You're My Summer, My Winter 2. escrita por Jane Rivelli


Capítulo 4
Tensão




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…” No one ever said it would be this hard…oh take me back to the start”…

Eu não dormi. Eu não comi. Gritei com Harold e Micaella, eu me sentia mal por isso. Disse a noite inteira que precisa ir atrás dele, mas Harold me impediu todas as vezes que eu corria para a porta. Meus olhos estavam inchados e vermelhos, praticamente chorei a noite toda, me culpando por não ter contado e me culpando por ter ido a universidade. Harold me xingou horrores por esse pensamento, mas não tirava minhas razões de pensar assim. Tinha uma prova importante na segunda, e eu não tinha cabeça para estudar. O domingo também não estava colaborando. Chuvoso como o meu humor. Com o passar da tarde Harold adormeceu no sofá e Micaella pegou no sono ao seu lado. Não tive duvidas, arrumei uma bolsa, eu iria pegar o primeiro trem de volta para Londres. Ele tinha que me escutar.

Caminhei vagarosamente em direção a saída, com uma mochila nas costas e a carteira nas mãos. Eu iria para Londres, Liam tinha mesmo que escutar sobre o ocorrido. As coisas não poderiam acabar daquele jeito. Ao chegar na estação era notável o fluxo de pessoas que saiam de Cambridge para Londres, e eu seria mais uma delas daqui há algumas horas. Comprei minha passagem e me sentei, o próximo trem saia em meia hora. Me distrai do tempo observando a foto minha e de Liam que era fundo do meu celular. O jeito como ele sorria, e como seus olhos se encontravam com o meu. Achei que Cambridge seria uma boa escolha, mas estar longe dele foi uma péssima escolha, e deu no que deu.

–Se quer mesmo falar com ele, tudo bem. Mas podia me avisar antes de fugir, seria legal. –Harold disse se sentando ao meu lado e me deixando boquiaberta. –E nem adianta me mandar embora, comprei a poltrona do seu lado. –Ele retirou o passe do bolso do casaco. –É fácil subornar alguém. –Ele sorriu.

–Harold...

–Eu vou com você. Eu vou estar lá para vocês conversarem.

–Micaella...

–Micaella sabe se virar. Deixei um bilhete na cabeceira da cama dela.

–Mas ela estava dormindo no sofá...- Eu o olhei curiosamente e ele rapidamente corou.

–Ok, eu a levei para o quarto mas e dai? Aquele sofá é muito desconfortável! –Ele disse em sua defesa, e eu cai no riso. –Nosso trem. –Ele apontou para o painel, e de repente minha respiração ficou pesada. –Vamos.

Ao chegar em Londres, eu ainda não sabia o que fazer, ou melhor, o que dizer. Minhas mãos estavam geladas e meu coração acelerado assim que paramos o carro em frente a casa de Liam. Do mesmo jeito de sempre, o jardim na parte da frente, as pedras polidas, os arbustos mais verdes do que nunca, e o sino da entrada tocando uma leve melodia a cada rajada de vento que passava por ali naquele inicio de outono.

–Vamos descer do taxi ou você vai querer que eu chame o Liam para ele conversar com você aqui dentro? –Harold quebrou o silencio assim como eu estava a ponto de quebrar a porta de nervoso. Desci do carro e parei em frente a porta. Sinceramente em Cambridge estava um pouco mais quente que Londres, os ventos estavam me incomodando mais que o normal. Ali foi o ápice de todas minhas manias de ansiedade virem a tona. Pés e pernas inquietos, estralar todos os dedos, mordiscar o lábio, piscar rapidamente entre outras manias que costumavam a irritar quem tivesse por perto. Como irritou Harry que pendurou o dedo na campainha, ecoando aquela melodia.

Lizie atendeu a porta e me deu um grande abraço, assim como abraçou Harry em seguida.

–Liam esta lá fora! Ele vai adorar ver vocês aqui, eu vou chama-lo! –e ela ameaçou correr mas Harold segurou em seus braços.

–Que tal, nós dois brincarmos um pouco? Soube que Liam tem um vídeo game novo!

–Ele não deixa eu jogar.

–Mas vamos quebrar as regras?- Harold convidou e ela abriu um sorriso. –Vamos deixar o casal de namorado a sós. –Ele sorriu e correu pelas escadas com Lizie em seu colo.

Passei pela cozinha vazia, assim como a sala, os pais deviam estar no quarto, já era tarde mesmo. A porta corrediça estava fechada, e através da suave cortina eu podia ver Liam deitado na grama e olhando o céu. Respirei fundo e abri a porta, tirando a atenção de Liam do céu e fazendo ele olhar para mim. Fechei a porta logo atrás de mim, e me deparei com Liam já sentado, em posição de defesa, digamos de passagem.

–Acho que precisam...- Comecei.

–Precisamos conversar. Sim. –Ele disse ficando de pé, e fazendo com que o vento balançasse um pouco seu cabelo.

–Liam...

–Eu falo primeiro. E você só vai me escutar. –Ele disse ferozmente, e eu apenas concordei. –Quando eu recebi um e-mail dizendo que você estava aproveitando até demais a faculdade, eu ignorei. E respondi grossamente a mensagem. Mas depois vieram as fotos. Você entrando num estúdio caseiro com uma mala, e depois a foto de quem era o fotografo, e depois as fotos tiradas de longe, com alguém subindo o zíper do seu vestido e entrando com você em uma sala. E depois esse mesmo alguém que posteriormente eu lembrei ser Dylan, saindo do quarto todo suado, e depois você atrás, com os cabelos bagunçados, e o batom borrado. E SIM a qualidade das fotos eram ótimas, quem a tirou tinha em mãos uma boa câmera, e um ótimo foco! – Mus olhos marejaram um pouco.

–E em seguida Harold entrando e saindo, e você atrás dele com essa sua amiga nova...e se não bastasse essas fotos...- Ele disse sorrindo ironicamente para o céu. –As fotos suas com Lohanna! –Ele gargalhou. –Com a menina que tentou te matar. MATAR! O que a faculdade fez com você Thompson? O que EU fiz pra merecer suas mentiras? –Uma lagrima caiu pelas minhas bochechas e pude notar o espanto de Liam.

–Posso falar agora? –Eu disse um pouco engasgada.

–Fique a vontade. –Ele disse se sentando em uma das espreguiçadeiras.

–Você acha que eu realmente seria capaz de te trair? De trocar você por qualquer pessoa, Liam? Você acha que eu colocaria na minha vida, alguém que não fosse você? Você acha que eu dormiria em uma cama qualquer, em um quarto qualquer que não fosse o seu? –Agora as lagrimas corriam com maior intensidade, enquanto minha fala oscilava.

–Não. –Ele disse. –Mas eu sei o que eu vi.

–Você viu fotos Baker! FOTOS. Assim como eu VI você morto! É tudo uma questão de perspectiva Liam! Do mesmo jeito que eu vi você morto e você na verdade não estava, do mesmo jeito que você viu uma cena que não aconteceu!

–Então me conta o que raios aconteceu porra! Por que eu não sei mais o que pensar!- Ele elevou um pouco a voz.

–Eu te falei sobre meu trabalho de escola, sobre as fotos. O que eu não te contei era quem seria o fotografo. Sim eu fiquei espantada, e eu fiquei com medo. Mas ele foi extremamente profissional, e até perguntou de você. Ele perguntou de você, ele se lembrou de que eu tinha um namorado! Fiz varias fotos. Todas totalmente vestidas. Mas você conhece aquele vestido mais do que ninguém, e sabe como ele enrosca. Você costumava a ficar estressado quando tentava tirar ele. –Eu sorri e ele olhou em meus olhos pela primeira vez por um longo tempo. –Eu pedi ajuda, ou você queria que eu saísse daquela maneira tarde da noite sozinha? Eu pedi para Harold me buscar por medo de voltar sozinha, acha que eu sairia daquela maneira mesmo estando acompanhada? É uma universidade Liam, não uma passarela. As fotos ficaram ótimas alias. – Eu disse. – Você pode acreditar em mim ou vou precisar trazer as gravações das câmeras que existem dentro do apartamento dele para te mostrar que não aconteceu nada?

–Não precisa. Eu acredito.- Ele disse olhando em meus olhos, um pouco com culpa eu diria. –Mas e Lohanna? Porque vocês estavam juntas Jessica?

–Essa era uma pergunta que eu adoraria fazer a você.- Ele me olhou curioso. – Eu havia saído para tomar um café, e foi quando eu a encontrei. Na verdade ela me encontrou, disse que seria minha nova colega de turma. Um tempo depois do meu choque, ela apareceu na porta do apartamento. Eu já havia contado a Harold sobre ela, alguém tinha que saber. E na hora, você não seria a melhor pessoa.

–Por que não? Você não diz que confia em mim?- Ele ficou de pé, falando bravamente.

–Exatamente por isso que não lhe contei! Você tem altos e baixos Liam! Eu fiquei com medo de que você quisesse que eu voltasse, e eu sinceramente não estava disposta a escolher entre você e Cambridge.

–Claro porque é Cambridge. –Ele sorriu.

–Não. –ele me olhou. –Por que é você. E você sabe que por você eu atravessaria oceanos, eu desistiria da vida, e eu desistiria de Cambridge. Mas eu não estava pronta pra fazer isso. Eu lutei por aquilo tanto quanto eu lutei por você. Mas em base de escolhas, você seria prioridade obviamente. –Eu despejei as palavras e disse me sentando um pouco mais longe.

–Você sabe que eu nunca pediria que largasse Cambridge. –Ele disse se sentado atrás de mim, podia sentir seu hálito quente em minha nuca, e seu perfume já grudando em minhas roupas. –Lohana foi liberada para serviços sociais por todos os arredores de Londres. – Ele disse calmamente. –Tive medo de te contar e fazer com que você de alguém jeito quisesse voltar. Mas eu não queria que isso acontecesse, porque eu sabia que Cambridge era tudo o que você mais queria. –Ele disse e eu me virei, ficando de frente pra ele.

–Ela cumpriu três anos praticamente, pagou fiança pelos próximos três anos que estão por vir. O que claro, não foi uma grana baixa. E foi sentenciada a dois anos de serviços comunitários, incluindo se matricular em alguma universidade do país. No caso ela escolheu Cambridge, já era de se esperar. Eu devia ter te contado. Me desculpe. – Ele colocou as mãos em cima da minha perna descoberta.

–Me desculpe por não ter contado. –Eu disse. –Eu também deveria. –Depositei minhas mãos em cima das dele, entrelaçando nossos dedos.

–Me desculpe. –Nós dissemos juntos, o que arrancou um leve sorriso de ambos. Ele puxou minhas mãos para ele, e as assoprou como fazia sempre.

–Vamos entrar, está um pouco gelado demais aqui. –Ele segurou minhas mãos e entramos na casa. Sua mãe estava na cozinha, e me recebeu com um abraço delicioso, assim como seu padrasto. Subimos para o quarto e Lizie dormia na cama dele enquanto Harold jogava um jogo qualquer.

–Qual é! Mal comprei e você já vem jogando!? –Liam disse desligando o aparelho, e fazendo Harold rir.

–Fui convidado. –Ele disse apontando para Lizie.

–E jogando a culpa em uma criança? –Liam riu. –Tenho certeza que o convite partiu de você!

–Como você me conhece bem. –Harold caminhou abraçando Liam. –Estava com saudades bro.

–Eu também. –Liam disse dando tapinhas nas costas de Harold. –Vamos levo vocês pra casa. –Liam disse abraçando eu e Harold após cobrir Lizie que dormia confortavelmente.

Deixamos Harold na casa dele, e depois seguimos para a minha. Liam estacionou o carro em sua garagem e seguimos para minha casa.

–Dorme comigo hoje? –Eu perguntei.

–Não sei se você gostaria da minha presença...- Ele disse fazendo manha.

–tudo bem eu ligo pro...

–Nem continua. –Ele disse me segurando pela cintura e deixando nossos rostos perto demais. –Eu to muito afim mesmo de te beijar.

–Então beija. –Eu disse mordendo os lábios. E foi o que ele fez. Um beijo inicialmente leve tomou conta de nós dois, e depois se intensificou um pouco, quando ele colou meu corpo contra uma pilastra do jardim de casa, disparando o alarme, fazendo o beijo parar na hora.

–Mas que droga! –Dissemos juntos, e começamos a rir.

Não demorou muito para que Elliot, meu tio, e minha tia aparecessem a porta, desligando o alarme e vindo nos abraçar. Após contar do ocorrido, e contar sobre Lohana – o que digamos de passagem deixou meu tio um pouco furioso. –Eu e Liam fomos para meu quarto. Me aconcheguei em seu corpo como eu amava fazer, e deixei que ele me envolvesse em seus braços.

–Senti sua falta. –Ele sussurrou contra meu ouvido. –Bastante.

–Eu também. Mas estou um pouco chateada.

–Porque? –Ele disse separando nossos corpos e me olhando. Seu rosto estava parcialmente iluminado pela luz do jardim que entrava pela janela.

–Por que até agora eu não tive a oportunidade de te beijar descentemente. – Ele sorriu e foi como se a luz do jardim estivesse em seu sorriso.

–Nós podemos resolver isso. –Ele disse selando nossos lábios e me beijando itensificadamente. Adormecemos logo em seguida.

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–Não estou acreditando que você vai mesmo poder passar a semana aqui comigo. –Eu disse á Liam entrando no meu apartamento em Cambridge.

–Uma semana de folga logo no começo da universidade é deliciosamente delicioso. –Ele sorriu. – E é mais delicioso ainda estando aqui com você. –Ele me deu um beijo molhado no pescoço. – Mas tem certeza que não fez mal em não ir a aula hoje?

–Eu não sabia resolver nada da prova. Não tive tempo de estudar. Vou refaze-la na sexta. –Eu disse. –Enquanto isso, que tal conhecer um pouco desse lugar parado?

–Eu adoraria. –Ele disse e saímos para conhecer os pontos turísticos dentro daquela cidade em que 90% da população era da faculdade.

Mostrei a ele os parques, a faculdade, as casas históricas, museus e alguns bares bastante frequentados. No fim da tarde era hora de buscar Micaella, que havia ficado na faculdade para encerrar um trabalho pra nota. Liam e eu caminhamos juntos até a faculdade e esperamos em frente a porta de saída. Logo Micaella saiu, surpreendentemente de braços dados com Harold, que sorria para ela.

–Mas o que é isso? –Liam gargalhava. –Vai deixar ele tarar sua colega de quarto assim?

–Não esquece que ele também é colega de quarto dela. –Eu ri assim como Liam. Harold nos viu e arregalou os olhos, assim como Micaella que ficou vermelha na hora fazendo eu e Liam rolarmos de rir.

Então nós quatro, depois de Liam conhecer um pouco mais de Micaella fomos até um bar na beira do rio para passar o fim da tarde.

–Quer dizer então que você foi pra Torre Eiffel para se “despedir” de onde você e Jess começaram e do nada ela apareceu lá? –Micaella estava encantada.

–Eu não estava lá do nada! –Eu ri. –Ele disse que iria terminar onde começou, Paris oras! Era obvio. –Sorrimos.

–E você levou ela para Paris no segundo dia que se conheceram? Puta merda que loucura! –Gargalhamos. –E se ele fosse um maníaco ou algo do tipo?

–Eu estava ferrada. –Eu ri. –Ou morta. –Liam gargalhou.

–Gente vocês são loucos, que historia louca!- Ela disse. –Quem me dera conhecer alguém tão especial assim! –Ele se debruçou sobre a mesa, e Harold virou o rosto, visivelmente incomodado.

–Não pode ser. –Harold paralisou. –Não pode ser.

Olhamos na direção dele e Lohana caminhava com seus saltos agulha pelo salão, andando em direção a nossa mesa. Liam apertou minha mão em baixo da mesa, posso dizer que estava prendendo um pouco a circulação, enquanto a outra mão estava fechada em punho sob a mesa.

–Liam Thomas Cartter Baker em Cambridge? Quem diria! Não vai me dar um abraço não?- Ela disse parando em frente a mesa.

–Quantas vezes eu vou ter que dizer que tenho nojo de você?

–Quantas vezes vou ter que dizer que você fica sexy bravo?-Ela disse.

–Quantas vezes você vai tentar me matar de novo? –Perguntei e Micaella arregalou os olhos.

–Quantas vezes você vai entrar no meu caminho? –Ela dirigiu a palavra a mim.

–Quantas vezes vou ter que mandar você ir embora? Está ficando chato já. –Harold disse dando um gole na bebida.

–Foi bom ver vocês, e saber que a foto que eu te mandei não fez o efeito que eu esperava.

–FOI VOCÊ? –Eu gritei já de pé.

–Ora quem mais seria? –ela sorriu.

–Sua filha da...

–Jessica! –Liam me segurou assim que eu partia pra cima dela. –Não vale a pena se atracar com gente desse nível. –Ele disse e eu me sentei ofegante.

–Foi bom ver vocês. –Ela saiu sorrindo. –Tudo como era antes. –Mandou um beijo e saiu rebolando.

O clima na mesa claramente ficou bem tenso. E agora, teríamos tudo de volta, aquela rotina de pânico, ameaças e sustos? Eu não estava preparada pra ter todo o passado de volta, não depois que tudo realmente mudou de verdade.


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Notas finais do capítulo

Boa Noite meus amores! Mais um capitulo! Me desculpem se demorei, estou escrevendo somente no intervalo das provas! beijo e até mais! XOXO



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