— Rukia —

A semana parecia passar estranhamente rápido demais, hoje já era sexta-feira e tudo corria bem. Eu finalmente, poderia enfim almoçar com meu novo namorado; pois mesmo com a semana passando rapidamente não tive tempo nem para respirar direito.

Meu irmão me mandava cada vez mais e mais trabalho; mas hoje, parecia que havia dado uma trégua.

Andava pelos corredores da empresa junto de um sorridente Ichigo. Nosso namoro andava cada vez melhor, nem Byakuya, havia se oposto, na verdade ele não havia esboçado reação alguma.

Não podia negar. De inicio a apatia de Byakuya havia me preocupado muito, mas agora parando para pensar, ele sempre foi assim. Nunca ligou muito para minha vida amorosa, a única coisa que não gosta era de ser o último a saber. Ele sempre gostou de ser bem informado.

Continuamos caminhando por mais alguns minutos até chegar ao confortável restaurante que se localizava a apenas alguns metros do prédio da empresa.

Já nos encontrávamos sentados esperando nossos pedidos.

Ichigo parecia normal para qualquer pessoa que o olhasse superficialmente, mas a mim ele não enganava. Estava claro que algo o incomodava a semana toda, e eu pacientemente esperava na esperança de ele me contar sem eu ter de pressiona-lo.

Eu podia ver claramente em seus olhos a tristeza e a angústia que o mesmo sentia.

— O que esta te perturbando, Ichigo? — Perguntei encarrando-o seriamente. Já estava cansada de ser esperar.

Ele me olhou abismado por alguns segundos, mas enfim suspirou. Nos conhecíamos a tanto tempo e ele sabia que para mim era simples lê-lo.

— Rukia... — Começou incerto. — Eu não quero falar sobre isso. — Confessa suspirando cansado.

— Como não quer falar?! - Pergunto indignada. — Você não confia em mim? Não tem como eu te ver assim; sofrendo calado e não fazer nada! - Exclamo surpreendendo-o.

Um silêncio tenso pairou entre nós. Ele realmente parecia não querer falar.

— Tudo bem. — Digo levantando-me da cadeira. — Parece que você não confia mais em mim, então estou indo embora. — Declaro.

Pode até ser que eu estivesse sendo dura demais, mas eu me preocupava com ele e confiança; em um relacionamento como o nosso, era tudo.

— Não vá, Rukia. — Pede segurando delicadamente meu braço. — Por favor. — Sussurra encarrando-me com aqueles lindos olhos castanhos.

Sem alternativa apenas acomodei-me de volta na cadeira, onde antes sentava. Permanecemos em silêncio até que nossos pedidos chegaram.

Ichigo evitava olha-me nos olhos e aquilo estava me irritando profundamente.

— Rukia. Eu vou te contar. Tudo bem? — Diz baixo me surpreendendo. — Só não quero falar disso aqui. — Declara enfim.

— Tudo bem. — Respondo brevemente.

Almoçamos e então voltamos a empresa. Ichigo ainda continuava calado e eu respeitaria seu silêncio por enquanto.

— Até mais tarde. — Despeço-me a porta de minha sala.

— Vamos conversar antes. ­— Diz adentrando minha sala calmamente. — Não tem como esconder nada de você mesmo. — Reclama suspirando, sentando-se na cadeira em frente a minha mesa.

— É claro, morango podre. — Provoco-o tentando descontrair o clima. — Então? Desembucha. — Digo sentando em minha cadeira, encarrando-o seriamente.

— Bem... — Começa incerto. — Meu pai me ligou e quer que você vá almoçar com a gente no domingo. ­— Diz rápido, mas eu sabia que não era aquilo que o atormentava. Contínuo encarrando seriamente. — Tudo bem. — Diz sorrindo sarcástico. — Meu pai me ligou mesmo. E sim; ele quer mesmo que você almoce com a gente no domingo, mas também quer que eu vá ao hospital visitar a minha mãe. — Confessa de modo desanimado.

— Ichigo... — Eu não sabia o que dizer. Agora sim tudo fazia sentido.

— Rukia, eu não consigo vê-la daquele jeito e saber que é minha culpa ela estar ali. — Contínua em um tom angustiado.

— Ichigo não é sua culpa. — Digo firme fazendo-o calar-se. — Ninguém nunca culpou você, a não ser você mesmo. — Digo sentando-me em seu colo abraçando-o forte.

— Meu pai e minhas devem me odiar... — Sussurra correspondendo ao meu abraço fortemente.

— Shiiii. Ninguém te odeia. — Sussurro tentando reconforta-lo. — Você deveria ir com eles. — Falo olhando-o nos olhos.

— Não, eu não consigo... — Fala baixo desviando o olhar.

— Desde de quando você é tão covarde assim?! — Questiono segurando seu rosto com as duas mãos, fazendo com que ele me olhasse nos olhos.

— Eu... — Ele parecia surpreso.

— O Ichigo que eu conheço e admiro estaria agora ao lado da família. — Declaro por fim.

Ficamos alguns minutos em silêncio. Parecia que minhas palavras tinham surtido efeito.

— Acho que não tem problema você tirar o resto do dia de folga. — Digo enfim saindo de seu colo. — Pode deixar que eu falo com o Nii-sama e explico a situação. — Declaro já sentada em minha confortável cadeira.

— Não. Eu acho melhor não... — Diz apressado gesticulando com as mãos.

— Kurosaki Ichigo. Suas irmãs precisam de você. — Corto-o ríspida.

Ficamos novamente em silêncio e eu contava até dez para não mata-lo ali mesmo.

— Tudo bem. Eu vou, mas você vai ter que me recompensar quando eu voltar. — Diz de modo emburrado.

— Pode deixar. — Digo sorrindo de maneira safada. Nos despedimos com um breve beijo e então ele saiu apressado.

De certo modo eu estava feliz por tê-lo ajudado, mas já sentia um aperto no peito. Sim, já estava com saudades daquele maldito.

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Era um tanto irônico eu estar aqui em minha sala olhando para o relógio. Depois que Ichigo saiu de minha sala, a hora irritantemente demorava mais a passar. Suspirei aliviada quando enfim o maldito marcou cinco da tarde.

Sai apressada de minha sala. Como Ichigo já havia ido, instantaneamente perdi minha carona e teria que ir embora de táxi, então resolvi fazer umas comprinhas.

Andava com um pouco de dificuldade devido a peso das sacolas. Eu havia exagerado nas compras.

Caminhava lentamente até o ponto de táxi, quando passo em frente de uma linda livraria e vejo um grande cartaz onde liasse: " Faltam 7 dias!". O cartaz era um tanto quanto chamativo, com a cor azul bem destacada e foi ali que me toquei.

Aquele era o anuncio do novo livro de Grimmjow; que estranhamente, não havia dado as caras no decorrer da semana.

Movida pela mais pura curiosidade adentrei a livraria comprando os dois primeiros livros da saga. Pela sinopse, o livro parecia ser interessante.

Depois de quase cair pelas ruas com as malditas sacolas, ali estava eu, dentro do apertado elevador; que se tornava ainda mais apertado com as quatro pessoas que me espremiam.

Finalmente o elevador para em meu andar e com muita dificuldade consigo sair, mas como nada é perfeito. Caio espalhando todas minhas coisas no chão. E eis que para minha alegria, meu adorado vizinho sumido abre a porta rindo de minha desgraça.

— Não sabia que além de baixinha era desastrada também! — Exclama o desgraçado ainda rindo.

— Ninguém te chamou aqui, Grimmjow. — Digo zangada.

— Não precisa ficar nervosa. Só vim por causa do barulho. Achei que era um terremoto. — Diz enfim ajudando-me a recolher minha coisas. — Olha o que temos aqui! — Exclama segurando os livros que eu havia comprado.

— Ahhh... — Eu estava constrangida sem motivo.

— Não sabia que você era uma fã. — Diz sarcástico.

— Vai sonhando, blueberry. — Digo tentando pegar meus livros de volta.

— Não é? — Pergunta debochado. — Deixe-me ver isso aqui. — Diz pegando uma de minhas novas canetas que ainda estava no chão. — Pronto. — Diz apos escrever em um dos livros.

Eu olhava-o atônita.Não tinha como negar que ele era extremamente irritante e lindo com aquele grande sorriso no rosto. Repreendo-me por pensamento. Eu não devia admirar a beleza de outros homens, quando tenho um lindo e sexy Ichigo como namorado.

— Obrigada. ­— Agradeço rapidamente pegando algumas de sacolas.

— Desponha, baixinha. — Diz ajudando-me a levar o restante para dentro do apartamento.

Colocamos todas as sacolas sobre a mesa em silêncio, eu estava constrangida por meus últimos pensamentos.

— Então baixinha? Quanto tempo? — Diz escorado na mesa me encarrando.

— Muito tempo. — Digo sorrindo amarelo.

— Não esqueceu do meu convite, né? — Perguntou.

— Não, mas não vou por ir. — Digo, lembrando-me de Ichigo.

— Nem vem. Você já aceitou! — Exclama olhando-me seriamente.

— É que... Bem... Eu posso levar uma pessoa? — Pergunto incerta.

— Pode sim, desde que você vá. — Responde sorrindo de canto.

— Tudo bem então. — sorriu aliviada. Agora eu só teria de convencer o Ichigo a ir.

Permanecemos em silêncio por alguns instantes.

— Bem, eu já vou indo. — Diz sorrindo.

— Ah tá. — Sorrio também. — Nos vemos por ai, blueberry. — Despeço-me em minha porta.

— Sim, baixinha. — diz sorrindo. — Ah e não se esqueça de dar uma olhadinha nos seus livros. — completa com uma piscadela safada.

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Depois de tomar um relaxante e demorado banho estava agora jogada no sofá sem nada para fazer. Depois que começamos a namorar Ichigo vivia mais em meu apartamento do que no dele, então já havia me acostumado com sua presença aqui. Estava me sentindo sozinha.

Suspirei e levantei pegando o primeiro livro de Grimmjow. Estava curiosa para ler. Abri a primeira página, perdendo o ar ao ler a pequena, mas bem sugestiva, dedicatória que ele havia deixado ali.

" Querida nanica, espero que goste do conteúdo dessas pobres páginas. Escrevi tudo com muita perseverança e dedicação.

P.S. Caso tenha qualquer dúvida ou até mesmo queria testar algumas das varias posições descritas aqui, sabia que estou a seu despor na porta da frente.

Beijos

Grimmjow Jaegerjaquez "

Respirei fundo várias vezes tentando manter a calma. Aquele maldito queria me deixar louca? Só podia ser isso. Deixei o livro de lado. Eu não podia e não queria pensar naquele demônio sexy de olhos azuis.

Joguei-me na minha grande cama de casal, que sem Ichigo parecia cada vez maior. Abracei o travesseiro que ainda continha seu perfume.

" Volte logo morango idiota.'' — Pedi em pensamento um pouco antes de adormecer sentindo seu cheiro.