Uma semana. Havia se passado uma semana exata desde que Rachel tinha se mudado e não podiamos estar piores, eu desisti do papo de ser amigas, irmãs... Então irritar Rachel tornou-se meu passatempo preferido durante a semana. Eu fazia de tudo, desde desligar a resistência do chuveiro enquanto ela estava no banho, a esconder o controle da televisão e até mesmo, ouvir o pior tipo de rock no volume máximo.

Era segunda feira e Rachel iria para escola pela primeira vez, quando cheguei à cozinha encontrei todos sentados à mesa.

Quando Rachel me olhou, um sorriso irônico e incrédulo surgiu em seus lábios.

R: Líder de torcida, que surpresa! - exclamou

Q: Poupe-me dos seus comentários. - disse indiferente

R: Não, sério. Tem mais algum clichê sobre você que eu deva saber? Você já engravidou? Se não...

L: Rachel. - sibilou incomodado

Q: Obrigada pai.

J: Vamos, vou deixar vocês na escola.

Q: Na verdade, o Puck vem me buscar, mamãe.

R: Deixa-me adivinhar, Puck seria o quarterback do time de futebol e futuro pai do seu bebê? - fingiu encantamento

Q: Mãe, tô com falta de ar, me ajuda! - exclamei - Deve ser a Rachel roubando todo o ar do mundo com esse nariz. - fingi tontura

Minha mãe bufou impaciente e Leroy deu uma risada curta, sendo fuzilado por Rachel.

–x-

POV Rachel

Depois da troca de farpas na cozinha, o tal do Puck chegou e ele e Quinn seguiram para a escola, Judy e eu fomos logo atrás.

Quando cheguei, logo virei assunto por ser à "novata", em todas as aulas os malditos professores faziam questão que eu me apresentasse, o que depois de um tempo ficou cansativo, repetitivo e todos os outros alunos já estavam com meu nome gravado.

Era intervalo e enquanto caminhava até meu armário avistei Quinn com Santana e Brittany, que durante a única semana que passei lá, estiveram lá também, todos os dias.

Desviei o olhar e flagrei um garoto de cabelos morenos e lisos caminhando em minha direção com um copo de alguma coisa, não era difícil imaginar o que aconteceria. Fechei os olhos esperando receber o que quer que estivesse dentro daquele copo no meu rosto, mas quanto mais demorava e nada chegava, resolvi abrir os olhos e me deparei com a figura de Quinn, imposta em minha frente, ela tinha as mãos na cintura e, eu não podia ver, mas sabia que ela estava com a sobrancelha arqueada, ah, eu sabia...

Q: O que pensa que vai fazer com essa raspadinha, Karofsky? - ah, esse era o nome.

K: Batizar a novata, ué. - disse erguendo o copo

Quinn se posicionou novamente diante da nova posição do rapaz e fez que não com o dedo.

Q: Você não vai batiza-la, aliás, ninguém vai erguer um dedo para machuca-la, ou terá que lidar comigo.

O rapaz encolheu e disse:

K: Por que isso Q?

Q: É Quinn, não te dei intimidade. E eu não devo satisfação pra você, mas a Rachel é especial e ninguém vai humilha-la.

Que diabos estava acontecendo ali?! Quinn me defendendo, dizendo que sou especial... uau!

K: Ok, vou procurar outra pessoa...

Q: Deveria.

O rapaz se afastou e eu ainda estava, de certa forma, alheia a tudo.

Me perdi entre Quinn Fabray me defendendo e Quinn Fabray dizendo que eu sou especial. Senti os dedos dela afagando meus braços enquanto ela perguntava:

Q: Você está bem, Rach?

R: Que merda foi essa, Quinn? Pra quê essa cena? - perguntei irritada

Q: Ele ia...

R: Esquece, esquece. - interrompi entre dentes e me afastei.

POV Quinn

S: Que merda foi isso, Fabray?

Q: O QUÊ? - gritei irritada - Ele ia jogar raspadinha nela e...

S: Isso eu sei, quero saber por que você a defendeu.

Q: Não sei, talvez por ela ser minha...irmã? - perguntei confusa

Na verdade, na verdade, eu realmente não sabia por que fiz o que fiz, quando eu vi o que ia acontecer, simplesmente, não suportei a ideia de vê-la magoada, humilhada.

B: Você disse que ela especial Q. Você gosta dela?!

Q: Quê? Claro que não Britt, eu não sou gay. - falei em um único fôlego.

S: Britt não falou desse jeito, você falou. Afinal, se ela é sua "irmã" super normal que você goste dela.

Q: Eu gosto dela então, como irmã, claro. - quis deixar claro

O sorriso cheio de escárnio que se formou nos lábios de Santana me fez pensar. Será que eu gostava de Rachel...como mulher? Recuso-me a acreditar nisso! Não sou gay, mas convenhamos que a morena é perfeita. Mas que merda...

–x-

Depois de tudo não vi mais Rachel pelo resto do dia no colégio, quando cheguei em casa encontrei um bilhete na geladeira de mamãe dizendo pra pedir pizza para Rachel e eu jantarmos, ela e Leroy haviam saído e não planejavam dormir em casa.

Depois de tomada banho e com as atividades feitas, senti fome e fui procurar Rachel para pedir a pizza.

Q: Rachel? – entrei – Oh meu Deus, desculpa. – tampei os olhos com a mão.

Rachel estava de calcinha e sutiã em pé de frente para o closet.

R: Desculpa por quê?

Q: Você tá quase nua, eu deveria ter batido.

R: Você tem as mesmas coisas que eu, quer dizer, você tem né?

Q: CLARO, claro, só que...

R: Você é gay?

Q: QUÊ? NÃO. POR QUÊ? – abri os olhos.

R: Você corou quando me viu quase nua.

Q: Isso por que você está quase nua. – revirei os olhos.

R: Tá.

Q: Enfim, eu tô com fome, posso pedir a pizza agora?

R: Tanto faz.

Q: Você não vai comer?

R: Não, vou sair.

Q: Você não conhece nada por aqui, como vai sair? – perguntei preocupada.

R: Eu conheci umas pessoas no colégio, eles me chamaram pra ir a uma boate aqui perto.

Q: Defina “umas pessoas”, Rachel.

R: Eu não te devo satisfações, Quinn. – olhou em meus olhos.

Q: Eu sou mais velha!

R: Não somos irmãs!

Q: Eu vou com você.

R: Não, você não vai.

Q: Rachel...

R: Você não vai ter coragem.

Q: Como assim?

R: É uma boate gay, e eu apostei com uma das pessoas que conheci hoje que ficaria com o máximo de garotas possível.

Q: Você é gay? Por que apostaria uma coisa dessas? – perguntou confusa.

R: Não me rotulo, mas se eu tivesse que fazer, seria bi.

Q: Seu pai sabe?

R: Não, mas sinto que você vai contar. – disse irônica.

Q: Eu não faria isso. Por que...

R: Por que irmãs não fazem isso, né? – soa sarcástica.

Q: Não somos irmãs. – tentei soar indiferente.

R: Ótimo, então vamos a uma festa. – sorriu.

Q: Vamos a uma festa. – sorri de volta.