Cursed escrita por Ariela Bernardes


Capítulo 3
Capítulo 3




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O sol penetrava pelos buracos superficiais criados entre as nuvens cinza e o ar estava densamente frio, mas isso não impediu que fossemos para a pista de corrida nos fundos do Kings na primeira aula daquele dia.
Era manhã de quinta-feira e eu já não via Aaron há duas semanas. Ele e Cassey haviam estranhamente desaparecido do colégio desde a briga na loja, e a única pessoa próxima a eles que Madison e eu víamos era Eveline.
Ela nunca passava por mim sem dizer um 'oi' que fosse, mas era algo tão rápido que eu não me sentia a vontade para barrá-la e lhe perguntar sobre eles:
– CORRIDA COM OBSTÁCULOS, PESSOAL! - gritou Donna, nossa professora de Educação Física.
Ela tinha a voz grave, era durona e incrivelmente forte para uma mulher, talvez por ser dependente de anabolizantes, e pelo que sabíamos morava com uma pessoa do mesmo sexo em uma casa próxima à praia - mais precisamente, era sua namorada.
Nossas roupas não estavam nem um pouco apropriadas para aquele tempo morto - calça legging escura e regata extremamente cavada; uniforme padrão para as aulas práticas.
Donna soprou seu apito pela décima vez em um curto período de tempo, algo que foi o bastante para nos colocarmos em posição para correr: quadril levantado, polegar e indicador encostados no chão e pernas ajeitadas para dar impulso e apoio.
Madie e eu largamos lerdamente por último. Atividades físicas não eram e nem nunca haviam sido nosso forte, e por isso fomos ovacionadas:
– Ei, vocês. Não tem controle sobre suas pernas finas? - Donna indagou se aproximando de nós enquanto nos distanciávamos do restante da classe, que ao contrário de nós, disputavam entre si com a mesma vontade de quem corre olimpicamente. - Se apressem, quero que terminem o percurso junto com a turma.
Não respondemos, apenas começamos a correr tão depressa e, contra todas as regras, dando a volta nos obstáculos pra ficar longe dela o quanto antes, que ainda na metade do percurso nossos pulmões imploraram por fôlego como nunca antes.
Paramos juntas, diminuindo decresecentemente nossa velocidade:
– Pernas fi... finas? - Madie indagou ofegante enquanto nos sentávamos na beira da pista e nos enconstávamos na arquibancada, longe do campo de visão de Donna e atrás das plaquinhas que havíamos derrubado - Ela por acaso sabe o quanto mede essas pernas? - continuou dando um tapa em sua coxa.
Madison já havia enfrentado um período de extrema magreza há uns dois anos, quando quase desenvolveu leucemia, mas por sorte logo recuperou seu peso até ficar um pouquinho rechonchuda, não exageradamente. Mas, pra ela, lhe falar que estava magra era pior do que lhe dar um tiro certeiro.
– Você vai mesmo se importar com isso, Madie? Ela mal sabe o que está dizendo, quer mais é que a gente se mate correndo enquanto ela assopra aquela coisa insuportável. Vamos. - peguei Madison pelo braço e voltamos para dentro do colégio.
Seguimos direto para o banheiro por um caminho frequentado apenas pelos funcionários da limpeza, saltando por cima de baldes com um insuportável cheiro de água sanitária, afim de despistar Donna.
Simultaneamente nos olhamos no imenso espelho que cobria parte da parede do banheiro, e Madison passou a dar boas risadas ao perceber que meu cabelo estava armando, enquanto o dela estava todo arrepiado, e de tão seco, mal abaixava e mais se parecia com um monte de palha.
Passamos alguns minutos ali tentando acalmar nossos fios com água, algo que, em partes, funcionou. Arrancamos um bolo de papel-toalha do aparelho na parede para enxugarmos nossos rostos ençopados e no mesmo instante a porta do banheiro se abriu, discreta e graciosamente.
Paramos tudo que estávamos fazendo por um segundo até percebermos que era Eveline. Ela entrou, sorriu pra mim e se trancou em uma das cabines com a privada rapidamente:
– Ei, você bem que poderia perguntar sobre Aaron agora. - sussurrou Madison.
– Não sei se tenho coragem. - respondi em sussurros ainda mais baixos.
– Ela não vai morder você. - concluiu Madie.
Algum tempo se passou e a descarga de onde Eveline estava foi disparada. Ela saiu e seguiu até a pia onde eu e Madison ainda permanecíamos amarrando o cabelo na tentativa de ganhar tempo até que ela reaparecesse.
Ela usava uma calça jeans escura que desenhava perfeitamente suas curvas e uma blusa de moletom cinza, enquanto seu cabelo loiro formava um coque frouxo.
– Humm... Eveline, aconteceu alguma coisa com Aaron e Cassey? Não vejo eles aqui no colégio há umas duas semanas. - indaguei envergonhada.
Ela arregaçou as mangas da blusa e lavou as suas mãos em um forte jato de água, as enxugando de um jeito tão delicado que me deixou constrangida por um instante, já que Madison e eu mais parecíamos brutamontes arrancando tanto papel para nos secarmos.
– Bem, Aaron voltou pra Europa, e Cassey o acompanhou. Ele precisava de um tempo pra arejar a cabeça - Eveline disse. -, não sei se sabe, mas antes de virmos pra Santa Monica, nós passamos uma temporada por lá. - completou.
Assenti positivamente.
– Espero que isso não tenha nada a ver com aquela briga no Café do meu pai... - falei e a vi morder seu lábio inferior - ...ou tem? - continuei.
Eveline soltou um suspiro parecendo estar se segurando para não dizer algo, mas logo voltou a me encarar com seus enormes olhos azuis e disse:
– Eliza, existem algumas coisas que eu não posso te dizer agora. Coisas tão complicadas, que eu mesma não seria capaz de lhe explicar tudo em toda a minha vida. Não espero que entenda isso, mas Aaron está na Europa se protegendo, e protegendo quem ama, só isso. Posso garantir que ele está tão bem quanto antes. - ela me respondeu com tamanha frieza que nunca pensei encontrar em sua voz dócil.
Olhei pra Madison e, assim como eu, ela fez um gesto de quem não havia entendido nada.
– Se protegendo de que, por exemplo? - murmurei enquanto Eveline se dirigia para fora do banheiro.
Eu sabia que aquilo não era da minha conta, mas foi impossível não perguntar.
– Eu já disse, não espero que você entenda isso, pelo menos não agora. Tudo bem? - ela se virou como quem perde seus sentidos antes de desmaiar, e foi impossível não notar a mudança em suas feições.
Antes delicada, a sua voz passou a soar com dois tons: um agudo e um grave em sintonia; enquanto isso, seu globo ocular tomou um tom roxo que magicamente variava entre tons de azul escuro, extremamente diferente do azul marinho encantador que antes dominava as suas pupilas.
Madison viu o mesmo que eu e arregalou seus olhos quando ficou lado a lado comigo, fitando Eveline.
Em sincronia, demos um passo pra trás.
– Você está bem? - perguntei, mas não recebi resposta. Em troca, fui fitada por aqueles olhos assombrosos - Seus olhos. - continuei.
Eveline engoliu em seco, e no mesmo instante vi seu rosto voltar ao normal.
– Algum problema? - ela retrucou hesitada se olhando às pressas no espelho que estava à sua direita.
– Estavam com uma cor diferente, e você quase desmaiou. - Madison tomou voz - Você está bem?
– Ah, talvez seja uma queda boba de pressão. - Eveline disse, mas era claro o nervosismo em sua voz. - Preciso ir agora. - ela continuou dando as costas e apressando o passo até sair do banheiro.
– Eu poderia dizer que estou ficando louca, mas sei que você também viu aquilo. Não viu? - Madie indagou assustada.
Pensei por um segundo cruzando o braços acima do peito, antes de dizer algo.
– Então nós duas estamos ficando loucas, porque aquilo foi surreal. E, afinal, o que são essas coisas que ela não pode explicar agora? - meu senso duvidoso estava incrivelmente aguçado. - Acho que Eveline mentiu tão quanto está tentando esconder Aaron.
– Esconder o Aaron?
– Exatamente. Ela parecia estar usando as palavras com cuidado, com medo de dizer algo sem ver. Entende?
– Humm... Não posso afirmar isso, mas que ela está escondendo algo, ah... ela está. - Madie disse assim que duas garotas da nossa sala entraram no banheiro.
– Donna está procurando por vocês. - uma delas; morena de cabelo longo até o meio de costas, disse.
– Já estamos indo. - peguei Madie pelo braço mais uma vez e saimos do banheiro.
Não nos preocupamos em procurar por Donna, tampouco nos importamos em trocar nossos Uniformes Para As Aulas Práticas de Educação Física, já que não estávamos suadas e nosso desodorante ainda não havia vencido.
Seguimos direto pra sala onde o sinal tocou assim que nos acomodamos.
Madison e eu estávamos em silêncio, ambas pensando no que, ao certo, havia acontecido com Eveline.

* * *

Era finalmente o final da última aula, e ao ouvir o sinal, Madison deu um pulo de sua cadeira, atirou sua mochila nas costas e trançou seu braço ao meu, chegando bem perto do meu ouvido:
– Acho que Eveline é possuída. - sussurrou.
Olhei para ela com desdenho.
– Pelo o que exatamente?
Madie pensou um pouco, coçando seu queixo, e logo disse:
– Por alguma alma ruim, ou até mesmo por um demônio - a olhei de lado novamente, sem dar importância ao que ela dizia. - Qual é, Lizie? Já li muitos livros sobre isso!
Soltei uma risadinha ao ver que ela estava séria ao dizer e, assim que contornamos os enormes portões do Kings, uma ventania ricocheteou nossos rostos.
O vento variou entre ondas frias e quentes, parecendo trazer algo para perto de nós. Dei por conta que eu estava com os olhos fechados os sentindo arderem e, quando os abri, vendo Madison xingar aquela espécie de ameaça de furacão, dei de cara com a única pessoa que eu nunca imaginaria encontrar ali: Aaron.
– Aaron? - falei dando um pulo.
Eu havia quase dado com a cara em seu peitoral.
– Eliza. - ele disse abrindo um enorme sorriso.
Senti Madison me dar uma cotovelada, na intenção de que eu continuasse o assunto.
Levei alguns segundos pra receber a informação e canalizar uma resposta adequada.
– Pensei que não viria ao colégio mais. Você sumiu, e Eveline disse que estava na Europa com Cassey.
Aaron soltou um sorrisinho torto e nervoso, ajeitou as mangas de sua jaqueta marrom e arrumou a gola de sua camisa branca. Seus olhos esverdiados me fitaram e o ouvi gaguejar:
– E nós estávamos. - ele disse dando uma longa pausa. - Chegamos hoje de manhã, e resolvi vir buscar minha maninha. - Aaron respondeu quando Eveline foi ao seu encontro.
Ela me olhou, mas logo redirecionou seus olhos para o chão enquanto Aaron abraçava seu ombro.
– Vejo você em breve outra vez, espero. - disse ele por fim, ao desativar o alarme do seu incrível carro que estava parado do outro lado da rua.
Não respondi, apenas balancei a cabeça positivamente e acompanhei eles com os olhos até que alcançassem o carro.
Respirei fundo notando que Aaron deu uma última olhada pra mim antes de entrar no automóvel.
– Preciso que venha comigo. - falei a Madison enquanto a guiei até meu Ford que estava a alguns passos dali.
– Quer que eu entre? - ela perguntou quando abri a porta do banco do passageiro.
Fiz que sim com a cabeça e, enquanto ela se ajeitava no banco estofado, atravessei o veículo rapidamente, abri a porta do motorista e coloquei o cinto de segurança:
– O que exatamente você vai fazer?
Procurei pelas palavras certas para lhe explicar, mas não encontrei.
– Não sei você, mas acho que tem alguma coisa de errado com Aaron e Eveline. - Madison me olhou intrigada - Eles são misteriosos, e vai dizer que não está pensando naquela coisa que aconteceu com Eveline? - ela concordou e mordeu o canto interior do seu lábio inferior. - Vou seguir eles, e você vai comigo.
Madison arregalou os olhos e tentou tirar minhas mãos do volante, mas logo desistiu, parecendo se divertir com a ideia.

Aaron deu partida conduzindo seu carro para o lado norte de Santa Monica, em direção ao centro. Esperei um espaço de tempo acontecer e me coloquei a segui-lo. Simultaneamente pareamos uma mesma velocidade, alcançando o limite que era permitido urbanamente, quando passamos em frente a lojas com manequins em suas vitrines vestidos com roupas que custavam o olho da cara.
Dirigimos em linha reta, desviando e ultrapassando alguns carros que estavam lentos demais, até que o último ponto comercial do centro foi passado, um supermercado extremamente lotado, e então ele desceu a primeira esquina que encontrou, aumentando sua velocidade gradativamente até que fui obrigada a acelerar alguns números para não perdê-lo.
A rua estava vazia, e Aaron acelerou ainda mais. Pelos meus cálculos ele já havia estourado a velocidade permitida em Santa Monica, já eu estava a um passo de estourá-la também.
Relaxei meu pé e, antes que eu pisasse no acelerador mais uma vez, Madison me cutucou:
– Pare de acelerar, Eliza! Não está vendo que ele percebeu que estamos seguindo ele?
Usei meu raciocínio por dois segundos e cheguei a conclusão de que o que Madison dizia era verdade.
Aaron de fato havia mudado seu percurso ao entrar nas ruas onde se encontrava a população de classe baixa e traficantes da cidade. Com um carro robótico daquele, ele nunca habitaria aquela zona.
– Você tem razão. - falei ao ver que um carro intruso fazia uma manobra indevida ao ultrapassar meu Ford e, aos poucos, Aaron ia ficando cada vez mais distante.
Dei meia volta, retornando emburrada para o centro, e deixei Madison na porta de sua casa, sem trocarmos uma palavra sobre o assunto.
Ela morava duas ruas antes do colégio, ao lado de uma padaria que vendia bolos confeitados maravilhosos:
– Não quero que faça isso outra vez, foi insano. - ela disse já fora do meu carro - Além do mais, não sabemos quem Aaron é exatamente. - finalizou me olhando através do vidro ao bater a porta, acenar e dar as costas.
A casa de Madie era simples e mais se parecia com uma casa de bonecas. Flores de várias cores a rodeava de modo que realçava o amarelo claro que cobria suas paredes externas, enquanto um pequeno muro gramado a cercava.

* * *

Já era noite e, finalmente, Emma estava de volta à Santa Monica. Meu pai havia me ligado pra dizer que eu não precisaria ir até a loja para ajudá-lo e que ao invés disso era pra mim tomar um banho e o esperar que ele levaria algo pronto para nosso jantar. Obedeci sem limitações a ordem de Bruce e me dirigi para o banheiro do quarto dele que, diferente do meu, tinha uma banheira. Coloquei minhas roupas dentro do cesto de roupas sujas que ficava atrás da porta, enquanto a banheira enchia a poucos centímetros da borda. Me afundei na água por alguns segundos e estranhamente alguns flashes dos meus pesadelos me assombraram enquanto ainda estava imersa. Tais sonhos estavam vivos na minha mente há quase três semanas, depois de uma estadia de meses.
Voltei à respirar e debrucei minha cabeça na banheira, fechando meus olhos e aproveitando ao máximo a nostálgica água morna na qual eu agora estava imersa até os seios.
No mesmo instante a luz do banheiro sofreu um pico de energia, se apagando e acendendo duas vezes seguidas. Interpretei aquilo como algum defeito na fiação, o qual Bruce arrumaria quando chegasse.
Não dei muita importância e comecei a atirar água no rosto.
Alguns minutos se passaram e repentinamente um ar denso e úmido penetrou nos meus pulmões. Fiquei ofegante, como se ali não existisse oxigênio o bastante pra mim.
Senti uma estranha vertigem e, quase que sincronizado, um grito agudo veio da rua, sendo perceptível no mesmo instante que uma vidraça havia sido quebrada. Me coloquei de pé ainda dentro da banheira e, cambaleando, me enrolei em uma toalha qualquer e caminhei feito um pinguim até o quarto. A luz voltou a dar breves picos e um vulto rastejante percorreu o teto, deixando para trás uma brisa gelada e um nojento cheiro úmido. Assustada, procurei por meu celular, mas quando o achei sobre a cama do meu pai vi que ele estava completamente sem bateria.
– Pai? - indaguei ao ouvir barulhos de coisas sendo atiradas ao chão, vindo do andar de baixo da nossa casa.
Não recebi resposta, mas mesmo assim segui os sons cada vez mais vorazes. Desci até a sala e o grito agudo voltou a ecoar, ficando ainda mais insuportável. Tapei os ouvidos mantendo a toalha segura debaixo das minhas axilas e, sentindo meu coração disparar a ponto de fazer meu peito arder, senti algo escamoso rastejar sobre meus pés.
Eu estava em frente à entrada da cozinha quando soltei um berro o mais alto que minhas cordas vocais suportaram, no instante em que um monstro se levantou no espaço entre a pia e a mesa. Aquilo havia espalhado panelas, copos e talheres no chão.
A criatura tinha o tronco de uma bela mulher de cabelos longos e rosto dócil - tirando sua inumera carga dentária aterrorizante; no lugar de pernas existia uma escamosa e úmida cauda de serpente, e era enorme, talvez tivesse pouco mais que o dobro do meu tamanho.
Ela veio pra cima de mim e a única coisa que consegui fazer, além de gritar, foi correr.

Deslizando por causa dos meus pés molhados, voltei para o andar de cima e corri até meu quarto. Com o choro de susto entalado na garganta, procurei pelas minhas peças de roupa e vesti meu pijama, o qual eu havia atirada no chão assim que acordei de manhã, quando o encontrei. Pra minha sorte a criatura se locomovia de um jeito lento.
Fiquei parada no meio do quarto quando notei que a coisa havia me seguido. Senti meu estômago revirar de enjôo quando fui fisgada mais uma vez pelo seu cheiro úmido que tomou o ar, e no desespero subi na cama quando ela derrubou a porta com tamanha força.
Tentei manter distância mas a enorme cauda que ficava abaixo de seu tronco agarrou meus pés e me derrubou sem muito esforço, me atirando ao chão em seguida.
O seu grito estridente voltou a dominar a casa e a vi dar voltas ao meu redor me olhando fixamente com seus olhos de réptil. A criatura abriu sua boca ferozmente enquanto eu ainda estava no chão e num salto vi sua cabeça bater contra e quebrar a lâmpada fluorescente no teto, que ainda acendia em picos de energia e iluminava o quarto.
Então, no completo escuro californiano, ela esticou seus braços tentando me agarrar, mas antes que alcançasse, algo a puxou pra trás me possibilitando de rolar para baixo da cama.
Em um golpe dado pelo indivíduo desconhedecido, perdido em total escuridão, a criatura instantaneamente ficou sem defesas e foi carregada pela casa por uma força sobrenatural até a vidraça que ela mesma havia quebrado minutos antes, no andar de baixo. Seu corpo escamoso roçou pelos cacos de vidro ainda presos na janela e rapidamente a vi desaparecer, sendo carregada, diante dos meus olhos rua a fora, e se misturando com uma estranha névoa que foi surgindo.
Nas pontas dos pés caminhei até a janela tentando ver para onde tudo aquilo havia ido, mas não havia extremamente nada ali.
A luz voltou ao normal e só assim voltei para o andar de cima, temendo que houvesse mais algum monstro por ali. Segui a gosma, que foi deixada pelo rasto da criatura, até meu quarto, na tentativa de encontrar algo que explicasse aquilo tudo.
Examinei cada canto, até onde o monstro não tinha se arrastado, e notei que havia o pedaço de um tecido preso na maçaneta da porta. O tecido tinha o comprimento do tamanho da palma da minha mão, e era de couro marrom, idêntico à jaqueta de Aaron quando o vi mais cedo.


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