Anne.

Tudo aconteceu tão rápido que quando eu vi, já estava no hospital engessando meu pulso.

Horas atrás.

Marceline não parava de me olhar, estava começando a ficar envergonhada. Porque será que ela me olha tanto? E porque meu coração está batendo tão mais forte agora do que antes?

Meu pai e Juliete já acabaram de pegar todas as coisas. Ah! Agora começa as apresentações entre eu e ela. Eu estou tão nervosa que acho que posso desmaiar.

– Marcy! Venha cá. - Juliete a chamou, e ela se aproximou da gente. Acho que o apelido dela é "Marcy", é bem fofo. - Essa é a Anne, filha de Adam...

– E essa é a Marceline, filha da Juliete. - Meu pai completou a frase me olhando.

Agora nós estavamos frente a frente. Eu estou tão nervosa que se sair uma palavra da minha boca é um MILAGRE!

– O-o-oi...

Marceline.

OMG! Como ela fica TÃO MAIS FOFA quando guagueija.

– Muito prazer! Eu sou a Marceline. - Eu não pude me conter e acabei a abraçando. Ela é tão pequena, tá, ela bate no meu ombro. Mas ela é pequena!
O cheiro dela me lembra a primavera chegando, e os seus cabelos eram tão macios. Eu a apertei ainda mais, não queria mais solta-lá .

Anne.

E-e-ela está me a-a-abraçando?! Mas...Mas Ela não sabe que eu não gosto disso? Meu pai não falou nada pra ela? Ah! Ah! Ah! Calma Anne. Não surta. Não surta!

Marceline.

De repente Anne me empurra com tudo, e acaba se desequilibrando caindo na escada. Ela parece nervosa, mas o que foi que eu....OMG! Eu a ABRAÇEI! Como eu sou IDIOTA! O pai dela me falou que ela não gosta que ninguém encoste nela. Minha mãe me lembrou VÁRIAS vezes disso. E eu ACABEI DE DAR UM ABRAÇO NELA. Ela nunca mais vai falar comigo. Ela não vai nem olhar na minha cara. O QUE EU FIZ?!

– Anne, você está bem? - Adam se ajoelhou perto dela, que estava imóvel com uma respiração ofegante. Acho que acabei de provocar um troço nela.
Ela balança a cabeça negativamente como resposta e tenta se levantar. Eu quero ajuda-lá, mas acho que só vai piorar a situação se eu chegar perto. Então acabo me afastando mais.

– A-ai! - Ai não! Não fala ai Anne. Isso é mal.

– O que foi Anne? O que aconteceu? - Adam está muito preocupado. E tudo isso é minha culpa.

– M-m-meu pulso esquerdo, e-está doendo muito. - Ela sussurrou tentando falar. - Acho que eu quebrei meu pulso pai. - Lágrimas começam a rolar em seu rosto. E eu estou em choque vendo tudo isso acontecer. Eu queria fazer alguma coisa, mas...não consigo me mover.

– Acho melhor irmos no hospital amor. - Minha mãe já estava com a porta aberta quando terminou a frase.

– Anne, segure-se em mim. - Adam a pega no colo e passa por mim, que ainda estou imóvel.

– Marceline?! - Minha mãe me chama, e eu volto ao normal me virando lentamente. - Você vem? - Adam e Anne já estava no carro.

– N-não. Melhor não. - Eu estava muito triste com o que tinha acontecido, porque a culpa era minha. Eu não devia ter abraçado ela.

– Não fica assim. Ela vai ficar bem. - Minha mãe tentou me acalmar, acho que ela sabe o que eu estou pensando.

– O-ok. É melhor vocês irem. - Dei um sorriso meio sem graça.

– Você vai ficar bem?!

– Sim. Vai logo, ela precisa de vocês.

– Ok. A gente volta logo. Fica bem tá! - Ela saiu, ligou o carro, e eles foram para o hospital. E eu fiquei lá parada em frente a porta. Nesse momento eu queria ter uma máquina do tempo, pra isso nunca ter acontecido.

Algumas horas depois.

Pronto, já trouxe todas as malas pro quarto. Agora eu só tenho que arrumar tudo....Como será que Anne está? Eles ainda não chegaram. Estou começando a achar que a coisa é MUITO séria.

Ah! Só de pensar que a culpa foi toda minha.

Caramba, como eu to com sede. Mas que coisa em Marceline, Anne está no hospital e você pensando em beber água. Mas tá tudo bem. Mamãe disse que ela ia ficar bem, então ela vai ficar bem. Ah! Eu preciso mesmo de água, com açúcar de preferência. Sai do quarto em direção a escada.

"Miaau"

– Hã? O que você faz aqui amiguinho? - Um lindo gatinho preto de olhos azuis claros, que me lembram de Anne, está no corredor. Eu me abaixo para acariciá-lo. Deve ser dela. É! É dela, senão não teria uma porta para gato na porta do seu quarto. - Cake! - Seu nome estava escrito num pigente em forma de bolo* Hehe... - És uma gatinha então!? Está a procura da sua dona? Ela não vai demorar é que ela foi no hospital, por minha culpa, mas eu não queria machuca-la. - Ah! Quem nunca falou dos problemas da vida com uma gata né?! - Cake, é um nome muito bonito. E você me lembra bolo de chocolate! Hehe...Só Anne mesmo. Me pergunto se ela está bem.

– E-eu, estou bem! - Estava tão entretida com Cake, que nem devo ter ouvido eles chegarem. Agora ela está aqui, na minha frente, me vendo falar com a gata dela. Me pergunto quanto tempo ela está ai.

– Anne. - Eu me lenvantei bem rápido, e não pude conter um sorriso em meu rosto. Eu queira envolve-la em meus braços e cuida pra que ela nunca mais se machucase. Mas ai me lembrei do que aconteceu hoje mais cedo. - Você está bem? – Mas que idiota que eu sou, ela acabou de falar que está bem. Eu preciso perguntar outra cois...

– E-eu e-estou bem. - Ela sussurrou em meio a um sorrisso. Ah Anne, seu sorriso é tão lindo.

– Ah! Seu pulso. Como é que tá? Eu sinto muito por tudo isso, foi tudo culpa minha.- Eu me aproximei um pouco dela. Como eu queria abraça-lá.

– E-está tudo bem. O..o médico disse que foi só uma pequena fratura, e-então eu vou ter que ficar com o gesso por um mês. E n-não precisa pedir desculpa, não foi sua culpa, eu que cai de mal jeito em cima da minha mão. - Um mês. Eu preciso fazer alguma coisa. Eu preciso cuidar dela. É! É isso que eu vou fazer. Eu vou ser a melhor enfermeira que alguém pode ter.

– Anne. Você precisa descansar. Vamos pro seu quarto, eu te acompanho.

Anne.

Marceline ficou ao meu lado, colocou uma mão em meu ombro e a outra em meu braço, e me empurrou para o meu quarto. Ela...Ela tocou em mim? Mesmo depois do que aconteceu antes?! Ah! Acho que ela tem problema de memória, hahaha que isso Anne, ela só esta sendo gentil.

– Com licença. - Ela pediu licença antes de entrar no meu quarto?! Uau! Ela...Isso foi muito fofo. - Vem, sente-se na cama. Você quer alguma coisa? Quer que eu faça algo? Qualquer coisa é só pedi!! - Ela agora estava abaixada, me olhando fixamente, com as mãos levemente em minhas pernas.

– Aah! Huum! O-obrigada! Mas...Mas eu só quero descansar um pouco. - Ela está sendo tão legal comigo, mesmo depois deu tê-la empurrado tão rudemente quando me abraçou.

– É claro! Que cabeça a minha. Bem, eu vou deixa-lá descansar. Mas qualquer coisa, qualquer coisa, é só me chamar. E, mais uma vez, me desculpe por tê-la abraçado daquele jeito. - Ela se levantou, se aproximou delicadamente de mim, me deu um beijo na testa e foi-se embora.

Eu me deitei na cama e foi quando eu percebir que...Ela acabou de me dar um beijo na testa? E eu não fiz NADA? Mas...Que diabos está acontecendo comigo?! Ela estava sendo tão legal que eu nem me dei conta que estava me tocando. Mas ela sabe que eu não gosto disso. Porque...Porque ela fez isso?

Eu dei um suspiro enquanto passava a mão na testa, meu coração bateu tão forte quando ela me beijou.

O que tá acontencendo comigo?! E será que ela tem mesmo problema de memória?!