Narração pela perspectiva do Carlos:

Acordei essa manhã me sentindo a pessoa mais feliz do mundo, Leandro me ama- Um sorriso bobo me vem aos lábios- Ainda nem tive tempo pra processar tudo o que está acontecendo. Ainda tenho de descobrir como vamos contar aos nossos pais, mas não quero pensar nisso agora, quero apenas me perder no abraço do homem que eu amo.

Hoje, como é sábado, o pai do Leandro vem para casa pra passar o fim de semana com a família. Todos os sábados eles levam os filhos para um piquenique no parque. Eu queria ficar em casa sozinho com o Leandro, mas esse é o pouco tempo que ele tem com seu pai, e isso o deixa muito feliz, e isso me basta.

Após o piquenique fomos pra casa e eu e o Leandro fomos para o quarto ouvir o rádio. No meio da música, não consigo identificar qual está tocando por conta de meus pensamentos estarem focados em uma questão que não me sai da mente. Decido perguntar:

–Lê?

–Fala.

–Como vai ser daqui pra frente?

–Como assim?

–Nós, quer dizer, a nossa relação! Nós estamos... Namorando?- Falo fitando o chão

–Claro que sim, mas por que dessa pergunta agora?- Ele sorri.

–É que eu estava pensando como seria esse namoro, como vamos nos assumir...

–ASSUMIR?!- Leandro me interrompe quase que num grito, o que me assusta e ele percebendo meu assombro tenta falar o mais calmo possível- Você enlouqueceu Carlinhos? Meus pais me matariam se soubessem, meu pai é candidato, isso seria um escândalo que afetaria as pesquisas!- Era época de eleição e o pai do Leandro estava se candidatando á governador.

–Nossa, calma, não perguntei por mal, mas... Como nós vamos fazer daqui pra frente? Namorar escondido?

–É o único jeito! Eu não posso prejudicar meu pai, nem magoar minha mãe, e o principal de tudo é que você não está preparado pra passar pelo que viria se a gente assumisse, o olhar das pessoas, os dedos apontando para nós, você é muito inocente ainda, e eu não suportaria ver você sofrer. Eu prometi te proteger e quero manter esta promessa mais do que nunca, agora que você é meu só meu.

Então Leandro se aproxima de mim e me dá um beijo, um beijo doce que me acalma. Ele tem razão, nossa cidade é muito pequena, assim como o pensamento das pessoas daqui. É capaz de tentarem nos fazer um exorcismo alegando que estamos possuídos pelo demônio. Alem do mais não quero magoar minha mãe, ela é tudo pra mim, e não quero vê-la sofrer por minha causa.

Após de “voltar à realidade” e jantar, decidir por em prática algo que está em minha mente há muito tempo. Fomos para o quarto, ligamos o rádio, e então eu lhe dou um beijo, mas dessa vez a doçura é substituída por uma “vontade”, pra deixar bem claro o que eu quero.

–Uau! O que foi isso?

–Eu quero você!

–Eu também te quero, eu te amo!- Nessa hora eu penso que ou ele é tonto, ou se faz. Será que vou ter de pular em cima dele pra ele entender?

–Não, você não entendeu, eu QUERO você- Sorrio dando uma mordida nos lábios pra ver se ele entende dessa vez.

–Ahh- Leandro sorri do jeito que só ele sabe e que amolece as minhas pernas, e me faz o querer mais ainda.

Feliz por finalmente ser entendido, eu tiro a minha camiseta e ajudo o Leandro com a dele, e o observo e, não sei se é pelo desejo ou não, mas pela primeira vez eu reparo o quão lindo e gostoso ele é, com esses olhos azuis me fitando, essa boca que eu podia passar o resto da minha vida beijando e esse seu corpo, que não é super sarado, mas é na medida certa. De repente a intensidade do beijo aumenta na medida que a nossa pressa em ter um ao outro também cresce. Então Leandro começa a correr seus lábios em minha orelha, descendo pelo pescoço (o que me arrepia por inteiro), vai descendo pela minha barriga e, sem me dar tempo nem de pensar, ele abaixa meu shorts e minha cueca e abocanha meu membro. Sua boca é voraz e sua língua é precisa, como se soubesse exatamente aonde ir e o que fazer pra me matar de prazer. Quando parecia que eu ia chegar no “clímax”, eu exclamo:

–Eu vou...

–Não, agora não, eu quero você dentro de mim!

Fiquei surpreso com isso, mas o Leandro já estava terminando de se despir, deitou na cama e me chamando pra terminar o que havíamos começado. Sem perceber eu já estava dentro dele e comecei um “vai e vem frenético”, nem pensei se ele estava sentindo dor, mas ao olhá-lo e ver a expressão de prazer em seu rosto, meu corpo parecia pedir, exigir, que a velocidade desse vai e vem aumentasse. Eu não sei descrever qual era a sensação que eu estava sentindo, mas posso afirmar que era melhor que tomar sorvete num dia muito quente. E quando parecia que eu ia atingir o céu, meu corpo estremeceu e num movimento abrupto, eu gozei como nunca havia feito antes, e logo após o Leandro também. Após um beijo longo, nós tomamos um banho e caímos na cama exaustos e dormimos profundamente.

O domingo passara por nossos olhos sem percebermos, e infelizmente meu final de semana perfeito com o Leandro acabou, tive de voltar pra casa, porém mais feliz porque agora sabia que ele era só meu.

...

Durante a semana as aulas na escola estavam correndo normalmente, tirando o fato da empolgação do professor de inglês por causa da banda da escola, eles estão procurando vocalista e ele os está ajudando, porém se fosse só isso estava bom, o ruim é que o professor está basicamente nos obrigando á participar das audições, fez disso um trabalho que vale 25% da nota. Eu amo cantar, mas não em público, porém não posso perder pontos. O professor de inglês é um homem dos seus 40 anos, uns 1,70 m de altura, cabelos curtos e grisalhos, tá até em forma pra sua idade, mas o problema é que ele tenta parecer muito com os alunos, fala gírias e tudo mais.

Entrou um garoto novo na escola, Yuri, um menino ruivo dos seus 1,65 m, olhos negros, magro, estiloso, com um jeito “bad boy”, até acharia ele um gatinho se ele não tivesse se tornado amigo do Leandro e estar andando pra cima e pra baixo com ele. Acho que isso é ciúme, mas é melhor nem pensar muito nisso, talvez seja só paranoia da minha cabeça.

O dia do trabalho/audições chegou e eu decidi que vou cantar e vou cantar uma canção pra chamar a atenção do Leandro, ele parece que se esqueceu de mim, é só Yuri pra lá, Yuri pra cá. Pedi pra ser o último por conta da vergonha, minha vez chega e começo a cantar a música “You belong with me” da Taylor Swift, por ser basicamente a nossa história.

If you could see– Se você pudesse ver

That I'm the one - Que eu sou o único

Who understands you– Que te entende

Been here all along - Que esteve aqui por todo esse tempo

So why can't you see me - Então por que não pode ver

You belong with me - Você pertence a mim

Quando termino de cantar, olho para o Leandro e ele está sorrindo pra mim, o que acho que deve ser um bom sinal, mas daí acontece algo que eu não esperava, o professor vem para meu lado junto da banda e super animado anuncia:

–É ele, o Carlos será o novo vocalista dos “Spring Wings”.

Não, não, não, isso não pode estar acontecendo, eu não quero ser vocalista de uma banda, ainda mais de uma com esse nome.

–Professor, eu não posso ser vocalista da banda, eu tenho vergonha e além do mais o senhor disse que era só pela nota.

–Carlos, pelo amor de Deus, você precisa cantar na banda, você ouviu os outros candidatos eles são horríveis, e você canta super bem. Aliás, temos uma competição em novembro e precisamos de você, por favor.

–Ok professor, mas esse nome tem de mudar.

–Está bem, tudo o que você quiser, obrigado, você não vai se arrepender.

–“Espero”- Penso- “Seja o que Deus quiser.”

...

Narração através dos pensamentos de Leandro:

“Nossa, eu nem sabia que o Carlinhos cantava tão bem assim, e ainda mais essa música, ele sabe que é minha favorita. Será que ele quer chamar a minha atenção por causa de algo que eu fiz? Será que é por causa do Yuri? Ele tá com ciúmes? O Yuri é gato, mas não posso me relacionar com ele, eu amo o Carlos! Mas ele beija tão bem... Ahh é, esse beijo, será que devo contar pro Carlinhos?”