Meus pés latejavam e parecia que eu poderia cair a qualquer momento, mas eu não podia cair, não podia deixar que me pegassem e me levassem de volta para aquele lugar. Olhei para trás e vi três figuras com roupas pretas e mascara de gás no rosto, eles carregavam armas em suas mãos, Corri mais rápido desviando das árvores que apareciam no caminho, cada vez menos ouvia os passos das figuras que me perseguiam, uma onda de sensações me tomou, uma mistura de alegria por estar conseguindo me afastar cada vez mais dele, medo de que depois eles me encontrassem, desespero por não ter a minima ideia de onde eu estava.
Eu não fazia a minima ideia de quanto tempo eu estava correndo , comecei a ouvir barulhos diferentes, demorou um tempo, mas, a cada passo, o barulho ficava mais alto e forte, era um rio, a alegria foi embora e agora eu só sentia panico, ''quanto tempo eu não nado?'' , ''eu ainda sei nadar?'', ''quanto tempo não vejo um rio?'' , parei e olhei em volta
-Caramba- olhei para baixo, 4 ou 5 metros de queda, olhei para trás e vi as figuras ao longe se aproximando, cada vez mais, eu estava encurralada, ou eu deixava que eles me pegassem ou me jogava no rio e me entregava para oque quiser que pudesse acontecer comigo, olhei as figuras que me perseguiam e o Rio, fiquei olhando para os dois ''caminhos'' como quem acompanha uma partida de pin-pong, as figuras pararam a alguns metros de mim
-vamos lá moçinha, vem com a gente- uma das figuras falou estendendo a mão
-Eu não sou louca- choraminguei- não vou voltar para aquele lugar- virei novamente para o Rio e antes que pudessem me agarrar, me joguei no rio, em poucos segundos senti meu corpo se chocar contra a água, tentei nadar ou fazer algo parecido com isso, batia as pernas e os braços, mas eu não estava saindo do lugar, tentei subir a superfície e respirar mas o ar que chegava ao meus pulmões não eram suficiente, senti meu corpo afundar novamente, tentei mais algumas vezes ir a superfície, mas eu sempre voltava a afundar e engolia água, desisti, deixei que a água invadisse meus pulmões e deixei que a morte em fim me levasse. Senti uma mão segurar meu pulso e me puxar para a superfície, senti meu corpo leve, a figura que me tirou da água me olhava e tinha olhos bonitos, a morte tinha olhos bonitos.