Victoria Europe Sorensen POV

Essa foi uma semana estranha.

Mesmo não tendo contato com muita gente, eu não sou estúpida, e observo o que acontece por aqui. A aposta esta quase no final, só falta Christopher descumpri-la, mas tenho uma leve impressão de que talvez ele cumpra até o final. Não tem como se te certeza.

Lianna anda estranha, nunca fomos exatamente melhores amigas, mas dividimos o dormitório desde o primeiro ano, e ao passar do tempo fui conhecendo-a o bastante para tirar essa conclusão.

E ela não é a única estranha por ai, Lysander também esta mais avoado do que o normal. Acho que estão colocando alguma coisa na água de Hogwarts.

– Vic, temos ronda agora.- Albus me chamou.

Ele já se recuperou do acidente no horário do almoço, Cloe realmente consegue ser explosiva. Já anoiteceu, e o jantar foi a uma hora, então estamos no ultimo horário livre antes do horário de recolher, ou seja, hora da ronda.

Caminhamos em silêncio pelos corredores, guiando os primeiranistas que se perdiam pelos longos e confusos corredores do castelo, e alertando ou dando detenção ao casais em corredores escuros.

– Sério Fred?- perguntou Albus fazendo um Fred ofegante se separar de uma Laurel Thomas descabelada e com os lábios incrivelmente vermelhos.

– O quê?- ele perguntou inocentemente.

– Você nem se preocupa em arrumar um lugar decente?

– Aposto que a Laurel aqui não se importa.- ele falou com um sorriso maroto e Laurel sorriu.

– Então vão se pegar no Salão Comunal da Grifinória, ou eu vou ter que lhes dar uma detenção.- Albus os avisou.- E sinta-se com sorte que sou seu primo, ou você já teria detenções até a formatura.

– Eu fico muito feliz por isso priminho.- Fred sorriu e bagunçou o cabelo de Albus, puxando Laurel e correndo antes que Al pudesse jogar uma azaração nele.

– Como eu odeio quando ele faz isso.- Albus resmungou.

– Pare de frescura.- disse dando um tapinha no ombro dele para que o mesmo parasse de arrumar o próprio cabelo e seguisse em frente com a ronda.

– Não é frescura Vic, é desconforto.

– Sei.- falei ironicamente.

– Mas a cena em que encontramos Fred em foi hilária.- Albus comentou.

– Sim, não entendo como Laurel não se importa.

– Bem, ela não é exatamente esperta, sem contar que é mais rodada que pratinho de microondas.- ele falou fazendo-me rir.

Seguimos entre os corredores de Hogwarts com a ronda, e após avisar duas quintanistas para irem aos seus respectivos Salões Comunais, ouvi uma delas murmurar algo para a outra.

– Aquela não é Victoria Sorensen? A esquisita que esta sempre com as luvas? Nem sei por que se incomodam em falar com ela, a garota é uma anti-social completa.

Vi que Albus também ouviu, porque o mesmo pois a mão em meu ombro para me impedir de fazer qualquer coisa, e assim que as duas viraram o corredor eu não me segurei e acabei, mesmo com as luvas, congelando a moldura de um dos quadros no corredor em que estávamos, fazendo com que as pessoas do quadro me olhassem indignadas e arranjassem cobertores de sei lá onde.

– Tori, calma.- Albus segurou minhas mãos que estavam com uma leve camada de gelo por cima.

– Eu estou calma.- falei com os dentes trincados.

– Não esta não, eu te conheço, e para você explodir desse jeito, essa não deve ser a primeira vez que falam uma coisa dessas esse ano.

– Quem não fala?- perguntei retoricamente.- Afinal, eu sou a esquisita das luvas.

– Você não é a esquisita das luvas, você é simplesmente diferente.

– De um jeito ruim.

– De um jeito bom.- ele insistiu.- Victoria, ter Aquakinesis e Cryokinesis* não é uma coisa ruim.

– Mas isso me faz um perigo.

– Pode até não ser a coisa mais segura do mundo, mas quem se importa com você não liga.

– Albus, primeiramente, você é a única pessoa que sabe disso sem ser meu irmão e meu pai, e você descobriu por acidente.- falei me recordando do dia no segundo ano em que acidentalmente congelei o cabelo molhado de Albus.- E segundo, por favor, estamos no meio da ronda, e esse com certeza não é o melhor lugar para ter essa conversa.

– Tudo bem, mas me prometa que se alguém falar algo sobre você novamente, irá me contar.- ele falou com um olhar suplicante.

– Eu prometo.- falei derrotada.

Após convencer Albus de eu contaria para ele se ouvisse algo, voltamos ao Salão Comunal da Sonserina, e eu realmente me senti grata por ter congelado os cabelos do meu melhor amigo quatro anos atrás.

Pamela Green Volkmer POV

Estava no Salão Comunal da Grifinória fazendo a tarefa de Poções, Cloe estava ao meu lado lendo um livro, e James e Fred também estavam fazendo a tarefa, mas a diferença é que era de Feitiços e os dois estava contando com a ajuda das notas de Rose.

– Não creio que mal entramos na segunda semana de aula e Slughorn já esta nos atolando de coisas para fazer.- resmunguei com as mãos já doendo.

– Aposto que ele nem nos deu tanta coisa assim Pam.- argumentou Cloe sem desviar o olhar do livro.

– Você diz isso porque é inteligente.- comentou Fred olhando rapidamente para nós antes de voltar a escrever freneticamente.

– Você diz isso como se fosse burro.- Cloe soltou uma risada antes de continuar.- Se bem que não é muito longe da realidade.

– Ei!- Fred deixou o pergaminho e a pena de lado e a olhou indignado.- Qual o motivo da ofensa loirinha?

– A deixa que você deu para ser ofendido.- ela sorriu marota antes de voltar a ler fazendo eu rir.

– Mas nós estamos no sétimo ano, e você no sexto.- James entrou na conversa.- Ano que vem eu vou te mandar uma carta na sua segunda semana de aula e perguntar qual a sua opinião na quantidade de tarefas. Algo me diz que você vai ter mudado de ideia.

– Quero ver você se lembrar de mandar essa carta.- ela disse fazendo eu e Fred rirmos, e James bufar, e logo nós quatro já estávamos em silêncio novamente.

– Credo, quem morreu?- Sarah perguntou após descer as escadas que davam nos dormitórios femininos e se sentando no braço da poltrona onde Cloe estava sentada.

– Por que a pergunta?

– Esta um silêncio anormal aqui.- ela falou e deu de ombros.- O que estão fazendo?

– Bem, eu estava curtindo a paz e o silêncio antes de certa criatura ruiva chegar para atrapalhar minha paz.- James sorriu cínico.

– Você, paz e silêncio em uma frase só?- Sarah parecia inácreditada.- Só se for você acabando com essas duas coisas.

– Você me da muita confiança, não é?- James perguntou.

– E por acaso teria alguma razão para te dar confiança? Eu não sou maluca a esse ponto.

– Pois é, você é bem mais pirada do que isso.

– Ei casal, eu estou tentando trabalhar aqui, então façam me o favor de continuar a DR em outro lugar.- Fred se intrometeu.

– Fred, essa é a segunda vez só hoje que você insinua algo sobre eu e James.- Sarah falou calmamente, calma até demais.- Então faça-me um favor e me diga que tipo de drogas você vem tomando.

– Eu? Nenhuma. Vocês? Amor.- ele riu, mas foi brutalmente interrompido pelo livro de Cloe acertando sua cara.

– Sarah! Eu estava lendo isso!- Cloe reclamou, e notei que Sarah havia jogado o livro de Cloe em Fred, que estava agora com uma parte da cara vermelha.

– Sarah, acalme-se, Fred, vai para enfermaria.- falei tentando por alguma ordem naquele lugar.

– Nem precisa falar duas vezes.- Fred disse e logo já havia passado pelo quadro da Mulher Gorda.

– Eu estou calma Pam.- Sarah disse e respirou fundo.

– Não parece.- eu disse antes de guardar a pena e enrolar o pergaminho.- Acabei!

– Meu parabéns Pamela, um de muitos pergaminhos esta pronto.- James falou sarcástico.

– James, só porque você esta de mau humor porque não gostou do comentário do Fred, com o qual eu concordo, não precisa estourar minha felicidade tá?- falei indignada, com um leve tom de brincadeira.

– Eu estou cheia de vocês, vou sumir que eu ganho mais.- Sarah falou irritada antes de subir para os dormitórios.

– Não sei não, mas algo me diz que aqui ou lá, ela ainda não ganha nada.- James falou não entendendo a expressão.

– James, é uma expressão trouxa, um modo de falar.- Cloe explicou.

– Ah, isso faz mais sentido.- ele deu de ombros.- Vou achar a Rose para devolver as notas dela, já que o preguiçoso do Fred deixa todo o trabalho para mim.- James levantou e foi atrás da Weasley.

– Então, você concorda com o Fred?- perguntei para Cloe que finalmente recuperou o livro que Sarah havia jogado.

– Com certeza.

Scorpius Malfoy POV

Tédio.

É nisso que se resume meu estado nesse momento, eu estava no Salão Comunal mofando em um sofá, com os pés no colo de Lianna que estava lendo algo que eu não faço ideia do que seja, e como Albus esta na ronda, Nick sumiu, Katie e Arya estão fazendo a tarefa, Hanna esta escutando música em seu aparelho trouxa praticamente dormindo, eu não tenho nada para fazer. E antes que alguém se manifeste, eu já fiz a tarefa.

– Que tédio.- resmunguei.

– Ninguém liga.- Arya resmungou de volta.

– Que mau humor em.- eu olhei para ela que estava concentrada no pergaminho de Feitiços.

– Vai estudar Scorp.- Lianna falou ainda olhando seu livro.

– Nope. Quero algo divertido pra fazer.

– Então eu não posso te ajudar.- ela me respondeu e eu bufei, olhando para cima e encarando o teto.

Fiquei assim pelo que pareceu uma eternidade, mais só depois descobri que tinham se passado três minutos. Ouvi algo vindo da entrada do Salão Comunal e ao olhar bruscamente vi Nick entrando totalmente descabelado, gravata trouxa e lábios extremamente vermelhos.

– NICK!- eu gritei e ao fazer isso cai do sofá em que eu estava deitado e dei de cara no chão.

– Eu agradeço a animação pela minha ilustre presença Scorpius, mas precisava se jogar no chão?- ele falou enquanto se sentava no lugar onde eu estava antes de cair. E eu ainda estava no chão.

– E você nem ajudar me ajuda seu ingrato.- murmurei enquanto me sentava entre Nick e Lianna, já que agora a presença de certa pessoa ingrata e ladra de lugares estava me impedindo de deitar.

– Mas qual o motivo da animação por me ver?

– Esta um tédio aqui.- respondi ouvindo uma risada vir de Nick.- Mas qual a razão do seu estado precário?

– Ah- o quê?- ele se enrolou todo para falar. Ai tem coisa.- Estado precário? Eu? Não.

– Desembucha.- falei encarando-o.

– Desembuchar o que Malfoy?- ele se fez de desentendido.

– Com quem você estava se pegando oras.- eu respondi, mas antes de falar algo eu vi uma marca de batom na clávicula dele, e aquele batom me era familiar.

– Eu não com ninguém.- ele tentou disfarçar.

– Primeiramente, você mente mal Nick.- balancei a cabeça em sinal de desaprovação.- Segundo, como você explica esse-

Eu me interrompi, eu conhecia aquele batom.

Não faço ideia de quando minha memória ficou tão boa, mas eu já vi esse batom antes, na verdade, eu tenho até uma ideia de quem aquele batom pertence a.

– EU CONHECE ESSE BATOM!- gritei apontando para o local em Nick, que me olhou de olhos arregalados, e notei que também havia chamado a atenção de todos no Salão Comunal.

– Cale-se!- ele exclamou antes de me arrastar para o dormitório que eu divido com ele, Albus e Anthony.

– É o batom da Roxanne!- eu exclamei desacreditado ainda apontando para Nick.

– Shh! Eu sei seu estúpido!

– VOCÊ ESTA SE PEGANDO COM A ROX-

Fui interrompido novamente, mas desta vez pela mão de Nick na minha boca, impedindo-me de completar a frase.

– Sim, sim eu já sei disso!- ele exclamou, ainda com a mão sobre a minha boca.- Agora será que da pra calar a boca?

Eu assenti, Nick fez uma cara ameaçadora e tirou lentamente a mão da minha boca, e como eu sou uma pessoa de palavra, eu calei a boca.

– Como, ou melhor, quando isso aconteceu?- eu perguntei ainda desacreditado.

– Bem, eu tive de quebrar a aposta com alguém não?- ele respondeu e eu fiquei boquiaberto.

– Melin!- eu exclamei ainda não acreditando, mas logo me lembrei de algo.- Fred vai te matar.

– Eu sei, por isso é para ser segredo!- ele passou a mão pelo cabelo em um sinal de nervosismo.- Mas como você sabia que era o batom da Rox?

– Ahw, esta até dando apelidinhos.- desviei do assunto.

– Scorpius, como você sabia que era o batom da Roxy?- ele perguntou novamente.

– Bem, eu... Vi o batom no quarto dela.- sorri nervoso.

– Mas por que você foi no quarto dela?- ele perguntou calmamente, calmo demais pro meu gosto.

– Antes que você pense besteira, foi no dormitório de Hogwarts, durante os testes da Grifinória.

– E quem te convidou para ir no quarto? A Roxy, estava no treino, ela divide o dormitório com a Cloe e a Melanie, as três estavam no treino, isso sobra... A Rose!- ele ficou abismado com a própria descoberta.- Por que você estava sozinho no dormitório feminino com a Rose?- ele deu um sorriso malicioso.

– Não é nada disso que você esta pensando! Rose estava precisando da minha ajuda.

– Ajuda com o que? Pressionar seus lábios contra os dela?- Nick zombou de mim.

– Não! É serio, eu estava ajudando ela... comamatériadepoções.- falei rapidamente a ultima parte, já que Rose me mataria se descobrisse que eu falei para alguém.

– Estava o que?- Nick perguntou novamente, e eu bufei, falando desta vez mais devagar.

– Rose está com dificuldade em Poções, por isso me pediu ajuda.

– Estamos falando da mesma Rose? E por que ela pediria pra você?

– Ela não pediu para mim, Slughorn me indicou para ajuda-la, e como ela não queria que mais ninguém soubesse da dificuldade, ela não reclamou.

Notei que Nick não havia acreditado, mas azar o dele. O que ela achava? Que eu e a Weasley estávamos nos encontrando secretamente porque estamos apaixonados? Essa é boa. Me internem no St. Mugnus o dia que isso acontecer.

– E ai gente?- Albus nos cumprimentou, entrando no dormitório, e ao olhar para Nick parou de repente, depois fez cara de desaprovação e continuou o seu caminho.- Novidades?

Eu e Nick nos encaramos, tivemos uma discussão silenciosa sobre contar ou não para Albus, e devo dizer que ambos perdemos, resolvendo não contar ao Potter sobre nossas respectivas descobertas, mesmo sabendo que uma hora ou outra ele descobriria.

– Não.- respondemos em uníssono.