Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 4
Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

VAI ALEMANHA!!!!! Mais alguém torcendo pra Alemanha aí?
Primeiramente olá, como vão? Enfim, estou tentando encontrar um dia bom na semana para postar os capítulos, mas ainda não encontrei. Vocês têm alguma preferência de dia?



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— Dois meses após o início do apocalipse.

Já faz dois meses que tudo isso começou. É, eu tenho contado os dias, as semanas e os agonizantes meses. O governo não fez nada para apaziguar a situação, e os infectados provavelmente ficarão assim para sempre. O que é terrivelmente horrível e assustador.

Continuamos na casa de vovó Alicia, porém fizemos algumas modificações. Construímos cercas ­— o que demorou longas e cansativas semanas — e até algumas fossas no terreno em volta da casa, que prendem os visitantes indesejáveis, para depois fazermos bom uso da gasolina e dos fósforos. Também tentamos plantar alguns alimentos, porém não tivemos tanta sorte. Absolutamente todas mudas morreram, ou sequer brotaram.

Não encontramos nenhuma outra pessoa que não esteja infectada, o que me deixa triste. Até fomos atrás de alguns conhecidos, especificamente minha tia Melinda, porém não encontramos nada.

No momento estou deitada na cama olhando para o teto de madeira pintada, onde a tinta branca está descascando em vários lugares. Poderia estar refletindo em como o mundo se tornou um lugar horrível ou que as chances de eu morrer hoje ou amanhã são enormes, mas estou somente focada em ouvir o mundo lá fora.

Os pássaros continuam a cantar e isso me deixa feliz. Terei certeza que o mundo acabou quando os animais não fizerem o que faziam normalmente. Não ouço o barulho dos carros nem vozes humanas, só o farfalhar das folhas das árvores perto da casa, e claro, alguns gemidos.

Suspiro pesadamente e me levanto, vendo que mamãe já acordou há muito tempo. Pego minha faca na cabeceira ao lado da cama, junto com o coldre de couro. Demorei muito tempo para convencer minha mãe de que era essencial possuir uma arma, e há algumas semanas finalmente consegui. Eu não me sinto tão incomodada com a faca igual fico com uma arma de fogo, o que é bom.

Desço as escadas e vou até a cozinha, onde encontro uma lata de milho pela metade a minha espera. Opções é o que não temos.

Depois de devorar o conteúdo do recipiente o jogo no pequeno lixo e vou até a cerca de madeira que rodeia a casa, onde mamãe fica todo dia quando acorda. Vejo-a cravando a faca em um infectado, que cai ao lado de outros dois corpos imóveis.

— Bom dia — diz ela sorrindo.

— Bom dia — respondo. — Que tal irmos atrás de papai hoje?

Tenho insistindo para procurá-lo durante todo esse tempo e dona Maddison é firme com seu “não”. Porém para o azar dela eu não desisto fácil.

— Ok, Emma, você venceu — rende-se ela indo em direção a casa. Corro atrás dela não acreditando no que ela disse.

— Sério? — ela apenas se restringe balançar a mão como se isso não significasse muito.

— Eu te amo! — entro em sua frente e a abraço.

— Também te amo — responde rindo, me balançando de um lado para o outro.

—------------ ↜ ↝ -------------

Mais ou menos 30 minutos depois estamos entrando na viatura. Ainda estou pensando no porquê de mamãe ter aceitado isso. Talvez ela só queira deixar claro que nunca iremos encontrá-lo, o que não é muito otimista.

Passei a longa viagem no tédio total, o que implicava em mudar de posição e irritar minha mãe a todo o momento. Até tentei dormir, porém a expectativa de estar somente a algumas horas de encontrar meu pai era grande demais. Procurei me manter realista e analisar que as possibilidades de ele ainda estar no mesmo lugar de antes são mínimas.

Depois de um tempo a silhueta da pequena cidade invade o horizonte, fazendo com que eu me anime um pouco. Passamos ao lado de uma placa suja dizendo “Seja bem-vindo a King County” o que é um tanto engraçado nas circunstâncias que estamos. Há alguns automóveis abandonados e tem um ou dois infectados vagando na beira da estrada.

O carro passa pelas ruas abandonadas, e depois de 10 minutos estacionamos em frente à pequena casa onde Shane morava sozinho. Ela possui um tom de amarelo e está totalmente fechada, como se alguém tivesse ido viajar.

— Quer mesmo entrar ai? — questiona minha mãe, encarando a casa.

— Sim.

Descemos da viatura olhando em volta, aparentemente está tudo limpo. Ela me empurra um pouco para trás, me obrigando a deixá-la ir à frente com a arma em punho. Fico de costas para ela vigiando a rua, enquanto ela arromba a porta. Quando tenho certeza que ela já entrou viro-me e entro também.

A casa está totalmente organizada, apesar de haver alguns copos e embalagens vazias em cima da mesa de centro. Não vejo muita decoração, já que ele não liga para isso, porém localizo um porta-retratos ao lado da TV, onde há uma foto dele e seu melhor amigo, que nunca cheguei a conhecer.

Fico um pouco triste de constatar que não há nenhuma foto nossa por aqui, como se ele tivesse vergonha de mim ou simplesmente ignorasse minha existência.

Vim aqui somente uma ou duas vezes, já que papai preferia ir até a minha casa ou me levar para algum jogo, mas ela continua igual a minha recordação.

— Encontrei algumas sopas enlatas aqui e duas cartelas de analgésicos — anuncia minha mãe saindo da cozinha e vindo até mim. — Oh, Emma! Você está chorando?

Ela corre até mim deixando as latas e os remédios em cima do sofá no caminho, e logo seus braços me rodeiam. Percebo que estava mesmo chorando, o que é estranho, porque eu realmente não gosto de chorar. Abraço-a bem forte, pensando em como eu tenho sorte em tê-la comigo, porque obviamente eu já teria morrido há muito tempo sem minha amada e forte mãe.

— Podemos ir até a casa dele — digo me afastando um pouco e apontando para a foto em que Shane está com seu amigo também policial.

— De Rick? — questiona.

— Bem, é. E também podemos procurar alguns suprimentos — ela concorda, porém me lança aquele olhar de “Não crie esperanças”.

Andamos em silêncio pelas ruas desabitadas, evitando chamar qualquer tipo de atenção indesejada. Decidimos vir a pé após fecharmos novamente a casa, já que não é tão longe. Estou torcendo minhas mãos na frente no corpo, e apesar de não estar frio elas estão congeladas.

Mamãe apenas observa tudo como se estivesse com saudade, o que provavelmente é verdade. Seus cabelos castanhos estão em um rabo de cavalo e ela parece mais magra. Está usando uma calça larga do exército que nem lembrava mais que existia, e que a deixa parecendo uma maloqueira ou algo do gênero.

Depois de alguns minutos ela para em frente a uma casa branca, onde há dois infectados definitivamente mortos no chão. Apesar de saber que eles não vão me morder, desvio o máximo que posso do lugar em que estão caídos.

Repetimos o mesmo processo da casa de papai e entramos. Ao contrário da casa de Shane, essa possui decoração, porém não há nenhuma foto em lugar algum.

— Lori deve ter levado as fotos — mamãe transforma em palavras o que acabei de pensar.

— Quem é Lori? Você a conhece?

— Esposa de Rick. Éramos amigas no colégio — responde. Ela parece triste, e me sinto culpada de ter obrigado-a a mergulhar tão fundo em seu passado.

Como já esperava a casa está vazia e não apresenta nenhuma pista de para aonde eles foram. Todos os suprimentos que encontramos já estavam estragados, já que provavelmente Lori e Rick pegaram todos os nãos perecíveis.

Voltamos ao carro e peço para mamãe que não fiquemos mais tempo nessa cidade, e ela concorda, apesar de estarmos precisando urgentemente de comida. Dou ideia de pararmos no posto no meio do caminho, onde deve haver o que precisamos.

Passamos a viagem toda em silêncio absoluto, perdidas em nossos próprios pensamentos. Não acredito que papai esteja morto, porque ele era um homem corajoso e inteligente, e provavelmente está seguro em algum lugar por aí e ainda tenho esperanças de encontrá-lo.

Quando me dou por mim mamãe já está estacionando a viatura ao lado de uma bomba de gasolina. Ela sinaliza para que eu fique no carro, e só entendo o porquê disso quando a vejo indo em direção a um infectado que estava vagando por lá.

Depois que o infectado já está no chão saio do carro e olho em volta, vendo a estrada vazia. O céu já está adquirindo um tom alaranjado, típico do fim de tarde. Já estive nesse posto algumas vezes antes do apocalipse e posso dizer que ele continua igual. Quase.

Começo a andar em direção à loja de conveniência, porém ouço um “me espere” vindo de minha mãe. Limito-me a apenas revirar os olhos diante dessa prova de desconfiança e preocupação maternal.

Ela abre a porta da loja e o típico sininho é ouvido. Esperamos algum infectado, mas ninguém aparece. Ela me encara, procurando uma resposta e somente dou de ombros. Estamos sempre esperando infectados, mas talvez eles não estejam em todos os lugares, oras.

Adentramos no local, e mamãe indica que vai até as prateleiras dos alimentos, enquanto eu vou procurar algo útil no setor “tem de tudo”.

Viro no último corredor e vejo alguns materiais próprios para curativos, o que é realmente útil. Abaixo-me para pegar uma das cestinhas que estão no chão, que facilitam o recolhimento dos itens. Não tenho tempo para pensar após levantar quando sinto uma mão grande tampar minha boca. Tento me soltar, porém não tenho forças suficientes.

— Seth, solte-a! — grita minha mãe correndo em minha direção junto com uma garota.

— Que... Tia Maddison? — questiona o garoto ainda me segurado. Solto um protesto abafado e ele finalmente me solta.

Volto-me para encará-lo e quando o reconheço fico ainda mais surpresa. Seth, meu querido primo na minha frente. E vivo, apesar dos cortes e da magreza. Olho na direção da garota e reconheço Cassie também, a minha não tão querida priminha. Infelizmente também viva.

— Me desculpe, Emma, pensei que fosse alguém perigoso — desculpa-se Seth, e seus olhos verdes parecem realmente arrependidos. Reflito em como uma garota de 11 anos pode parecer perigosa, mas resolvo deixar isso de lado e abraçá-lo.

— Não mereço um abraço também? — inquire Cassie com sua voz nasalada. Encaro-a um tanto enojada, mas resolvo por em prática ser gentil ao invés de ter razão e ficar feliz em reencontrar os familiares.

Cassie tem a minha idade, e ao contrário do irmão, ela é loira. Ela sempre foi bonita, o que me faz ter certo ódio dela, fora que ela é realmente arrogante e chata. Sei que é infantil, mas é inevitável, até porque ela me lembra das garotas oxigenadas do colégio.

— Oh, estou tão feliz em reencontrá-los! — exclama minha mãe sorridente. — E Melinda? Grayson? Eles estão com vocês?

— Papai se foi há algumas semanas e mamãe... aquelas coisas a pegaram no primeiro dia — murmura Seth, abaixando a cabeça.

O silêncio se instala entre nós, e mamãe nos acolhe em seus braços enquanto lágrimas escorrem livremente por suas bochechas. Apesar de estar desconfortável por estar sendo esmagada por três corpos me sinto tremendamente triste por meus tios, e até mesmo por meus primos, por terem sido obrigados a passar por tudo isso sozinhos.

Permito-me relaxar ao lado deles, e até algumas lágrimas também escorrem por meus olhos. Lágrimas pela frustração de não encontrar Shane; de saber que meus tios estão mortos e por eu ainda estar viva.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Opiniões sobre o Seth e a Cassie? E sobre essa ida até a casa do Shane e do Rick? Ah, criei um tumblr pra fic, mas não ficou lá essas coisas, já que não sei mexer direito, mas dá pra vocês verem os personagens. Link:

http://surviving-to-hell.tumblr.com/

Gostaram da escolha dos personagens? Era como vocês os imaginavam?

Agora uma coisinha, eu vi isso em uma fic que eu acompanhava (infelizmente foi excluída) e achei legal, são tipo perguntas que a autora faz para os leitores, e eu estava pensando em fazer aqui também.

Pergunta de hoje: Qual seu livro favorito? Por quê?

Minha resposta: Eu realmente não tenho um livro favorito, já que me apaixono por todos que leio, mas vou ficar com O lado bom da vida, que foi o último que li. Gostei do modo que o personagem pensava, e em como ele mudou para tentar reconquistar a ex-mulher. A maneira como ele acreditava em finais felizes, tentando sempre ser otimista e ser gentil ao invés de ter razão me encantou, e me fez apaixonar pelo Pat gatão!

Enfim, quero respostas! Me digam se gostaram da ideia, aí dependendo eu faço isso outras vezes. Até mais!