Minutos depois ela o amamentava, porque nesses dias de frio, e depois de muito ouvir da mãe dela, Rosalie o amamentava para manter os anticorpos e coisas assim, para prevenir qualquer doença. Pelo menos parecia estar dando certo. Aproximei-me lembrando de como era quando Victor era pequenino, e ela segurava seu corpinho contra o corpo, agora ele continuava sendo um pingo de gente, mas era tão diferente... Sorri vendo como ela também me olhava, e Victor continuava mamando, com sua insistente mania de manter uma mão sobre o seio de Rosalie, como se assim ninguém pudesse afastá-lo dali, e continuei sorrindo vendo como ela o olhava cheio de amor.

            Enquanto ela o amamentava, fiquei parado na porta, já de banho tomado e depois de preparar café, fiquei ali reparando em como eles eram lindos e como eu os amava. Rosalie sempre sorria, mesmo quando Victor apertava seu seio e ela sentia dor, ela continuava sorrindo e acariciando-o, cheirando sua mãozinha gorducha e dando beijinhos.

            Levou mais alguns minutos para que ele estivesse pronto, e depois de embalado um pouco no colo, Victor começou a ficar inquieto, fazendo Rose o colocar no chão para que ele viesse andando até a porta, com seus passinhos que pareciam cheio de segurança e um riso nos lábios.

            - Vamos então campeão – eu disse estendendo a mão para que Victor agarrasse em meu dedo, e quando chegamos na escada, ele riu descendo os primeiros degraus, sempre se virando para trás e vendo que Rosalie acompanhava seus passos.

            Havia uma ligação entre eles que eu não podia sequer explicar, só era lindo de se ver, e Rosalie vinha atrás de nós, pronta para ir em seu auxílio no mais mínimo suspiro que Victor soltava. No último degrau ele cansou e sentou no degrau, fazendo-nos rir e Rosalie o pegou no colo, beijando sua barriga, ouvindo o riso infantil, para depois colocá-lo naquela cadeirinha alta, assim ele ficaria ao nosso lado.

            E ali estava, a nossa família perfeita... 

            Ela o colocava ali enquanto eu terminava de pegar o que faltava para o café, e servi as canecas com o líquido fumegante, ela sorveu e beijou meus lábios, porque não havia nada que Rosalie gostasse mais que uma xícara de café quente pela manhã.

            - Amanhã eu tenho de levantar cedo – resmunguei sentando em minha cadeira, vendo Rosalie sorrir de modo fraco, porque ela sabia porque eu teria de acordar cedo, e suspirou deixando claro o que pensava disso tudo.

            Mas eu não me arrependo em nenhum momento, e eu não desistiria...

            - Por isso hoje você vai passar o dia sendo mimado por nós dois – Victor bateu na cadeirinha com um dos talheres, como que concordando com o que Rosalie dissera, e eu sorri segurando a mão da minha mulher.

            Porque ela sabia que os últimos dias não estavam sendo fáceis, e os Estados Unidos já havia recebido ameaçadas de guerra civil, e havia muita tensão, e mesmo que recrutar os soldados de Rochester fosse uma das últimas opções para o presidente, meu pai parecia cada vez mais tenso quanto a isso e, por consequência, cada vez pegando mais pesado, exigindo mais.

            Eu chegava cada dia mais exausto, e ali estava ela, mesmo depois de ter passado o dia fazendo seus afazeres como qualquer outra das mulheres perfeitas de Rochester, mesmo depois de ter cuidado de Victor e da casa durante o dia, ela estava ali com os braços abertos e um sorriso singelo, esperando-me para jantar alguma coisa e tomar um banho, para deitar entre meus braços, trazendo sempre nosso filho, e nós o ninávamos enquanto ela cantarolava uma canção de ninar, para Victor dormir e ela vir me abraçar e nós dormimos também.

            E querida, por cada um desses momentos eu lhe serei eternamente grato, e meu amor cada vez mais intenso. Porque eu sempre me preocupei com você, e você comigo, e isso não tem preço.

            E aquele dia foi exatamente como ela disse, depois de Victor brincar com os flocos de neve que haviam caído na última noite – estando sempre muito agasalhado – Rosalie deu um banho nele e ficamos os três dentro de casa, nós dois babando em nosso rebento e em tudo que ele fazia que, para nós, parecia sempre os atos mais graciosos possíveis.

            E vendo como ele se desenvolvia assim, vendo como nós conseguíamos dar conta do recado e como o amor era cada vez maior, eu tive certeza de que estávamos prontos para outro filho. Abracei Rose contra meu corpo sobre o sofá, enquanto víamos como Victor montava e desmontava com seus blocos.

            Pensar em outro filho me fez pensar na noite de natal... E em tudo que eu vinha martelando em minha cabeça. Eu só não quis ficá-la enchendo com cada suspeita... A verdade era que eu havia pensado que Rosalie havia, realmente, ficado grávida naquela noite de Natal, mas diferente de quando ela engravidou de Victor, não a via passar mal, e, bom, seus seios já estavam inchados, então isso não seria um sinal.

            De qualquer modo, se não houvesse acontecido naquela noite, aconteceria em outra. Porque eu havia lhe prometido outro filho, porque eu queria outro filho, porque Victor merecia um irmão. Então, mais cedo ou mais tarde, essa criança iria acontecer.

            Foi então que eu pensei que não vinha sendo o melhor dos maridos, ou o mais empenhado para que isso acontecesse, então eu espero que você me desculpe por isso.