"Baby, we both know
That the nights were mainly made for saying things that you can't say tomorrow day"

Segunda-feira.

Falei pouco, mas fiz muita gente chorar.

Ok, era segunda, eu deveria acordar pra ir à escola como todo adolescente azarado, mas eu não estava nem um pouquinho a fim. Não que eu estivesse de ressaca ou coisa assim, eu só estava com preguiça mesmo.

–Charlie- Thomas me chacoalhou pela 10º vez- Eu sei que você está acordada, eu também estou com sono, mas vamos logo, já estamos quase atrasados.

–Eu não quero- disse manhosa- Estou doente...- eu não estava doente.

–Sim, um caso sério de preguiça. Rápido Charlie, ou você quer perder a prova de história?

–A prova de história é amanhã.

–Hum...- ele pensou um pouco- Se eu pedir com jeitinho você vai?

–Talvez...- não, eu não iria nem se ele me desse um Leo Valdez apaixonado por mim...Ok, talvez por um Leo eu pensaria no assunto, mas não conte isso pro Thomas...

–Charlizinha do meu coração- eu não podia esconder o riso- Você me daria a honra de leva-la até a escola, por favor?

–Não- eu disse...

–O QUE? –ui! Eu deixei ele irritado! –Então vai ser assim?

–Vai- respondi sonolenta.

–Ok, mas não diga que não avisei...- então, sem aviso prévio (como ele mesmo disse), me pegou no colo, como um saco de batatas.

–THOMAS! –batia em suas costas e gritava pra ele me soltar- Me solta agora!

–Não.

Ele desceu as escadas e foi até a cozinha. Ao chegar lá me colocou sentada na cadeira.

–Eu só deixei porque estava com fome, ouviu? –menti.

–Ah tá! –revirou os olhos- Claro...

–Você é ridículo.

–Digo o mesmo de você. Agora coma e depois vai se vestir.

–Você não manda em mim! –eu sei que estava agindo como uma criança mimada, mas qual é! Experimenta ser tirada da cama a força!

–Vou ter que te dar comida na boca?

–OK! –gritei pegando um pedaço de pão e passando manteiga- Você ganhou!

–Eu sempre ganho...

Terminei de comer e subi de volta ao quarto pra me trocar. Estava a fim de colocar minha blusa de pinguim, não me pergunte porque. Então a coloquei junto com uma calça jeans e uma sapatilha branca. Fui ao banheiro arrumei o cabelo e escovei os dentes.

–Pronto! –disse ao encontrar Thomas na sala, me esperando- Satisfeito?

–Muito, vamos logo, estamos atrasados.

Entramos no carro e eu liguei o rádio. Estava tocando uma música que eu não conhecia, então troquei de estação, na outra estava tocando uma que eu sabia de cor e amava: Do I Wanna Know, do Artic Monkeys. Eu simplesmente idolatrava essa banda e essa música [N/A: Somos duas Charlie] ...então comecei a cantar como uma louca, e ainda por cima junto com Thomas, que parecia gostar dela também, pelo menos ele tinha bom gosto.

–That the nights were mainly made for saying things that you can't say tomorrow day- cantávamos a plenos pulmões, quem estivesse passando na rua e nos escutasse iria pensar que tínhamos alguns problemas.

A música acabou (infelizmente), e quando o último acorde de guitarra passou eu e Thomas nos olhamos e começamos a rir, rimos muito mesmo, sem nenhum motivo. Era bom fazer isso. Me fazia sentir viva, essa dor na barriga, as lágrimas nos olhos...eu adorava.

–Você é uma idiota...- disse quando conseguimos nos acalmar.

–Somos dois idiotas querido Thomas...

–Mas eu tenho certeza que você é mais idiota do que eu.

–Eu duvido!

–Ok, vamos perguntar pra alguém quando chegarmos à escola, pode ser?

–Se você quer assim...por mim tudo bem, eu vou ganhar...

–É aí que você se engana, eu que vou ganhar!

–Sonhe Thomas, sonhe...

(...)

–GANHEI! –eu exclamava- Tomou na cara Thomas!

–Ah, cala a boca...- ele revirava os olhos.

Eu havia ganhado (obviamente), ao chegarmos na escola a primeira pessoas que vimos foi Maddie, nos cumprimentamos e eu perguntei a ela quem era mais idiota e ela respondeu que era Thomas, até aí tudo bem, mas então nós vimos o time de basquete, eu pensei que todos fossem apoiar ele e dizer que quem era a mais idiota era eu, e ele pelo jeito pensou o mesmo. Como estávamos errados...ao perguntarmos eles logo começaram a rir e disseram que eu “Não chegava nem perto de ser tão idiota quanto ele”. Thomas engasgou, eu tinha ganhado de lavada, 12 pontos, dava até pra ficar com pena do meu ‘oponente’, se não tivesse sido ele a inventar a brincadeira. Então lá estava eu, gritando pra quem quisesse ouvir que eu, uma mera mortal, tinha ganhado do “Incrível e Maravilhoso Thomas Lewis”. Ah...o doce gosto da vitória... (imaginem uma risada maléfica, ok?)

–Você é um idiota Thomas Lewis, estudos comprovam!

–É...talvez eu seja um idiota mesmo...

–Talvez? Você não ouviu o que eu acabei de dizer? ESTUDOS COMPROVAM!

Então o sinal tocou e tivemos que ir pra aula, mas não antes de me despedir.

–Tchau idiota!

–----

Já era quarta-feira. Dia de dar aula pro Thomas. E adivinha uma coisa. Ele estava atrasado...já eram sete horas e nada de Thomas.

–Hey! –pude ouvir sua voz irritante atrás de mim- Desculpe a demora, me prenderam nos vestiários.

–Okay...não vou nem perguntar nada. Mas você continua atrasado, e pra caramba. Agora senta e lê o que eu deixei aí.

–Você quem manda...hum...professora.

Ele se sentou e começou a ler, eram páginas de livros de biologia, nada demais.

–Então...-tentei puxar assunto- Como foi o treino?

–Nada de novo. A mesma chatice de sempre- ele continuava com os olhos nas páginas.

–Porque continua fazendo isso se não gosta mais?

–Eu não disse que não gostava- explicou- Eu só estou cansado hoje...deixa pra lá, você não entenderia.

–Tenta.

–É que...eu cansei de tentar agradar todo mundo. Sabe porque eles me prenderam no vestiário?

–Hum?

–Porque acham que você é “Má influência”. Não que eu ache que você é uma boa pessoa...mas eles acham que você vai me mudar, acham que eu posso passar pro ‘seu lado’.

–Como assim? –eu tentava entender.

–Que você vai me fazer perceber que eu não sou uma pessoa tão boa assim...mesmo que eu já saiba disso a algum tempo...mas eu não quero me distanciar de você. Eu decidi que você faz um bem danado pra mim. Eu, bom, eu escolho quem é meu amigo e quem não é- ele deu de ombros.

–Então eu sou sua amiga?

–Acho que você é mais minha amiga do que metade daquele time.

–Eu acho que...hm...você não é uma pessoa tão ruim assim...

–Isso vindo de você foi um grande elogio...

–Agora é a parte que você diz que eu também não sou tão ruim assim, sabe? –sussurrei no seu ouvido.

–Mas...- ele sussurrou de volta- Você é pior do que eu...

–Pelo menos eu não sou tão idiota quanto você, não é?

Ele deu risada.

–Viu? Você me faz rir. E quase ninguém tem esse poder.

–Isso, meu caro amigo, é porque eu sou demais...

–Há! Claro que não!

–Me deixa Thomas! Não ‘tá vendo que esse é o meu momento, criança!

–Eu sou mais velho que você...

–Isso não vem a caso! Agora volta a estudar.

–Você ‘tá ligada que nem eu nem você estamos com vontade de ficar aqui sentados sem fazer nada?

–Aí que você se engana...eu ‘tô muito afim de ficar aqui!

–Tudo bem...pensei que gostaria de sair pra comer alguma coisa...

Oh...ele tocou no meu ponto fraco: Comida. Eu amo comer, isso é fato. Pensei nas possibilidades...parecia uma boa, nada de ruim pode acontecer (eu acho) ...Então, uns dois minutos passados, eu disse:

–Depois de pensar muito no assunto- só que não- Eu acho que nós poderíamos sair um pouco...mas quando chegarmos em casa teremos que estudar, de verdade!

–Por mim tudo bem...- ele se levantou da cadeira- Vamos? –estendeu a sua mão pra mim.

–Vamos- meio receosa peguei sua mão- Estou com fome.

–Quando você não está com fome?