Lágrimas de sangue escrita por Gothica


Capítulo 5
A surpresa.


Notas iniciais do capítulo

*Capítulo editado.

Espero que gostem. =3
Boa leitura!



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Acordei cedo naquela manhã.

O dia estava lindíssimo. O sol iluminava a casa pela janela do meu quarto. Não haviam nuvens no céu e pássaros cantavam por perto.

Dei um leve bocejo e me espreguicei. Levantei para acordar Dhuly, mas ela não estava na cama. Sua cama estava arrumada e com alguns papeis em cima. Olhei no relógio da parede, que marcava 8 horas. Dhuly não era de acordar cedo assim... Devia estar aprontando alguma coisa.

Descalço, fui em direção a cozinha preparar alguma coisa para o café da manhã. Botei a toalha preta de café da manhã na mesa com toda animação. Fiz torradas com manteiga, leito morno e botei duas maças ao lado do prato de Dhuly. Para mim, fiz apenas um suco de abacaxi acompanhado de uma única maça.

Caminhei até o elevador para apertar a campainha que chamaria Dhuly, que por acordar cedo, deveria estar morrendo de fome.

– Filha! - Eu disse apertando o botão.

Vinte segundos e nada de Dhuly. Resolvi apertar novamente.

– Filha?

Um minuto e ela não apareceu. Eu não sabia se deveria me preocupar ou começar a comer sem ela. Dhuly nunca tinha feito esse tipo de coisa. Desde que aprendeu a habilidade de rapidez, quando eu a chamava não demorava nem cinco segundos para ela aparecer.

– Ok. Não tem como não ficar preocupado.

Esse era o lado negativo de ter uma casa gigante. Cheia de andares e corredores e lados, portas, quartos... O primeiro lugar que resolvi ir foi para a Sala de Jogos, onde ela mais ficava.

Apertei o botão para o elevador subir. Escolhendo o andar da Sala de Jogos entre todos os andares, lá fui eu, com o coração na mão.

– Dhuly?

Saí do elevador e comecei a procurá-la. A Sala era bem aberta. Se ela estivesse por lá, eu a veria. Não estava. Me preocupei mais ainda e comecei a achar que teria que ir de andar em andar até encontrá-la.

Resolvi ir até a Sala de Corrida para ver se Tutu estava lá com ela. Entrei no elevador com medo de que ela não estivesse.

Quando a porta se abriu, estava tudo do mesmo jeito da última vez que eu tinha entrado lá. Desde aquela descoberta de novas habilidades dela, em que mais tarde nós fomos para limpar a sala. Tutu estava lá no canto da sala comendo, como sempre.

– Tutu! Onde está Dhuly?

O ratinho se virou para mim e me encarou. Li a mente dele. Ele me disse que ainda não a tinha visto naquela manhã.

– Sabe onde ela pode ter ido? Ou o que pode estar fazendo? - Eu perguntei com um tom de preocupação na voz.

Tutu disse que não. Que não sabia onde ela poderia ao menos estar. Que ela não tinha dito nada a ele.

– Ótimo! Cadê Dhuly? Cadê ela?

Pus as mãos sobre a cabeça e sentei no chão para pensar.

Onde Dhuly poderia estar? Ela não havia contado nem ao ratinho que mais amava onde iria... Algo estava errado. Olhei em volta na esperança de encontrar alguma pista do lugar da casa onde ela poderia estar, mas não encontrei nada. Me levantei e apertei novamente o botão da campainha, que é ligado a casa toda.

– Por favor, apareça. Por favor, apareça. - Eu disse para mim mesmo de olhos fechados.

Cinco, quinze, vinte segundos.

Apertei de novo.

Um, dois, três minutos e nada.

– Não é possível! - Eu gritei. - Não é possível!

Abri a porta do elevador e fui para a Sala de Jardim. Um local muito bonito da casa.

– Dhuly! - Eu gritei.

Fui para a Sala de Cinema.

– Dhuly! Responda, Dhuly! - Eu gritei mais alto, com lágrimas nos olhos.

Fui para a sala normal da casa. O andar em que ficava a cozinha e nosso quarto.

– Dhuly, não faz isso comigo, filha! Apareça! Você vai matar papai do coração, Dhuly! - Comecei a olhar por todas as partes da sala, cozinha e banheiro. - Por favor, filha! Pare com isso!

Olhei para o relógio. Fazia só 15 minutos que eu estava procurando Dhuly, mas isso era tempo o suficiente para eu enlouquecer.

Lembrei dos papéis que vi em sua cama quando levantei. Talvez pudesse ter algo neles. Talvez fosse uma carta para mim dizendo que ela iria brincar em algum lugar da casa.

Resolvi arriscar. Corri até o quarto e peguei as folhas em sua cama.

"1- Sala de Testes. 2- Porta Branca. 3- Fechadura verde. 4- Armário de tinta."

Cada numeração estava em uma folha. Eu não fazia ideia do que aquilo queria dizer.

– Ok... Mantenha a calma... - Eu disse para mim mesmo. - Está tudo aqui. Talvez se eu seguir isso eu possa encontrá-la. Ela definitivamente deve ter seguido esse caminho. Acalme-se.

Peguei as quatro folhas e pus no bolço. Corri de volta ao elevador e desci para a Sala de Testes. Um lugar que jamais imaginaria que ela estivesse, já que sempre disse para ela não descer sozinha.

Chegando lá em baixo, amacei a primeira folha e joguei no chão. Peguei a próxima que dizia "Porta Branca". Porta Branca era a porta de uma das salas com telão gigante e fundo branco para os testes. Resolvi entrar na primeira porta branca que ficava ao lado da porta do elevador, sem saber se aquela seria a certa.

– Ok. Mais uma folha já foi.

Amassei a segunda folha e peguei a outra. "Fechadura verde" dizia a terceira. Olhei em volta na procura de alguma fechadura verde. Aquela Porta Branca era composta de outras três salas menores. Cada fechadura tinha uma cor para eu não me confundir na hora dos testes. Havia a vermelha, a azul e a verde.

Abri, entrei. Amassei a terceira folha e peguei a próxima. "Armário de tinta". A sala em que eu estava era bem pequena e havia só um armário cheio de tintas de todas as cores, uma mesinha, uma boneca de madeira pintada pela metade e uma cadeira.

– O armário está aqui... Ela não estaria dentro do armário. - Eu disse para mim mesmo. - Ou estaria?

Abri a porta do armário com muito cuidado na esperança de vê-la lá dentro e poder assustá-la. Mesmo com a preocupação toda, eu acharia legal se fosse uma brincadeira com pistas.

Abri a porta do armário e fiquei perplexo.

No armário havia um buraco. Um buraco grande o suficiente para uma criança passar. Um buraco que dava para fora da casa.

– Droga Dhuly!

No momento eu estava em uma péssima situação. Jamais imaginaria uma coisa dessas. Sempre dizia a Dhuly: "Nunca saia de dentro da casa. Lá fora é muito perigoso pra você. Me promete?", e ela me prometia. Como sempre foi muito obediente, eu ficava tranquilo.

Vendo o gramado de fora da casa pelo buraco do armário, fiquei extremamente nervoso e com medo. Não tanto com raiva, mas com muito medo.

– Se há um buraco pra ela sair, por que não sairia?

Não podia deixá-la sozinha por aí e nem esperaria ela voltar.

Corri até a porta da sala. Abri as três portas e saí. Do lado de fora, usando a rapidez, dei uma rápida olhada em volta da casa, nas árvores e arbustos. Ela não estava lá.

– Droga!

Percebi que minhas vestimentas não estavam nem um pouco apropriadas para sair. Descalço, de pijama e sem minhas lentes eu não poderia ficar. Como estava com pressa, teria que usar a velocidade para que ninguém me visse, principalmente na descida do morro.

Nossa casa ficava bem no alto do morro, cercada por árvores, matos, muros, espinhos e um enorme portão. Tudo isso era segurança para que as pessoas nem mesmo soubessem que havia uma casa gigante por lá.

Respirei fundo e comecei a descer em alta velocidade, habilidade muitíssimo útil dos Demônios das Sombras. Na descida do morro eu via a quantidade de coisas e pessoas que surgiam. As casas e lojinhas ficavam dos lados e a rua no meio. Enquanto eu passava pelas pessoas, elas viam meu vulto e comentavam sobre.

– Minha nossa! Que isso? - Perguntou uma moça a outra.

– Deve ter sido um passarinho, Jurema. - Disse uma mãe à sua filha.

– Santa mãe de Deus! O que foi isso? - Perguntou um velhinha segurando seu crucifixo.

Sem dar muita atenção para isso, enquanto descia, eu olhava em volta, para o caso de Dhuly estar brincando por aí.

– Droga! Ela está sem lentes e com os dentes e as unhas afiadas!

Em casa havia uma gaveta cheia de lentes. Como nossos olhos eram vermelhos, não poderíamos aparecer na rua sem que nos estranhassem. Tinham lentes para mim que eu usava só quando fosse necessário sair, e outras para Dhuly. Suas lentes verdes, pretas, azuis e castanhas, que só seriam usadas quando fosse sair comigo, estavam devidamente guardadas. Nunca haviam sido usadas.

Chegando ao começo do morro, já começava a rua da cidade. Ainda era só uma avenida com uma ponte atrás. Temia ter que procurar Dhuly pela cidade inteira.

Naquele momento me arrependi profundamente de não ter posto um micro-chip localizadorassim que ela nasceu. Se tivesse um, poderia saber onde ela estava, sem maiores preocupações. Omicro-chip era uma técnica muito utilizada antigamente pelos Demônios das Sombras. Ele tem muitas utilidades além que encontrar crianças que saiam de casa sem a permissão do pai.

Ainda rápido, fui até a ponte e dei uma olhada. Logo após ela, surgiu a cidade grande, com milhares de veículos passando para todos os lados, pessoas de todas as idades, tamanhos e cores, lojas, prédios, casas... Tudo! Menos Dhuly.

– Ah, Dhuly... - Suspirei olhando em volta, mas sem me aproximar da entrada da cidade.

Eu ainda estava na ponte, procurando por Dhuly dentro da cidade. Sabia que seria praticamente impossível encontrá-la de onde eu estava, mas não podia entrar lá. Não daria certo um demônio de pijama e descalço passando entre carros e pessoas na cidade grande.

Eu ainda não tinha encontrado uma simples explicação para Dhuly fazer aquilo. Ela era muito obediente. Nem sequer demonstrava interesse em sair de casa. Quando eu saia, ela não pedia para ir junto. Nunca pediu. Nunca quis saber como era lá fora.

Sem ter mais o que fazer no momento, decidi voltar para casa. Voltar, tomar um banho, relaxar e espera-la. Ela apareceria, pediria desculpas e diria que estava em uma das salas fazendo uma coisa para mim. Eu diria que ela quase me matou do coração, mas no fim tudo acabaria bem. Voltaríamos a nossa vida normal e eu diria para ela NUNCA MAIS fazer aquilo novamente.

Em questão de poucos segundos cheguei em casa. Com a ideia fixa na cabeça, resolvi tomar um banho de banheira e relaxar. Relaxar e esperar.

– Dhuly?

Gritei seu nome só para garantir que ela não tinha voltado enquanto saí para procurá-la. Bom, ela não tinha.

De banho tomado, fui até a cozinha, peguei um café e uns biscoitos. Deitei no sofá da sala, liguei a tv, botei o café sobre a mesinha e respirei fundo.

– Daqui a pouquinho ela aparece. Vai ficar tudo bem. - Eu disse fungando, com lágrimas nos olhos.

Quinze minutos vendo tv, até que adormeci.


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