A Maldição da Lua Vermelha escrita por AnnaCarol21


Capítulo 21
Capítulo 21




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– O QUÊ? – ela gritou, e dessa vez sua voz doce e suave não fez com que o ódio não parecesse existir em seus gritos – Você... Você...

– Sim, fui eu quem quase matou a sua mãe, Zoey, eu realmente sinto muito, olha, eu... Eu não sou mais um vampiro, eu sou um humano agora, agora eu posso sentir, Zoey! Eu estou arrependido, eu juro!!

– Mas isso não faz com que você nunca tenha matado ela!! – ela gritou ainda mais alto, lágrimas rolavam em seu rosto.

– Ela... Ela está viva, eu... Eu não matei ela, Zoey!! Não matei!!

– E você acha mesmo que ela vai sobreviver? VOCÊ A DEIXOU PRATICAMENTE SEM SANGUE ALGUM, LOGAN!!!!

– Me desculpe, Zoey, por favor, por favor... – comecei a chorar e soluçar, então levantei da cama para ficar de frente pra ela – Eu te amo, Zoey, me perdoe, por favor...

– E como eu posso acreditar em você, hein? Você não tem 16 anos, não é? Você realmente não come faz mais de 16 anos, não é mesmo, Logan? Se é que este é o seu nome.

– Eu tenho 1998 anos, eu não como há 1982 anos, meu nome é Logan Price, eu te amo de verdade e estou arrependido, por favor me perdoe!!!

– Você é um assassino frio e idiota!! Eu não confio em você, nunca mais olhe na minha cara ou chegue perto de mim, nunca mais!!! Ouviu?

– Eu...

– Você me ouviu, Logan?

– Ouvi...

– Então saia da minha frente... Aproveite e saia da minha vida.

Ela foi embora correndo, eu podia ouvir seu choro, eu podia ouvir o meu choro. Eu queria me matar naquele instante...

– Espera... É isso, é isso!! – sorri – Eu tive uma ideia! Eu vou dar um jeito, eu vou dar um jeito!! – enxuguei minhas lágrimas – Eu finalmente vou consertar tudo.

Saí da cama e fui correndo até o estacionamento do hospital, no caminho esbarrei em Jimmy, que estava com uma caixa de pizza na mão.

– Cara! Cuidado, é a sua comida! – ele avisou.

– Você vem comigo – puxei ele até meu carro.

Entramos no carro e fui para a casa da Zoey, quando cheguei lá vi que acertei, o carro dela estava entrando na garagem.

– Cara, o que está acontecendo? – Jimmy perguntou, com um pedaço de pizza na mão – Por que estamos na casa da Zoey e por que ela veio embora ao invés de ficar com você no hospital?

– Carter, me escuta – pedi – Lembra do que aconteceu com a mãe dela?

– Lembro, claro.

– Eu fiz aquilo.

– Você...

– Eu era um vampiro há dois meses atrás, até que uma bruxa apareceu e me lançou um feitiço que me transformou em humano até a lua vermelha seguinte, olhe pro céu.

Ele abriu a janela e olhou pra cima.

– A lua está vermelha – concluiu.

– Exato, eu tenho até hoje pra dar um beijo no meu amor verdadeiro e continuar sendo um humano, e a Zoey é meu amor verdadeiro, mas eu contei à ela o que eu era e ela está com raiva, não há mais esperanças pra mim, entende? Mas eu posso salvar a mãe dela, isso vai custar a minha vida, mas entre morrer e perder a Zoey... bem, morrer não dói tanto assim.

– Cara... eu quase perdi o meu melhor amigo hoje, e agora vou perder ele de verdade? – os olhos dele se encheram de lágrimas – Que droga de vida.

– Você não sabe o que está falando, tem sorte de ser assim, você é demais, cara. Agora fique aqui, ok? Eu já volto.

Saí do carro e entrei no jardim, enquanto ia para a casa dela fui falando:

– Grace, por favor, me desculpe por ter sido grosso com você, eu preciso da sua ajuda agora, você me disse que apareceria quando eu precisasse, eu preciso de você agora, então, por favor... Apareça.

Fiquei parado esperando ela aparecer, então, quando eu já estava perdendo as esperanças, ouvi meu nome:

– Logan... – ela apareceu bem na minha frente.

– Você apareceu! – abracei ela com força -, escuta, eu preciso de você, preciso que você faça um feitiço, por favor.

– Ora... É claro, farei o que estiver ao meu alcance.

– Aaaaah, você é a melhor!!! – falei, quase gritando.

Então vi a luz do quarto da Zoey acendendo.

– Droga! – fui correndo para a porta dos fundos da casa e entrei com a bruxa – Shhhh!

– Ok, pode deixar – ela sussurrou -, me diga: qual feitiço você quer?

– Quando você me transformou em humano, disse que eu continuaria sendo imortal, certo?

– Certo.

– Eu quero que você tire a imortalidade de mim e a dê para a mãe da Zoey.

– Logan, você não conhece os feitiços, não sabe como funciona essa imortalidade.

– Escuta, Grace, na noite que você me amaldiçoou eu menti e eu sei que você sabe disso. Eu me lembro de tudo. Você sabe que Zoey me lançou um feitiço pra lembrar de tudo, eu pensei que seria bom, mas eu vi coisas horríveis e ainda lembro delas, enfim, eu já peguei um livro de feitiços faz tempo e vi como é essa imortalidade, ela só cura, não te impede de se machucar, você só se regenera, não é?

– Sim, e você se machucou gravemente há menos de 24 horas, ainda não está totalmente curado, se eu passar a imortalidade para a mãe da Zoey você vai ter que esperar até ela se curar, e isso vai demorar pelo menos um dia, você vai morrer se passar todo esse tempo sem a regeneração.

– Olha, obrigado, muito obrigado. Você me salvou de uma vida horrível, uma vida eterna mas sem amor, e agora eu vi como é amar, eu daria tudo para ver a Zoey bem, na verdade, tudo o que eu preciso é saber que ela está bem, está sorrindo, está feliz, não me importa se eu preciso ficar triste pra ela ficar alegre – segurei os ombros de Grace e olhei nos olhos dela, eu estava sorrindo, mas ainda assim lágrimas escorriam dos meus olhos – Eu só preciso que ela fique bem, então poderei descansar em paz, entende?

– Sim – ela respondeu, sorrindo.

Ouvi passos na escada, me escondi, mas a bruxa continuou onde estava.

– Tem alguém aí? – ouvi a voz de Zoey.

– Sim – disse Grace.

– Quem é você?

– Meu nome é Grace Simon, eu sou uma bruxa, sou amiga do Logan, na verdade, fui eu quem o transformou em humano.

– E o que você quer? Vai acabar com a minha vida também?

– Eu vim te ajudar.

– Como pretende fazer isso?

– Eu posso salvar a vida da sua mãe.

– Sério? – sua voz soou empolgada – Então me diz se eu tenho que fazer algo, você precisa de alguma coisa?

– Só preciso ir até ela.

– Eu te levo de carro até lá.

– Eu sou uma bruxa, apenas me diga onde ela está.

– Bem, no hospital... Ah, droga, droga, esqueci o nome – ela começou a chorar -, eu te levo até lá.

– Tudo bem, então vá pegar as chaves.

Zoey subiu, então saí de onde estava.

– O que eu faço? – perguntei.

– Vá até lá e nos espere no quarto da mãe dela.

Fui correndo até meu carro, no caminho tropecei e caí no chão, então senti... Minha coluna realmente não estava boa. Levantei mancando, eu queria urrar de dor, mas eu precisava ir rápido e sem chamar atenção.

– O que houve, cara? Você está com uma cara horrível – disse Jimmy assim que entrei no carro.

– Minha coluna...

– Ah, eu sabia, sabia que você ainda não podia fazer nada, precisamos te levar ao hospital, cara.

– Nós vamos ao hospital, mas não é pra cuidar de mim.

Quando chegamos no hospital, fomos correndo até a recepção e eu disse que precisávamos visitar uma paciente.

– O horário de visitas está pra acabar – disse a recepcionista.

– Tudo bem, eu estou com pressa, por favor.

– Em que quarto ela está? – ela perguntou.

– Ahhh... Eu não sei, olha, é a senhora Mollison, ok? – falei, apressado.

– Quarto 16B, no segundo andar – ela disse.

– Ah, obrigado, muito obrigado.

Eu e Jimmy fomos correndo até as escadas, um erro pra mim, pois tive que respirar fundo quando cheguei no segundo andar, então senti uma dor forte no pulmão, passei a mão nas costelas, quebradas.

– Ah, que droga, que droga, que droga!!! – dei passos apressados até o quarto, entrei e me sentei em uma cadeira – Que droga, que droga, que droga...

– O que foi, cara? – Jimmy perguntou, fechando a porta do quarto – Você está bem?

– Costelas... quebradas... dor... muita dor – eu tentava respirar pouco, mas estava tendo um ataque de pânico, então só conseguia hiperventilar.

Eu sentia uma dor terrível, mas não conseguia gritar por conta do ataque, eu estava com falta de ar. Depois de uns cinco minutos vi a porta se abrindo, as duas entraram no quarto, Grace fechava a porta quando Zoey me viu:

– O que você está fazendo aqui, seu idiota? Não entendeu o que eu falei?

– Zoey, eu...

– Não diga nada, Logan – Grace ordenou – Você já está bastante ferido, não é? Isso é porque passou por desgaste físico e emocional, o feitiço diminui quando se está assim. O que você tem?

– Costelas quebradas e... a minha coluna. – de repente senti uma dor terrível na cabeça – Ah! – gritei – Está doendo!! – coloquei as mãos onde senti a dor.

– Traumatismo craniano, você também deve ter batido a cabeça quando caiu – ela disse.

– O quê? Do que estão falando? O que está acontecendo aqui? Carter, por que está aqui também? – Zoey perguntou.

– Estou passando os últimos minutos do Logan com ele, ok? – Jimmy se ajoelhou ao meu lado – Cara, eu sei que está doendo, mas tenta relaxar.

– Quando transformei Logan em humano eu o deixei imortal, mas essa imortalidade não impede que a pessoa sinta dor, tudo o que a imortalidade faz é regenerar, o feitiço é assim – Grace disse à Zoey.

– Tá, mas por que ele está aqui?

– O Logan me pediu para fazer uma coisa... ele... ele quer que eu dê a imortalidade dele para a sua mãe, quando eu fizer isso ele vai sentir toda a dor dos ossos se quebrando novamente, então vai morrer.

– O quê? – Zoey olhou pra mim, mas não consegui encará-la de volta, eu estava tremendo de dor – Logan, por que vai fazer isso?

– Eu... – senti uma forte pontada na coluna – Ah!!! Só quero que você fique bem, Zoey.

– Você... – ela tentou falar, mas não parecia conseguir pensar em algo para dizer.

– Logan, eu vou começar – Grace disse –, tem certeza que quer fazer isso?

– Sim – respondi.

Jimmy já estava chorando. A bruxa começou a pronunciar várias palavras estranhas, quando terminou, senti uma dor que não desejaria nem para o meu pior inimigo.

Meu crânio parecia estar se abrindo, e realmente estava, senti minha coluna sair do lugar e quebrar, todas as minhas costelas se quebraram, eu só sabia gritar.

– Logan! – Zoey correu até mim e segurou meu rosto com cuidado – Fala comigo! Você consegue? Por favor... – ela começou a chorar.

Grace mal conseguia me olhar.

– Por favor! Você não pode fazer nada? – Jimmy perguntou à bruxa desesperadamente.

– Não... eu... – o rosto de Grace se iluminou, ela sorriu – Há um jeito! Se ele achar o amor verdadeiro, vai ser como se ele renascesse.

– Zoey... – eu já não conseguia mais respirar, tudo estava totalmente embaçado – Eu... te... amo... – a última palavra saiu com meu último suspiro, eu já não ouvia mais, não sentia mais, já não estava mais lá.

Eu morri.

Então senti algo.

Era revigorante.

Era reconfortável.

Era a minha esperança.

Era a vida.

Acordei uma semana depois em uma cama de hospital. Havia um tubo na minha boca e várias coisas em meus braços, mexi minhas mãos e meus pés para ver se estava inteiro, então vi o rosto mais lindo de todos.

Ela estava com os cabelos soltos, havia uma touca em sua cabeça e um cachecol em seu pescoço, ela estava com a blusa que eu mais adorava dela, uma azul, exatamente como os seus olhos, que brilharam de alegria quando ela chegou perto.

Eu estava tão cheio de felicidade que parecia estar flutuando.

– Zoey... – falei, apesar do tubo, ela me entendeu.

– Logan... – ela sorriu, o sorriso mais lindo e brilhante de todos.

Sorri de volta, então comecei a chorar aliviado. Ela pegou uma cadeira e sentou bem perto de mim, seus olhos bem próximos aos meus.

– Você estava morto... – ela disse.

Aquele tubo começou a incomodar, então tirei ele da boca, o que foi muito nojento e enjoativo.

– Vampiros são assim, baby – falei.

E ela riu.

– Você salvou a minha mãe.

– Você me salvou, eu precisei retribuir.

– Te salvei? De quê?

– De mim mesmo. Do meu ódio, da minha frieza, meu jeito horrível, da minha falta de amor, me salvou disso tudo.

Ela sorriu e afagou meus cabelos.

– Eu te amo, Zoey, faço qualquer coisa por você. E eu ainda te devo mais uma, porque você me salvou de novo, estou vivo por sua causa.

– Tem razão – ela concordou – Quer saber o que eu fiz?

– Eu adoraria.

– Você terminou de falar quando terminou de respirar, não tinha pulso, não tinha vida, eu chorei, então eu disse que te amo, e depois...

– “Depois...”?

Ela parou de mexer no meu cabelo, então chegou mais perto até que nossos lábios quase se tocassem.

– Depois isso – ela disse, então me beijou.

Ouvi a máquina ao meu lado apitar cada vez mais rápido, provando algo que eu já sabia, meu coração estava acelerado, e tinha motivo pra isso. Então ela me soltou, sorri e ela me deu um beijo na testa.

– Eu disse que nunca ia te deixar – Zoey me abraçou.

É... talvez não tenha sido uma maldição tão ruim.

– Uma benção... – pensei alto, então dei uma risada baixinha – Seres humanos são incríveis.


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