Ships In The Night escrita por LS Valentini


Capítulo 9
Mudanças - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Peço perdão pelo tempo que fiquei sem atualizar a fic. Até pensei em excluí-la pela falta de reviews, mas aqui estou. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/521868/chapter/9

– N-novo membro? - Ziva gaguejou ainda em estado de choque.

–Sim, acabo de me mudar para Washington - o moreno disse sedutoramente.
Como era possível que um rapaz que acabara de deixar o exército israelense conseguisse chegar ao NCIS em tão pouco tempo? E esse não era o maior de seus problemas, mais cedo ou mais tarde Aaron contaria sobre Hannah, e a segurança da menina seria rompida.

Ela deu um passo à frente, ignorando a cena do crime e todo o pessoal ali presente, parecia ser feita de metal por seus movimentos tão rígidos. O que não se podia dizer sobre sua mão estendida para Aaron, totalmente trêmula.

– É um prazer trabalhar com você.

– O mesmo, Ziva - ele aceitou o cumprimento, com um leve sorriso.

O celular de Gibbs tocou naquele instante, fazendo com que ele se retirasse do local para atendê-lo.

Do outro lado da sala, Tony, quase encostado na parede, fechou os punhos num impulso. Aquilo não era permitido numa investigação naval, muito menos em qualquer outra. Onde aqueles dois estavam com a cabeça em se cumprimentar de forma tão indecente? E aquele tal de Aaron não era nada demais que um novato, jovem e bonito, mas ninguém se comparava a Tony DiNozzo. A verdade era que ele tinha medo de perder Ziva novamente, muito menos pra um garoto.

– Parece que eles se conhecem muito bem, não é? - Bishop falou baixo, quebrando sua onda de pensamentos.

– Você acha? - ele perguntou mais baixo ainda.

– Tenho certeza. - ela lhe respondeu de forma natural - Tanta certeza quanto tenho da morte.

DiNozzo saiu de perto da loira, aproximando-se a passos largos daqueles dois, segurando o braço de Ziva. Uma onda de energia os percorreu naquele momento. Mas o ato foi reprovado pelo olhar fuzilante da morena, e Tony a soltou imediatamente.

–Vocês se conhecem? - ele perguntou com a cara fechada.

– Sim. - Aaron respondeu - Nós éramos vizinhos em Tel Aviv, mas eu fui para o exército e nunca mais a vi. Falando nisso, onde Hannah está?

Ziva empalideceu na mesma hora, sentiu seu estômago se contorcer e o coração também não parecia cooperar.

– O que estão esperando pra começar a investigar? Chá com bolinhos? - Gibbs interrompeu no momento em que ela ia contar uma mentira fajuta.

Os olhares de todos se voltaram para o tapete de lã branco, tingido pelo líquido espesso do oficial. Podia-se perceber perfeitamente as letras que se formavam. E a pergunta que rondava a cabeça de todos: Ziva poderia ser a assassina?.

– Precisamos conversar, agente David. - Gibbs falou, apontando para a porta de entrada.

...

P.O.V Ziva

Eu estava imensamente grata por, de certa forma, Gibbs ter me ajudado, mesmo não sabendo toda a verdade. A culpa me percorria até o último fio de cabelo. Como poderia matá-lo? Seria cruel, ter sangue frio, e era a última coisa que eu possuía.

Gibbs era como um pai pra mim, talvez fosse como um avô para Hannah, algum dia - se é que isso aconteceria. Para Elad, eu era uma peça fundamental em seu quebra-cabeça, para chegar ao seu alvo; nada mais. O momento de escolher entre Hannah ou Gibbs estava chegando, eu sentia, e o pior era que a única pessoa capaz de decidir isso era eu.

– Quer falar comigo? - perguntei, enquanto fechava a porta.
Gibbs cruzou os braços rigidamente, e me encarou com o olhar de quem já viu de tudo na vida, e nada o impressionava. Engoli a seco, o que tinha acontecido?

– O agente Fornell me advertiu em te deixar nessa cena do crime - ele falou - Está fora do caso.

– Espera... Não acha que o matei, acha? - coloquei as duas mãos na cabeça - Eu estava em casa noite passada.

– Tem como comprovar isso?

Gibbs me dirigiu outro olhar, dessa vez mais duro, como eu jamais tinha visto nesses meus anos de NCIS, me senti uma formiguinha perto dele, que parecia decepcionado, culpado e pronto pra me esmagar. Uma vez que dissesse: fora, era uma ordem a ser cumprida, sem desculpas.

– Eu estava sozinha, mas não posso lhe provar.

É claro que eu estava mentindo. Mas contar que o meu tio era o novo chefe do Mossad, e estava morando comigo, ou melhor, me obrigando a morar com ele, seria suicídio.

– Então eu quero que volte imediatamente - ele falou - O FBI quer falar com você.

– Eu vou ser interrogada? - perguntei.

Mas ele não me respondeu, apenas me deu as costas entrando de volta na casa, e eu entendi aquilo como um "Sim".

Não importava, eu jamais teria feito uma coisa daquelas - se é que não foi meu querido tio para me incriminar. Senti que todos do NCIS estavam me acusando, de uma maneira ou de outra.

...

P.O.V Omri

Quando as hélices pararam lentamente, meu coração quase saiu pela boca, senti minha respiração falhar, além de todos os meus movimentos de alerta permanecerem congelados. Olhei mais uma vez pela janela, eu estava muito ansioso, em busca de algum conhecido, mas era bobagem, estava em um lugar nada familiar. O helicóptero havia pousado no térreo de algum prédio sinistro, com duas plaquinhas, uma dizia Elevador, e a outra Escadas.

Como eu ia sair dali sem ser descoberto? Impossível.

Algumas vozes se aproximaram, deviam ser duas ou três, todas de homens, e confesso que me assustei um pouco, só um pouquinho. Tentei não fazer barulho enquanto me levantava, com o corpo dormente, e agradeci por ser um pouco menor para a minha idade. Cheguei até a porta da aeronave e fiquei esperando que algum daqueles homens cooperasse.

– Dessa vez o armamento é pesado - disse a voz mais grave.

– Melhor do que as dinamites da semana passada?

– Muito melhor, o chefe falou pra não contar, mas como somos amigos de longa data, acho que não vai ter problema.

Do que aqueles caras estavam falando? Boa coisa não era...

– Uma pequena dose de arsênico e também alguns calibres - ele esclareceu.

– Com tantas metralhadoras o chefe te manda buscar um veneno - o outro parecia decepcionado.

– Mas vai causar muito estrago, principalmente pra alguém do NCIS, sei lá, não me lembro do nome do cara.

Veneno? O que o chefe deles ia querer fazer com aquilo? E se ele fosse quem eu estava pensando, e provavelmente eu estava certo, ia causar muitos problemas.

– E onde o arsênico está?

– Aqui dentro - o outro respondeu batendo do lado de fora da porta, me assustando.

Aquilo não estava nos meus planos, mas se continuasse com aqueles caras, muita gente se machucaria, eu tinha que ajudar. Mas o que podia fazer?

Me virei para trás, a procura de alguma garrafa ou algo assim. Só haviam alguns caixotes de madeira empoeirados - com armas - , e nada. Se eu fosse um veneno, onde estaria? Num lugar que estava na minha cara, e eu não tinha percebido.

No pequeno canto do helicóptero, onde eu estava sentado horas atrás, havia uma maleta de aço, com uma etiqueta de caveira, estava escrito: Perigo. Só podia ser...

Peguei a minha mochila, completamente lotada, e tirei meu cobertor e minhas balas. A maleta coube perfeitamente. Voltei a por a mochila nas costas, esperando que eles continuassem a conversar por mais algum tempo. De repente, a porta se abriu.

– Ei, garoto! - um homem enorme gritou pra mim.

– Surpresa! - eu disse pulando pela porta, como um guepardo ou coisa parecida.
Aqueles dois não pareciam ser treinados, porque só começaram a correr atrás de mim segundos mais tarde. Mas mesmo assim, um passo deles dava três dos meus, totalmente ridículo. Como eu ia achar a saída? Pensa logo, Omri, pensa. É mesmo, havia um elevador ali, não muito longe, com as portas abertas. Então resolvi arriscar, mesmo com mil pensamentos negativos que iam e vinham.

Adquiri mais velocidade, joguei a mochila no chão e entrei dentro daquela caixa de aço. Os dois brutamontes entraram em seguida, como eu imaginei. Apertei qualquer botão. Era meu dia de sorte, eles tentaram me agarrar na altura do pescoço, mas me abaixei na hora certa, dando uma cambalhota para fora do elevador. As portas se fecharam.

Eu tinha conseguido.

– Isso! - exclamei enquanto ajeitava a mochila nas minhas costas, e partia para as escadas, que eram do lado externo do prédio - Esse é um verdadeiro agente do Mossad.

Meu pai teria orgulho de mim se visse aquilo, e até a minha mãe, que eu achava que estava morta há muito tempo.

...

Aaron Haddad sentia-se o homem mais rancoroso do mundo, talvez pela morte de sua mãe ou até pelo abandono de Israel, mas o real motivo era estar realizando um trabalho que muitos se matariam pra ter, e ele simplesmente em algum dia oportuno, poria fim nisso tudo.

Ziva estava do outro lado da sala, separada por uma parede e um espelho. Não aparentava medo ou angústia, mantinha os olhos calmos e fixos no interrogador. De certa forma, Aaron possuía uma admiração por ela, só não sabia explicar, mas vinha uma voz em sua mente, dizendo: Acabe com ela, assim como acabou com sua mãe.
Seus punhos cerraram naquele instante, e o novo membro do NCIS começou a suar frio. Respirou uma, duas, três vezes para acalmar seu corpo novamente. Aos poucos voltou ao juízo perfeito, passando a prestar mais atenção na conversa, pois um simples deslize poderia ajudá-lo de forma significativa.

– Ziva David, estes arquivos dizem que você era do Mossad, e pouco tempo depois de chegar à América se tornou agente do NCIS, e após alguns anos, voltou para Israel e não deu mais as caras até agora. - o interrogador fez uma pausa - E o estranho é que você desapareceu por 9 anos. Nenhuma multa ou conta de luz.

Ela desviou o olhar, mas rapidamente voltou a encarar o interrogador que continuava de pé. Aaron esperava que Ziva dissesse algumas palavras, o que não aconteceu.
Wright sentou-se bruscamente, atirando a pasta sobre a mesa que o separava de Ziva, e tirou a foto do oficial Rivers.

– Conhece este homem?

– Não - ela parecia verdadeira.

Guardou a foto, de um jeito dasafiador, e retirou outra, dessa vez de uma senhora.

– E esta mulher?

Os lábios de Ziva se abriram levemente, como um espasmo, e se amaldiçoou ao gaguejar:

– S-Sim.

– Quem é ela?

– Sra. Haddad, minha vizinha em Tel Aviv.

– Então sabe que ela foi assassinada e seu nome foi encontrado com sangue?

Aaron esperava ansiosamente pela resposta de Ziva, mas Gibbs disse:

– Venha comigo, imediatamente.

O que poderia ser assim tão importante?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando. Ah, pretendo atualizar a fic toda semana, se quiserem. Bjs.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ships In The Night" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.