Eu estava mais uma vez sentada diante dos alunos da minha maldita escola. Muitos ali se pareciam mais comigo do que queriam, mas sabe, é bem mais fácil ignorar a nerd bizarra que fica sempre sozinha com seus fones ao som de sua playlist favorita, caderno de desenhos e um bom livro.

Amigos? Nenhum desde o desaparecimento da Elisabeth, uma amiga (quase irmã) minha, que havia desaparecido no inicio do ano passado. Acho que as pessoas cansaram de procurar por ela a algum tempo, porque não tenho mais nenhuma noticia. Mas prefiro ficar sozinha, não gosto das pessoas da minha escola. Elas são sempre tão idiotas, tentando diminuir as outras por suas atitudes, escolhas ou jeitos de ser.

Mas não se engane, eu sou uma adolescente como qualquer outra. Também tenho sonhos, ídolos e amores não correspondidos. Leo Valdez. Idiota não é? Quer dizer, eu sou idiota, não ele. Pelo menos eu acho. Mas fazer o que? Quem disse que se manda no nosso estúpido coração?

- Gente olha só! A coitadinha ta sozinha de novo, se ela não fosse tão sem graça ate seria legal jogar tempo fora enquanto zoa ela! – disse Calipso parando na minha frente junto com suas ‘capangas’, Drew e Reyna.

- Posso saber por que ainda me enchem se eu sou ‘tão sem graça’? Afinal, eu não ligo pra opinião de vocês, acho que ninguém em sã consciência liga. – respondi ainda concentrada no meu livro.

- É legal ver como você é uma ninguém. – respondeu Drew.

- Posso ser uma ninguém – o que pra mim é um elogio. – mas pelo menos eu ando acompanhada por um QI alto, diferente de vocês, porque com certeza um rato tem um cérebro maior que o de vocês, lindinhas. – falei enquanto pegava meus fones e colocava a musica em um volume nada baixo.

- Quem você pensa que é pra falar assim de mim? – disse Reyna. Realmente, o meu comentário não se aplicava a ela, já que ela era uma das pessoas mais inteligentes da nossa escola. Sinceramente, porque ela ainda anda com essas vadias mesmo?

Ignorando-as completamente depois disso, fui ate a minha próxima sala. Química.

Nessa aula eu fazia dupla com o Leo, não por motivos de “você é legal, vou sentar com você” e sim por motivos de “Uau, se eu não sentar com a nerd eu estou completamente fudido nessa matéria”.

Bom, acho que você não vai querer que eu fale sobre a matéria né?

Parte ||

- CHEGUEI MÃAE! – gritei entrando em casa. Logo tranquei a porta e fui em direção ao meu quarto, antes de ser interrompida pela minha doce e maluca mãe.

- Ei docinho, vem aqui, quero te mostrar uma coisa! – disse ela me puxando para dentro de seu quarto.

Vi ela tirando um vestido delicadíssimo de dentro de uma caixa. O vestido era azul, bem clarinho mesmo, com alguns strass, o que o deixava perfeito.

- E a senhora pretende usar esse vestido para...? – perguntei admirando-o.

- Você quem vai usar! – OI?

- Mãe querida, caso você não saiba, sua filha é uma das pessoas desse mundo que não frequenta festas, muito menos chiques a ponto de um traje perfeito como esse.

- Mas tem uma que você vai nem que eu tenha que te arrastar pelos cabelos até a porcaria do lugar! – minha mãe é um doce NE?

- E essa seria? – perguntei.

- Seu baile de formatura oras!- ela disse como se fosse obvio.

Gente não me leve a mal, eu até gosto de festas, mas eu? Em um baile de formatura? Com vestido, maquiagem, cabelo feito, salto alto, isso só não combina comigo, não mesmo! O único tipo de baile que eu gosto é quando eles são dentro das minhas series favoritas, e olha lá!

-Mãe, eu não vou ao baile.

- Sim, você vai.

- Não, eu não vou!- Insisti. Posso ser bem teimosa quando quero, e quando não quero também.

- Sim, você vai e isso não será discutido.

- Mas eu não tenho acompanhante. – usei como desculpa.

- Vai com alguma amiga.

- Eu não tenho amiga!

- Vai sozinha então! É seu baile de formatura, você não vai perder isso!

- Ta bom, por você! Mas eu não vou usar isso. – disse apontando para o vestido

- Sim você vai.

- Não, eu não vou!

Lá vamos nos de novo...

Parte III – O Baile.

Eu sei, eu sei! Devia ter contado mais sobre o que aconteceu, com a minha mãe me obrigando a ir a porcaria do baile, sozinha. Mas ia contar o quê mais além disso? Que eu continuava sem noticias da Beth? Isso já não é novidade. Que eu ainda não tinha recebido a carta pra saber se eu havia ou não ganhado a bolsa do intercambio pra Londres? Sei lá.

Para o bom agrado da minha mãe, fiz o maior esforço possível para me arrumar para o baile.

Vestido? Okay. Eu havia cedido aos pedidos da minha mãe, e não é que o vestido ficou perfeito?

Unhas? O melhor possível.

Cabelos? Com as pontas levemente onduladas, destacando assim as californianas que eu havia feito a algum tempo.

Maquiagem? Por conta da mamãe!

Saltos? Já não acha que ta pedindo demais?

Depois de eu já estar toda paparicada e pronta, minha mãe desceu para fazer sei lá o que ela faz em uma sexta de noite além de se jogar no sofá para assistir no mínimo 10 ep. de TVD. Ta bom, eu assisto, grito, e vibro junto, satisfeitos?

- FILHA VEM AQUI, AGORA! – ferrou!

Desci as escadas o mais rápido possível.

- Eu juro que não fui eu dessa vez mãe! – eu exclamei já me defendo.

- Então por acaso foi quem que passou pra Escola de Artes de Londres? – ela disse mostrando a carta que tinha em mãos, só prestei atenção nas palavras “Escola de Artes de Londres, Inglaterra” e logo após “aprovada!”

- PUTA MERDA, EU PASSEI MESMO, MÃE! CARALHO, EU NÃO ACREDITO! – disse me pendurando no pescoço dela.

- Olha o palavreado menina! – ela disse correspondendo ao abraço.

- QUE PALAVREADO O QUE? EU VOU PRA LONDRES CACETE! NÃO FODE MAE, NÃO FODE. – gritei de novo, desculpa se eu tô um pouco, (lê-se muito) emocionada.

-Nós vamos pra Londres docinho! – ela disse, OI? NOS? – Mas antes, tem um tal de Leo Valdez que você precisa conquistar!

- MAE!

- Ninguém manda você deixar seu diário jogado por ai! – ela se defendeu- Juro que foi só uma página!

- Tudo bem, já virou rotina mesmo! Mas como assim nós vamos?

- Acha mesmo que eu ia deixar o meu bebê ir sozinha? – ela apertou minhas bochechas.

- Mae, desembucha logo.

- Ta bom! Acho que Londres precisa de algumas professoras, então, ta olhando pra nova professora de fotografia da escola de artes de Londres, - ela fez pose - UAU me senti importante!

Rimos e ela logo me levou para o baile, dizendo a cada segundo como eu estava linda, que mulher exagerada!

Chegando lá, percebi que não era a única sozinha, havia alguns grupinhos de pessoas, alguns garotos conversavam no canto do ginásio. PERA, AQUELE É O LEO? O QUE ELE TA FAZENDO SOZINHO? E PORQUE ELE E OS AMIGOS ESTAO COCHICHANDO E OLHANDO PRA MIM?

Ta, calma, respira, vamos lá, 1.. 2... 3...

Sentei-me em um banco qualquer, tentei ler o livro que tinha baixado no meu celular, porém o barulho era muito, então decidi só curtir a musica mesmo.

Reconheci musicas como Treasure, do Bruno Mars, Best Song Ever e Midnight Memories do One Direction, Burn da Ellie Gouding, Safe and Sound do Capital Cities, e outras tantas que eu amava. Sou totalmente eclética.

Até que uma musica mais lenta começou a tocar, de inicio eu não reconheci, mas acho que é All of The Stars, do Ed Ruivinho Delícia Sheeran. E foi quando reparei que havia alguém ao meu lado, alguém não, o Leo!

Que cacete Leo Valdez ta fazendo aqui? Oh Shit! Ele falou algo, mas eu não ouvi!

- Oi? – falei a única coisa que meu cérebro conseguiu processar. Ah não, ataque de paixonite agora não!

- Eu disse que você está linda!

- Obrigado.. – disse sentindo que estava ficando corada, que bosta!

- Então, você quer dançar comigo? – mãe a senhora esqueceu-se de me acordar de novo?

- Eu... ahaam, claro! – disse toda atrapalhada enquanto ele pegava a minha mão e envolvia seus dedos quentes nos meus, me puxando ate a pista de dança, onde alguns casais haviam se juntado para dançar.

Em questão de segundos senti suas mãos em minha cintura e então nos começamos a dançar. Não preciso nem falar que eu sou péssima nisso não é? A partir disso eu somente segui o ritmo, sem importância alguma, e repousei minha cabeça sobre o ombro de Leo.

Percebi que eu cantava a musica em um sussurro, mas também percebi que ele não se importava com isso, parecia que estava gostando daquilo.

- Vem. – Leo disse me puxando ate os fundos do ginásio, onde se viam alguns casais, alguns pufs, e digamos um clima muito, mas muito romântico.

- O que viemos fazer aqui? – pedi.

- Uma coisa que eu quero fazer desde a 4ª serie, mas tenho vergonha. – ele disse se aproximando.

- Leo Valdez com vergonha? Vai chover. – brinquei. – Mas o que seria a tal coisa? – pedi enquanto ele se aproximou mais ainda, envolvendo seus braços pela minha cintura.

- Isso. – ele disse sem me dar tempo pra uma resposta, simplesmente selou nossos lábios em um beijo calmo, sem pressa. Mas se vocês pensam que eu vou dar mais detalhes tão muito enganados, até porque meu cérebro não é capaz de achar uma descrição tão boa para esse momento, ai que nojo to dando uma de adolescente apaixonada. Pode uma vez na vida ne?

- E não é que o Valdez conseguiu mesmo? – Octavian disse enquanto batia palmas e vinha em nossa direção. As pessoas ao nosso redor pouco se importavam mas eu realmente odiava aquele garoto e o Leo parecia um pouco nervoso com a chegada do loiro.

-Octavian, vaza daqui! – Leo disse com certo medo na voz, o que ele tava temendo tanto?

- A ultima da lista, parabéns, você conseguiu Leo! Pegou todas as meninas da nossa turma! – ah não, como eu sou tola!

Ai que caiu a ficha, eu era só um nome que faltava na porra da listinha dele, afinal, o que ele ia querer comigo? Eu me odeio!

Automaticamente me vi saindo de perto dele e pegando meu celular, pronta para pedir para minha mãe vir me buscar, já chega disso pra mim. Marquei de esperar na frente da escola, então, quando cheguei lá me sentei na grama, sem ao menos me importar com meu vestido, e comecei a ler o livro que eu tinha baixado em PDF. Eu não ia chorar, não mesmo! Eu poderia estar irritada, chateada, braba, muito braba por sinal, mas não ia me dar o luxo de parecer fraca, não na frente da escola toda.

- Ei, eu posso explicar ta bom? – ouvi a voz dele atrás de mim.

- Como se você ligasse pro que eu to sentindo agora. – dei de ombros. – Agora, por favor, some?

- Poxa, eu te juro que significou algo pra mim...

- Claro que significou, terminou a listinha, parabéns! – disse sínica.

- Você é impossível mesmo! – ele disse se sentando perto de mim, mas logo me afastei.

- Durante anos, ANOS , eu gostei de você, e você nem ligava pra mim. Acha que foi fácil pra mim? Você saia com todas e eu sempre esperei uma chance se quer.

- E agora é a sua chance, aproveita.

- Quero mais é que você e sua “chance” se exploda, Valdez! Eu não quero mais porra de chance nenhuma, tarde de mais, querido.

- Mas eu quero pelo menos uma chance com você.

- Chance pra que?

- Pra consertar tudo. – ele disse se aproximando de novo, mas dessa vez eu não me afastei.

- Começa deixando de ser idiota, que tal?

- E você sairia com um cara não idiota? – com você eu sairia nem que fosse o maior idiota do mundo! Que foi? O cara é gato, e acabo de comprovar que beija bem. Ta, já chega.

Vi o carro da minha mãe parando, ela deu uma buzinada e eu me levantei, tirando um pouco de grama do vestido. Virei para o moreno e respondi:

- Talvez eu ache algum não idiota em Londres, vou procurar, eu prometo! – então entrei no carro e fui pra casa.