As Crônicas de um Amor escrita por MitilTenten


Capítulo 6
Surge um novo sentimento




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Mathilda dormia com tranquilidade enquanto o antibiótico pingava da bolsa direto para sua veia. Rin conseguira conter a infecção e controlara a pneumonia, mas a situação ainda inspirava cuidados. Como será que ela foi ficar tão doente? Mandara uma enfermeira procurar Neji para informar o estado da menina. 

—"Espero que ele tenha uma boa explicação para este descuido. " – pensou Rin. 

~o~ 

Enquanto isso, no quarto 231, Neji pensava na ideia que havia tido e na possibilidade daquilo dar certo. Sabia que Sakura era uma estranha, mas por que não ajudá-la? Algo lhe dizia que deveria isso, mesmo porque temia que Hinata já não pudesse mais tomar conta de Mathilda. Agora que sua carga horária na universidade aumentou mal teria tempo para dormir em casa. 

— Sakura-san... – começou – O que eu vou te propor pode parecer estranho, mas quero que você preste atenção. 

— Pode dizer doutor. 

— Eu tenho uma proposta para te fazer. Não sei se você vai aceitar, mas... – esfregou as mãos e umedeceu os lábios - Tá, vamos lá. 

Sakura o olhava em dúvida. O que ele queria, afinal de contas? Não podia imaginar. 

— Tenho uma filha que se chama Mathilda. Ela tem três anos. Fui casado durante alguns anos, mas minha esposa faleceu... – sua voz ia sumindo conforme falava. – Sinto muita falta dela. Ela não deveria ter morrido. – disse abaixando a cabeça. 

Ainda era difícil para Neji tocar neste assunto. Não conseguia entender porque estava se abrindo com uma desconhecida. Agora percebia que aquela proposta talvez fosse bobagem. Sentia-se ridículo na frente da garota. "Que papelão", pensou. Queria virar as costas e sair dali antes que ela percebesse que ele estava envergonhado. Triste e envergonhado. 

— Doutor? – a ouviu chamar – Está tudo bem! – viu a menina se inclinar mais para frente – É normal sentirmos falta de alguém que amamos. Eu sinto falta dos meus pais, também. Sei que é difícil para você, mas temos que entender que a vida é assim mesmo. Nos enganamos ao acreditar que será diferente conosco. Olhe para mim! Sou a prova disso! Sabe... Quando criança pensei que meus pais nunca morreriam, mas eles morreram. Quando grande acreditei que o amor de Sasuke seria para sempre, mas acabou quando descobri que estava grávida. Acreditei que nunca engravidaria fora do dos meus planos, mas engravidei. E quando engravidei ainda tive esperança que tudo sairia bem, mas não! Perdi meu emprego, fui despejada da minha quitinete e meu bebê nasceu prematuro. Nada do que planejei deu certo. As coisas mudaram de maneira tão drástica que fiquei sem rumo! O que resta é aceitar as coisas e lutar para que elas melhorem um pouco. Nem sei por onde vou começar, mas eu preciso começar. 

Neji a fitou por alguns segundos antes de formular uma resposta. Foi quando caiu a ficha. A jovem na sua frente, com tão poucos anos vividos, já tinha uma vasta experiência sobre a vida. Ficou mais envergonhado ainda de sua atitude. 

— Mas qual é a sua proposta para mim, afinal? – perguntou sorrindo levemente. 

Neji a observou ainda mais e se viu diante de uma guerreira. Sakura batalhava pelo que queria, sofria, mas ainda assim sorria. Aquele sorriso aqueceu seu coração. 

— É uma proposta de trabalho. Por favor, não se sinta ofendida com isso. Preciso de uma babá para minha filha. É um trabalho simples, mas vou te pagar bem. Já é alguma coisa, não? – falou sem rodeios. 

Os olhos de Sakura brilharam. Um emprego era tudo o que ela precisava. Pagaria suas contas no hospital. Ficaria tudo bem. 

— É claro que eu aceito! Eu preciso aceitar! – disse emocionada. 

— Fico feliz por isso! – Neji respondeu sorrindo. 

— Mas ainda há um problema: ainda não tenho onde morar. Não estou pedindo que você resolva isto também – apressou-se em dizer – Só que eu recebi alta hoje e não tenho onde me alojar. Você tem ideia de algum lugar que eu possa alugar para morar? – perguntou a rosada. 

Neji já havia pensado nisso também, mas será que seria uma boa ela ir morar na sua casa para cuidar de Mathilda? Decidiu que sim! 

— Eu pensei nisso também. – disse – Você pode ficar morando na minha casa, pelo menos até você conseguir um lugar para morar. 

Por alguns instantes Sakura ficou pensativa. Pensou que seria constrangedor ficar morando com o médico que cuidou dela no hospital, mas não havia saída. Sakura não tinha para onde ir e a proposta de Neji foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Morar com ele seria o menor dos problemas, e seria até arranjar outro lugar para ficar. 

— Eu aceito, Neji-san. – disse com um leve sorriso no rosto. 

— Que bom. – respondeu Neji com um sorriso – Se você tiver paciência de esperar o final do expediente te levo para casa. 

— Tudo bem. – disse um pouco tímida – Eu espero. 

Neji saiu do quarto sentido uma leve expectativa. Queria que o dia acabasse logo para levá-la para casa. Ele desconhecia a causa daquela expectativa. 

Rin observava Mathilda enquanto ela dormia. A menina teria que ficar internada por algum tempo, pelo menos até a pneumonia ceder. A infecção na garganta estava controlada, felizmente. Ela teria que tomar mais alguns antibióticos até ficar bem. 

— Como ela está? – perguntou Neji entrando no quarto. 

— Está melhorando, mas deverá ficar mais alguns dias internada. – disse. 

— Não consigo entender como ela ficou doente. Será que alguma janela ficou aberta e ela tomou vento gelado? Não dá para entender. O pior é que nem prestei atenção nela para saber o que aconteceu. Sou um péssimo pai. – falou abaixando a cabeça. 

— Neji-san, não se culpe tanto assim. Crianças ficam doentes o tempo todo... 

— Mas a Mathilda nunca ficou. – respondeu com desespero. 

— Calma. Quando chegar em casa você tenta relembrar o que poderia ter acontecido, mas agora apenas preste atenção em mim, certo? 

— Certo! 

— Mathilda terá que ficar internada por alguns dias até se reestabelecer da pneumonia. Quantos dias eu não sei. O que sei é que ela precisa de cuidados especializados. Já falei com o pneumologista e ele já a observou. Ela tomará antibióticos injetáveis para infecção na garganta, que felizmente já está controlada. E também mais alguns medicamentos para a pneumonia. 

— Eu quero muito ficar com ela... 

— Vá para casa, Neji-san, e descanse! Você já está no hospital a mais de catorze horas e não dormiu em nenhum momento! Precisa descansar! Ao menos um pouco. – falou a médica pondo a mão no ombro do homem a sua frente. 

— Não sei se vou conseguir ficar em casa sabendo que ela está aqui! Não vou nem conseguir dormir! 

— Neji-san, seja racional! Você está cansado, com fome e precisa de um banho! Além do mais a criança vai ficar bem! Eu estarei aqui cuidando dela! Confie em mim e no meu trabalho, por favor! 

— Está bem! Vou tentar fazer isso! – respondeu se dando por vencido – Até amanhã. 

— Até amanhã. 

— Se precisar de mim pode me ligar! 

— Ligarei sim! 

Sakura estava esperando por Neji na recepção do hospital. Enquanto esperava, pensava em seu filho. Será que ele vai realmente ficar bem? Será que vai se recuperar totalmente? Sabia que um parto prematuro podia trazer sequelas para a criança, e por isso ela se preocupava. Temia que seu bebê tivesse problemas intelectuais ou até mesmo físicos. Como lidaria com isso? Tentou afastar esses pensamentos antes que começasse a chorar. Pensou também na proposta de Neji. Era uma boa proposta, mas era temporário. Logo ela teria que buscar um emprego formal, matricular seu filho em uma creche e procurar um lugar para morar. Pelo menos esses eram seus planos. Talvez devesse começar logo... 

— Sakura-san, vamos? – disse o moreno se aproximando da menina. 

A rosada estava tão absorta em seus pensamentos que não percebeu quando Neji chegou. Acenou para o homem a sua frente e o seguiu até o carro no qual embarcou. Neji deu a partida e saiu do estacionamento em direção a sua casa. 

Enquanto seguiam para casa, Sakura se deu conta que estava, pela primeira vez em meses, sozinha com um homem. Sentiu seu rosto esquentar e podia jurar que sua pele tinha adquirido uma coloração rosa perto de suas bochechas. Neji era um homem atraente e Sakura não negava isso. E agora que estava mais perto dele podia sentir também a fragrância do perfume que ele estava usando. O cheiro amadeirado, mas suave encheu suas narinas deixando-a ainda mais sem graça. Ela sentiu uma leve agitação tomar conta de seu corpo. Olhava para Neji e sentia algo diferente em seu interior. O que podia ser? O que ela estava sentindo? Ele movimentava seus lábios como se falasse alguma coisa para ela, mas não podia ouvir o som. Estava tão envolvido com seu cheiro, com sua presença que não podia escutar mais nada. O que estava acontecendo? 

— Sakura-san, você está bem? – o moreno perguntou olhando para ela. 

— Sim. – respondeu a rosada desviando seu olhar. 

— Chegamos na minha casa. – Neji falou. 

— Que bom. – respondeu timidamente a rosada. 

Neji saiu do carro e deu a volta para abrir a porta do lado de Sakura. Por fim entraram na casa do médico. A casa em si era simples, mas confortável. Tinha dois andares com os quartos na parte de cima. Não fugia ao estilo tradicional japonês na decoração, mas havia algo ali que chamou a atenção da rosada: em uma das paredes da sala havia um crucifixo. 'Estranho', pensou a menina. Porque aquele objeto estava na casa dele? Neji passou a sua frente e a chamou para ver suas acomodações. Subiram as escadas e Neji a levou até o final do corredor onde tinha um quarto. Ele abriu a porta para que a jovem pudesse entrar. Ela observou seu quarto e depois tomou coragem e entrou nele. Era simples apenas uma cama de solteiro, um criado-mudo onde pairava um pequeno abajur e uma cômoda com uma janela no lado oposto da porta onde estavam, bem modesto, mas por hora serviria. Virou-se para encara Neji que ainda estava na porta. 

— Sua casa é muito bonita, Neji-san! Acho que vou me sentir muito bem aqui! – disse sorrindo. 

— Obrigada, Sakura! Espero mesmo que você possa se sentir bem por aqui – respondeu Neji 

— Neji, me diga: quando meu bebê poderá vir para cá? 

— Quando ele estiver bem, Sakura! Ele precisa ficar mais um tempo na UTI para garantir que seu pulmão amadureceu o suficiente para respirar sem os aparelhos. Quando isso acontecer Sorata virá pra casa. 

Sakura respirou fundo absorvendo a informação. Precisava ajeitar o quarto para quando seu filho viesse. Precisaria de um berço, um local para guardar suas roupas e trocá-lo, um local para dar banho no bebê. Com o dinheiro que Neji a pagaria poderia comprar estas coisas. Também precisaria de fraldas, shampoo, pomada para assaduras... Algumas coisas ela já tinha, mas não tinha completado o enxoval do bebê porque ele nasceu antes do tempo. E porque não tinha dinheiro. 

Neji observava a garota que examinava o quarto. Sakura era muito bonita. O tom rosado do seu cabelo combinava com seus olhos verdes, sua pele clara e sua boca avermelhada. Queria saber mais sobre ela. Queria saber como era a sua personalidade, qual era o seu passado. Queria saber tudo sobre a garota que estava a sua frente. Enquanto a observa se deu conta do que ela poderia estar pensando ao examinar o quarto. 

— Será que você está achando o quarto pequeno demais para acomodar Sorata? 

— Ah, não! Estava pensando que ainda faltam alguns objetos para poder acomodar Sorata aqui. Posso colocar o berço dele ao lado da cama e a cômoda pode servir de trocador, mas ainda preciso de um lugar para dar banho nele. 

— Posso arranjar uma banheira e colocá-la no banheiro. Pode ser? 

— Pode sim, mas ainda falta o berço. Tenho que ir ao apartamento onde eu morava para ver se consigo de volta algumas coisas. 

— Se precisar de ajuda pode contar comigo. 

— Podemos fazer isso amanhã? Isto é, se você puder. 

— Posso sim! Mas antes vou ao hospital ver como minha filha está, então eu te acompanho. 

— Certo! – respondeu a rosada. 

Após a breve conversa se estabeleceu um silêncio constrangedor entre os dois. Ninguém sabia o que dizer, ou se deveria ser dito alguma coisa. Após alguns segundos naquela situação Neji quebrou o silêncio. 

— E então? O que vai querer jantar? 

Sakura se surpreendeu com a pergunta de Neji, mas ficou feliz pela interação. Naquela noite eles jantaram frango com legumes. Estava delicioso. Havia tempo que a menina não fazia uma refeição saborosa e decente. Logo após a refeição Neji a convidou para ir sala assistir ao telejornal da noite. Assistiram as notícias em silêncio. Vez ou outra Neji comentava alguma notícia. Sakura ainda estava intrigada com aquele objeto na parede. Será que é falta de educação perguntar o que é? Neji notou que a menina olhava insistentemente para o crucifixo. 

— Você sabe o que é? – Neji perguntou para a rosada. 

— Hã? O que? – ela respondeu confusa. 

— A cruz! Você não para de olhar para ela. Você sabe o significado dela? 

— Ah! Na verdade, não. Já vi muitas pessoas usando, às vezes até via uma pessoa pregada nesta cruz, mas não sei ao certo o que é! É um símbolo de uma religião antiga, não é? 

Neji sorriu discretamente com a afirmação da garota. Lembrou-se de sua mãe pacientemente explicando para sua vizinha o significado daquele objeto. Ela sempre o levou no peito. 

— Sim, você tem razão! A cruz é um símbolo de uma antiga crença! Já ouviu falar do Cristianismo? 

— Apenas na escola, mas de maneira vaga! – respondeu a menina. 

— Imaginei! Eu sou cristão, Sakura! Católico, para ser mais preciso! Acredito na existência de um único Deus e que este mesmo Deus enviou seu único filho para morrer naquela cruz – disse apontando para o objeto – a fim de nos livrar dos nossos pecados! 

— Sua crença é estranha! Um tanto pavorosa! Por que este Deus mataria seu próprio filho? – disse a rosada em descrença. 

— Ele não matou seu próprio filho, Sakura! 

— Não estou entendendo! Você pode me explicar melhor? – pediu a jovem. 

— Com prazer! 

O restante daquela noite se deu com Neji explicando a sua crença para Sakura. A garota ficou admirada com a história e se perguntava se podia ser real tudo aquilo. Após a conversa ambos foram dormir. 

Enquanto se arrumava para se deitar, Sakura pensava nos acontecimentos do dia. Sem que se desse conta estava pensando em Neji. Lembrou-se do cheiro do perfume que sentira no carro e depois enquanto assistia o jornal. Apesar da sua curiosidade sobre a cruz ela precisou se forçar a prestar atenção no que o moreno falava. Por vezes acabava se deixando levar pelo cheiro, ou pela voz grave e suave dele. Sem contar que, por vezes, não fora fácil desviar o olhar de seus lábios. Deitou-se na cama e por um breve segundo a imagem de Neji a beijando passou por sua mente. Mais que rapidamente sentou-se na cama chocada com a visão. Pôs mão sobre a boca para abafar um grito. Como pode pensar em tal coisa? Abaixou lentamente a mão, mas permaneceu sentada pensando na visão. Quase pode sentir o sabor dos lábios dele. Deitou-se devagar e fechou os olhos e se concentrou em Sorata, seu filho. Adormeceu com a imagem da criança em sua mente. 

No outro quarto Neji tivera a mesma visão. Sentado em sua cama e suando imaginou se Sakura poderia pensar nisso também. A memória do cheiro da rosada invadiu suas narinas e ele teve que se esforçar para não ter uma ereção. Deitou-se e se forçou a pensar na sua filha. Só assim pode enfim adormecer. 

Nenhum dos dois podia imaginar o que esta convivência poderia trazer para ambos. 

Os dias foram passado lentamente na casa de Neji, porém o desejo de Sakura pelo médico que a ajudou crescia cada dia mais. É verdade que sentia saudades do seu filho, mas ao mesmo tempo tinha que lidar com aqueles sentimentos que surgiam em seu coração. Ficava vermelha toda vez que falava com Neji, as visões de beijos, abraços e momentos íntimos se tornavam frequentes. Por vezes achava que estava perdendo a sanidade. Era algo latente.    

— Porque eu estou pensando essas coisas? – se perguntava com frequência – Ele nem deve me notar. Preciso dormir! – e esfregou o rosto com as mãos e deitou para tentar dormir.   

Mal sabia a rosada que estes sentimentos não eram unilaterais.   

Neji, por sua vez, também não sabia como lidar com aquele desejo que surgia dentro do sue coração. Não sabia lidar com a vontade que tinha de beijar e abraçar a rosada, sem contar o forte desejo de fazer amor com ela. Tentava rebater todos os pensamentos com a lógica, afinal Sakura tinha apenas dezoito anos, recentemente tivera um bebê e estava concentrada em cuidar dele, e certamente ela não tinha os mesmos sentimentos por ele.    

— Por Kami! O que há comigo? – perguntou-se Neji – Onde é que eu estou com a cabeça para ficar pensando essas coisa?    

Esfregou o rosto com as palmas da mão e levantou-se da cama. Foi até o banheiro lavar o rosto a fim de aliviar o calor que sentia e voltou para o quarto.  

Ainda que os dias, semanas  passassem lentamente chegou o dia da alta de Sorata. Sakura explodia de felicidade. Finalmente poderia cuidar de seu filho e curtir a maternidade, porque, no final das contas, Sorata passou quase dois meses no hospital para se recuperar plenamente.  Mathilda, que já estava recuperada da pneumonia, estava em casa. Durante todo este tempo Sakura cuidou dela e, em pouco tempo, desenvolveu um laço com a criança. Mathilda era uma criança adorável, expansiva e alegre, porém de forte personalidade. Sempre sabia o que queria e nada a abalava. Mostrara uma incrível força ao enfrentar a pneumonia no hospital de maneira corajosa. Durante o tempo em que esteve internada não chorou uma única vez, nem mesmo quando as enfermeiras lhe aplicaram doloridas injeções. Sakura acreditava que ela herdara essa presença de espírito de sua mãe, pois Neji era mais ponderado, um tanto quanto extrovertido e mais calado. Cuidando dela a rosada gostava de pensar que estava treinando para ser mãe. 

 Neji, por sua vez, a levou até o hospital para buscar o bebê e também se encarregou de pagar as despesas. Sakura ficou grata, mas também não deixou de pensar em como ela devolveria o dinheiro que o médico gastou com ela, pois só aceitou que ele se encarregasse das despesas como um empréstimo. Essa foi sua condição.   

Na UTI, Ino aguardava a chegada de ambos para terminar o prontuário e entregar Sorata à mãe.  Também estava ansiosa para ver Sorata em casa, afinal acompanhara toda a saga de Sakura com seu filho e se apiedara da condição da garota. Ajudou todas as vezes que pode e quando estava a seu alcance ajudá-la. Tsunade, para surpresa de ninguém, também estava lá. A loira via a jovem mãe como sua protegida. Afeiçoou-se a menina assim que a vira.   

— Quase não posso acreditar que finalmente vou poder levar o meu filho para casa. - disse Sakura segurando as lágrimas - Até parece um sonho.  

Segurava e beijava seu bebê. Estava radiante. Neji a observava admirado. Sakura parecia estar brilhando e seu movimentos eram executados em câmera lenta. O sorriso da jovem era tão bonito que ele nunca se cansaria de ver. Era incrível a cena e ele estava maravilhado. Tsunade o observava com calma e uma certa apreensão. O que estaria passando na cabeça do médico de cabelos longos?  

— Como você está, Neji? - perguntou a loira chegando mais perto dele.  

— Bem – respondeu um pouco confuso – Estou bem – olhou para o médica sem entender o motivo da pergunta.  

— Preciso conversar com você mais tarde. Há alguns assuntos que precisamos tratar. - falou de forma lacônica.  

— Está bem. Amanhã cedo passo no escritório.  

—  Certo.   

Tsunade se retirou do local deixando para trás um Neji confuso. De quais assuntos ela quer tratar com ele? Ele fez alguma coisa de errado? Não podia entender.   

—  Acredito que agora podemos ir, Neji! - falou a rosada tirado ele de seus pensamentos.  

—  Sim, sim! Vamos! - ele respondeu rápido.   

Conduziu a jovem até seu carro enquanto Ino carregava alguns pertences da criança. Sakura só tinha olhos para Sorata. E não parava de sorrir.  

— Cuida bem dessa família, Neji. - disse Ino enquanto fechava o porta-malas.  

— Cuidarei! - respondeu.  

— Eu sei que sim! - respondeu enquanto voltava para o hospital – Ah! Adivinha só? Semana passada finalmente consegui realizar um jantar em família.  

— Sério?! - perguntou surpreso – E como conseguiu essa proeza?  

— Chantagem emocional! - disse a loira sorrindo – Foi o único jeito!  

— A Temari participou?  

— Participou!  

— E seu cunhado também?  

— Também. - falou rindo!  

— Vitória para você!  

— Com toda certeza – disse orgulhosa de si mesma. – Agora vá! Sakura está te esperando! Conversamos mais amanhã!  

— Está bem! Tchau!  

— Tchau!  

Entrou no carro e se deparou com a cena mais carinhosa que poderia ver em sua vida. Sakura ninava seu filho enquanto cantava uma antiga canção de ninar. Ficou contemplando a cena até a rosada terminou de cantar. A jovem ficou surpresa com a presença de Neji ali. Não percebera quando ele entrou no carro. Sentiu seu rosto esquentar e desviou o olhar.  

— Ele estava um pouco inquieto... –  começou a se desculpar.  

— Tudo bem, Sakura! Não estou ofendido! – Neji respondeu dando uma risada leve – Apenas... Achei bonito!  

Sakura ficou vermelha de vez com as últimas palavras de Neji. A viagem transcorria com tranquilidade quando a rosada teve uma ideia:  

— Sabe, Neji, a saída de Sorata do hospital é uma data que deve ser comemorada! Eu não pude comemorar o nascimento do meu filho, mas agora posso!  

— Também acho que devemos comemorar! – disse Neji com um sorriso no rosto. – Um jantar quem sabe?  

— Um jantar é uma ótima ideia! – respondeu a rosada com um sorriso – Quando era adolescente estudei com uma menina que veio da Itália! Ela me ensinou a fazer uma típica macarronada! Posso fazer se tiver os ingredientes em casa!  

— Acho que não terei nada em casa para fazer esse prato, mas se você me disser quais são os ingredientes posso ir até ao mercado e comprá-los.  

— Está bem!  

Chegando em casa, Sakura arranjou um papel no qual escreveu todos os ingredientes que precisava. Neji por sua vez saiu a procura de algum mercado que vendesse aqueles itens. Em casa, a rosada pode enfim curtir seu bebê. Deu uma banho morno, colocou uma roupa quente e confortável e o amamentou. Por fim colocou Sorata  no berço e ficou ao seu lado até que dormisse.  Àquela altura Mathilda estava na casa de Hinata passando final de semana.  

Por fim, Neji chega em casa com algumas sacolas e chama pela rosada que logo atende o chamado. Vendo que ele trouxera os itens Sakura logo deu início ao jantar. Estava empenhada em fazer o melhor jantar para Neji. Sentiu uma forte empolgação quando foi para cozinha e quase não pode se controlar. Nunca sentiu nada parecido, nem quando estava com Sasuke. Neji por sua vez foi para copa arrumar a mesa. Lembrou-se de um filme americano de romance que assistiu com Tenten há muito tempo. No filme o rapaz prepara a mesa de jantar colocando apenas velas para iluminar o ambiente e uma música de fundo para acompanhar e é isso que o moreno faz. Algum tempo depois Sakura  atravessa a sala com uma travessa de macarronada com almôndegas e a deposita na mesa preparada por Neji. 

— O cheiro está muito! - disse Neji enquanto ajudava a rosada a ajeitar a travessa na mesa. 

— Espero que o sabor também esteja bom, pois já faz algum tempo que não preparo esta receita.  

A música tocava suavemente quando os dois se sentaram para comer. O silêncio imperava na sala como se não quisessem atrapalhar a concentração do cantor. Poucos comentários podiam ser ouvidos e sempre eram sussurrados. Neji apreciou a comida saborosa que Sakura cozinhou e apreciou ainda mais a situação, pois estava enfim tendo um momento especial. Há quanto tempo aquilo não acontecia, se perguntou.  

Ao fim da refeição, como que por impulso, o moreno a convidou para dançar. Também não dançava há muito tempo. A garota timidamente aceitou. Levantaram e Neji tomou a mão da rosada para conduzi-la na dança. Esta se aproximou e encostou sua cabeça no peito dele e pode assim sentir a fragrância de seu perfume, o mesmo que ele usou no dia  que a trouxe para casa, na verdade é o mesmo que ele usa todos os dias, o mesmo que a deixava louca de desejo.  

Aos poucos enquanto dançava ela foi se dando conta que tudo isso não se resumia a desejos. Tinha algo mais, sem dúvida. E era forte! Será que era amor? pensou. Mas como ela poderia amar uma pessoa que mal conhecia? Como poderia nutrir um sentimento que não conhecia? Sasuke não a amou e agora ela se dava conta que também não o amou. Era bom estar perto de Neji, conversar com ele, estar em sua companhia. O cuidado que ele mostrou com ela e seu filho foi surpreendente. Nunca esperou isso de ninguém, mas ele se prontificou a tomar conta de uma desconhecida e isso era demais para a rosada.  

Neji também pensava. Pensava que a há muito tempo não se sentia tão confortável e a vontade na companhia de uma mulher. Pensava que há muito tempo não sentia nada por ninguém, mas agora, depois que Sakura apareceu em sua vida, sentiu que tudo estava diferente, mais alegre. Sentiu também o perfume que emanava dos cabelos rosadas da menina. Sentiu o perfume que ela usava e sentiu seu corpo reagir. Desde que Tenten morreu ele não tinha essas sensações. Poderia estar apaixonado? Nem lembrava mais como agir em situações como essas.  

Afastaram-se um pouco para se olharem e quando os olhos verdes se encontraram com os lilases ambos pararam. A música continuava tocando com suavidade, mas eles já não prestavam mais atenção. Sem dizer uma única palavra Neji se inclinou em direção a Sakura e a beijou. Ela por sua vez, fechou os olhos e sentiu os lábios macios do moreno cobrindo os seus. Perdeu a noção do tempo, mas não queria que acabasse. As mão dele envolveram sua cintura a aproximando mais enquanto a jovem evolveu seus braços no pescoço dele.  

Quando se separaram em busca de ar Sakura olhou para o homem a sua frente com um misto de desejo e vergonha, mas a vergonha começou a ficar maior e ela sentiu seu rosto esquentar e teve certeza que ficou vermelha. Sem dizer uma palavra ela se soltou dos braços de Neji e correu para o seu quarto e fechou a porta deixando-o para trás sem reação.  

Neji por sua vez ficou surpreso, mas por fim entendeu que talvez a rosada não estivesse preparada para o que acabou de acontecer. Suspirou e olhou para a mesa ainda posta. Não sabia como reagir naquela situação. Com Tenten foi tão diferente... Virou e recolheu os pratos da mesa e os colocou na pia da cozinha. Depois foi para o quarto tentar dormir. 

Sakura ainda estava encostada na porta quando ouviu os passos de Neji em direção ao corredor. Não conseguia entender o que aconteceu. Sentiu-se tão diferente, mas ao mesmo tempo tão inexperiente para lidar com aquela situação. Com Sasuke foi diferente, mas nem por isso melhor. Foi até o berço de Sorata para observá-lo e tentar acalmar seu coração. Ficou um tempo olhando a criança quando sem entender por que se virou e saiu do quarto. Por que saiu? Ela não soube responder. Desceu as escadas e andou até a cozinha. Tudo estava escuro, quase não podia enxergar nada, mas sentiu que havia alguém ali. Sentiu a presença de Neji. Fechou os olhos quando sentiu ele se aproximar. Ficou parada enquanto ouvia os passos dele se aproximando de si. Ouviu sua respiração quando se aproximou. Sentiu quando ele tocou seu ombro, mas não se mexeu. Sua respiração ficou mais próxima do seu corpo e Sakura arfou quando sentiu. As mãos do moreno estavam em seus ombros e a rosada já respirava pela boca sentindo as mudanças de temperatura no corpo aumentar. Virou-se lentamente e encarou o homem a sua frente. Este por sua vez eliminou a distância entre os dois e a beijou.  


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal que acompanha esta história! Primeiramente um milhão de desculpas por não postar antes este capítulo!! Quero ver se agora termino de uma vez por todas! Espero que gostem da fic! Abraços e beijos!
Mitil Tenten



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