Na manhã de Natal, foi os tapinhas leves e a gargalhada gostosa de Victor que me acordaram, acompanhado dos beijos de Rosalie e seu sorriso... Era o primeiro Natal que passavámos com nosso filho nos braços e ela estava radiante – o primeiro de muitos, eu espero.
- Bom dia – ela disse com um sorriso e se levantou, deixando Victor deitado sobre meu peito.
Nós já havíamos combinado, Rose ia passar boa parte do dia na casa da mãe, ajudando em todos os preparativos de Natal, enquanto eu ficaria com Victor, depois eu vou buscá-la, e mais tarde vamos para o jantar.
- Vai ficar tudo certo por aqui – eu disse vendo como ela olhava para o nosso filho.
Rose tinha sempre esse sentimento de não querer deixá-lo sozinho, mesmo que seja comigo, ela ficava com dó principalmente pela amamentação – porque por mais que ela venha tentando dar o peito para ele só de noite e de manhã, durante o dia algumas vezes tem toda a manha que ele faz quando quer algo, e ela não resiste.
- Eu o amamentei faz pouco tempo – ela sorriu deitando novamente ao meu lado e beijando minha boca. – E você preguiçoso, daqui a pouco é hora do almoço.
Eu ri puxando-a de volta para outro beijo.
- Tem certeza que quer ir para lá? – eu perguntei e foi a vez dela gargalhar.
- Aproveite o dia com o seu filho.
Ficando de pé ela sorriu e pegou Victor dando um beijo na bochecha dela, logo o deitou sobre meu peito novamente e ele começou a me dar tapinhas para levantar.
Já de pé, eu o deixei sobre o cobertor no chão da sala, cercado de brinquedos coloridos que chamavam sua atenção, enquanto tomava o desjejum.
Victor gargalhou jogando um dado colorido para longe, e eu sorri ao vê-lo se arrastar no cobertor até alcançar o dado, e sua risada foi ainda mais alta ao conseguir, como se estivesse comemorando.
São os momentos assim, mas simples, que ficam marcados.
Sentei no chão ao lado dele e fiquei ali, só olhando, e cada vez que eu o via assim, tão ativo e tudo mais, era impossível não lembrar tudo que nós passamos para chegar até aqui, e eu me sentia grato por isso, por tê-lo ao meu lado assim.
E quando que eu imaginaria que com quase 21 anos eu já estaria assim, como um lugar pra chamar de meu – nosso, querida – uma mulher e um filho... É, eu certamente não imaginaria isso num futuro meu, mas não tenho nada a reclamar.
Victor já engatinhava pelos lugares, ora ou outra até arriscava ficar de pé, sempre que fazia isso procurava por mim ou por Rosalie, havia um sorriso sapeca em seu rosto como querendo mostrar a sua nova conquista.
Fiquei de joelhos deixando que Victor segurasse em um dedo meu, para ajudá-lo a caminhar pela sala, Rose certamente estaria se derretendo em amor e orgulho vendo os progressos de nosso filho – não que eu fosse muito diferente, mas mulher – principalmente Rose, é muito mais sentimental nesse ponto. Eu só sorria contente por ver como meu filho vinha crescendo e evoluindo.
Confesso que o dia passou mais tranquilo do que eu imaginava, Victor não caiu nenhuma vez e eu não tive que ficar me martirizando de preocupação, Rosalie certamente estaria rindo se me visse com Victor, mas não era minha culpa ela ter todo o instinto, eu sou só o pai, foi ela que sentiu o bebê dentro dela por nove meses e agora sabe o significado de cada choro. Eu ainda tinha muito que aprender.
Mas não houve problemas, nada de dor pelo dentinho que nascia, nem febre por causa disso também – eu acho – nem tombos ou manhas. 
E quando Rosalie chegou em casa, no final da tarde, para se arrumar e voltarmos para a casa de seus pais, ela sorriu nos encontrando deitados no sofá, cochilando.
Sentindo como tiravam Victor do meu abraço, na hora me levantei, e sorri ao vê-la ali. Ela ficava mesmo empolgada com essas festas de final de ano.
- E depois das festas tem o seu aniversário – ela disse mordiscando minha bochecha, minutos depois. Havia posto Victor no berço, e nós ainda tínhamos algum tempinho antes de ir se arrumar.
- Depois a gente pensa nisso – eu disse a abraçando, fazendo com que Rose deitasse sobre meu peito. – Agora fica aqui, eu quero mais um tempinho com você.
Ela mordiscou meu queixo e sorriu, abraçada a mim. Estávamos ainda no sofá da sala, mas não importava o lugar.