— Rukia —

Andava de um lado para o outro em meu pequeno apartamento demonstrando o quão inquieta eu estava. Sentia que algo mudaria minha vida e essa sensação fazia com que eu perdesse o controle de minhas emoções. E se tinha uma coisa que eu odiava era perder o controle, sempre fui assim. Aprendi muito cedo que perder o controle era para os fracos e eu não queria ser fraca.

Somente três vezes em minha vida toda que me permiti perder o controle e as três vezes eu quebrei a cara. Lembrar dessas ocasiões me frustrava e pior, me machucava. Não queria mostrar esse meu lado fraco para ninguém, mas somente uma única pessoa me conhecia por completo.

Ichigo, meu melhor amigo. Sempre esteve ao meu lado me reconfortando e apoiando. E também foi ele que me fez abrir mão do controle pela primeira vez. Nunca confessarei em voz alta, mas sim. Ele foi meu primeiro amor. Primeiro amor esse que se transformou em uma grande e forte amizade, pois ele nunca demonstrou sentir nada mais que amizade por mim. E eu simplesmente aceitei isso para ainda o ter junto a mim.

Pensar nele me acalmava e me acalmar era o que eu mais necessitava no momento. Então quando eu pensei em ligar para ele a campainha toca. Corro até a porta imediatamente.

— Boa tarde, morango estragado. — o cumprimento ao vê-lo ali, logo puxando-o pela mão para que entrasse logo, afinal ele já era de casa e eu precisava dele naquele momento. Era incrível como ele sempre aparecia na hora certa.

— Rukia…. — ele disse me puxando fazendo com que eu parasse de andar. — Rukia eu…. — ele parecia nervoso e hesitante, a cor lhe fugia da face o deixando mais pálido do que ela já estava. Coisa que não era um bom sinal. Algo muito grave devia ter acontecido. E isso me preocupou.

— Ichi... — sussurrei surpresa. — O que você tem? — perguntei calmamente demonstrando minha preocupação.

Ele nada disse apenas ficou me olhando começando a se aproximar vagarosamente de meu rosto. Meu coração começa a bater descontrolado e o motivo era essa falta excessiva de espaço entre nossos rostos. E então me surpreendendo ele acaba definitivamente com o pequeno espaço que antes existia entre nós.

E aquele maldito descontrole voltou junto com o beijo que ele havia me roubado. Tentei em vão empurrá-lo, mas ele não se moveu e continuou a pressionar seus lábios contra os meus com mais força de um modo violento, quase machucando meus lábios.

Não consegui e não quis corresponder a aquele ato repentino em nenhum momento. Eu realmente não queria me apaixonar por ele novamente. Nossa amizade era importante demais para perdê-la por causa de um simples sentimento passageiro e eu também não queria me machucar de novo. Meu coração não aguentaria ser quebrado novamente.

E depois de mais alguns segundos ele afastou seus lábios dos meus e me abraçou mais forte sem meu olhar nos olhos. Aquilo estava muito estranho então eu resolvi não dizer nada. Ele me contaria os seus motivos quando estivesse preparado e eu estaria ali para ouvir, assim como ele sempre esteve por mim.

— Rukia eu estou apaixonado por você. –— ele sussurrou de repente em meu ouvido.

“Puta merda” — pensei.

Essa frase era a que eu mais queria ouvir saindo da sua boca a dez anos atrás, mas agora essa frase parecia mais como um agouro que acabaria com a coisa que eu mais presava no mundo. Nossa amizade.

Permaneci em silencio. Eu não sabia o que falar. Então ele deixou seus braços caírem ao lado de seu corpo pesadamente se afastando de mim sem ainda me olhar nos olhos.

— Rukia eu estou apaixonado por você. — Ele repetiu agora com mais força.

Eu ainda não sabia o que falar. Qualquer palavra errada poderia realmente acabar com tudo, fazendo com que eu o perdesse. E perdê-lo estava fora de cogitação.

— Diga alguma coisa! — Ele exclama parecendo irritado.

— Por favor. Por favor. Por favor. — eu suplicava olhando para o chão. — Diz que isso é alguma brincadeira. — pedi passando por ele para fechar a porta que ainda estava aberta.

Agora quem fico em silencio foi ele e isso me irritou.

— Seu idiota. Veio até aqui só para me confundir? — perguntei o empurrando.

— Te confundir? — pergunta me olhando enfim. — Além de nanica você virou burra também? –— sorri debochado e continua. — Eu disse que estou apaixonado por você. Qual a parte dessa simples frase é tão difícil de entender para confundir a tão inteligente Kuchiki Rukia? — pergunta sarcástico.

— Maldito!!! –— exclamo tentando acertá-lo com um soco. Ele havia me deixado sem palavras. — Então não é brincadeira? — perguntei parando de tentar acertá-lo.

— Não. –— responde simplesmente dando de ombros.

— Então você perdeu seu tempo me dizendo isso. Eu não quero nada com você além de sua amizade. –— Digo seria olhando em seus lindos olhos castanhos.

Meu coração se apertou ao notar que ele havia ficado abalado com minha resposta, mas esse abalo que ele havia mostrado sumiu rápido, dando lugar a uma expressão que transmitia confiança e perseverança.

— O que você está planejando, Baka? –— perguntei receosa.

— O que eu estou planejando? — pergunta sorrindo confiante. — Ah estou planejando um modo de te fazer mudar de ideia. –— sorri ainda mais mostrando todos aqueles perfeitos dentes brancos.

— Maldito. –— sussurrei antes de tentar acertá-lo novamente, mas para minha surpresa ele apenas segurou meus braços e me puxou novamente colando nossos corpos.

— Se prepare Rukia. Porque eu com certeza mudarei sua opinião. — disse fazendo com que seu hálito fresco batesse em minha face. Que com toda certeza estava corada.

— É o que veremos, Morango-kun. — rebati tentando irritá-lo, mas isso pareceu deixá-lo mais confiante.

— Então isso é um desafio, Chibi-chan? — perguntou aproximando ainda mais seu rosto do meu.

— Entenda como quiser…. –— sem demora ele colou seus lábios aos meus mais uma vez e então dessa vez eu correspondi chutando o controle para bem longe.

“É parece que minha intuição estava realmente certa. Algo realmente mudou minha vida. Algo não e sim alguém. E esse alguém era Kurosaki Ichigo, que estava bagunçando minha vida pela segunda vez. ”