A Verdade Escondida escrita por ju_mysczak


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Fic em homenagem ao senhor Carlos Eduardo, casado com Emma Swan (descupa aí, acho que você ficará com um pouquinho de ciúmes nessa história), pai de Henry Mills.



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Ninguém vê aqueles que passam por nós. Talvez por isso seja tão difícil encontrar alguém nesse mundo.

Andei pelas ruas tumultuadas com pressa. Devo ter trombado em umas três ou quatro pessoas, mas nem me importei em pedir desculpas. Minha cabeça doía tanto que não conseguia focar o olhar em nada.

Ninguém percebe as pessoas que passam por nós. Talvez se percebessem, saberiam que eu não estava bem.

Apressei o passo, me esquivando dos protestantes. Meu nariz começou a pingar e quando passei a mão vi o vermelho colorindo minha palma. Um cheiro metálico sufocante preenchia o ar que aspirava.

Ninguém sequer olhou. Talvez só se repare naqueles que te possam oferecer algo em troca. Interesseiros!

Encontrei a porta escura que procurava e, cambaleando, entrei no local. Imediatamente não consegui ver nada além de explosões de luz em minha retina. Acostumando a pouca luz, percebi um vulto vindo em minha direção.

Ele me jogou contra a parede e com o corpo me prendeu. Gritei e tentei fugir, socando os braços fortes que feriam meus pulsos. Estava tão fraca que mal conseguia lutar contra ele. Mas também nunca consegui lutar contra aquele olhar, nem contra aquela boca. Sempre fui fraca.

- Vou te levar a um hospital, Emma. Não quero nem saber o que pensa sobre isso, você já me enrolou demais. – Disse ele com voz rouca e pesada.

Em pânico, mordi a mão esquerda dele e consegui sair do aperto de seu corpo. Ouvindo seu grito de dor, corri para a parte de trás da casa, que estava mais iluminada, e peguei o que queria. Com o objeto em mãos, fugi.

As ruas continuavam as mesmas de alguns minutos atrás. Abri espaço, empurrando os moradores com pouca força. Novamente, ninguém viu, ou sentiu. A paisagem ao meu redor nublava e só enxergava borrões.

A floresta estava a minha frente, com suas altas árvores e clima úmido e frio. Virei-me para trás por alguns instantes, para onde eu nunca mais retornaria. Eles não sentiriam minha falta. Sem o reconhecimento dos meus pais, que se diziam novos demais para ter uma filha de minha idade, estava definitivamente sozinha e perdida. Os que se diziam amigos esqueceram-se de mim. Meu filho preferiu a mãe adotiva, que não era considerada louca por todos. E eu fiquei só.

O poço estava então a apenas alguns passos de mim. Apertei o frasco que segurava até sentir os dedos doerem e as nódoas esbranquiçarem. Mordi os lábios, esperando algo ou alguém me impedir, mas ninguém se importava. Um médico que me prendesse e dissesse que eu estava louca não resolveria a situação, não me ajudaria. Tentei provar de todas as formas possíveis que não era imaginação, que tudo aquilo era real e fui tachada de nomes indignos de mim.

Cansei de cair. Cansei de cada vez que eu tentasse levantar alguém vir e me chutar. Regina que fique com tudo, já que todos a amam. Cuspi uma bola de sangue que se formava em minha garganta. Eu não estava doente, era o mundo que me consumia quando não consegui realizar meu propósito. Falhei miseravelmente.

Andei calmamente até a borda do poço e, com um último desejo, despejei o conteúdo do frasco. E então, nada.

- Achou mesmo que isso funcionaria, não é? – Me virei em direção a voz.

- Você me enganou, seu miserável! Trocou a poção por água, não foi? – Acusei.

- Você está doente, Emma. Deixe que a cuidem no hospital.

- No mesmo hospital em que deixaram meu pai dormindo durante anos? No mesmo hospital em que Bela ficou presa? Que nos enganou?

Comecei a andar para trás, até bater minhas costas em uma árvore.

- Isso tudo é a doença agindo! Nada disso aconteceu! Ele nem sequer é seu pai! – Ele começou a gritar, tentando me convencer.

- Não! Não é verdade! Eu provarei para todos vocês!

- Está tentando provar isso há três anos, Emma. Seu filho tem vergonha e se arrepende de ter ido atrás de você em Nova York. As pessoas preferem dizer que nem te conhecem. Mas eu estou aqui e eu me importo!

Seus passos em minha direção eram agoniantes.

- Mentira! Se se importasse acreditaria em mim!

- Emma, só quero te ajudar! Deixe-me te ajudar!

- Não! Saia de perto de mim! Você me enganou, onde está a poção que tirou de mim?

- Não existe essa poção! É a doença agindo! Você ainda tem alguns momentos de lucidez, ainda dá tempo de tratar.

Ele pegou minha mão, que rapidamente empurrei com nojo.

- Fique longe de mim!

- Nunca!

Cuspi mais sangue e acabei me engasgando. Tossindo descontrolavelmente, bati em seu peito com tudo o que me restou de forças, sentindo que nenhum de meus tapas faziam efeito.

Mesmo fraca, já quase não pensando mais e sem conseguir respirar corretamente, pude sentir seus braços me rodearem e me carregarem com ternura e pude distinguir, no borrão que era tudo, seus olhos escuros me encarando. Ele me via.

...

- Xerife, por aqui.

Graham seguiu o médico até a pequena sala. Estagnou quando viu Emma com tantos aparelhos em cima dela, parecia ser tão sufocante.

- Ainda não temos nenhum resultado dos exames e essa parece ser alguma espécie de doença rara ou nova. As alucinações, misturadas com todos esses problemas físicos que ela apresenta... São bastante peculiares. Mais avaliações serão realizadas e caso tenhamos alguma conclusão, entraremos em contato imediatamente. – O homem de branco se virou para a porta e parou. – Ela está muito abalada e tivemos de mantê-la sedada para que parasse de tentar escapar. Liguei para alguns colegas de Nova York e combinei de nos encontrarmos para discutir esse caso. – Disse antes de sair.

Suspirou várias vezes antes de conseguir se aproximar da maca onde ela repousava serena.

- Não posso lutar contra esses demônios por você, Emma. Mas posso ficar ao seu lado e te ajudar a superá-los. Basta me aceitar.

...

Naquela semana, Doutor Wiliam Spears sofreu um acidente de carro e ficou paraplégico. Ele tentava contatar um amigo médico quando um cordeiro atravessou a estrada na saída da cidade, de acordo com o que disse mais tarde aos repórteres. Perdeu o controle do veículo que dirigia e bateu em uma rocha. Por pouco não morreu, seu celular foi destruído e o número do outro médico, perdido.


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Notas finais do capítulo

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