— Rukia —

Sentia a luz do sol invadir o ambiente forçando-me a abrir com meus olhos dificuldade devido ao sono. Não sabia dizer que horas eram, mas também não estava preocupada em descobrir, só queria voltar a dormir e era isso que iria fazer quando notei que dormia desajeitadamente sobre meu sofá.

Kon mexia-se preguiçosamente sobre minha barriga, buscando uma maneira confortável para voltar a dormir, afinal eu o acordado com meu barulho.

A noite anterior passava como um filme diante de meus olhos, fazendo-me lembrar e compreender o porque de despertar ali, no confortável sofá de minha sala. A conversa, o filme, todos os momentos agradáveis voltavam rapidamente. Com certeza, Grimmjow havia colocado-me ali antes de ir embora.

— Bom dia, nanica. — Cumprimentou fazendo-me cair do sofá devido a surpresa.

— Grimmjow maldito, o que ainda está fazendo aqui?! — Indaguei exasperada levantando-me rapidamente para logo encarra-lo de maneira seria.

— Uau! É assim que você trata seus amigos? — Questionou sarcástico entregando-me a xícara de café que tinha em mãos. — Pensei que você seria um pouquinho mais dócil. — Completo agachando para acariciar Kon, que enroscava-se entre suas pernas.

— Desculpe-me... — Pedia a contra-gosto, sabia que ele estava certo apesar de eu não querer aceitar. — Estou surpresa. — Declarei bebendo um generoso gole do cafe que ele havia me entregado.

— Com o que? — Retrucou observando-me desconfiado.

— Com o Kon. Geralmente, ele não gosta de outras pessoas, a não ser de Ichigo e eu. — Respondi observando-os em silencio.

— Bom. Acho que já esta na minha hora. — Declarou quebrando o silencio confortável em que estávamos. — Já estou atrasado para minha corrida matinal... — Resmungou caminhando energicamente em direção a porta. — A proposito, você deveria se apressar também. — Avisou, deixando-me sozinha, sem nem me dar tempo de agradecer pelo café.

Continuei a observar a porta fechada por alguns instantes, Grimmjow parecia diferente e eu só não sabia em que. Suspirei ignorando aquilo no momento, pois já tinha muitos problemas para pensar e ainda tinha de ir trabalhar.

Caminhei calmamente até meu quarto, desesperando-me ao olhar o relógio. Eu realmente esta muito atrasada. Precisava ser rápida, sabia o quanto Byakuya odiava atrasos e esse já seria o meu segundo no meses, com certeza ouviria um grande sermão.

Arrumei-me o mais rápido que podia, saindo apressada porta a fora. Não havia tempo a perder. Senti meu coração pesar ao dar-me falta de Ichigo, ele não havia vindo me buscar como normalmente vinha.

Sabia que era eu que havia pedido um tempo, mas a falta dele era dolorosa.

O transito, apesar do horário, esta ótimo ajudando-me a chegar em menos de vinte minutos até o imponente prédio da construtora.

— Rukia-chan, Kuchiki-sama está lhe aguardando na sala da presidência. — Declarou Nanao ao ver-me adentrar o recinto.

— Certo. Obrigada, Nanao-san. — Respondia prontamente, já sabia que isso aconteceria.

Byakuya sempre foi severo com todos os funcionários, nunca esperei e nem desejei que comigo fosse diferente. Queria crescer ali com meu próprio esforço.

— Bom dia, Nii-sama. — Saldei ao passar pela porta.

— Bom dia. — Respondeu. — Pode me explicar o motivo de seu atraso hoje, Rukia? — Questionou severamente.

— Desculpe-me, Nii-sama. Eu perdi a hora... — Confessei, sabia que não adiantaria mentir para ele.

O sermão foi mais longo do que eu esperava, ele realmente havia ficado muito bravo e com isso eu havia ganhado ainda mais trabalhos para fazer com curto prazo para entrega.

Começar o trabalho o mais depressa possível era minha intensão ao correr até minha sala, mas sabia que teria meus planos frustrados ao encontrar-me com Ichigo para em frente a minha porta.

Não sabia o que dizer, sentia todo o peso daquele silencia aterrador que mantínhamos entre nos.

— Desculpe-me Rukia... — Começou ele quebrando o silencio. — Eu sei que você pediu um tempo, mas eu só estou aqui para me despedir. — Completou.

Desejava manter-me indiferente a ele, mas sabia que não seria possível, era doloroso vê-lo tão desanimado a minha frente ainda mais quando aquilo realmente parecia uma despedida.

— Não precisa me olhar com essa expressão triste. É apenas por um mês, minha mãe pode acordar a qualquer momento e eu quero estar com minha família quando isso acontecer, por isso decidi tirar aquela ferias que estava acumulando. — Declarou surpreendendo-me.

— Isso é bom... — Retruquei hesitante. Meu peito ainda pesava, sentia que todas as mentiras do passado pudessem ser esquecidas. — Isso é muito bom...

— Saiba que meus sentimentos não mudaram nesse mês, e também espero que você possa voltar para mim no final. — Disparou encarrando-me seriamente. — Você sabe que em nossa relação não cabe ser mais somente amigos, espero que entenda isso e que me uma segunda chance. — Completou.

Não sabia o que responder a aquilo, meu coração implorava para que ele não partisse, mas eu não o impediria de estar com a família apenas para satisfazer meu desejo egoísta. E é claro que eu sabia que não poderíamos ser amigos outra vez, não era isso que eu queria, não era isso que meu corpo desejava depois de tudo o que vivi e senti naquele curto período de namoro.

— Bom, isso era tudo o que precisava lhe dizer. Até outro dia, Rukia. — Despediu-se dando-me as costas.

— Até... — Respondi hesitante. Queria correr até ele, abraça-lo, mas meu corpo não se movia. — Estarei lhe esperando aqui... — Sussurrei para mim mesma, desejando que realmente nada mudasse nesse mês que se iniciaria, mas sabia que isso não seria possível, pois o Ichigo, que antes estava a minha frente, já não parecia mais o mesmo. Só desejava que esse amor que ele diz sentir por mim, realmente não desaparecesse com a distancia, porque o meu não desapareceria tão facilmente.

Os erros ainda estava ali, mas os momentos felizes que ele havia me proporcionado eram mais fortes que meras falhas do passado, era isso que eu diria a ele quando ele, em fim, voltasse para mim.

— Volte para mim, Ichigo....