Fuga escrita por The B Sakakibara


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Songfic que escrevi pra me diverti. Boa leitura!



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Fuga

O inferno existe. E Annabeth sempre soube.

Ela também sempre soube que ali não era seu lugar. E nunca seria. Até a mais remota de suas lembranças indicava que ela era diferente, via coisas diferentes, e era, segundo sua madrasta, era uma ameaça constante para seus irmãos menores. Não importa o que faça, pois ela, Annabeth, o estorvo, é a culpada!

Nos livros, nos quadrinhos, é legal. Mas no mundo real, ser diferente dói.

Mas será que ela é tão diferente assim? Certo, era uma pirralha inquieta, tinha dislexia e déficit de atenção, mas ela também tinha sentimentos, se sangrava quando cortada. Só queria atenção, carinho... quem sabe até um pouquinho de ...amor...

Sete anos. Sete anos de vida e só provara o sabor do gosto amargo. Sim, só o amargo. Porque qualquer um em sua situação guardaria com todas as forças a lembrança de um pequeno gesto de carinho, e Annabeth não possuía lembrança alguma.

Seu pai vivia recluso na tal escola. Ou em seu escritório, quando em casa. Seus irmãos tinham horror dela, e sua madrasta a culpava pelo simples fato dela, Annabeth, estar viva. Humilhações, desprezo e brigas diárias. E mesmo com sete anos, aquela garotinha era inteligente demais pra saber que ali não era seu lugar. A inteligência, seu dom, herança de sua mãe, era cruel em mostrar-lhe a realidade daquela casa, de sua “família”: todos, incluindo seu pai, queriam-na longe. Quem sabe até morta.

Nunca mais vai estar em casa

E nada será igual.

Olhava as pessoas em volta

E ninguém podia ajudar.

Tudo bem. Ela até podia entender que as pessoas tivessem medo. Afinal, monstros a cercavam. Monstros horríveis! E tinha também aqueles gigantes de um olho só no meio da testa. E coisas assustadoras aconteciam a sua volta. Sim, ela entendia. Mas ela também sentia medo. Ela também queria explicações. Eram uma “família”, não eram? Não deveriam se unir? Sim, eram uma família e iriam se unir, mas ela não era parte dessa família. “Você! Você é a culpada de tudo, só traz desgraça pra gente!”. Mas e se Annabeth sentir medo? “Não é problema nosso!”

Não. Ali não era seu lugar. Era preferível viver fugindo de monstros a viver ali. Sim, iria fugir, sumir. E lutar pela sobrevivência até que a chama de sua resistência se extinguisse.

Tinha o fogo em suas mãos

E dentro de si?

O medo.

Apesar do medo, era uma garota corajosa. Não, uma criança corajosa. Porque, mesmo tendo aguentado tudo isso, com sete anos ainda era uma criança. E uma criança, mesmo que inteligente como ela, não poderia sobreviver muito tempo sendo atacada por monstros a toda hora. E porque era só com ela? Porque ninguém mais via o que ela via? Porque ninguém a ajudava? E sua mãe? Seu pai lhe disse que ela era filha de Athena, a deusa da Sabedoria. Uma deusa? Isso não faz sentido! Mas, se sua mãe era uma deusa, porque não a ajudava? Que mundo confuso!

Tudo em volta parecia um sonho

Nada fazia sentido

E nada será igual

Mas sabia que ali, perdida no mundo, não encontraria respostas. Viver com fome, medo e sozinha não era um método eficaz que a ajudasse a entender o que quer que fosse, mas preferível a viver no inferno que outros queriam que ela chamasse de “lar”.

A solidão era sua companhia. E os monstros. Estes, por sua vez, traziam o medo. E, em dias menos afortunados, que se tornavam rotineiros, a fome. E aí vinha o cansaço, as noites mal dormidas, a resistência se esvaindo...

E assim, sua fé em manter-se viva morria. O fogo de sua resistência estava se extinguindo. E fechava os olhos, esperando a inevitável, mas agora bem vinda morte.

O silêncio das paredes esperava

O silêncio... esperava.

E se entregava ao escuro, ao não existir.

Mas nesse momento algo dentro de si gritava. Seus instintos diziam pra resistir, e, o principal, algo como uma luz, uma benção, renovava suas esperanças. E Annabeth seguia em frente.

Então adeus é mais do que um pensamento

Então adeus, palavra triste.

***

Às vezes, só às vezes, Annabeth tentava se lembrar de como fora tudo. De como sobrevivera até ali. Buscava encontrar algo que pudesse ser útil num futuro próximo. Algo que fizesse sentido. Mas era uma busca vã.

O encontro com Luke e Thalia lhe deu esperanças. O tal garoto bode Grover falara de um lugar seguro onde encontraria respostas. Mas chegando ali, no tal lugar, há apenas alguns passos, viu uma das duas únicas pessoas no mundo que já haviam sido gentis com ela, morrer.

E o passado era o presente. “A culpa é sua, Annabeth, você põe as pessoas ao seu redor em perigo!”. E a realidade lhe esmagava.

Pensava em tudo que ficou

E quando todos percebessem

A garota se mandou.

Será que ali, naquele tal acampamento, poderia ter um pouco de paz? Ainda deveria alimentar esperanças sobre a tola palavra felicidade?

Sim, deveria. Por Thalia!

E, Annabeth ainda não sabia, por certo garoto de olhos verdes que chegaria ali em mais ou menos cinco anos.

Pensava em tudo que ficou

E quando todos percebessem

A garota se mandou.

The End


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Notas finais do capítulo

E a, gostaram?
Comentem a dizendo o que acharam.



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