O casarão no fim da rua escrita por Lorena L


Capítulo 3
Fraternidade VI


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos leitores! Devo me desculpar adiantadamente por esse capítulo, pois tive de escreve-lo com um pouco mais de pressa que o normal, uma vez que não estou tendo muito tempo para escrever. Mas eu não falhei no prazo de entrega, e não planejo falhar por um bom tempo. Então, sem mais delongas, aproveitem o capítulo e nos vemos nas notas finais :)



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O vento chibatava o rosto de Arthur sem piedade alguma enquanto caminhava em direção ao fim de Milledge ave. Suas mãos protegiam-se do frio dentro do bolso de seu casaco, e o gorro protegia-lhe os cabelos ruivos. Apesar de tudo, ele quase gostava da sensação do frio ao seu redor. Na verdade, ele não gostava de muitas coisas.

Dentre elas, Fraternidades.

Ele já estava ha três anos na Universidade da Carolina do Norte. Mais um ano e se formaria. A verdade é que ele não fazia ideia de como conseguira suportar tanto tempo na faculdade. Ele sempre havia prometido para si mesmo que viveria independente do que a sociedade requereria para que fosse considerado bem-sucedido na vida. Mas seu plano deu errado, em termos. Arthur só se convenceu em aplicar para uma faculdade dois anos depois de se formar no colegial. Mas ele não se arrependera completamente de sua escolha – a vida universitária tinha suas vantágens. Além de passar a maior parte do tempo estudando musica, ele ganhava descontos em quase todos os lugares pela cidade e, por ser mais velho, era respeitado por –quase – todos os seus colégas. Mas de tudo isso, havia uma coisa da qual não o agradava em uma cidade Universitária – e essa eram as Fraternidades. Ele não entendia porque, ao certo – Mas todas as vezes que passava por Milledge ave., aquilo lhe dava um terrível mal-estar. Além de Melissa, pessoas que moravam em Fraternidades não o agradava. A maioria delas tinham seus queridos pais para que lhe pagassem a estadia no casarão, aproveitando a vida em festas, e vivendo acreditando na ilusão de que são adultos e de tem alguma moral nesse mundo. Pessoas que, diferente dele, jamais tiveram que batalhar para conseguirem o que queriam. Que não estavam sozinhos no mundo desde pequenos.

Pessoas como as de Fraternidades não mereciam o respeito de Arthur.

E lá estava ele, atravessando os estensos dois quilometros de Fraternidades vazias, como lhe havia sido mandado, de acordo com o bilhete.

Você foi convocado. Esteja em frente

a fraternidade βϖϴ ao meio dia.

Já era 12:15. Arthur não confiava nem um pouco na nota, mas ainda faltavam oito dias até o retorno das aulas, e não lhe restavam muito mais opções além de tomar riscos – não que se importasse, é claro. Mas, para ele, o pior castigo que poderia ter era sem duvidas ter de caminhar até o final daquela rua.

Pelo menos, era isso o que pensava.

Finalmente, Arthur se viu chegando em algum lugar. Já podia enxergar ao longe a silhueta de uma meia duzia de pessoas, reunidas ao redor da última Fraternidade da Rua. A fraternidade βϖϴ.

Ande, dizia uma vozinha dentro de sua cabeça, saia enquanto ainda há tempo. Esse lugar não é pra você. Arthur continuou andando, até que pode reconhecer as primeiras silhuetas. Pelos cabelos negros e rebeldemente encaracolados, coturno preto e jaqueta militar, pode facilmente identificar Amber por dentre as poucas pessoas que ali se encontravam. E ao seu lado, como já era de se esperar, estava Melissa, com uma touca protegendo os cabelos rebeldes e seu usual sobretudo de inverno. Arthur não simpatizava muito com os outros rostos que circulavam o lugar, ao mesmo tempo que não os conhecia direito. Estava pronto para dar meia volta e ir embora, mas já era tarde: Melissa o havia visto.

Ela acenou e chamou para que viesse a seu encontro. Mas não parecia muito animada - havia confusão em seu rosto, assim como o das outras cinco pessoas no lugar. Arthur respirou fundo, e andou até as duas garotas, forçando um sorriso descontraído.

– O que vocês estão fazendo aqui, moças?

Melissa arqueou uma sobrancelha.

– O mesmo que você, provavelmente. Achei que você tivesse alguma coisa a ver com tudo isso.

Amber olhava de um lado para o outro, receosa. Era uma menina interessante, a Amber. Possuía um estilo bem alternativo. Gostava de maquiagem mais pesada, tanto que na primeira vez que ficaram, sua boca e pescoço ficaram manchados de vermelho. Era engraçada e muito mais simpática do que suas roupas apontavam. Já dormira com ela também, algumas vezes. Mas fora do quarto, eram apenas bons amigos, agindo naturalmente um com o outro. E ele gostava disso nela - ela simplesmente não se importava com o que os outros pensavam. Ela apenas vivia a sua vida ao seu modo.

A garota colocou a mão no bolso.

– Eu não estou gostando muito disso. - disse, não para alguém especificamente. - O que essas pessoas estão fazendo aqui, cara?

– Arthur, você recebeu algum bilhete essa manhã? - Perguntou Melissa.

Arthur retirou o pequeno pedaço de papel do bolso.

– Estou desconfiado de que todos aqui receberam.

Nesse momento, todas as seis cabeças ficaram em súbito silêncio. E duas novas caras surgiram de dentro da densa floresta no fim da rua.

Merda. Pensou Arthur. Esses caras não. Tudo menos esses caras. O garoto já estava profundamente arrependido de não ter ouvido sua consciência.

– Bem vindos, meus queridos amigos! - Bradou a voz de Fred, agora visível por completo, seguido de Henry. - Fico feliz que todos vocês puderam comparecer. - O garoto sorriu sarcasticamente, e fitou Arthur por um breve instante. - Vocês devem estar se perguntando o que exatamente estão fazendo aqui, estou certo?

Os seis jovens murmuraram entre si.

– Desembucha logo, palhaço! - Gritou um dos garotos que estavam ali presentes, que Arthur reconheceu como sendo Robert, um velho amigo seu.

Todos riram. Rob era também um grande amigo de Fred, que mantinha seu sorriso intacto.

– Parecem que vocês estão apressados. Então sinto que terei que estragar o suspense. - O estudante de vinte e um anos ascendeu um cigarro e tragou-o com vontade. - Mas não ainda.

Henry, que até então mostrara-se quieto, abriu a boca para falar.

– Como vocês bem já devem saber, somos os únicos alunos de Toda a UCN* restantes, até o fim do feriado. Isso merece uma comemoração, não acham?

– E então, eu e meu amigo aqui decidimos tomar a iniciativa, e fazer a nossa própria festa. E vocês estão todos convidados. - Mais uma vez, Fred encarou Arthur por um segundo - Mas, para isso, precisamos de um lugar, não concordam? E eu achei o lugar perfeito. Mas para isso, terão de passar do limite que vocês acreditavam que existia, e entrar. - Ele então apontou para a densa parede de arvores que fechava Milledge Ave.

Daria, garota que Arthur não conhecia tão bem, então disse:

– Como saberemos que podemos confiar em você?

– Não saberão - Fred riu - e essa é a graça. Quem está comigo?

Arthur olhou para Melissa. Se conhecia bem a melhor amiga, sabia que ela já havia topado, por mais estúpida que aquela idéia soava. As vezes Melissa não tinha noção das coisas. Mas ele não podia julga-la; ele também não tinha.

Mas além dela, ninguém mais parecia interessado. Até que Rob falou de novo, dessa vez para os amigos.

– Vamos lá, pessoal, isso não pode ser tão ruim assim. Pode ser até divertido.

Amber parecia pronta para ir embora.

– Rob tem razão - falou Melissa, que apesar de dizer em voz alta para todos, parecia estar se dirigindo apenas aos dois melhores amigos. - Não saberemos se não tentarmos.

– Se essa idéia for uma furada - Disse Arthur - você pagará, Melissa Jordans.

A garota sorriu, e olhou para Amber, arregalando os olhos grandes.

– Ok, eu vou. Mas eu já estou vendo que isso vai dar merda, Mel. Não diga que eu não avisei.

xx_xx

Por mais incrível que parecesse, no fim todos que estavam ali concordaram com a idéia louca de confiar em Fred de levá-los para o fim dos limites da cidade. Mas, no fim, eles se surpreenderam com a trilha logo depois da parede de árvores, e todos conversavam ansiosamente enquanto seguiam Fred e Henry. Arthur estava cogitando seriamente a ideia de sair de fininho sem que ninguém percebesse, mas sabia que não podia deixar seus amigos na mão. Ele tinha um sentimento muito grande para com eles, e sentia que era seu dever protege-los de qualquer mal - dentre eles, um em especial chamado Fredderick. Foi quando ele viu todo mundo parando abruptamente na frente dele e olhando pasmos para frente. Ele resolveu então fazer o mesmo.

Mas o que ele viu a seguir era muito pior do que o cenário de uma festa.

Fred posicionou-se a frente dos colegas.

– Bem-vindos - Disse - à Fraternidade VI.


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Notas finais do capítulo

*Universidade da Carolina do Norte.
Muito obrigada por lerem até aqui!
Gostaram? Odiaram? Deixem seu comentário com a opinião de vocês (: Eu sei, está meio corrido, me desculpem por isso, mas juro que fiz o meu melhor para manter o capítulo dentro do prazo.
Vejo vocês na quinta o/