Já era tarde da noite e todos estavam dormindo, exceto por um certo mamodo que andava pela casa sem parar. Ele não conseguia dormir de maneira alguma, estava pensando nela, desde que fora mandada de volta ao mundo mamodo não conseguia mais passar um minuto sem pensar nela.

– Kolulu – o pequeno menino pronunciou em um devaneio

Tristemente ele andou até sua cama para dormir e tentar esquecê-la, estava triste e confuso, sabia que sentia algo especial por Tia, mas não conseguia entender porque a única coisa em que conseguia pensar era Kolulu. De quem gostava? Por que pensava tanto e Kolulu?

Deitou em sua cama e fechou os olhos tentando dormir e apagar tudo aquilo da sua mente, assim ficou por meia hora, desistente abriu os olhos e se levantou. Andou até a janela de seu quarto e se pôs a fitar o céu escuro da noite. Ouviu uma voz chamá-lo e uma luz rosada atravessou a janela, ele apertou os olhos em uma tentativa fracassada de enxergar que luz era aquela. Se afastou da janela, pois aquela luz estava ofuscando sua visão. Ele sentia um medo imenso tomar seu peito, se perguntava mentalmente que luz era aquela.

A luz pouco a pouco foi se tornando mais fraca e Zatch podia ver que algo ou alguém se aproximava, ela adentrou a casa pela janela e tudo que Zatch fez foi arregalar os olhos e entreabrir sua boca assustado. Era ela, a mamodo que não saia de sua mente, era Kolulu.

 – Zatch – ela disse abrindo um belo sorriso, seus olhos brilhavam e alegria que tomava seu coração era tanta que ela achava que a qualquer momento ele sairia por sua boca

– Kolulu – o loiro enfim conseguiu pronunciar – O que faz aqui? Como, você veio parar aqui? Você não tinha sido mandada de volta ao mundo mamodo?

– São muitas perguntas Zatch, e não sei se sou capaz de responde-las

– Tudo bem, ao menos me diga, o que faz aqui?

– Eu, bem, eu estava com saudades – ela disse ficando levemente corada

– Saudades? – o loiro perguntou um pouco confuso

– Bem – ela parou abaixando o olhar e ficando extremamente vermelha – Eu, não consegui parar de pensar em você depois que eu fui mandada de volta ao nosso mundo.

– Mesmo? – ele perguntou um pouco encabulado

– Sim – a rosada respondeu abaixando a cabeça tentando disfarçar seu rosto ruborizado

O loiro levantou o rosto da pequena mamodo virando-o para si e fazendo com que ela ficasse ainda mais corada, se é que isso era possível, a olhou nos olhos e um pouco apreensiva foi diminuindo a distancia entre seus lábios. Pouco a pouco seus lábios foram perigosamente se aproximando e quanto menor era a distancia mais ruborizados os dois ficavam, então Zatch timidamente os selou em um beijo doce e inocente. Seus corações batiam descompassados, eles tremiam de quão grande era o nervosismo.

Kolulu um pouco relutante separou o beijo buscando ar. Zatch tentou tomar os lábios da rosada para si novamente mas ela não permitiu. Parecia ter pressa.

– Zatch, eu não posso mais ficar aqui. Eu tenho que ir

– Ir, mas ir pra onde ? – o loiro perguntou triste e confuso

– Eu tenho que voltar pro nosso mundo – ela respondeu, seus olhos demonstrando imensa tristeza e os dele demonstrando compreensão

– Está bem, eu entendo. Mas, você vai voltar não vai?

– Eu espero que sim

– Eu vou esperar por você todas as noites dessa mesma janela

– Eu te amo – ela disse dando um leve beijo na bochecha do pequeno mamodo

Ele nem sequer pode responder a menina, e ela já havia voltado a ser apenas aquela luz rosada que ele havia visto adentrar por sua janela. Sentiu uma lágrima escorrer quente por seu rosto.

– Eu também te amo Kolulu – ele disse pro fim mais para si mesmo do que se dissesse pra Kolulu

Soltou um bocejo, sabia que enfim poderia dormir, seu coração e sua mente agora estavam em paz. Andou vagarosamente até sua cama deitou-se nela fechou os olhos e se pôs a dormir e a sonhar, sonhar com Kolulu. Ele jamais soube se aquilo fora apenas um sonho, mas sabia que deveria ir até aquela janela todas as noites, era o que seu coração dizia pra fazer e assim o fez.