Crônicas do deus busão escrita por Dija Darkdija


Capítulo 9
A terra do quase nunca


Notas iniciais do capítulo

Demorou (quase) tanto quanto um busão, mas veio mais um capítulo. Boa leitura!



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CRÔNICA DO DEUS BUSÃO: A TERRA DO QUASE NUNCA

Irmãos e irmãs de viagem, meu testemunho hoje é breve. Venho lhes falar de uma terra prometida. Sim, prometida. Há promessas de todo tipo sobre esta terra da qual falo, mas não sei o nome. Nenhuma delas cumprida até hoje. Prometem tudo de qualidade, ruas calçadas, rios e ruas bem drenadas, e paz extrema. E tudo que foi prometido, continua prometido até hoje. Cumprido? Quase nada. Os textos chamam essa terra de “quase nunca”, irmãos, pois quase nunca chega algo de bom por lá. Quase nunca chega busão, e quando passa, quase nunca vem vazio. Quase nunca é lembrada para se falar bem, e quase nunca tem seus problemas resolvidos ou sequer postos para discussão séria entre os habitantes das outras terras.

O deus busão os abandonou, e quando aparece, carrega de lá criaturas que parecem demônios surgidos das profundezas do inferno da espera extrema. E irmãos, sei que é uma blasfêmia o que digo, mas creio com todo o meu ser, tenho fé, que no dia que o deus busão olhar esta terra com mais benevolência, no dia em que ele tiver misericórdia de nós e voltar a passar regularmente, de forma a satisfazer plenamente as necessidades de todos, aquela terra prosperará. É a falta de deus busão que cria os demônios, que enfraquece o juízo dos bons, e enlouquece ainda mais o juízo dos loucos! Os homens da terra do quase nunca deveriam estar sempre fazendo o possível e o impossível para verem mais deus busão em suas vidas. Mas não... Muitos, em procissão, procuram já outros lugares. Mas é tudo temporário, irmãos, eu creio. Um dia o deus busão terá misericórdia e aquela terra será a mais próspera, pacífica e feliz de todas as terras! Por enquanto, irmãos, preparem-se. São tempos sombrios os minutos em que passamos pela terra do “quase nunca”.

Quase nunca há uma viagem normal se a rota passa por “quase nunca”. Eu vim de lá agora mesmo, irmãos. E depois de uma hora e meia, estou aqui. Vim, e tenho que voltar daqui a pouco, para obter a graça do deus busão de ir para casa não muito apertado, em pé, mas sem ser espremido até que minha alma se arrepende de todos os pecados que cometi. Mas como dizia, não há viagem normal. Nessa mesmo, por exemplo, havia uma irmã, provavelmente de outra congregação, pois não parecia confortável ali. Atendeu o celular com cara de motorista atrasado e com fome e disse: “se eu vou pro teu aniversário? Pergunta pro carro se eu vou, pergunta a ele!”. Aí desligou, virou pra mim e disse: “mas é tão chata e insistente que é capaz mesmo de ter o número do carro e ligar só pra aperrear ele também!”. Eu, sem saber o que responder, lembrei dos mandamentos de nosso senhor e deus, e balancei a cabeça, e voltei a olhar a janela. Lhes juro, irmãos, foi assim que ela disse. E se aqui levanto falso testemunho, que o deus busão me puna com uma hora a mais esperando por uma lotação lotada de gente voltando do trabalho!


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Notas finais do capítulo

Capítulo inspirado em um causo que aconteceu com a prima de quem me contou. E quem tiver, me conte, quanto mais material, mais ideias pra trabalhar! rs



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