Quando me aproximei de Rose, depois de ter escancarado a porta e dito uma dúzia de vezes para que meu sogro ficasse de olho em Victor, fui direto para o lado da minha mulher, vendo a criaturinha ainda suja de sangue em seus braços, e mesmo melada daquele jeito parecia perfeito.

Beijei o rosto de Rose diversas vezes, não tendo bem certeza se ela ria ou chorava, e beijei seus lábios, para voltar a observar a criaturinha de dedinhos enrugados em seus braços, meu dedo foi agarrado pela pequena mãozinha, e aquele pareceu o gesto mais perfeito de todos.

Minha mãe logo levou o bebê para ser banhado, enquanto eu beijava Rose enquanto sua mãe não vinha para limpá-la.

- Viu como ela é linda?

Tenho certeza que meus olhos brilharam naquele instante, e rindo eu beijei o rosto de Rose. Algumas vezes eu havia dito que seria uma menina, mas ela sempre dizia que era melhor não ficar planejando tudo como se fosse ser mesmo uma menina, mas agora eu sabia que estava certo e ri beijando seu rosto.

- Você deveria ter acreditado quando eu disse – pousei a mão no relicário que havia voltado para o pescoço dela.

Sim, ela havia me dado há alguns meses, mas dias depois eu disse que só o usaria depois que saísse pela porta de casa pronto para ir a guerra, até esse dia chegar, aquela peça pertencia a ela e ali ficaria.

Ela riu e eu maneei a cabeça, afinal Rose nunca perderia a chance de poder teimar comigo. Segurei sua mão entre as minhas, e ficamos ali, apenas sorrindo um para o outro, ainda extasiados, enquanto no banheiro eu podia ouvir o chorinho do bebê, até que a mãe de Rose veio pegá-la para levá-la para se banhar, eu ajudei carregando-a até a banheira, e fiquei ali no canto, vendo minha esposa ser cuidada, e minha filha também.

Quando Rosalie voltou a abrir os olhos, já ajeitada em nossa cama, ali estava eu, ali estava Victor, e ali estava também nosso mais novo tesouro. Seus olhos brilharam, assim como os olhos daquela menininha em meus braços brilhavam. Exatamente igual, e eu me vi perdidamente apaixonado por aquele pingo de gente.

Pensava que não seria assim, afinal, nós já tínhamos o Victor, mas então eu peguei aquela preciosidade e quando ela agarrou meu dedo, com seus olhos ainda claros bem abertos, pode parecer besteira, ou exagero meu, mas ela me olhava com um brilho tão semelhante ao de Rosalie, que foi inevitável.

Victor riu baixinho quando Rose o abraçou, e eu tinha certeza de que ela estava louca para pegar nosso bebezinho, mas ainda não sabíamos como Victor reagiria a isso, por isso ela não queria deixá-lo enciumado. Dando um beijo em seu rosto, Rose cheirou seu pescoço e murmurou algo em seu ouvido, apesar de que nem era necessário falar muito, Victor era totalmente apaixonado pela mãe, e mesmo que Rose lhe dissesse duas palavras, ele estaria de acordo. Mesmo que ainda não compreendesse tudo.

Com um sorriso, eu me sentei na ponta da cama, deixando Victor entre nós para que ele olhasse para a irmãzinha recém nascida, que ainda mantinha os olhos bem abertos querendo conhecer o mundo ali fora.

Inclinei-me do melhor modo para que ficasse ainda mais próximo, e Rose veio um pouco para o lado, tentando não fazer muito esforço – apesar de que eu sabia que era só questão de minutos para ela querer ficar de pé e coisas assim, porque ela já tinha tirado um cochilo e se encontrava bem. Com Rose sempre era assim – e não diga que eu estou errado, porque você sabe que não.

- Diga oi – ela murmurou para Victor, ele virou para encará-la, com seu cenho franzido querendo entender tudo. – É sua irmãzinha.

Ele maneou a cabeça, voltando a encarar o bebê, e eu sorri querendo encorajá-lo.

- Faz carinho nela – eu murmurei tocando de leve o rosto rosado, para logo Victor esticar sua mãozinha gorducha e fazer o mesmo, rindo enquanto o bebê o encarava piscando algumas vezes.

- E você diga oi ao seu pequeno presente – Rose murmurou se inclinando para falar sobre meu ombro, para então sorrir para o bebê. – Não é Elle? Você é o presente do papai...

Eu ri entregando o bebê para ela, porque seria questão de tempo até ela voltar a resmungar de fome.

- E você vem comigo – eu disse puxando Victor para o meu colo, ele gargalhou, mas não se contentou por muito tempo, porque a criaturinha pendurada no seio de sua mãe parecia mais interessante, então, no momento em que eu o coloquei sobre o colchão, Victor engatinhou se arrastando até o lado de Rose, olhando com curiosidade a bebê que mamava.

- Leitinho – ele murmurou olhando Rose, que o encarou de volta, com os olhos brilhosos e um sorriso nos lábios. Ela não pararia de sorrir tão cedo. Nem eu. Nem de babar.

- Leitinho que você não quis mais – eu disse chegando por trás e fazendo cócegas nele.

Ele fez uma careta enquanto o bebê continuava mamando.

- Ela parece uma bonequinha – Rose murmurou acariciando a bochecha rosada.

- Ela parece com você – eu disse e beijei seu rosto. – Agora você precisa descansar...

Então as reclamações começaram.

- Amo você – eu murmurei quando ela começou a reclamar.

E rindo Rose me beijou de volta.

- Agora vá cuidar do seu filho – ela disse movendo a cabeça para apontar para Victor, e só então eu me dei conta de como o dia havia passado rápido desde que Elle havia nascido, agora já estava escuro lá fora e Victor bocejava.

- E logo venho cuidar de você – ela me beijou novamente, para logo eu sair com Victor enquanto ela continuava babando em nossa menininha.