After Earth - Interativa escrita por triz


Capítulo 4
Azul e Vermelho


Notas iniciais do capítulo

~esquiva dos sapatos e tijolos~
Oi :B Eu sei que eu demorei C...C Mas eu tive meus motivos. Resumidamente: outras fanfics, oito provas, um simulado do ENEM e uma quase recuperação em física.
Eu espero que esteja do agrado de vocês e prometo que tentarei diminuir o intervalo entre as postagens tá? Quem me acompanha na minha outra fic entende a razão de eu ter demorado para postar por aqui (para quem não lê, lá as coisas estão muito mais adiantadas e agitadas do quê aqui).
Sem mais delongas, aproveitem c:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/522768/chapter/4

Yumiko ainda não entendia como Mew, ou “a Prometida” como ela a chamava quando a mesma não estava presente, havia a convencido a enfiar-se naquele poço repleto de humanos jovens e cheios de hormônios. Ela não tinha nada contra aquelas pessoas, mas por causa de seu faro mais apurado, ela podia sentir os feromônios exalados por eles e acredite, isso em uma grande escala não era nada agradável. As classes eram algo completamente desinteressante ao seu ver mas a loira parecia encara-las de outra forma. Ela parecia realmente empenhada em aprender sobre os costumes daquele planeta. Ela conseguira convencer Patrick a se matricular na “escola”, mas ele decidira que ia ficar em casa no último minuto e quando ele fincava o pé em relação a algo, era quase impossível fazê-lo mudar de ideia.

– Vamos Yu, vai ser divertido. – a garota falou docemente. Apesar da ruiva aparentar não gostar da namorada do chefe de seu clã, era impossível não nutrir qualquer tipo de afeto por alguém tão gentil. A desavença inexistente entre elas apenas se dava pelo comportamento deveras infantil da ruiva, que por muitas vezes fazia coisas assim. A garota estava começando a ficar perdida em pensamentos quando viu duas outras mais novas entrando no vestiário. Elas conversavam de uma maneira que ela não conseguia entender. Discretamente, cutucou Mewryna com o cotovelo. Os olhos dela se arregalaram assim que bateram na menina de cabelos azuis. – A menor, eu já a vi. – ela falou numa das línguas nativas de Krätz num tom de voz que tinha certeza de que apenas Yumiko escutaria.

– Mas, por que isso é importante agora? – ela retrucou.

– Lembra quando eu discuti com o Pat?

– Pode ser mais específica?

– Naquele dia em que você não aguentou e acabou saindo atrás de algo para comer, depois voltou com três caixas daquela massa, acho que se chama pizza.

– Sim, lembro.

– Então, nós discutimos por que quando eu estava passeando na rua com ele, nós acabamos derrubando uma garota e ela se machucou. E ele nem pediu desculpas, o que...

– Te deixou irritada e vocês brigaram, corta essa, conheço essa história. – a ruiva disse revirando os olhos.

– Certo, mas foi essa garota! – ela falou um pouco mais alto do que deveria. A mais alta das duas levantou um pouco a cabeça, mas nenhuma das duas Krümn se incomodou, já que sabiam que elas não compreenderiam.

– Tá, e o que...

– AS MOCINHAS VÃO DEMORAR MUITO? – perguntou o treinador Hamilton num tom nem um pouco amistoso. As garotas terminaram de se arrumar e foram ao centro da quadra, onde ele as esperava com várias bolas vermelhas. – Muito bem, adivinhem o que temos hoje? – ele perguntou com um sorriso maquiavélico.

– Queimado. – uma das garotas respondeu.

– Certo senhorita, então, porque adiar as coisas não?

O homem dividiu os times e por sorte, Mew e Yumiko ficaram na mesma equipe. O fato das garotas de cabelos coloridos terem ficado no outro time não passou despercebido aos olhos sempre atentos da ruiva, mas um sorriso presunçoso não pode deixar de se formar em seus lábios. Aquela era uma atividade que exigiria força, velocidade e instinto, coisas que ela tinha de sobra. Pareceu demorar uma eternidade até que o jogo finalmente se iniciasse.

Do outro lado, Kimbra (ou Kimberly, como ela havia usado para se matricular) e Alyss trocavam olhares que eram o suficiente para ambas saberem o que fazer. Parte se devia à incrível capacidade cognitiva dos Sitriz, parte ao laço que se formara entre as duas no pouco tempo em que estiveram juntas. Uma coisa que não passou despercebido para ambas foram os colares ligeiramente arcaicos que duas das garotas do outro time usavam. Eram simples e quem visse pensaria que era alguma coisa indígena ou meio hipster, mas tanto uma quanto a outra tinham certeza de que eles pertenciam à guerreiros de alta importância dentro de um clã Krümn. A loira trazia em seu pescoço dois pingentes. Uma pedra azul translúcida arredondada e um menor mais pontudo num tom de vermelho muito forte, assim como os cabelos e o pingente de sua colega. Isso significava algo diferente. Uma aliança.

Assim que o apito soou, uma chuva de projéteis se precipitou em ambas as direções. O jogo não passava de puro cálculo aos olhos das garotas, um cálculo ridículo de tão fácil. Assim que a primeira bola veio em sua direção, Kim deu um simples passo para o lado e Alyss pegou-a depois que ela bateu no chão. Com uma precisão milimétricamente calculada, ela lançou-a de volta na garota que tentara as atingir, acertando-a no ombro. As duas não faziam muitos lançamentos, mas todas as suas tentativas sempre resultavam em pessoas baleadas. Era muito estranho, mas elas tinham plena consciência do que faziam e só tentavam atingir as pessoas que parecessem mais distraídas ou com reflexos mais lentos. Era pura lógica.

– Mew... – Yumiko falou alarmada.

– Eu vi. Estou vendo, não acredito, mas estou vendo. – a loira disse perplexa.

– Você acha que...

– Não. Eles ainda não podem estar aqui. Deve ser apenas coincidência. Ou aquelas duas são muito boas.

– Cuidado! – alertou Yumiko alarmada. Entretanto não havia tempo para que Mewryna se esquivasse sem chamar atenção indesejada, então a ruiva colocou a mão em sua frente e segurou a bola jogando-a com uma força assustadora na direção de Kim, que tentara atingi-las.

Tamanha velocidade e o movimento no mínimo inesperado surpreenderam a garota, mas isso não seria o suficiente para tira-la do jogo. O que estava prestes à fazer era no mínimo arriscado, mas funcionaria. Tinha de funcionar.

*

– Você só pode estar brincando comigo. Demitida? – perguntou Claire incrédula.

– Surda, louca ou os dois senhorita Weaver? – perguntou seu patrão, ou melhor, ex-patrão. Ela respirou fundo.

– Esqueceu o desequilibrada. – ela acrescentou com um toque de ironia. Ela apanhou a sua bolsa, tirando uma blusa de botões de dentro dela. Despiu a camisa polo da farda de trabalho ali mesmo e jogou-a no rosto do seu ex-patrão. Ele ficou embasbacado com o queixo caído, ela seria capaz de dizer que a baba estava escorrendo. Abotoou a blusa até faltarem três botões para o final. As pessoas poderiam achar vulgar, mas ela pouco se importava. No caminho ela parou para comprar um sorvete.

– Se olhar pelo lado bom, eu nem gostava daquele emprego mesmo. – ela falou para si mesma dando ombros.

*

Daniel estava tentando entender como funcionava a interface daquele aparelho no mínimo incomum que fora deixado por seu pai, mas ele fugia à todos os padrões tecnológicos que ele conhecia, e olha que não eram poucos.

– Então, o que está fazendo? – perguntou Claire aparecendo atrás dele. Tamanha surpresa quase o fez cair para trás.

– O que raios você está fazendo aqui? – perguntou ele assustado.

– Esqueceu que eu tenho uma cópia da chave, bobão? – ela perguntou divertida. – Você deixou seu pequeno alçapão secreto aberto. Deveria ser mais cuidadoso.

– Mas acontece que eu não esperava ninguém aqui a essa hora. Aliás, a senhorita não deveria estar no trabalho? – ele perguntou com um olhar inquisidor. Ela estava vestindo uma camisa que não lhe era estranha.

– Falou bem Danny, deveria. – ela disse. – Mas acontece que eu fui demitida, então decidi passar por aqui e...

– E nada Claire. Você foi despedida de novo? – ele mal podia acreditar no que estava ouvindo. O pior é que ela não parecia nem um pouco mal com isso. – E, aliás, o que você está fazendo com a minha camisa?

– Você esqueceu essa daqui lá em casa, junto com uma bermuda e duas cuecas. – ela deu ombros. – Da próxima vez tenha mais cuidado com as suas coisas. Não tenho culpa se você é relaxado. O Dave sabe que você tem medo de ficar sozinho? – ela falou com aquele olhar brincalhão que Dan conhecia tão bem.

– Não, eu não tenho medo de ficar sozinho. – ele falou sério. – Mas a sua comida é mais gostosa do que aquelas que eu costumo pedir.

– Fazer o que? Eu me viro. – ela disse despreocupada. – Então, vai me explicar por que a cara de desespero quando me viu aqui?

– Bem, isso é por que...

– Ah, espera, me deixa adivinhar. – ela colocou a mão na testa como se estivesse lendo a mente dele. – O Dave não sabe disso aqui. – ela fez uma pausa como se estivesse tendo dificuldades para descobrir a verdade. Daniel não pôde evitar rir com o teatrinho dela. – E você não quer que ele descubra. Acertei?

– Em parte. Mas vamos para a cozinha tomar sorvete enquanto falamos sobre isso, está começando a ficar quente por aqui.

*

Yumiko não sabia se se sentia culpada por ter jogado a bola tão forte ou surpresa por uma garota pequena e magra ter conseguido segura-la. Quando a garota de cabelos azuis longos estava prestes a joga-la de volta, o sinal tocou indicando o fim da aula. Era a hora de tirar algumas coisas a limpo. Como se pudesse ler os pensamentos dela, Mewryna colocou uma mão em seu ombro.

– Calma. Eu sei o que você está pensando agora, por que eu também vi o que você viu. Tem algo estranho com aquelas garotas. É perfeitamente compreensível que queira mais informações, por que eu também quero, no entanto é melhor irmos com calma por que...

– Elas estão saindo Mew, vamos atrás delas. – Yumiko pediu.

– Agora não, melhor esperarmos a hora do almoço. Teremos mais tempo para conversar, assim espero.

*

– O que foi aquilo Kim? – Alyss perguntou assim que saíram do ginásio. O movimento tinha sido rápido demais para que seus olhos acompanhassem, o que influenciou no fato dela não ter compreendido completamente o que acontecera.

– Eu cancelei a rotação da bola, diminuindo a velocidade. Um movimento no sentido contrário aplicado no momento certo. – ela respondeu dando ombros como se não fosse nada demais. Alyss não aceitou a desculpa da amiga por completo, entretanto achou melhor não falar nada. Descobriria cedo ou tarde. – Vou para casa.

– Só tivemos dois tempos de aula. – a maior observou.

– Para mim foi o suficiente. – a azulada falou. – Tenho algumas coisas para resolver, de toda forma. Até mais Alyss. – ela acenou colocando a mochila nos ombros. – Se perguntarem por mim, eu não estava me sentindo bem e acabei passando mal, então fui embora.

– Isso não é um fato verdadeiro. – a garota de cabelos grená pareceu bem confusa aos olhos de Kim, divertindo-a.

– Não. Dentre muitas coisas que você vai aprender por aqui, essa é uma das mais valiosas, de certa maneira. Não é correto ou muito ético, mas vai te ajudar em algumas ocasiões. Chama-se mentira. É basicamente uma inverdade, que pode ser motivada por diferentes razões, podendo ser boas ou ruins. Por mais puro que seja o seu motivo, ainda é errado.

– Então por que as pessoas o fazem?

– Para proteger outros, esconder algo, preparar uma surpresa, mas acima de tudo, para protegerem a si mesmas. – ela falou atravessando a porta.

*

– Você é um desastre ambulante Claire. – riu Dan.

– O que posso fazer? – ela perguntou jogando as madeixas ruivas para o lado. – A trilha de desgraça persegue Claire Weaver aonde quer que ela vá. – ela disse fazendo um gesto dramático enquanto desabotoava o resto da camisa. O rapaz de cabelos castanhos riu mais ainda.

– Isso inclui tentar servir um copo de água e se molhar inteira. – ele gargalhou. – Acho que isso tudo é vontade de voltar pro mar Ariel.

– Mas o que... – ela começou a falar, mas se interrompeu ao se tocar que estava usando um sutiã roxo. Ela olhou maliciosamente para ele.

– Não se atreva...

– É, pode até ser, mas acho que o senhor tem ainda mais vontade de voltar para o espaço não é? – ela falou num tom provocativo amarrando a camisa na cintura.

– Você não ousaria...

– Vai querer pagar para ver senhor Hawkins? – ela automaticamente saiu correndo da cozinha enquanto ria.

– Eu vou te pegar e é agora sua sereia de quinta. – ele falou irritado enquanto ia atrás dela.

– Todo mundo acha que você é a versão humana do Jim do Planeta do Tesouro Dan, aceite e conviva com isso. – ela ria tanto que nem percebeu que havia uma almofada no chão da sala. Nota mental: Nunca brinque de pega-pega na casa dos Strenght, aquilo ali é um verdadeiro campo minado.

O resultado não poderia ter sido outro. Ela tropeçou e caiu no chão, sem dar a oportunidade que o rapaz, que estava quase a alcançando, precisava para frear. Acabaram os dois um por cima do outro rindo no chão da sala. Ele foi mais rápido e segurou os pulsos dela ao lado da cabeça, e se houvessem pessoas observando, jurariam que se tratava de namorados prestes a ter um momento bem “quente”.

– Últimas palavras antes do meu veredito? – ele perguntou.

– Parece que o senhor não é apenas um rostinho bonito não é mesmo Hawkins? – ela perguntou zombeteira, porém ainda ofegante.

– Você acaba de ser condenada. – ele falou enquanto prendia os pulsos dele com apenas uma mão. A outra puxou a camisa da cintura dela e pairou ali durante segundos que deixaram Claire apreensiva. No momento seguinte, o ambiente foi preenchido por risadas.

– Não Dan, cócegas não. – ela disse entre risos.

– Sim, cócegas sim. – ele disse sorrindo.

Para qualquer um aquela situação poderia parecer estranha, mas aqueles dois eram assim mesmo. Grandes amigos cuja idade mental não correspondia à cronológica.

”É por isso que você é meu melhor amigo Dan, você me faz rir quando eu gostaria de chorar.”, ela pensava enquanto eles se embolavam no meio das almofadas no chão da sala.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Espero que não tenha ficado muito quebrado nem nada, mas me esforcei xD
Bem, eu fiz o compromisso comigo mesma de que em AE os capítulos tem que ter mais de 2000 palavras, então não esperem menos que isso okay?
E pelo amor, comentem. Não vai fazer os dedos de vocês cairem e ainda por cima me deixa mais feliz.
Aos leitores cujos personagens ainda não apareceram, paciência. Tudo tem seu tempo.
Beijos c: