Posso Ser Sua Estrela? escrita por Luana Rosette


Capítulo 13
Posso ser sua estrela?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/52282/chapter/13

Dizer que as coisas foram mais fáceis de ali por diante seria uma piada. Mas mesmo assim valeu à pena cada minuto.

Cada hora

Cada dia

Cada noite...

Como já havia se tornado costume, eu agora estou sentado perto da cama de Harry enquanto ele dorme.

Faço questão disso.

De vê-lo adormecer e no dia seguinte acordar bem cedo para vê-lo despertar.

Tenho que sempre segurar a sua mão à medida que sua face sonolenta sorri abobada se deixando levar pela inconsciência... Não apenas por ele, mas por mim mesmo.

Para ter certeza de que ele está lá.

Para ter certeza de que quando eu olhar novamente para frente daquela cama ele estará lá.

Essa era a primeira noite que o via adormecido sem as suas madeixas negras.

Havia sido uma pequena guerra para convencê-lo a cortá-las de uma vez ao invés de esperar que elas caíssem gradativamente durante o tratamento, graças aos efeitos dos medicamentos, e quando perguntamos o motivo da recusa eu tive que me esforçar muito para não rir:

- Por que eu quero que Severus continue a afagar os meus cabelos.

Meu menino mimado.

Claro que eu entendi o que ele realmente quis dizer, ele tinha medo que eu não gostasse de como ele ficaria sem seu cabelo. Como resposta aos seus temores, simplesmente fiz questão de eu mesmo raspar a sua cabeça.

Olho com carinho aquela expressão serena e com minha mão livre acaricio a calva cabeça. E me lembro um pouco envergonhado o argumento que usei quando me prontifiquei a raspá-la.

“Eu amo os seus cabelos Harry, mas apenas por que eles fazem parte de você. E se você quer mesmo que um dia eu volte a afagá-los, vamos fazer de cada fio de seu cabelo um símbolo de uma promessa: A promessa de que nos esforçaremos para que um dia eu possa novamente afagar os belos fios negros que um dia com certeza voltaram a crescer”.

He he... Depois disso foi fácil domar a ferinha, ele passou o resto do dia com o rosto vermelho e meio abobalhado.

Harry realmente é uma pessoa fácil de lidar quando se aprende certos “macetes”.

Com os dias que dividimos (mais necessariamente as manhãs e as noites já que eu não posso abandonar o trabalho... saco), descobri que minha pequena estrela não é muito diferente do que havia se mostrado para mim nos meses em que moramos juntos.

Sua personalidade é a mesma, a leve acidez e sabedoria que esconde em suas doces palavras não mudaram um milímetro. Seu conhecimento de mundo se resumia ao que tinha lido em livros, já que desde que fora adotado pelos Dursleys nunca havia saído de dentro do orfanato com exceção das duas fugas.

Assim como Hermione havia me advertido não pressionei Harry atrás de justificativas ou explicações. À medida que nos encontrávamos, ele contava aos poucos sobre seu passado, sobre como me conheceu.

Pouco a pouco... E isso me fazia feliz, ah... Pouco a pouco ele abria para mim seu coração.

Mas apesar desses pequenos momentos de felicidade nunca conseguia esquecer de que ele estava em uma fase muito delicada de sua vida. Uma em que a única ajuda que pude dar foi a minha presença e umas poucas palavras de apoio.

Patético.

Seu tratamento havia acabado de começar e devido as medicações e a radioterapia, seu corpo se debilitava mais e mais... Mas era incrível. Não importava o quão fraco estivesse seu corpo após cada sessão, seu sorriso quando eu podia enfim me sentar ao seu lado era tão firme quanto antes.

Como ele conseguia isso?

- Porque a mão que estou segurando agora é a sua Severus – ele murmura quando uma das vezes eu perguntei isso para ele – se cada vez que eu sair da radioterapia eu puder segura-la não haverá no mundo motivo maior para sorrir.

Idiota... Por que sempre associa o seu sorriso a mim?

Por que sempre torna o seu sorriso dependente de minha presença?

Não, idiota sou eu por perguntar o obvio. Já que sei o porque.

Simplesmente esse pirralho é mais esperto do que aparenta.

Cada vez que associa seu sorriso a minha presença, ele torna mais e mais difícil que me afaste dele.

Pequeno demônio.

Expõe claramente o nome de seu vicio para que eu tenha que te brindar com ele a cada segundo.

Pequeno chantagista.

Atua nessa pureza ao mesmo tempo em que sem notar, me prende a grilhões.

Minha bela estrela.

Como ousa pensar que um dia pode chegar a apagar?

- Te amo Harry – digo beijando a face adormecida do pequeno.

Como pode pensar que eu deixaria você chegar a apagar?

PSSE

Enquanto isso, outras pessoas tiveram mais sorte na hora de achar utilidade durante essa época.

Sim, por que os Dursleys aparentemente não sabem, mas o seu amado sobrinho havia feito amizade com pessoas bastante interessantes nessa época em que esteve ausente.

Após achá-lo, eu o monopolizei por três dias para só depois avisar aos meus amigos que eu o encontrei.

O que? Vai dizer que eu não tinha esse direito?

Todos ficaram muitos felizes com a reaparição de Harry, mas eu só precisei dizer duas palavras sobre seu passado que todos, sem exceção, dividiram suas caras em uma mescla de pena e ódio.

Daquele estranho quarteto, havia sido Lucius o que agiu mais rápido, assim como eu esperava. Levantou-se do sofá onde estávamos sacou o celular e se afastou alguns passos.

O loiro havia entrado no “modo: Malfoy” e em apenas algumas semanas tudo estava resolvido, sem mais sessões ou investigações a guarda de Harry foi tirada das mãos de seus tios desgraçados, e estes foram presos, não apenas pelos anos de maus tratos a Harry, mas a cada criança que tocaram, sem contar um ou outro delito que o loiro acrescentou inocentemente na lista de crimes do casal, só para garantir um pequeno aumento de dez ou quinze anos na pena inafiançável que receberam. O filho deles... hn... Não sei bem o destino do “pequeno suíno”, acho que deve ter tido a guarda tomada por algum outro parente, sei lá, sinceramente eu não me importei muito em descobrir.

Era difícil se preocupara com qualquer outra coisa quando tem sua atenção totalmente tomada pela expressão de felicidade daquele meu estranho garoto, quando descobriu que finalmente poderia ter um novo lar que o protegesse.

Um lar com alguém que o ame.

Que o respeite.

Que terá as portas de sua casa sempre abertas para ele.

O lar de Remus John Lupin e sua bela esposa Ninfadora Tonks Lupin.

O que? Nunca que eu adotaria o garoto que quero manter acorrentado a cama!!

Se quero ter uma relação algum dia com Harry, não poderia ser seu tutor. Fora que Tonks e Lupin são casados e tem uma vida estável, o quadro perfeito para qualquer assistente social babar em cima, sem falar que Tonks ficou mais do que contente em aceitar ajudar. E Remus não ficou atrás.

Resolvido isso nos concentramos apenas no tratamento de Harry.

As visitas ao seu quarto eram freqüentes, sendo apenas as minhas diárias. No começo ainda havia uma ou outra enfermeira que tentava me barrar falando algo sobre dias e horas de visitas, mas bastava um dos meus olhares aterradores para que eu conseguisse congela-las por alguns segundos e me esgueirar para o quarto de meu amado. Depois que Sirius e Lucius começaram a vir também, apesar de ser apenas de vez em quando, nunca mais ninguém tentou me barrar naquele hospital.

Nunca comentei isso aos meus amigos, mas por alguma razão eu nunca pude deixar de associá-los a esse estranho fato.

Também poderiam ser consideradas as visitas constantes Jorge, Fred e Hermione.

Os rapazes, que haviam recentemente passado no vestibular de uma faculdade do estado, pareciam estar lentamente arrumando suas vidas desde que o orfanato havia fechado, mas mesmo assim não davam sinal de maior maturidade, sempre tentando alegrar Harry com suas piadas e pegadinhas. E a jovem dama, que estava em pânico com a proximidade do seu próprio vestibular – apesar do dito cujo ainda estar a dois anos distante de acontecer, mas quem vai entender a cabeça dessa garota? – rondava o quarto de Harry com seu eterno ar mandão ralhando os outros dois rapazes quando extrapolavam em suas brincadeiras e arriscavam o conforto de Harry.

Era um quarteto animado.

E tão jovens, que varias vezes saía do quarto incomodado, como se fosse um intruso.

Se bem que isso apenas foi no começo, pois uma vez, quando voltava ao aposento, imaginando que os três amigos de Harry já haviam partido, eu ouvi o final de uma conversa:

- Acho que Snape não gosta muito da gente.

Aquela havia sido a voz de Hermione.

Olhei pela brecha da porta pensando como eu conseguiria agora entrar no quarto depois de ouvir algo assim.

- Por que diz isso? – Harry olha para a amiga que estava sentada na cadeira próxima a sua cama.

- Ele sempre sai quando entramos – Fred, que estava sentado na cama ao lado de seu irmão, brincava com as rugas do lençol.

- E só volta quando te deixamos sozinho – Jorge também começa a brincar com as rugas do lençol iniciando uma pequena disputa entre os dois dedos idênticos.

- Vai ver se sente incomodado de nos ter aqui – Hermione olha para o teto e solta um suspiro – nunca pudemos conversar com calma desde o incidente em que nos conhecemos, e posso dizer por minha parte que a primeira impressão que ele teve de mim não deve ter sido das melhores.

- Por que? – os dois gêmeos a olham com curiosidade, de certo pensando bobagem.

- Na... nada – vira o rosto envergonhada.

Primeira impressão ruim? Por que teria uma primeira impressão ruim? Para mim Hermione parecia uma garota forte e determinada. E sem ela não poderia ter chegado tão facilmente até o Harry e...

Aaah!! Deve ser por causa do desabafo que fez sobre a morte de Rony.

Harry me disse um dia que Hermione nunca havia falado com ele sobre o ocorrido com Rony, e também suspeitava que também nunca havia falado com os pais.

Realmente, chorar tanto na frente de um total desconhecido deve ter sido constrangedor, mas nunca que eu teria uma má impressão por uma bobagem dessa.

- Será que deveríamos vir te ver em um horário em que ele não esteja? – Fred olha indeciso para Harry.

- Não, está tudo bem – Harry sorri para seus amigos – Severus não tem nada contra vocês.

- Mas... – Jorge parece querer argumentar.

- Severus uma vez disse que amava meus cabelos apenas por que eles faziam parte de mim. – acaricia a própria cabeça calva – Se ele ama mesmo meus cabelos, então ele também ama vocês, por que cada um de meus preciosos amigos faz parte de mim – ele olha de forma doce para cada um dos encabulados adolescentes – vocês fazem parte de mim como minha alegria, minha tristeza, minha esperança e minha fé, meus sentimentos, bons e ruins, eles se teceram fio a fio a cada ano de minha vida se entrelaçando de maneira permanente em vocês. Um pedaço de minha alma pertence a cada um de vocês.

- Harry... – Hermione chorosa abraça o corpo frágil do amigo.

- Vocês fazem parte de mim, então indiscutivelmente Severus, da sua maneira, os ama.

Mais uma vez naquela tarde eu não entrei no quarto, não depois de ouvir tudo aquilo, mas na visita seguinte dos adolescentes eu fiz questão de perguntar aos gêmeos como estavam indo em seus primeiros dias de universidade, e a Hermione que se quisesse ajuda para estudar química, física e dependendo de que parte da matéria fosse, até mesmo matemática, poderia me pedir.

Talvez não pudéssemos nos tornar totalmente íntimos, mas não queria dizer que não poderia tentar conhecer cada pedacinho da alma de Harry.

PSSE

Um dia finalmente o assunto que tanto me incomodava veio à pauta.

Estávamos todos reunidos – tantos os meus amigos, quanto os de Harry – era uma das tantas vezes que Harry deixara o hospital entre uma internação e outra.

Apesar de estar morando com os Lupins, naquela tarde todos estavam em minha sala e Tonks estava “toda sorrisos” anunciando a quem quisesse ouvir enquanto acariciava sua barriga de cinco meses que Harry finalmente havia aceitado ser o padrinho de seu filho.

Como se alguém daquela sala duvidasse por algum segundo que o rapaz fosse continuar a recusar a oferta, se ele era a pessoa que mais babava a gestante depois do próprio pai da criança.

Fred e Jorge haviam me comentado que Harry sempre teve uma idéia romântica com relação as gestantes, desde pequeno ele adorava a idéia de uma mãe carregando seu filho em sua barriga, pois durante essa época eles têm uma ligação que dificilmente poderia se romper. Algo que quase ninguém poderia separar.

Assim como ele foi separado dos próprios pais.

Talvez por isso quando conheceu Tonks fez de tudo para que minha amiga não desistisse de ter o filho, por que achou que ela seria uma belíssima mãe.

- Você não deveria continuar dizendo por aí que foi com a ajuda de Harry que você conseguiu engravidar, Tonks – Sirius diz entre risos – as pessoas podem realmente entender errado.

- Mas não estou mentindo – Tonks ruboriza eu entender a indireta – Se não fosse por Harry eu não teria conseguido conceber esse filho.

Toda a sala estoura em uma grande gargalhada ao ouvirem a frase que tinha facilmente um duplo sentido, todos menos a vermelha futura mamãe.

E Harry, que aparentemente apesar de ter entendido a indireta, sorri de maneira serena.

- Os únicos que tem créditos por essa nova vida são vocês – Harry sorri para meus amigos... hum... Acho que o mais certo seria dizer “seus novos pais” agora – vocês que passaram pelo angustiante dilema de se submeter a exames e mais exames. Quando essa criança nascer ela deverá ser a mais feliz desse mundo, pois teve pais que lutaram dessa maneira apenas para poder um dia tê-lo em seus braços.

Garoto do demônio, como pode dizer tão naturalmente essas coisas que consegue deixar uma sala inteira encabulada.

- Se bem, que aquilo foi mesmo um pouco assustador – Lucius disfarça seu desconforto tossindo discretamente – Digo, quando você se ajoelhou na frete de Tonks e beijou sua barriga... Deve admitir que ver uma cena daquelas e logo em seguida, na primeira tentativa ela conseguir engravidar... A palavra milagre fica difícil de não ser associada.

Não dissimulei também minha curiosidade, na verdade ninguém com exceção dos amigos de Harry disfarçaram sua curiosidade. Eu nunca perguntei sobre os estranhos eventos que ocorriam ao redor de Harry, mesmo por que eles nunca mais voltaram a acontecer.

Quando Lucius fez finalmente “a pergunta que não quer calar”, tudo o que Harry fez foi rir e responder.

- Não havia milagre algum. – olha para mim – Severus, você ainda acha que eu sou capaz de fazer milagres?

- Eu sei que não eram milagres reais – eu sibilei de maneira maligna e completamente envergonhada – mas algumas coisas realmente aconteciam quando você fazia aquela bobagem de contar. – e acrescento com algo de sarcasmo – E convenhamos que fazer um embrião se desenvolver é algo bem impressionante.

- Também acho, sempre vou me surpreender com os avanços da medicina – diz brincalhão – Severus, Tonks fazia inseminação artificial há algum tempo, apesar de nunca funcionar. E estava prestes a desistir, eu apenas a incentivei a continuar tentando, se a gravidez aconteceu mesmo logo após a minha “intervenção”, foi apenas por coincidência, poderia ser que acontecesse dois tratamentos depois, quarto... cinco... E quanto ao por que de eu contar até dez, bom, de fato era realmente para te confundir. – sorri maroto diante da minha expressão insultada – você era uma pessoa tão estressada que ao não ver uma solução imediata logo se irritava.

Tentei argumentar contra isso, mas logo fui calado pela confirmação massiva de meus traidores amigos, então resolvi me resignar e continuar a ouvir a explicação de Harry.

- Quando parava e contava, eu podia acelerar ou diminuir o ritmo, dependendo da situação, o que me dava tempo de parar e pensar em uma solução. Foi assim com o guarda, com o transito, com a caixa de cereal... E as de mais coisas, você ficava tão impressionado e distraído me vendo contar que dava tempo de eu avaliar a situação e desenvolver uma saída. Ou achar aquilo que precisa de calma para poder realmente ver.

Cada um da sala então começou a pedir para que Harry contasse sobre o que era o “caso do cereal”, “o caso do transito” e de vários outros que aconteceram. Claro que não perguntaram sobre o do guarda... A história do guarda, ou seja, da primeira vez que nos encontramos, havia virado a piada privada do nosso grupo de amigos, lembrada e relembrada cada vez que nos reunimos.

Calado eu via Remus abraçado ao “iluminado” corpo de sua mulher e como Sirius, Jorge e Fred provocavam Harry arrancando sorrisos constrangidos de Lucius e Hermione.

Era como ver o mundo de Harry e o meu se fundindo, ninguém parecia ligar muito para idades, família ou posições sociais.

Era tão acolhedor.

Tão terno.

Mas não me surpreendi quando me notei envolvido por esse sentimento, era algo comum desde que conheci Harry.

Aproximei-me dele com carinho e aproveitando que o trio “sem salvação” partiu para atacar o sérios e desconcertados Lucius e Hermione, o abracei.

- Ou seja, eu fui enganado. – sussurrei em sua orelha um pouco antes de morder o lóbulo.

- Completamente – estremece ao sentir meu hálito tão perto de seu pescoço e sorri descarado.

Ah como eu o amo.

PSSE

Nosso círculo de amizade, como deu para perceber, havia se fundido de vez, mas ainda havia um pequeno detalhe que me deixava incomodado quando eu entrava no quarto de Harry e o encontrava sozinho com os dois gêmeos.

Às vezes, não, quase sempre, eles parecem estar falando de algo, para em seguida mudar de assunto quando me vêem.

Sei que desde que me conheceu Harry vem guardando segredos de mim, mas eu seriamente pensei termos passado dessa fase.

Ah, se bem que eu me contive, seguindo sempre a “cartilha” da Hermione eu não perguntei ou cobrei nada.

Bem, quase nada.

Mesmo não tendo muito haver com o caso recém citado, essa foi uma das poucas coisas que eu não agüentei em perguntar.

- Harry – começo a falar ligeiramente sem jeito. – Eu... tem algo... bem... você se lembra do que fizemos no dia em que você partiu de minha casa?

O efeito foi instantâneo, o rosto do pequeno ficou completamente vermelho.

Como pode ser tão terno?

- Bem... sim – murmura.

Ora vamos Harry, como se durante uma ou duas de suas saídas do hospital não tivéssemos feito nada similar, apesar de que em menor escala.

- Bem – eu continuei – o que eu queria saber é... Você parecia bem experiente, apesar de ter dito que era sua primeira vez, e... bem... Devido às circunstancias anteriores, você não deve ter tido muitas chances ou opções para... experimentar... e...

POR DEUS FALE ALGUMA COISA, MAS FALE JÁ!! Eu estou me sentindo um tremendo idiota.

- Mas foi minha primeira vez – Harry responde sem rodeios – se eu parecia confiante foi por que eu pensei que aquela poderia ser a última vez que o veria. Eu queria que você não me esquecesse.

E acredite, a impressão que você deixou foi tão forte que nada poderia apagar, e olha que eu tentei.

- Confiança é uma coisa Harry – o olhei desconfiado – mas você sabia exatamente aonde tocar e como tocar, tem que convir que é algo suspeito.

Meu tom certamente deveria soar acusador, mas ele não pareceu se incomodar muito, acho que depois de tanto tempo me observando já deveria estar acostumado com meu gênio.

- Bem... Realmente eu não aprendi sozinho – senti um aperto no coração – tive quem me ensinasse – e essa dor subiu rasgando por minha garganta – mas não se preocupe, os gêmeos sabiam exatamente o que me mostrar.

Acho que vou vomitar... Sim, acho que vou vomitar e logo em seguida arrancar dois escalpos ruivos.

Quero dizer... Harry, pelo o que me contaram, deveria ter uns doze anos na última vez que viu os gêmeos antes de ser trancado no sótão!! O que esse par de jarros pervertidos fizeram com aquele pobre anjinho!!

- Severus? – Harry inclinou levemente a cabeça de lado olhando o que deveria ser minha expressão de fúria contida e suspira cansado – você está pensando em besteira, não está? – ele se ergueu levemente na cama para me alcançar e apoiar seus braços ao redor de meu pescoço e encostar sua testa na minha – Tenha calma, eu já disse que minha primeira vez foi com você. – beija meus lábios com carinho – e apenas com você. – seus sussurros acalmaram um pouco meu espírito, e vendo isso ele volta a se recostar cômodo na cama – Até por que, quando eles me ensinaram eu ainda estava preso no sótão.

- E como foi isso? – pergunto ainda desconfiado, será que aqueles dois loucos fizeram algum tipo de espetáculo particular no meio do jardim para o Harry assistir do alto de sua janela?

Argh...

- De vez em quando, quando ninguém podia ver, os meninos contrabandeavam livros para mim, na época em que fui preso eles continuaram a fazer, Fred e Jorge colocavam os livros dentro de uma cestinha amarrada em uma corda e eu puxava para o meu quarto. Dentre eles estava “o livro”.

- O livro?

- Sim – diz com o mesmo ar solene que disse da primeira vez – “O livro”. Ele era bem detalhado em suas explicações, e minucioso em suas figuras, por meses eu o tive em minhas mãos antes de ter que devolvê-lo aos gêmeos sob ameaça de morte – diz resignado – era uma bela obra.

- Harry, sinceramente quer que eu acredite que você adquiriu todo seu conhecimento sexual e confiança em apenas um livro?

Minha memória rodou ao redor dos poucos, pequenos, mas com certeza gratificantes, encontros... carinhosos que tivemos.

- Não era um livro – bufa contrariado – era “o livro” e eu já disse que a confiança eu ganhei apenas por que era minha possível última noite com você.

O olhei ainda desconfiado.

- Ok – Harry ergue os braços derrotado – quer uma prova do “poder de fogo” de “o livro”? Da próxima vez que encontrar os meninos apenas diga: “pagina 136” não precisa falar mais nada alem disso.

Com aquilo Harry deu por encerrado o assunto.

Estava cada vez mais obvio quem mandava naquela relação.

Quando depois de dois dias os gêmeos apareceram para visitar o meu amante...

Amante, amante, amante... Derrepente parece tão natural chama-lo assim que posso repetir durante o dia inteiro como uma criancinha que aprendeu uma palavra nova, amante, amante, amante... ops, digo... Continuando com o que aconteceu...

Quando os gêmeos vieram visitar o meu amante (olhar orgulhoso) eles ficaram conversando por algumas horas. Eu fiquei meio em duvida se fazia o que Harry disse para fazer ou não.

No fim eu fiz.

Quando estavam a ponto de sair, eu barrei a passagem deles e disse.

- Pagina 136.

Ambos olharam confusos para mim por algum tempo, e eu me senti um idiota, até que a face de Fred começou a ficar toda vermelha. Jorge olha paro o rosto de seu gêmeo e precisou de alguns segundos para a ficha cair também e ficou tão rubro quanto o outro.

Após gaguejarem algumas poucas incoerências me afastaram da porta e saíram do quarto.

O que diabos têm nessa pagina que deixou aquele par de sem-vergonhas tão desconfortáveis?

Esse episódio não tardou em chegar aos ouvidos dos demais, e o misterioso “o livro” virou objeto de curiosidade de todos, até mesmo o terceiro membro do trio “sem salvação” implorou para dar uma pequena olhadinha no dito cujo. Mas segundo os meninos essa obra era um pequeno tesouro guardado a sete chaves. Não que esse argumento tenha servido muito para aplacar a titânica curiosidade de Sirius.

Eu não me preocupei muito, Harry disse que quando teve a chance de ter a obra nas mãos memorizou varias e varias páginas, e de certo, algumas pode chegar a me demonstrar.

Louvada seja a memória de meu pequeno.

PSSE

Os segredos aparentemente não estavam apenas no lado dos amigos de Harry, Sirius surpreendeu a todos com um ato inusitado.

Ao menos inusitado para aqueles que não conseguiam ver a natureza boa de meu amigo, por trás das bobagens que diz.

Por ter feito amizade com os gêmeos, não demorou muito para ouvir falar do famoso Rony. E sendo do jeito que era, Black não podia deixar passar em branco uma das maiores feridos de seus novos amigo: o fato de nunca terem podido visitar o túmulo do irmão, já que para fugir de possíveis acusações, os Dursleys se livraram do corpo em qualquer beco de Londres, e por certo a essas alturas já havia sido enterrado com indigente.

Durante um bom tempo, em silêncio, Sirius usou seus contatos e graças a eles descobriu aonde foi parar os restos mortais de Rony.

Como? Assim como no caso de Lucius, eu preferi não perguntar.

Após o enterro apropriado, finalmente os irmãos puderam se despedir, até mesmo Harry fez questão de visitar o túmulo, na verdade todos foram.

Todos menos Hermione.

A garota ainda não sabia como enfrentar aquilo de frente, e todas respeitaram sua decisão, um dia ela poderia dizer com confiança o seu adeus.

Um dia ela terá a coragem de abrir mão do fantasma de Rony.

Afinal, ela é uma menina forte.

PSSE

Mas o tempo passou e passou, o caso de Harry teve altos e baixos, e por momentos cheguei a pensar que realmente iria perdê-lo, já que não apenas as crises eram cada vez mais freqüentes, mas não estávamos conseguindo achar um doador para a cirurgia.

Que a cada dia se tornava mais e mais necessária.

Todos fizeram testes, mas nenhuma de nossas medulas era compatível com a de Harry.

Os momentos de alegria foram se tornando cada vez mais escassos, todos estávamos tensos, a idéia de poder perder o “nosso Harry” perecia cada dia mais vívida.

E aquilo assustava a todos.

O mais estranho, era que por mais que Harry ficasse fraco, era justamente ele o que consolava os demais, quando na realidade deveria se acontecer o contrario.

O pequeno demônio sorria para cada expressão triste que tentávamos dissimular e tentava acalmar nossos corações com suas palavras, nunca se rendendo. Acho que desde que tudo isso começou – o tratamento – nunca ouvi ele dizer na minha frente algo como que “a morte é algo natural” ou que “tudo ficara bem, depois que acabe.” A fé dele parecia estar apoiada em um pequeno milagre que no último minuto poderia acontecer.

E que no fim aconteceu.

Foi realmente algo inesperado, mas não deixando de ser irônico.

As coisas estavam realmente difíceis, quando finalmente Tonks entrou em trabalho de parto, por sorte, ela já estava em um hospital.

Não, acho que eu só posso chamar de sorte, o que veio depois.

Ou seria um milagre?

Não sei como chamar, mas o fato era, assim que nasceu o pequeno Teddy, os pais da criança, apesar de ainda emergidos na felicidade que estava vivendo, tiveram uma pequena idéia que poderia dar certo.

E deu, a medula do recém nascido era compatível com a de Harry.

Eu não disse que era irônico? Justamente a vida pela qual Harry ajudou a vir ao mundo era a que o salvaria.

Deus... Eu não poderia ser mais feliz

“Um milagre” disseram todos.

E eu, em meio a aquela pequena confusão de milhares de exclamações e lagrimas de felicidade, só pude sentar na cama ao lado do cansado Harry, sorrir e sussurrar:

- Esse então seria mais um dos milagres de uma estrela?

E ele sorriu para mim em resposta.

- Sim – acaricia meu rosto – uma estrela de quinta grandeza, meu amado sol.

Nunca admiti, mas bastou aquela caricia e poucas palavras para me ruborizar como um adolescente.

PSSE

Lembro-me até hoje o medo que senti quando o vi um pouco antes de partir para a fase final de seu tratamento.

Um nervosismo tão visível me tomou que minha pequena estrela pode perceber e mais uma vez me consolou, quando era eu que deveria fazer isso:

- Não tema Severus, eu não vou morrer – era pura convicção o que senti em suas palavras – não quando a pessoa que amo está tão próxima de mim. Nunca vou me deixar morrer na sua frente. Nunca seria capaz de causar tal dor para seu coração.

E por fim ele partiu para a operação.

Graças a Deus, o meu menino é alguém que sempre cumpre sua palavra.

Tudo saiu tão bem como poderia. E finalmente ele pode morar com Lupin de uma vez

Nossa relação foi discreta, o fato dele ser menor de idade era um problema – sim, ele finalmente admitiu abertamente ter quinze anos quando me encontrou pela primeira vez, se bem que depois de todo o tempo que passou desde que começou o tratamento já havia alcançado os dezesseis, o que não muda o fato de que... EU CONTINUO SENDO UM PEDERASTA!! – na sociedade em que vivemos essa notória diferença de idade não faria os demais nos ver com bons olhos.

E o fato de acobertar tal relacionamento não ajudaria a meus amigos a manterem a guarda do meu pequeno moreno. Então até podermos ter uma relação mais a mostra, nossos avances foram pequenos comparados a nossa primeira noite de amor.

Bem... Talvez não tão pequenos...

Só depois de mais algum tempo, eu descobri o motivo dos cochichos entre os gêmeos e Harry. Eles estavam planejando em segredo uma pequena surpresa para todos.

Com muito carinho, eles reabriram o orfanato. A casa desde o começo pertencia a Harry e os gêmeos a essa altura do campeonato já era maiores de idade. Com tudo legalmente acertado, aqueles três abriram as portas do orfanato “Ronald Bilius Weasley”.

Todos perguntaram quem era essa figura, e os gêmeos e Harry responderam entre risos que era o Rony.

Ficamos todos um pouco encabulados, já havia passado mais de um ano que nos conhecemos e nem eu ou meus amigos se preocupou em saber o sobrenome de Fred e Jorge.

No dia da inauguração, todos foram...

Menos Hermione.

Ela, ao invés disso, foi pela primeira vez no túmulo de Rony, e passou o dia inteiro em frente a sua lapide. Ela disse que só assim poderia enfrentar de frente as memórias que teria ao entrar no recém aberto orfanato.

Só assim poderia viver com o espírito em paz.

E os anos passaram

Passaram

Como cada um foi precioso.

E com muita alegria continuaram a passar, até que por fim Harry e eu moramos juntos.

Casados, devo alientar.

Harry já tem seus vinte e seis e eu... Bem prefiro não comentar.

Depois de uma grande luta, tendo sempre o apoio jurídico de Sirius e Lucius – que até hoje se suportam – nós conseguimos a guarda de duas crianças, Pansy e Blaise.

Duas pequenas pestes, mas nada que meu ar imponente não possa educar e o coração mole de Harry não possa mimar...

E à medida que cresciam quase toda a noite eles me pediam para contar a história de como eu conheci o outro papai deles.

Como conheci a minha estrela

PSSE

Estávamos os quatros no parque que sempre íamos para levar as crianças para brincar.

De longe eu e Harry observávamos sentados como eles riam e se divertiam na caixa de areia. Até que do nada Pansy empurra Blaise no chão, beija-o na bochecha e rindo, sai correndo do furioso irmão.

Eu e Harry olhamos um para o outro. Talvez isso entre irmãos fosse normal, mas alguma coisa nesses dois sempre nos deixava com o pé atrás, apesar de serem inocentes, a nosso ver o carinho que tinham um pelo outro não era nada fraternal.

Correndo na nossa direção, Pansy senta no colo de Harry e Blaise no meu. Entre risos e cochichos Harry e Pansy pareciam compartilhar um segredo.

Já eu não estava tão à vontade. Blaise me olhava concentrado como se buscasse as palavras para falar algo.

E eu me perguntava se queria realmente que ele as achasse.

- Papai, como você fez para o papai Harry virar a sua estrela?

Harry e Pansy ao ouvirem isso olham para nós dois, riem entre eles e voltam a cochichar.

Isso Harry, me abandone quando eu mais preciso de você.

- Hn... olha Blaise... não foi bem assim... veja...

- Isso é algo predestinado – disse Harry parecendo se compadecer de meu desespero – no momento em que se nasce, um humano é ligado por uma linha invisível a uma estrela. O motivo que me levou até seu pai foi apenas por que mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer.

- Hn... – Blaise parece pensativo e olha para a irmã – e quando isso acontecer, de eu achar a minha estrela, como vou saber?

- Vai ser exatamente quando sua estrela for até você e disser a seguinte frase:

Harry se abaixa até a altura do ouvido de Pansy, sussurra algo. E essa salta do colo de seu pai, vai até a minha frente e estica seu mindinho na direção de Blaise.

- Né Blaise? Posso ser a sua estrela?

Blaise olhou para o mindinho estendido da irmã e após o primeiro susto ele pula do meu colo e estende o mindinho para envolver o dela.

- Sim.

E sorrindo um para o outro eles voltam a correr em direção aos brinquedos do parquinho para aproveitar seus últimos minutos por lá.

Harry envolve meus ombros me puxando para um abraço e diz malicioso ao meu ouvido:

- Não teria sido tudo mais fácil se você tivesse respondido a mesma coisa desde o começo?

Eu respondo o seu sorriso com outro.

- E não teria sido mais fácil se você tivesse me explicado exatamente como fez com eles desde o começo?

E plenos em nossa felicidade dividimos um beijo de baixo de um belo entardecer.

Ah, não seria mais fácil se cada um encontrasse sua estrela desde o começo?

Fim

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hummm cara, eu realmente não queria usar essa palavra, “fim”, a idéia de que tudo finalmente acabou é meio que depressiva.

Bem, só me resta fazer os devidos agradecimentos, e podem ter certeza, são muitos.

Não apenas pelos reviews, eu agradeço a presença de cada um que acompanhou essa complicada fic. E também a aquelas que nos últimos reviews tiveram a coragem de abrir seu coração ao se expor ao comentar sobre suas próprias dores, tudo apenas para me consolar em meu momento difícil, eu realmente me comovi muito com isso.

Mas não apenas elas e seus adoráveis reviews quilométricos (nhaaaai que felicidade... adoro ver como a barra de rolagem diminui graças a grande quantidade de palavras), mas também por aquelas mensagens mais curtas, mas que nem por isso me fazem sorrir menos quando as abro. Cara, minha mãe sempre fica me olhando com uma cara estranha quando estou mexendo em meu e-mail, pois diz que pareço uma “boba alegre”.

Acho que no fim das contas eu sou mesmo meio que uma boba alegre.

Espero ter alcançado as expectativas de todos, às vezes tendo a viajar muito alto e tenho medo que minha narrativa possa se tornar confusa.

Gostaram dos novos “filhinhos” de Harry? antes eles seriam personagens originais com nomes de estrelas, mas devido a minha outra fic “Foi você que pediu” eu meio que não resisti em fazer essa pequena homenagem as duas pequenas estatuetazinhas de bronze.

Gostaram do final? He he, eu disse que tinha uma queda por finais felizes. Pior, para mim, que sigo a cartilha de “novelas globais” um verdadeiro final feliz é constituído de: vilões pagando por seus crimes; casamento de mocinhos; e nascimento de crianças... Por coincidência (eu juro!!) tudo isso teve nesse pequeno capitulo, que por acaso foi o maior de toda a série.

Bem, o fim finalmente chegou (argh e lá vem eu com essa palavrinha cruel de novo), mas o final alternativo ainda está por vir.

Não garanto que eu o poste amanhã, ou depois, pois ainda tenho que idealiza-lo com cuidado, mas garanto que antes do próximo final de semana ele estará no ar.

No próximo capítulo (acho que nunca vou abrir mão de repetir esse trecho) a historia de Harry e Severus finalmente chegou ao fim, mas o que teria acontecido se realmente Harry fosse uma estrela? Será que seu reencontro com Severus teria sido mais fácil? Teria sido mais difícil? Será que eles sequer chegariam a se reencontrar? Bem, o que se pode garantir, é que eles teriam que enfrentar novas dores e “inimigos”, mas por certo o amor e o desejo de ficar um ao lado do outro seria o mesmo. Não perca!! Um novo final, só podemos esperar para ver se será feliz... ou triste.

Até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Posso Ser Sua Estrela?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.