Megan e sua irmã Hazel vagavam pela floresta, a neve deixava as árvores parecendo algodões que o vento frio fazia balançar.

Estavam acostumadas com o frio, moravam nessa montanha desde que se conheciam por gente. Suas roupas e cabelos cor de breu destacavam-se na neve iluminada por poucos raios de sol porém sua pele pode ser facilmente confundida com os flocos que caiam em seus capuz, as únicas coisas que as diferenciam eram seus olhos. Enquanto Hazel tinha olhos cor de jade, os olhos de Megan eram tão azuis como o céu que as rodeava.

Nunca conheceram seu pai e muito menos sua mãe, a tia, que avia sumido a anos, ás falou que sua mãe as tinha deixado para o seu bem, nunca sabiam porque tinham de viver isoladas da sociedade.

Cada passo que elas davam, flores cresciam ao seu redor, desafiando o frio, lindas rosas vermelhas que sempre as acompanhavam, porém toda a vez que se aproximavam para apreciar sua beleza eram cortadas pelos espinhos.

Caminhavam sem objetivo, ao longo dos anos, mesmo sem saber onde encontrar alimento, sua tia fazia aparecer frutas e grãos magicamente que as alimentava. Mesmo depois de sua morte, frutos nascem, ao lado de sua casa.

Sua tia não tinha nenhuma semelhança com elas, com olhos cor de âmbar e cabelos dourados que as faziam lembrar uma grande plantação de trigo.

Pararam por um instante em frente à uma àrvore seca, coberta de neve e ao tocar em seu tronco, a árvore começou a adquirir uma coloração esverdeada e nela nasceram maçãs.

Sabiam que avia algo diferente nelas, mas não sabiam o que era, porém era isso que as manteve vivas durante todos esses 16 anos.

– Sabe que dia é hoje? - Perguntou Hazel.

– O dia em que vamos finalmente sair e conhecer pessoas de verdade? - Perguntou Mag com sarcasmo.

Mag nunca se conformou com a solidão, queria poder ver o mundo e conhecer pessoas.

– É nosso aniversário - Falou Hazel com compreensão.

Apesar de serem gêmeas, Hazel sempre foi mais compreensiva

– Parece que demora uma eternidade, a única coisa que marcam os dias por aqui é o nascer e o por do sol. Quando vamos poder ir embora? As únicas pessoas que eu conheço são você e a tia Clare e nem temos mais a companhia dela.

– Um dia iremos, tambèm não gosto da solidão como você.

– Porque não tentamos simplesmente sair?

– Já tentamos, toda a vez que tentamos partir alguma coisa nos faz voltar.

– Tentamos de novo.

– Para que? Para nos frustrarmos novamente?

Mag ignorou o comentário de Hazel e seguiu descendo a montanha, olhou para o céu e gritou:

– NOS TIRE DAQUI !

Ela nem sabia com quem estava falando mas no mesmo momento caiu no chão e começou a chorar, não era a primeira vez que isso acontecia,

Hazel correu em direção a irmã , ajoelhou-se ao lado de sua irmã e tentou segurar as lágrimas, ela tentava mostrar força em frente a Mag mas também era apenas uma adolecente, tinha que fazer o papel da mãe e da irmã, o que não era nada fácil.

De repente sentiram outra mão tocar seus ombros, ao olhar para trás puderam ver novamente aqueles olhos cor de âmbar, tia Clare tinha voltado.

– Tia Clare? - Perguntaram em unissono.

– Sim, mas também me conhecem como Deméter

As meninas se levantaram ainda perplexas, sabiam quem era Démeter, quando a "Tia Clare" tinha lhes ensinado mitologia.

–Acho que temos algumas coisas para conversar

– E eu acho bom começar com o por quê nos abandonou! - Falou Mag dando um passo para frente com uma expreção que parecia conter tanta raiva a ponto de dar um soco no naris de uma deusa grega.

Hazel passou o braço em frente ao corpo de Mag para evitar que ela faça alguma besteira apesar de ela mesma estar louca para fazer isso.

– Como já expliquei para vocês há 6 anos, deuses gregos podem estar em mais de um lugar ao mesmo tempo, mas quando soube que vocês já sabiam como viver sozinhas, não ví necessidade de continuar alí.

– Que tal a necessidade da sanidade mental de duas meninas de 10 anos que não tinham família e de repente forçadas a viver sozinhas em uma montanha! Passaram 6 anos dependendo uma da outra?

Dessa vez Hazel não a impediu de falar a verdade.

– Compreendo a frustração de vocês, vim paara lhes explicar seu passado. Sua mãe não era uma mortal e sim minha filha Perséfone, mas seu pai sim, o que faz de vocês meio-sangues.

– Por que temos de ficar sozinhas, porque não podemos ver ninguém? - Perguntou Hazel

– O marido de sua mãe , Hades lhes jogou uma maldição quando nasceram, quando vocês se apaixonarem, suas almas serão sugadas de volta para o submundo. Então sua mãe pediu para eu cuidar de vocês por alguns anos em um lugar isolado, para não ter chances de vocês se apaixonarem. Se sua mãe não as tivesse mergulhado no rio Estige, já estariam mortas pela ira de Hades.

– Por que só veio agora?

– Presciso levar vocês para um lugar, uma profecia às aguarda.