro.

– Vem.

Os dois se sentaram no sofá da sala, sem se olhar nos olhos nem mesmo uma única vez.

– Tem duas cocas.

– Muito bem observado. - O garoto respondeu, seco. Então pareceu gentil - Pode ficar com uma.

– Ah... Não, obrigada. Hoje eu vou ficar só com água mesmo - A garota sorriu, ainda segurando o copo.

O garoto soltou uma longa respiração.

– Momo dorme feito uma pedra mesmo... Como ela não acordou?

Ayano riu.

– Ela é mesmo uma boa garota, huh? Foi muito gentil comigo, desde o começo...

Diferente do silêncio de antes, o de agora, apesar de tudo, não era exatamente desconfortável.

– Ei - Os dois disseram ao mesmo tempo.

– Diz você... - Shintaro olhou a menina.

– Não, não, é... - A garota esfregava um braço. Então pôs o copo na mesa.

– Ei, Shintaro...

– Sim?

– Por que você saiu da escola? - Ayano perguntou. - Quer dizer, depois... Bem, depois daquilo.

O garoto ficou em silêncio por um instante. Quando cortou o silêncio, sua voz era seca.

– Não seja estúpida. - Respondeu, ríspido. - A escola... Tudo aquilo não faria sentido nenhum sem você lá.

O rosto da garota mostrou toda a sua surpresa com a resposta, então virou-se para ele pela primeira vez.

Ela encarou o garoto, para ver que ainda desviava o olhar com a face corada.

– Eu... - Ayano começou. O garoto se levantou.

– Está muito tarde. Vamos subir. - Ele ofereceu uma mão a ela, a outra ainda segurando a lata de coca.

A garota a aceitou.

– Ah, você esqueceu uma lata...

– Eu nunca pretendi tomá-la, para começar.

*

Os sonhos daquela noite pareciam conter todas as lembranças que ele propositalmente evitara nos últimos dois anos.

Uma garota que estava sempre com um cachecol vermelho. Um dia frio, a solidão de sempre "Mesmo se eu morresse agora, eu facilmente seria substituído". O cachecol em seu pescoço agora, parecia uma resposta contrária. Risos de garota, pedidos de desculpas. Palavras que ele não podia entender. Raiva. Raiva do que não podia entender. Uma tarde alaranjada no caminho de volta para casa. Gritos. Uma garota chorando sozinha numa tarde avermelhada. Mais gritos. Um vaso de flores e dois tsurus. Choro. Choro, de novo e de novo. Escuridão.

– Shintaro... Shintaro...! SHINTARO! - Ele abriu os olhos enquanto Ayano o balançava. - Ah! Você está bem? Eu estava saindo quando ouvi você gritando, você...

A garota se calou quando o garoto a puxou com força para ele.

– Hã? Shin...- Foi impedida de continuar, com o rosto muito vermelho.

– Fique. Por favor... por favor...- Sua voz se quebrava.

– Shin- Foi impedida ao sentir tremer o peito do garoto que a abraçava com força.

Estava... chorando.

– Eu não vou a lugar nenhum. - A garota disse docemente, fechando os olhos.

Eles ficaram daquele jeito por longos minutos.

Eles não falaram nada além daquilo - Apenas aquilo estava bom.

Apenas abraçar assim está bom. Estar aqui agora está bom.

Eles podiam ouvir seus corações batendo em sincronia. Shintaro parecia bater com mais força antes, mas aos poucos foi se acalmando, assim como as sincronizadas respirações.

Então, depois de Shintaro ter se acalmado há algum tempo, Ayano quebrou o silêncio.

– Ah, eu... Eu t-tenho que ir... - Ela se levantou, vermelha e embarassada.

Shintaro podia entender bem esse sentimento.

– S-sim...

– Eu... V-vou na Takane, n-na minha casa. Col-colocar tudo em ordem, entende? - Ela ajeitava o cachecol rapidamente.

– S-sim, v-vai lá...- O garoto também dizia, muito vermelho, se sentando na cama.

– Er, tchau. - A garota saiu, quase correu, para fora do quarto.

O garoto foi deixado sozinho e vermelho.

– O que... O que acabou de acontecer?

*

O dia estava ensolarado. E a menina esperava sozinha no parque em seu vestido branco.

Takane e Haruka iriam encontrar com todos na Mekakushi, entretanto, ela tinha ficado para colocar as coisas em ordem. No final, ela praticamente esquecera completamente da situação com Shintaro na manhã.

Depois de algum tempo, ouviu uma voz familiar.

– Foi mal, me atrasei. - Então ele continuou - Espera, só tem você aqui?

Ela sorriu enquanto olhava para ele.

– Espera, você está sozinho? - Ela disse, reparando na falta da alegre figura familiar ao seu lado.

– Ah, disseram que a Momo está demorando uma eternidade para se trocar. Falaram que nos alcançariam. - Ele disse, desviando os olhos.

– Ela é tão feminina... - A garota sorriu, admirada.

O garoto concordou com um murmúrio baixo.

Os dois pareciam dispostos a fingir que a cena nunca acontecera.

Os dois se sentaram em um banco da praça.

– Cara, está quente... - Shintaro parecia suar mesmo na sombra.

– É mesmo - A garota concordou - Afinal, estamos no meio do verão...

– Estou morrendo aqui... Queria estar em casa...

A garota fez bico.

– Droga, lá vem vai você, reclamando de novo!

Um momento de silêncio se seguiu.

– Ei! - Os dois disseram ao mesmo tempo.

– Ah... Desculpa. - Ayano disse.

Shintaro hesitou por um instante.

– Não... Foi mal. - Disse, desviando o olhar. - Não é nada.

– Sério, o que foi?

– Já disse que não foi nada. - Ele continuava virado para o outro lado. Então se levantou.

– De qualquer forma, vamos sair daqui. Aposto que os outros já estão lá.

– Hã... Bom isso é verdade, mas...

O garoto continuava andando.

– Ah, você só pensa em si mesmo, sabia? Isso não é certo... - A garota disse enquanto o seguia.

– Okay, okay... - O garoto suspirou.

Então, parou e virou-se com o som que lhe chamou a atenção, vendo apenas o parque vazio.

– O que foi? - Ayano perguntou, também parando para olhar.

Sorriu, entendendo.

– Não foi nada.

Então, ouviram o grito de uma voz familiar:

– EI, arrumem um quarto, vocês dois! - Takane gritou da calçada, com um Kano cansado ao seu lado.

– Sinceramente, está quente o suciente do jeito que está!

Ayano parecia embarassada.

– Ei, não estávamos flertando!

Shintaro sorriu enquanto sentia o vento no seu rosto. Estando ali, junto com Ayano, junto com todos...

De alguma forma, todos os seus pesadelos pareciam rídiculos agora. Acabou.

Ele tinha todo o tempo do mundo aqui para frente. Ninguém iria a lugar algum sem ele.

Ele sabia disso, enquanto olhava todas as silhuetas tão familiares.

Ayano também parecia entender isso.

Ela sorriu para ele.

– Shintaro, vamos? -Então seguiu em frente.

– Sim. - Ele sorriu enquanto a seguia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey, eu tive uma idéia bem legal aqui pros comentários. Vou falar, mas vou deixar que os personagens também os respondam, okay? Então deixe o comentário sobre o que achou do cap., e tenha um desses amores de Mekaku respondendo vocês (^u^)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Color of the Hero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.