Anne.
Era hoje que eu ia conhecer Marceline, minha nova "irmã", filha de Juliete, a nova mulher do meu pai. Eu nunca imaginei ele com outra mulher a não ser minha mãe, mas estou feliz que ele tenha encontrado alguém como Juliete. Ela é muito legal, e eu percebi isso assim que ela veio falar comigo pela primeira vez.

Flashback on.
Estava na sala vendo um filme, coisa que não faço a muito tempo. Quando toca a compainha em seguida do meu pai gritando pedindo pra abrir a porta.
– Olá! Você é a Anne certo?! - Na minha frente estava uma mulher alta, de pele clara, grandes cabelos loiros e lindos olhos verdes. Ela usava um vestido rosa que ia até os seu joelhos, e um salto alto preto. Ela era perfeita, e tinha um lindo sorriso.

– S-sim. Eu-eu sou a Anne! V-você é a Juliete né? - Perguntei baixinho. Eu não sou muito de falar, então sempre que acontece sai quase como um sussurro.

– Sim, eu sou a Juliete. E Anne, eu não via á hora de te conhecer. - Ela estendeu a mão pra mim, e no mesmo instante eu me recolhi diante da porta, meu pai deve ter esquecido de falar pra ela que eu não gosto de contato humano. Mas acho que ela percebeu, porque logo em seguida tirou a mão da minha frente. - Ah! Desculpe! Eu esqueci que você não gosta que te toquem. Que cabeça dura eu tenho, mas isso não vai se repetir! - Disse enquanto sorria, o que me fez sorrir também.

– V-você não quer entrar?! - Abri mais a porta pra que ela passasse.

– Obrigada! E, Anne, eu queria te falar uma coisa, a gente pode conversar?!
– C-claro! E, pode ficar a vontade...que meu pai já está vindo. - Me sentei no sofá, e ela sentou-se em seguida.

– Então...é que já faz um tempo que eu e seu pai estamos namorando, e a gente até chegou a pensar em morar juntos. Mas eu pedi pra gente esperar mais um pouco porque eu não queria invadir o seu espaço, e muito menos fazer você pensar que eu estou pegando o lugar da sua mãe. E..

– Eu não acho que você está pegando o lugar da minha mãe. Eu estou é muito feliz que você tenha entrado na vida do meu pai. E não se preoculpe, que você não está invadindo nada, você é muito bem vinda aqui. - Uau! Eu nem acredito que consegui dizer isso tudo sem gaguejar. E muito menos que eu falei isso tudo. E de onde saiu essa coragem toda de "falar"?!

– Obrigada! Você não sabe o quanto isso é especial pra mim. - Ela sorriu. E eu sabia sim o quanto isso era importante pra ela, e pro meu pai.
Flashback off.

Já faz cinco anos que minha mãe morreu assassinada pelo seu irmão. Eu e meu pai ficamos muito abalados, então decidimos mudarmos de país para podermos esquecermos tudo. Então viemos para Paris, aonde nossa vida ficou bem melhor. E ele conheceu Juliete, o terceiro amor de sua vida, como diz meu pai.

Depois de um ano e meio juntos eles ficaram noivos, e logo se casaram. Eu já sabia que ela tinha uma filha, que é um ano mais velha que eu. Eu não sei muito sobre ela, só que morava com o pai, mas que agora vai morar com a gente. Marceline, é um nome bonito, sem contar que é o nome de uma personagem de um dos meus desenhos favoritos, Adventure Time.

Só espero que ela seja legal e compreenda o fato de que eu não gosto que me toquem. Eu não me lembro muito bem como começou, só que foi depois que minha mãe morreu. Eu me fechei para o mundo, e desde então não gosto que me toquem, bem, só meu pai. Mas tem dias que até ele eu não gosto, e ultimamente, esses dias estão aumentando.

– Anne!? Está pronta?! - Voltei pra terra quando ouvi meu pai me chamar abrindo a porta do meu quarto.
– Pronta!? - Pronta pra que? Meu pai tá doido?!
– É! É hoje que a Marceline vem pra cá. Esqueceu?!

– Ah! Marceline. Não. Não esqueci! - Dei um sorriso sem graça. Acabei me perdendo nos meu pensamentos e me esqueci dela.

– Então, vamos?! Elas já devem estar chegando. - Papai levou a mão até mim me puxando da cadeira e me arrastando pra fora do quarto. No corredor eu apertei bem forte sua mão, o que fez ele olhar pra mim preocupado. - Olha, não precisa ter medo. Ela é legal, e vocês vão se dar super bem. - Ele sorriu pra mim, mas não um sorrisso qualquer, foi um sorriso de "tudo vai ficar bem, confia em mim", o mesmo sorriso que ele me deu quando disse que iamos nos mudar de Nova York. Então eu fiquei um pouco mais calma, devolvendo o sorriso.

Mesmo tendo 18 anos, eu ainda ajo como uma "criança" em certas situações. Mas ao mesmo tempo eu ajo como uma adulta, nessas mesmas situações. É complicado eu sei, mas, "ninguém é perfeito".

– Chegamos!! - Ouvi a voz de Juliete vindo da sala, e quando cheguei na mesma, Juliete estava pegando o resto das malas, e Marceline estava de costas pra mim olhando pela janela. Á única coisa que pude ver foi os seus cabelos loiros, que tinha mexas verdes e iam até a cintura.

– Marceline! Quem bom te ver!! - Meu pai soltou minha mão e foi ao encontro de Marceline. Nesse momento eu me senti como uma criança que se perde da mãe no super mercado, e fica pensando que ela o esqueceu lá e nunca mais vai voltar.

Eu queria dar meia volta e ir pro meu quarto, mas meu pai iria ficar muito chatiado comigo, então fiquei lá, na frente da escada pro segundo andar, parada que nem um poste. Até que Juliete apareceu, fazendo meu pai ajudar ela com o resto das malas. Então, eu pude ver Marceline de frente, ela era um pouco mais alta que eu, era branquinha, e seus olhos eram verdes, só que escuros em vez de claros que nem o de Juliete. E ela estava usando um vestido azul, de mangas compridas, que iam até os joelhos, e um All Star de cano médio. Ela era LINDA, e as mexas de seus cabelos combinavam com o seu misterioso olhar.

E quando nossos olhos se encontraram, meu coração começou a bater mais forte. E eu não sei porque, gostei muito disso.