Walkers (Hiatus) escrita por Sarah Alves


Capítulo 17
Farewells


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Esse título descreve todo o capítulo, de certa forma, vocês verão o porque. Queria fazer um agradecimento especial a todos os lindos e lindas que comentaram o capítulo passado, vocês não me abandonaram. Muitíssimo obrigada.
Não estou muito bem, porque recebi spoilers de O Sangue do Olimpo, então né...É uma triste vida, eu sei. Minha série/saga favorita está acabando e eu estou morrendo junto.
Não tenho muito que escrever nessas notas devido a minha tristeza, então...é isso. Leiam as notas finais



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Meu coração está doendo. Te perdi. Nós nos perdemos. Nós te perdemos. Não tem nada que faça a dor passar ou que mande a tristeza sair à francesa. A realidade agora é que a vida segue. Sem você.

(Clarissa Corrêa)

*Narrado por Catherine

Enquanto caminho até o local onde será feito o enterro de Carol, penso nas palavras que ela escreveu naquela carta. Eu nunca a chamei de mãe, mas mesmo assim ela me considerava uma filha, gostaria que ela soubesse disso agora. Ainda tenho que explicar aos outros o real motivo de seu suicídio, sei que alguns já desconfiam, mas ainda irei esperar um pouco, até que as coisas se acalmem, até que eu me acalme.

Agora percebo que mesmo tendo sobrevivido, não é como se estivéssemos vivendo de verdade. Não adianta absolutamente nada viver fugindo de zumbis toda hora, pensando que a qualquer momento sua vida irá acabar, que não há mais esperança. Tive sorte de não ficar maluca no tempo em que vivi sozinha, poderia não ter aguentado um dia sequer, mas só o pensamento de me manter forte e viva alimentava minha esperança. Infelizmente esse não foi o caso de Carol. Mesmo ela tendo escrito que eu não entenderia tudo isso muito bem agora, eu entendo, pelo menos um pouco. Convivi com pessoas que se mataram pelo simples fato de que não quiseram viver em um mundo como este, pelo fato de terem enlouquecido ou pelo fato de desistir de lutar.

Já consegui parar de chorar, mas sei que no momento que puser os olhos no lugar onde Carol está enterrada, as lágrimas irão chegar novamente. Estou tentando me preparar para a despedida, para o momento onde vou deixa-la descansar em paz. Pessoas morrem a todo minuto e já tive experiências catastróficas com várias delas. Presenciei a diretora do orfanato e todas as outras garotas que um dia foram minhas irmãs morrerem, Peter e Samantha, alguns sobreviventes que encontrei no caminho, mas nunca uma morte foi tão dolorosa para mim quanto a morte da única mulher que considerei minha mãe.

Ao chegar ao pátio, vejo que todos estão envolta de um buraco que foi cavado para o corpo. A única que não está presente é Judy, presumo que deve estar dormindo ou brincando lá dentro, o que foi uma boa escolha já que esse não é o tipo de coisa para uma criança pequena presenciar. Mesmo no escuro, estamos no meio da madrugada, consigo ver os olhos inchados de todos, as expressões tristes. Daryl está com as botas sujas de terra e o rosto um tanto suado, devido ao tempo em que ficou cavando no solo duro. Rick está perto de Carl, os dois muito sérios, somente o pai tem os olhos fundos, já que o filho até hoje tenta cumprir a promessa que fez na morte de sua mãe, de nunca mais chorar. Maggie está abraçada a Glenn, que faz uma tentativa quase impossível de tentar acalmá-la, mas nada parece acabar com seu choro. Encostada na parede está Michonne, sua expressão é tão sombria que tenho medo até de me aproximar, parece sofrer em silencio. O restante está como eu, presumo. Cara fechada, olhos inchados devido às lágrimas, tremendo, perdidos em nossos próprios pensamentos e lembranças.

Ninguém pronuncia uma palavra sequer, a não ser Rick, que começa falando sobre o quanto Carol fará falta e a ótima mulher que ela foi. O discurso é breve e, mesmo o xerife dando espaço para outras pessoas falarem, ninguém comenta nada. Daryl coloca o corpo, que está envolto sob um pano negro, dentro da cova e se prepara para jogar a terra por cima. Antes que ele faça isso, pego uma pequena flor que brotou no canto de uma parede e a jogo dentro do buraco, despedindo-me de Carol pela última vez.

Com um simples olhar de súplica, todos entendem que preciso ficar sozinha durante um tempo. Depois que meus amigos saem, encaro o buraco, que já está tapado, e penso em tudo que Carol fez por mim. Agora que ela se foi, quem será minha mãe? Quem me dará conselhos? Quem me guiará para o melhor caminho?

Fico tão focada lembrando o rosto dela, tentando memoriza-lo e eternizá-lo em minha mente, que só percebo Carl chegando quando o mesmo para ao meu lado e fica encarando o túmulo, como eu. Ficamos assim durante um bom tempo, ninguém fala ou demonstra nada, o que é bom porque minha voz parece ter morrido dentro de mim. É ele quem quebra o silencio, mas, em vez de dizer palavras de consolo, ele começa com palavras que sirvam para alguma coisa, de certa forma.

— Você não pode esquecer o que aconteceu hoje. — começa ele. — Se você se permitir esquecer, vai ficar fácil se perder. Até hoje não esqueci a forma como minha mãe morreu, foi o jeito que achei de me lembrar dela. Se eu tentasse esquecer, por um minuto sequer, ficaria louco. Eu iria pensar que ela ainda está viva ou que a qualquer minuto irá chegar para me ver. Meu pai passou por uma coisa parecida durante um tempo, ficou maluco. Falava sozinho, via minha mãe em diversos lugares, conversa com ela, em sua imaginação, claro. Não quero que você fique assim, Cath.

Não sei por que Carl me deu um conselho como este ou sequer se importou comigo e minha sanidade mental, mas sinto uma necessidade que ele tem de proteger, assim como tenho de protegê-lo. Com o passar do tempo às pessoas se tornam mais protetoras com as outras, elas fazem de tudo para que as outras sobrevivam, elas se importam umas com as outras.

— Sinto muito pela Carol. — disse o garoto, finalmente.

Não me estranhei na hora em que ele me abraçou, e foi exatamente isso que achei um tanto estranho. Não o abraço, mas por eu não achar confuso o fato dele ter tomado a iniciativa e me abraçado. Parecia normal e certo. Éramos amigos, agora eu tinha total certeza, e isso me fez sentir um pouco mais feliz. O único pensamento que consegui formar em uma hora como essa é que vou cumprir com a promessa que fiz a Carol, eu serei forte, mesmo se tudo der errado mais uma vez.

*Narrado por Carl

Já se passou um dia desde a morte de Carol, algumas coisas parecem estar voltando ao normal. Meu pai acha que devemos ir buscar os suprimentos que ele e Glenn encontraram em um supermercado abandonado próximo daqui, então iremos o mais rápido possível, para não corrermos o risco da mina de ouro ser descoberta por outro grupo de sobreviventes.

Não falo com Cath desde a noite da morte de Carol, e parece que ninguém conseguiu falar com ela também, a não ser, claro, minha irmã. O único ser humano que consegue entrar dentro do quarto dela é Judy. Apesar de sentir um pouco de inveja daquela bebe, sei que deve estar sendo difícil para Cath digerir tudo que aconteceu e se existe alguém que possa alegrá-la, esse alguém é Judith Grimes.

Como ainda está cedo, devemos partir daqui a pouco. Consegui convencer meu pai a deixar que eu fosse junto, já que não saio da fortaleza tem um bom tempo e preciso relembrar das coisas que estão acontecendo mundo afora, mesmo sabendo que é impossível esquecer coisas como um apocalipse. Antes de ir, resolvo ir até o quarto de Cath, para informá-la de que estamos de saída. Infelizmente sinto uma sensação estranha ao caminhar até lá, como se essa fosse a última vez que a veria. Afasto esses pensamentos de minha cabeça e bato na porta, que produz somente um pequeno barulho. Depois de esperar um pouco, percebo que ela deve estar dormindo e por isso não abriu ou deu algum sinal de vida.

Depois de me despedir de todos, me direciono ao carro onde seguirei viagem. Michonne, Glenn, meu pai e eu vamos em um dos veículos, Eugene, Rosita, Bob e Tyreese irão no outro. Será preciso muita gente para que consigamos pegar tudo que é necessário.

A paisagem que vejo no caminho é de pura e total destruição, tudo que estou acostumado a ver. Alguns walkers andam lentamente atrás de nós, em uma tentativa fracassada de alcançar o carro, outros se alimentam de restos que estão espalhados pelas ruas. A natureza está tomando o que é seu por direito, algumas casas estão tomadas por plantas e mato, as gramas estão tão altas que seria quase impossível atravessá-las. É incrível como foi preciso um apocalipse zumbi para que tudo voltasse a ser como era antes.

Só percebo que chegamos quando o carro para e os ocupantes começam a sair. Devemos estar um pouco longe da fortaleza, mas nada muito distante. Há restos de carne humana espalhados pela avenida, que antes devia ter sido extremamente movimentada, mas não consigo enxergar nenhum walker por perto, o que é estranho. A fachada do supermercado está completamente destruída, fora isso tudo parece normal e em um bom estado de conservação.

Ao entrar no local, vejo que tem sujeira por toda parte. Todas as prateleiras estão intocadas, o que é mais estranho do que tudo que vi nos últimos minutos. Como um lugar como esse ainda não foi descoberto por ninguém? Meu pai pede para que Tyreese e eu olhemos a sessão para bebes, para levarmos todos os potes de leite em pó que há no local. Quando chegamos à sessão, me dou conta de que nem todas as prateleiras do supermercado estão intocadas. Essas, mais precisamente, estão completamente reviradas, como se um furacão tivesse passado por elas.

Tyreese diz que vai dar uma volta pelos fundos do local, para vigiar, e vou até meu pai. Quando o encontro, todos já estão preparados para ir embora. Escutamos o som de pneus do lado de fora do mercado e um tilintar na porta principal nos informa que temos visitas.

Ao olhar para o rosto do homem que entra na loja, junto com outros caras incrivelmente armados, não consigo afastar o medo que sinto. Lembro-me dos pensamentos que tive enquanto estava trancado dentro de um vagão no Terminus e de todo o medo que senti, sem saber o que viria pela frente.

— Ora, ora. Vejam o que temos aqui. Vamos levar esses fujões de volta pra casa. — ele dá um sorriso, mostrando um dente quebrado, parecendo mais ridículo do que medonho. — Gareth tem novos planos pra eles dessa vez.

Agora sim não sei o que vem pela frente. Enquanto somos arrastados para seus carros, penso no grupo que Cath contou que rondavam a região e no homem que tentou me sequestrar a um tempo atrás. Homens que comem carne humana. Homens que, por mais estranho que pareça, não são zumbis.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Comentem por favor, para que eu saiba as opiniões e ideias de vocês. Como SEMPRE, não apressei as coisas com a Cath e o Carl, quero que as coisas aconteçam naturalmente. Já vou dizer que o próximo capítulo é de matar, muito cruel. Cruel é bom! Não me matem por favor, mas planejo mortes e umas surpresinhas chocantes nos próximos capítulos. Quem quiser spoiler, é só pedir. Tanto de Boo, quanto da fanfic haha.
Beijos, beijos. Amo vocês.



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