Capítulo 2 – Starry Skies

Fiquei acordada a noite toda noite, pensando no que ia fazer para fugir dali. Comecei a lembrar de todas as histórias loucas sobre vampiros que eu já tinha ouvido, tinha haver algo que eu poderia usar. Eles eram fracos contra alho e fogo... Isso não iria ajudar, não tinha alho e eu, provavelmente, ia causar um incêndio se usasse fogo. O que mais? O que mais? Eles dormiam em caixões (Já comprovado que isso é falso dado os... eventos de antes), tomavam sangue (isso me fez sentir um calafrio, eu ia virar lanchinho se ficasse aqui?) e eles eram criaturas noturnas...

MAS É CLARO! ELES SÃO CRIATURAS NOTURNAS! DORMEM DURANTE O DIA! VOU ESCAPAR DURANTE O DIA! Pera aí, isso não ficaria meio óbvio? Que seja, eles não podem sair no sol. Agora eu tinha um plano, era só ser paciente (a parte mais difícil dele) e esperar amanhecer. Deitei na cama novamente, prestando atenção na movimentação da casa enquanto observava a lua (engraçado, se eles não podem sair no sol, por que existem quartos com janelas?). A lua estava cheia nesta noite, me fazendo lembrar a época em que eu fugia do orfanato quando mais nova para subir no telhado e observar o céu noturno. Embaixo daquela imensidão de estrelas, esperava que alguém viesse me buscar como acontecia nos contos de fadas, o príncipe sempre salvava a princesa do perigo, ou no meu caso, dessa prisão que eu chamava de lar. Mas ninguém aparecia e a medida que eu envelhecia ficava mais cética quanto as coisas e mais realista. “A vida é simplesmente difícil e ninguém vai lhe ajudar” esse é meu pensamento hoje, eu não iria depender de ninguém, além de mim mesma.

Enquanto eu estava perdida em pensamentos, a casa foi se aquietando pois já iria amanhecer. O som de alguém na porta me chamou a atenção e rapidamente fechei os olhos, fingindo estar dormindo. Ouvi a porta se abrindo e duas pessoas entrando no quarto, uma delas foi em direção a janela e começou a fechá-la, enquanto a outra veio e se sentou a beira da minha cama, fazendo meu coração saltar. De repente, um cheiro chegou até mim, ele era familiar e fez meu coração palpitar. Eu já tinha ideia de quem era o dono desse cheiro, ele estranhamente fazia meu coração palpitar só de estar presente, o mais estranho era que ele não palpitava de medo.

– Mestre Sasuke? – a outra pessoa que havia entrado e cuja presença eu havia esquecido, se pronunciou.

– O que foi? – Respondeu quem estava perto de mim com um tom indiferente.

– Perdoe a ousadia, mas por que mantê-la aqui? – ele parecia receoso.

– Não podemos deixar que ela saia contando sobre nós para todos os outros humanos, podemos? – respondeu entediado.

– Sim, mas poderíamos fazê-la beber a poção do esquecimento e simplesmente manda-la de volta, como fizemos com os viajantes anteriores.

– Ela estava planejando vir aqui, provavelmente avisou alguém, ela aparecer sem memória não seria, no mínimo, estranho?

Como ele sabia que eu estava planejando vir aqui? E como se ele lesse meu pensamento, Daisuke perguntou:

– Senhor, como você sabe que ela estava planejando vir aqui?

Sasuke não respondeu, mas percebi que ele havia congelado por um instante, como alguém pego no flagra.

– Você estava vigiando ela? Senhor, você sabe como isso é perigoso para você! Lembra-se do incidente com a senhorita Miyu-

– CALE-SE! – Sasuke disse em uma voz fria e cortante, pude sentir Daisuke se encolhendo.

Senti Sasuke se levantando da cama, indo em direção a porta e saindo. Daisuke, ainda encolhido no canto, começou a sussurrar:

– Daisuke, seu idiota... Idiota... Perdoe-me, mestre...

Ele ficou ali quieto por algum tempo, até que percebeu onde estava e saiu rapidamente do quarto. Quando os dois saíram, me levantei e comecei a me perguntar sobre o que havia acabado de acontecer. Por que Daisuke ficou com tanto medo de Sasuke? Por que Sasuke havia ficado tão irritado a menção dessa Miyu? E mais: por que isso tudo me incomodou tanto?

Eu tinha que sair logo dali.

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Esperei um pouco mais, a esta altura a única coisa que me mantinha acordada era a adrenalina e o medo que estava sentindo, mas o cansaço lentamente sobrepujava ambas sensações, eu devia ter dormido um pouco, já estava a pouco mais de 24 horas acordada, eu não havia dormido muito na noite anterior...

Quando a casa se tornou silenciosa, me atrevi a sair do quarto, usando toda minha habilidade para não fazer barulho, e comecei a procurar a saída. Eu não me lembrava de por onde havia passada, eu não tinha prestado atenção da última vez, somente me lembrava que a saída tinha um quadro. Demorou até eu achar a saída, porém quando me aproximei da porta para abri-la, uma voz se pronunciou atrás de mim:

– Você é muito previsível. Não acha que fugir durante o dia é algo óbvio demais?

Era Daisuke, esse homem tinha algo comigo, eu não conseguia escapar ele e ele sempre parecia saber tudo que eu ia fazer.

– Eu sabia que era óbvio... – disse para ele.

– Então você já percebeu que não vai escapar? Menina inteligente. Agora volte para o seu quarto, percebo que você quase não dormiu. – ele disse se virando como se esperasse que eu o seguisse.

– Mas não custa tentar! – abri rapidamente a porta e comecei a correr.

O sol estava alto no céu, eu fugi sem olhar para traz, meu plano podia ser previsível, mas estava funcionando até agora. Segui os caminhos das plantas até chegar ao limite da cidade, eu nunca tinha ficado tão feliz em ver minha cidade. Até eu ver quem me esperava.

– Isso é injusto. – toda minha força tinha sido usada na corrida e devido a falta de sono eu já não estava pensando direito. – Não podem sair no dia. – disse como uma criança mimada.

– Não podemos... – ele soou um pouco triste ao dizer isso. - Eu sou um caso especial.

Ele veio e me levantou com a extrema facilidade de antes, comecei a me debater.

– Me solte! Solte-me agora! – gritava, mas ele se mantinha firme.

– Calada! – disse irritado. – Você só causa problemas.

Debati-me mais um pouco, mas depois me dei vencida pelo cansaço. Não conseguia pensar direito, não demorou até que eu dormisse. E começasse a sonhas com um tempo muito antigo, de quando meus pais ainda estavam vivos.